Vicente Licínio Cardoso escreveu que o São Francisco é um rio sem história. Não exagerou, pois são parcos os escritos antigos sobre a história do rio da Integridade Nacional – e muita gente sequer sabe porque ele levou este título. Em tempos mais modernos é que têm surgidos escritos sobre o grande rio, mas de tempos passados muito pouco foi registrado, senão por grande parte de estrangeiros.
O mesmo destino tem a cidade (e município) de São Francisco. Além do livro autobiográfico de Brasiliano Braz (como ele mesmo disse), a história de São Francisco se perdeu nas brumas do tempo, de oral que se fez. Os mais velhos, repositórios de fatos aqui passados, levaram, com sem encantamento, parte dessa história. Assim, o que mais existe, ainda, é parte da história oral – “histórias que meus avós contavam”.
Em anos muitos idos, algumas tentativas de registrar os fatos que ocorriam na cidade, foram feitas, e surgiram alguns jornais de vida muito curta. Um deles o jornal Cidade de São Francisco, órgão oficial da Câmara Municipal, rodado em 1928, tendo como diretor gerente Oscar Barroso e diretor técnico Orlando Lopes de Carvalho. Um registro importante no número 19 do dia 30 de dezembro: “A luz elétrica vae marcar nesta cidade um grande acontecimento pois consta que virão assistir sua inauguração os Deputados Elpídio Cannabrava e Nilo Rosenburgo, nossos Supremos Chefes”.
Um imenso lapso se abriu e nada foi registrado da história são-franciscana. Em 1960, no primeiro governo de Oscar Caetano Júnior, foi lançado o jornal “SF – O Jornal de São Francisco, por iniciativa dele e João Ortiga, com apoio de Heráclito Cunha Ortiga. O SF, um pequeno, porém muito simpático, valioso e rico de informações, atravessou, heroicamente, os governos de Oscar, Pedro Mameluque e Aristomil Mendonça. No governo Edson Paraíso e, depois, Severino Gonçalves, ele foi para as calendas do esquecimento, pouquíssimos números foram editados e, assim mesmo, de pouco valor histórico, posto que seu fim era mais de exaltação do chefe, com a destacada figura de Zeca Português.
Só em 8 de fevereiro de 1997 Oscar Caetano Neto na chefia do Executivo Municipal, incentivou a criação do jornal Nosso Tempo (Ano I edição nº 0) que foi editado durante 2 anos. De repente, sem mais nem menos, Kato cortou a verba do jornal e sua última edição em de número 83 em 21 de novembro de 1998 e adeus Nosso Tempo.
A imprensa são-franciscana só voltou a dar as caras no ano de 2001, por iniciativa do proprietário da gráfica Santo Antônio, Lotário de Almeida e Silva Neto. Começou modestamente, editado quinzenalmente (1ª quinzena de março edição nº 001) com apenas 6 páginas. O tempo correu e o jornal cresceu, expandiu-se, deixou as fronteiras de São Francisco com circulação nos municípios de Chapada Gaúcha, Pintópolis, Icaraí de Minas e até Brasília de Minas. Passou a circular semanalmente, com edições de até 22 páginas.
O tempo foi passando e as prefeituras alegando falta de recursos suspenderam os contratos com o jornal que ficou restrito a São Francisco.
Com o término do mandato do prefeito Luizinho o jornal O Barranqueiro foi enfrentando muitas dificuldades para manter sua circulação e, por fim, a interrompeu.
Assim, o governo de Veim atravessou um ano. Um ano que no futuro ele não terá nada registrado (escrito e divulgado) para dar conhecimentos aos seus pósteros. Um secretário do atual governo disse que estava divulgado seu trabalho “no Youtub”. Pois é, em pouco tempo, o que se vê na rede social perde-se no espaço, no éter, e o trabalho do secretário sequer será lembrado.
Aí ele pode perguntar: para quê?
Uma resposta está demonstrada na ansiedade, na dificuldade, na luta de universitários que vêm a São Francisco em busca de informações históricas para elaborar suas pesquisas de mestrado e doutorado. O mesmo acontece com alunos do ensino médio e fundamental em pesquisas escolares. Pesquisar onde?
EM TEMPO
A revista Veja encomendou uma pesquisa para “tentar medir o impacto das Fake News entre os leitores no país”. Resultado mostrou que 67% dos que desejam checar se um informação é falsa ou verdadeira recorrem aos jornais, revistas e emissoras tradicionais. Aí está, o velho jornal ainda é o porto seguro das informações e registro da história.
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