sábado, 9 de dezembro de 2017

VISÃO APOCALÍPTICA

No III Encontro Internacional de Revitalização de Rios e I Encontro das Bacias Hidrográficas de Minas foram relatadas diversas situações, todas muito comprometedoras, em relação às questões hídricas no País e, especialmente, na bacia do Rio São Francisco.
Fato primeiro: o Rio São Francisco e seus afluentes enfrentam, desde 2013, uma das mais prolongadas estiagens de sua história. Entre vários mananciais apontados que sofreram fortes impactos, em consequência da seca – sem falar no rio São Francisco – causou profundo espanto a situação do rio Paracatu, com destaque para dois slides: um mostrando um homem atravessando o rio com água abaixo dos joelhos. Outro – a devastação do cerrado na região desse rio para implantação de projetos agrícolas. Num caso o bombeamento muito volumoso de água para a irrigação; no outro a supressão do cerrado comprometendo o sistema de retenção de água pluvial para recompor o lençol freático. Como consequência, morre o rio que, em priscas eras, era meio de ligação navegável entre São Romão (em tempos mais distantes) e Pirapora (mais recente), com o município de Paracatu e região, inclusive escoamento de mercadoria para Goiás. Pelo visto, nas fotografias, e notícias chegadas de lá, nem com canoa é possível navegar pelo antes tão formoso e caudaloso rio.
Fato segundo: a análise feito por João Suassuna sobre o polêmico projeto da transposição do rio São Francisco. Suassuna foi categórico ao apontar a ineficiência da medida que dispensou montantes muito elevados de dinheiro público. E anuiu: “Por ter múltiplos e conflituosos usos, ele (o rio) jamais teria condições de fornecer volumes para atender as demandas de um projeto desta magnitude”. Ele também falou de outras possibilidades para abastecimento da região Nordeste que não foram consideradas pelo governo federal, em detrimento da transposição – “As pequenas, médias e grandes represas têm um potencial de acumulação de 37 bilhões de metros cúbicos. É o maior volume represado em regiões semiáridas do mundo. Nós temos ainda na região águas de subsolo; estima-se que podem ser utilizados 27 bilhões de metros cúbicos para abastecimento. Ou seja, nós temos muita água. O que nós não temos é gestão desses recursos”.
No mesmo sentido falou o presidente do CBHSF, Anivaldo de Miranda, fazendo coro aos apontamentos de João Suassuna,criticando severamente a gestão dos recursos hídricos nos Estados da bacia.
Uma lição que extraímos do segundo fato é que o governo faz o que lhe interessa, em primeiro lugar, sem atender o que seria precípuo – o interesse das coletividades. Taí o exemplo: o rio São Francisco morre, na seca o volume de sua vazão é insignificante e ainda quer o governo justificar um projeto megalômano.

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