sábado, 16 de dezembro de 2017

CHUVA, UMA BÊNÇÃO

Há muito não se via o solo são-franciscano tão agraciado de águas pluviais. Um longo período de seca, com baixíssimo índice pluviométrico, o que se contabilizou foram prejuízos imensos no meio rural: culturas, pastagens, perda de gado, desestruturação da atividade produtiva. Os produtores rurais jamais desistiram, mesmo somando enormes prejuízos e sem perspectivas para enfrentar a terrível situação. A seca consumiu pastagens, canaviais e, incrível chegou ao cerrado calcinando árvores como fogo fosse.  As resistentes mangueiras, frondosas árvores que oferecem sobra o ano inteiro, com chuva ou não, também sofreram, como se viu num cenário triste, nas praças, orla do rio e em quintais: desfolhadas, galhos secos, a própria imagem da terrível destruição vegetal. A falta de chuva causou mais dano, segundo relato de pessoas chegadas dos gerais urucuianos e serranos: a proliferação de besouros que dizimaram as floradas dos pequizeiros comprometendo a produção neste ano. Com isso, o tradicional e dos mais preferidos pratos da região, o pequi, pode faltar às mesas.
Tudo, por enquanto, é passado, pois desde o passar de novembro para dezembro, que o município vem sendo contemplado com precipitações bem controladas, serenas e muito benéficas. Certamente que muitos dos ribeirões até então secos terão água lambendo suas barrancas; que as lagoas sejam supridas, com o leito rachado que se encontravam; também os tanques espalhadas por todo o município estarão tomados de água.  O reflexo dessa dádiva  do Criador se vê no semblante de produtores rurais, abrindo-se em largos sorrisos. Muitos dizem que perderam  os pastos, as culturas, mas o mato está verde, a terra molhada e dá para recomeçar a lida.
Cortando o município desce o São Francisco, até dias atrás tão seco, com um cenário tão triste, mas tomado de bancos de areia que água – água que já chegava contaminada pela cianobactéria. Suas águas barrancas cobriram as praias. Sobem no barranco e, na sexta-feira, chegaram ao nível de 4,90 m e pode subir mais, pois há precipitações a jusante. Contudo, tanta alegria vai ficar pelo meio do caminho, pois as águas vão passar – vão passar sem que sejam guardadas. Os governantes não se atentaram, não dispensam maior atenção para as questões hídricas, indo, além das palavras aos atos. Que custava dotar os municípios de máquinas suficientes para serem empregadas na abertura de pequenas barragens, barraginhas e tanques, em profusão, para reter toda água que vem do céu? Deus manda, o homem desperdiça. Dá tristeza ver as enxurradas lavando as ruas da cidade como verdadeiros córregos e   delas nada ficando. Mais tarde, quando abrir o sol, quando chegar o veranico de janeiro (tomara que não venha com sua força total), delas só ficará a lembrança.
Esperar, só esperar dos governantes é demais. Por isso, com o pouco que tem, São Francisco faz a sua parte através do Codema, Secretarias Municipais do Meio Ambiente e Obras.
Poderia fazer muito mais, porém os recursos vão alimentar outras alas, como se sabe.


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