Um recanto escondido que se mostra por encanto ao deixar uma trilha amaciada por areia dourada: Lajeado, na região do rio Acari. Paisagem deslumbrante, amena, muito agradável aos olhos e à alma como refrigério de vida em tempos tão atribulados. Tanto verde da mata que se esbarra em uma linha comprida ornando uma vazante com árvores esparsas, pequeno lago suscitando a lembrança do livro Vale Aprazível de Louis Bromfield. É de se sentir, em um frêmito de emoção, a presença de Deus na criação de tão fantástico cromo. Naquele pequeno éden corriam serelepes cabras, vacas pontilhadas ruminando (uma gostosa sesta) e equinos pachorrentos pastando sem pressa, que capim há com fartura.
Em um extremo da várzea encontra-se a capela da Sagrada Família do Acari onde a comunidade se reúne aos domingos para o culto. Tão simples, mas confortável e acolhedora. Atualmente os fiéis são poucos, muitos já foram antes de acelerado êxodo rural. Tão poucos, porém pelo ato de fé persistido leva-se aos primeiros tempos do cristianismo – eram poucos os discípulos de Jesus, mas firmes na fé multiplicaram-se em milhões vencendo no tempo. Participaram do culto em companhia de Francisco e Jandira: Rosalice, João Naves, Vilma, Beatriz e Marina.
Na mesma várzea, um pouco de lado da capela encontram-se a moradia de Afonso Soares da Silva e Erotides Alves da Silva, um amável casal, que desafia o tempo, transformando o que poderia ser uma solidão em uma aprazível vida com tudo que se faz necessário para ser feliz e em verdadeira integração com a natureza. Moram em uma casa com 5 quartos de casal para cada um de seus cinco filhos que, por circunstâncias da vida moderna, deixaram aquele paraíso em busca de trabalho em outras paragens.
A vida cumpre o seu ciclo. O casal tem sua vida como uma dádiva de Deus no seu espírito religioso, interage-se com o meio fazendo do seu quintal um admirável jardim forrado de flores, plantas medicinais, fruteiras e, fantástico, um pé de buriti que Afonso
plantou ao lado de uma cisterna garantindo-lhe a umidade necessária para o seu desenvolvimento, posto ser ele de natureza alagada. Vai além. O casal plantou uma fantástica horta, muito bem planejada. Todos os dias o casal tem verdura fresca nas refeições, serviço de Tide desempenhado com alegria. A produção da horta não é pouca, réstias de cebola, alho e muita verdura que o casal reparte com os vizinhos, lembrando a primitiva vida dos cristãos que tinham tudo em comum.
Afonso e Erotides um casal abençoado, feliz, integrado à natureza numa vida plenamente natural tão rica.
O reencontro de Erotides comigo, Vilma e Beatriz levou-nos ao passado lembrando que eu e Vilma éramos padrinhos dela de “Fogueira de São João”, um ato muito respeitado e sagrado, bastando dizer que ela nos pediu a bênção. E mais, lembrou de Beatriz quando menina de sete anos na Escola Caio Martins, onde ela estudou. E disse que queria colocar o nome de Beatriz em uma filha. Contudo só teve filhos, mas remediou a situação pedindo a uma nora, que tivera uma filha, que lhe desse o nome de Beatriz. E assim foi feito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário