sábado, 2 de dezembro de 2017

UM CENÁRIO MACABRO


A Agência de Bacia Hidrográfica/CBH Rio das Velhas Peixe Vivo promoveu o III Encontro Internacional de Revitalização de Rios e I Encontro das Bacias Hidrográficas de Minas Gerais. Em três dias – 28, 29 e 30 – de intensos estudos, de 8h às 18h, foram proferidos vinte e quatro palestras por especialistas ambientais brasileiros e estrangeiros (EUA, Colômbia e Portugal e um vídeo com uma experiência coreana).
Foram três dias de notícias assustadoras sobre os problemas hídricos do País, uma visão aterradora do que está acontecendo e pior ainda do que poderá acontecer se nada for feito, com toda seriedade e empenho, pela sociedade e governantes.

Os congressistas (três de São Francisco: João Naves, Zezito e Alda, do CBHSF9), ainda que têm vivido e acompanhado o desenrolar da situação hídrica no Brasil, ficaram extremamente chocados com o que viram: a degradação de quase todos os rios brasileiros; a redução dramaticamente da disponibilidade de água para uso da população; a destruição de solos; o desmatamento e outros danos. Viram assustados como tem sido o avanço de empresários sobre o Cerrado, mata Atlântica, Pantanal e Amazônia. Destroem o país, com beneplácito do governo com a justificativa da necessidade de produzir e exportar produtos para aviar divisas para o país. Mas a que preço? Destroem o cerrado para produzir soja para mandar para o exterior e no rastro de sua operação cresce o deserto e extinguem-se as fontes de água. Destroem montanhas, e com elas parques aquáticos, para exportar minério barato para China e deixam buracos, poluição, destruição e a morte de nascentes de importantes rios. Até a transposição do rio São Francisco, tão combatida como projeto megalomaníaco e sem necessidade, provado que no Nordeste há abundantes recursos hídricos faltando apenas gestão séria, esteve em pauta, pois se sabe, agora, que maiores beneficiados não serão os pobres,
Mostrou-se a situação dramática do rio Paracatu: rio que antanho foi navegável, levando sal dos portos de São Romão e, depois, Pirapora, para a cidade de |Paracatu e, de lá, para Goiás. O cenário mostrado é de chorar: um barranqueiro atravessando o rio, de margem a margem, com água abaixo do joelho. Nas margens, território adentro, o cerrado ocupado por extensas plantações de soja e pastos, com gigantescos sistemas de irrigação que sugaram as últimas gotas de água do rio.
Mostrou-se a luta de ambientalistas e populações em defesa das águas da Gandarela que podem desaparecer para dar lugar à exploração do minério pela Vale. Aí, vendo a pura água escorrendo em cachoeiras vale abaixo, na direção de Belo Horizonte, fica uma pergunta: o que será amanhã da Capital? Uma Montes Claros? Por que não aproveitar as águas da Gandarela para suprir BH? A resposta, segundo foi denunciado, está no interesse do Governo em atender a Vale, ou seja, aos empresários. E o motivo todos sabem: Ministério Público, Polícia Federal e juízes, estão revelando o que está debaixo de tanta força que investe contra os interesses do povo, da nação.
O que se viu no nesse Encontro ainda será objeto de muitas análises para que a gente barranqueira sinta, compreenda e acorde para o grave problema que vai tomando conta do país como uma doença silenciosa, que mata no final.

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