No final de um corredor, cortando o cerrado, uma porteira branca, depois um pátio forrado de miúdas flores e gramíneas verdinhas e, dalí, depara-se com o frontispício de uma casa singela de fantasia parecer. Ao avançar na entrada, vencendo o alpendre florido uma recepção abençoada: imagens de Nossa Senhora e São Francisco. Passando-se pelo interior da casa, com uma divisão muito prática das dependências chega-se a uma enorme área externa. Aí estampa-se com um mundo maravilhoso, enchessem-se os olhos de cores múltiplas de flores de todas as espécies, espalhadas em motivos ornamentais com aproveitamento de tocos, galhos, troncos das árvores e canteiros (tantas flores servem como um manjar melífluo para as abelhas). Quanta criação para ocupar cada espaço com um motivo floral. Portentosas mangueiras e pitombas sombreando a imensa área, num convite ao deleite em sete redes de buriti nelas penduradas. No aproveitamento de descartes de imóveis, duas camas balançantes convidando para o repouso em tarde quente. No outro passar, duas copas e a cozinha, tudo muito convidativo, muito rural e agradável. Depois da cozinha, outra área arborizada sobressaindo-se os citros – um pé de tangerina com galhos escorados de tanta fruta produzida. E tem plantas medicinais meio ao imenso jardim botânico.
UM MOMENTO EMOCIONANTE
Lá nos encontrando em um fim de semana (uma comitiva de amigos), presenciamos um sarau que extrapolou o entretenimento atingindo fortemente a emoção. Com a comitiva à beira da fogueira, de repente, pessoas amigas do casal foram se aconchegando, inclusive com um violeiro. Músicas comuns ao repertório da região, o que foi muito bom e conversa descontraída. Em certo momento, a anfitriã Jandira começou a falar dirigindo-se a um casal que com eles trabalhou na fazenda vários anos e que, por contingências da vida, se despedia. Com a voz embargada, resvalando-se a doce choro, ela contagiou a todos emocionando-os. Como é sublime a gratidão, o que ela expressou ao casal pelo tempo que ele trabalhou na fazenda com toda zelo, dedicação e amizade. A gratidão é abençoada como um ensinamento de Jesus. Ficou mais iluminado o Acari do Lajeado.
O ACARI
Depois, por uma trilha meio às portentosas árvores chega-se às barrancas do rio Acari. Ah! O Acari de tantas histórias. Já foi piscoso de surubim e dourado, de farta água e até faisqueiro em épocas remotas nele encontradas pedras de diamante. Agora ele divide o leito com enormes bancos de areia de cor púrpura. Pode ser uma ironia dizer que eles são belos contornando o espremendo a corrente que desliza ornada por fechada e viridente mata ciliar. Acari é um nome indígena o que remete à presença de índios na região, os remanescentes de índios tapiraçaba (Januária) deslocados para o território do Acari por Manuel Pires Maciel Domingos. É até plausível que deixando o sertão árido, eles foram de acomodar às margens do rio São Francisco, no local que recebeu o nome de Barreira dos Índios.
Lajeado do Acari é a fazenda do médico Francisco Soares e sua esposa Jandira. Não é só uma fazenda, é um lar acolhedor, um verdadeiro paraíso, razão pela qual mais tempo eles passam lá (quanto possível) que na cidade. Ora, têm todo o conforto que uma residência urbana pode oferecer, porém com muito mais: a exuberante natureza. Além de tanto verde e flores, o despertar matutino é com acordes sonoros da sabiá, com a estridência de sexéus, o canto estridente da seriema e o lamento triste da rolinha.
Não há como descrever o que registram os olhos e sente o coração diante de tanta beleza e paz.




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