sábado, 24 de fevereiro de 2018

PEQUENA CRÔNICA

DÁ PARA ENTENDER?

No mundo da política e dos interesses a verdade nem sempre é verdade, ou pelo menos comum a todos. Sim, quando é para saciar certos interesses as mentiras tornam-se verdades e isto é antigo, lembremos deJoseph Goebbels - Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. E assim, com uma máquina azeitada alguns grupos criam verdadescom a única intenção e objetivo de servir aos seus interesses. O povo, em geral, e a Pátria no todo, que se danem, não fazem parte dos interesses por parte daqueles que querem apenas levar vantagens.
Um episódio recente – entre tantos que vêm sendo repetidos diariamente nas redes sociais –nos levar a uma reflexão: o que querem do Brasil? Ora, a Escola de Samba Paraíso do Tuiuti  arrematando o tema que defendeu na passarela, por sinal muito apropriado, resolveu investir na onda política, no que é do mais agrado de certos setores de oposição ao governo federal, ou como taxam, à elite. Aí, bombou nas redes sociais, o “não falei”, como grito das esquerdas atacando a elite direitista. Foi um fuá.
Ué! Fora Temer? Temer golpista? Como se ele foi eleito na chapa de Dilma, eram companheiros de luta, assim como o foi com Lula. Aliás, o PMDB era fiel parceiro do PT, juntos ganharam o poder. Os deslizes que a ex-presidente Dilma cometeu não atingiram o presidente Temer que, por dispositivo constitucional teria que assumir a presidência da República já que era o vice-presidente. Ou teria ele que ser solidário a Dilma e pedir o chapéu?
Ruim ou não. Bom ou não. O presidente Temer está arrumando a Casa – baixou a inflação, diminuiu o desemprego, está socorrendo o Rio de Janeiro, manteve os programas sociais, teve coragem e determinação de assumir necessárias reformas para consertar o país – trabalhista e previdenciária, que não se sabe ser possível aprovar ficando a indagação de como será no futuro a Previdência Social.
Voltando ao desfile. Quem financia as Escolas de Samba, além do poder público que, neste ano falhou, pois o prefeito é evangélico e não quis liberar verbas para o evento? Quem financiou está lá no mundo da elite, isso é notório. Só o dinheiro deles é que não é coxinha. Bruta ironia.
Tudo não passa de muitas e muitas contradições, o que nos leva a perder esperanças nos destinos do nosso amado Brasil, que começou errado. Dá, então, de lembrar, com tristeza, o ditado baiano: “pau que nasce torto não tem jeito, morre torto”.
E meio a essa desordem de pensamentos, intenções, posições, ideologias, ficamos perdidos, sem entender. Na verdade, ficamos como o macaco Sócrates, do programa Planeta dos Macacos, que diante de certas incongruências buscava explicações e se a coisa parecia muito embolada ele definia: “Não precisa explicar. Eu só queria entender.
De fato, não há explicação. Contudo, difícil é entender.

ESPERANÇA RENOVADA


A secretaria municipal de Agricultura está apostando em um novo projeto para o município de São Francisco - Arranjo Produtivo de Frutas Vermelhas, que poderá ocupar uma área de até 31 mil hectares e envolvendo 500 famílias de agricultores familiares. À primeira vista parece uma proposta arrojada, colocada no plano a que se pretende alcançar. Contudo, pela exposição feita pelo secretário Cosmo e professor Luis Marques Lima, contratado pelo Chefe do executivo Municipal para implantá-lo no município, sente-se que o mesmo é exequível. É evidente, e isso ficou claro na exposição do projeto para uma platéia de produtores rurais e técnicos, que a intenção não é partir do geral, o mega projeto Pode começar até mesmo com um mero hectare. A grandiosidade foi, por vezes passadas no município, causa de grandes fracassos, como o da mamona. Por ora, trata-se apenas de uma explicação, mostrar o que pode ser possível porque possível em outras municípios, como expôs o prefeito Veim, no caso da pimenta e pepino em Varzelândia. O produtor tem que entender a proposta, aceitá-la e tratá-la como uma semente boa lançada ao solo. Pela exposição, a ideia é das melhores e, de certa forma, inovadora na região.
Espantaram e muitos ficaram sem entender o que se pretendia com um projeto de frutas vermelhas. A ideia circulada antes era a do projeto profrutas e logo muitos imaginaram que iriam plantar laranja, limão, manga, mamão ou outra fruta. Mas frutas vermelhas, o que seria isso?  Com a apresentação do projeto veio o esclarecimento e a sua importância. Não seria simplesmente produzir fruta para a mesa, tão-somente a alimentação. No fundo mesmo o que se tem na fruta vermelha é muito mais, é saúde pura. A utilização tanto pode ser na mesa - o que já é muito apreciado - ou dedicada à industrialização com fim nutracêutico, o que já se vê, em profusão e muito uso, na Europa, Ásia e América do Norte. Então, sendo bem sucedida a implantação do projeto, os ganhos serão bem maiores que o esforço, trabalho e gastos despendidos, por exemplo, na pecuária leiteira, vendendo-se um litro de leite por menos de R$ 1, tendo que trabalhar, o agricultor familiar, todos os dias do ano - dia e noite.

São detalhes que os técnicos da Emater, Epamig e Secretaria de Agricultura Municipal, envolvidos na sua implantação, devem levar aos produtores para que sejam bem esclarecidos a ponto de encarar uma nova realidade. O que importa, noutro plano, é que não haja fracasso. São Francisco não suporta mais. Chega de enganação, de atraso, de tempo perdido: mamona, amendoim, cogumelo, piscicultura, tudo isso deixa o produtor com o pé atrás e o pensamento/intenção muito longe. É preciso vingar, para que São Francisco saia do marasmo. O prefeito Veim está entusiasmado, abraçou o projeto, acredita e aposta nele, por isso trazendo a São Francisco um expert e professor gabaritado para implantá-lo. Tem, também, o esforço e empenho do secretário Cosmo e o apoio da Emater e Epamig. Tanta gente envolvida, assim, não pode errar. Não há mais como errar.

CAIO MARTINS, RETRATO DE UM BRASIL DE HOJE

                                                                                                           XXIX - Parte

A CERCA - II
Contando a história da construção da cerca no Núcleo do Urucuia, no ano de 1980, não mencionei o nome dos estudantes do Curso Técnico em Agropecuária do CI, que participaram da obra - as anotações (relatório) daquele trabalho, assim como a coleção de slides, deixei no arquivo Centro Integrado como patrimônio histórico da Fucam. Temo que tanto um quanto o outro já não existam.
Recorri, então, ao ex-aluno Anísio Ruas, que tem uma intensa ligação com a turma de 1983 promovendo encontros anuais e fazendo constantes postagens do Face relatando fatos e fotos relativas ao grupo. E mais, lá em Vilhena, onde reside e fez carreira (professor, vereador e líder comunitário), ele tem uma grande participação na vida social, sobretudo através da música - o que herdou gosto por sua passagem no coral do Centro Integrado, lembrança que guardou com carinho chegando a editar um cd. Anísio é um caiomartiniano da gema, jamais se esquece de seus amigos, entre eles me incluo merecendo suas atenciosas ligações e visitas, inclusive com sua esposa e filhos, em minha casa, em São Francisco.
Então recorri-me a ele para lembrar o nome dos nossos companheiros de jornada e ele mos repassou, inclusive com alguns divertidos detalhes.
José Naíldes (Seteba), Idelino Rodrigues, Sérgio Borba (Tucano), Wilson Soares, José Wilson,  João Gualberto, Antônio Vieira, Ely Avelino, José Ataene (de São Romão, não concluiu o curso), Antônio Carlos (Bonitão), Roberval, Celson Guedes (Broa).
E suas lembranças: a construção de 7 mil metros de cerca; partida de futebol, quando venceram um time de Bonfinópolis pelo placar de 4 x0 - nem poderia ser diferente, pois o time tinha craques do juvenil do CI, como João Gualberto e o próprio Anísio, muito driblador.
Não mencionou a partida que realizamos entre torcedores do Atlético e do Cruzeiro.  Seria barbada para o time dos cruzeirenses que tinha mais craques que o dos torcedores do Atlético. Tinha craques mais não tinha humildade, raça e tática. Amarramos o jogo, travando na defesa e partindo para o contra-ataque, com chutões para o Celso Broa, o único atacante. Descuidaram dele e, pronto, venceu Setaba no gol. Na beira do campo a torcida dos cruzeirenses era forte, comandada pelo Chico Bandeira, pai do juiz, também cruzeirense. Assim, ao apagar das luzes, o juiz, sem qualquer escrúpulo apitou uma penalidade máxima para o time dos cruzeirenses.... e o jogo acabou aí, sem a cobrança da penalidade.
Nesse jogo, em bola alta alçada ao gol dos cruzeirenses, o goleiro Seteba, querendo impressionar a torcida deu um espetacular  vôo, foi alto e, sem devido treino, estatelou-se no chão, onde ficou por bons minutos sem ar com a turma jogando água nele. Do campo foi direto para cama. Pelo menos não trabalhou no dia seguinte com dores no corpo.No final da mensagem que me enviou, Anísio se gaba: "Ainda namorei a moça mais bonita da região. Shirley, filha do Chico Bandeirante".

Texto e fotos: João Naves de Melo


VOZES DOS CIDADÃOS

João Naves de Melo
JOÃO PRÓBIO III

Anos depois, João Próbio voltou definitivamente para São Francisco e aqui ficou raízes – é o que conta em versos.

 Um dia eu estava dormindo

e naquele sono eu sonhei
que estava em São Francisco
no lugar onde passei,
os pescadores estavam
cantando
do jeitinho que eu deixei.

“E quando eu acordei
daquele sonho de ilusão
notei que eu estava dormindo
por cima do coração,
deitado do lado esquerdo
apertou minha pressão.

“Agora, meu amiguinho,
acabou-se o meu sossego,
tinha que vir no São
Francisco,
Fosse mais tarde ou mais
cedo,
entrou na minha cabeça
a ponto de fazer medo”.

 

Sonho realizado


“Cheguei em São Francisco
e uma casinha aluguei.
De noite eu pouco dormia,
muito cedo eu acordei
e os búzios dos pescadores
a cinco horas eu escutei.

“Quando os búzios tocaram
eu estava de prontidão,
com quinhentos reis de
peixes
eu enchi um caldeirão.
Voltei para casa sorrindo
Cheio de satisfação.

“Eu nunca vi tanta fartura
como vi neste lugar;
tem peixes aqui dentro do rio
era impossível acabar
e não precisa mais gostoso
do que o curimatá”.

(Neste ponto da leitura, ele deu uma parada e disse sorrindo: - “Hoje mesmo já comprei uma...”).

Não demorou muito tempo

uma fazenda eu comprei,
no córrego do Pajeú,
pertinho do Zezé Botelho,
comprei uma trinta vacas
e para lá me mudei...

Aí começa a vida de João Próbio em São Francisco. Isto veremos na próxima publicação. Propositadamente, a primeira publicação da entrevista de João Próbio publicada no jornal O Barranqueiro saiu no dia em que ele completou 94 anos de vida e bem vivida. (Ano de 98).
É nossa homenagem.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

VOZES DOS CIDADÃOS

João Naves de Melo
JOÃO PRÓBIO II
João Próbio viveu bom tempo em Juazeiro, onde estudou até o 4º ano, recebendo lições de sua mãe, que era professora, pois escola só existia o Seminário de Crato – só para quem quisesse ser padre. Não era a vocação do Próbio, que a respeito versejou:
“A vida de padre é boa
Pra se ganhar a salvação,
Mas também é muito fácil
De fazer perdição.
Afastar de uma mulher bonita
Não é fácil não”.
E, depois, ele completa:
“Eu tenho em minha pessoa
uma grande vocação:
pra tudo estou pronto
menos para sujeição,
mesmo por este motivo
eu nunca tive patrão”.
João Próbio ganhou o mundo. Viajou todo o Nordeste, mas em momento algum esqueceu sua terra e sobre isto dá uma grande lição:
A zona do Cariri,
que é meu berço natal,
a terra que me viu nascer,
o meu sublime ideal.
A Pátria chorapor nós,
o direito e natural.
O filho que fala mal da Pátria
que o viu nascer,
pouco liga se distante
um dia dela morrer.
Nascer e não ser patriota
não vale a pena viver.
São Francisco
João Próbio girou mundo e um dia chegou a São Francisco. É uma maravilha a imagem poética do encontro, chega dar inveja:
Chegou o nosso vapor,
saltei pra comprar cigarro
e a minha vista se alegrou:
parece que aquela terra
a minha alma cativou.
Ali na beira do rio
eu vi uma coisa boa:
era cinco da manhã,
quando chegavam as canoas,
três pescadores tocavam búzio
e outros cantavam loas.
Os pescadores cantavam versos
que desde menino eu conheci.
Minha mãe cantava muito
aquela mesma melodia.
Com o cantar dos pescadores
a minha alma sorria.
Meu pensamento virou.
De tudo quanto eu pensava
Ficou só naquela terra
que há pouco tempo eu chegava
e logo eu percebi
que os meus olhos choravam.
Quando o vapor apitou,
na hora de viajar,
minha consciência pesou,
mas eu não podia parar.
Fui obrigado a seguir,
era impossível ficar.
O vapor seguiu comigo,
mas eu não ia no vapor
porque cá no São Francisco
meu espírito ficou,
ouvindo aquela musiquinha
da canção do pescador.
Isto já faz muito tempo,
mas não há nada que me esqueça.
É difícil de se acreditar,
mas por incrível que pareça
eu fui embora levando
o São Francisco na cabeça.

O SÃO FRANCISCO GANHA FORÇA


Nesta sexta-feira o nível das águas do São Francisco chegou aos 6,30 m – fato que não ocorria há muitos anos. Uma alegria, sem dúvida, para os barranqueiros que gostam de ver o seu rio pleno de água, de barranco a barranco, sem tantas e tantas coroas.
Uma grande satisfação, mas que precisa de um pouco mais, segundo moradores do entorno das lagoas: é preciso chegar, no mínimo, aos 7,30 m para o rio vazar e encher as lagoas. A esperança é que o ele chegue a essa marca, pois é importante que haja a ligação dele com as lagoas para reposição de suas águas e procriação de peixes.
EFEITO BARRAGEM
As barraginhas construídas pelo Codema (Patrulha Mecanizada do Meio Ambiente) nas comunidades de Retiro do Morro e Curral Velho (pequenos produtores Gilberto Pereira e Afrânio de Almeida), estão totalmente cheias, para safisfação dos proprietários das terras onde foram construídas. Assim, além de atender a esses proprietários, com reserva de água para dessedentação de animais e outros fins, elas têm grande utilidade na reposição do lençol freático.
ESTRADA DO MOCAMBO
A Patrulha Mecanizada do Meio Ambiente e Secretaria Municipal de Obras, recuperaram um trecho da estrada  de acesso ao povoado Mocambo-Santana de São Francisco, no ponto crítico da ponte do córrego Mocambo, que estava a ponto de provocar a interrupção do tráfego naquela importante via. Foi feito um reforço do aterro e encascalhado o piso. Uma obra pequena, mas que tem grande reflexo no meio ambiente, evitando-se o carreamento de sedimentos arenosos para o leito do córrego e pastagens. Isso sem falar na garantia do tráfego de veículos naquele trecho.

CAIO MARTINS, RETRATO DE UM BRASIL DE HOJE

XXVIII – parte
ADEUS VALDOMIRO
João Naves
A família caiomartiniana perdeu, nesta semana (dia 6), um querido membro: Valdomiro José de Oliveira, aos 71 anos. De diversas localidades de Minas e de outros estados chegaram mensagens para a família e amigos lamentando o encantamento de uma pessoa tão querida que, ao longo de sua vida, tanto serviu à comunidade e ao país.
Valdomiro nasceu na zona rural do município de São Francisco,no dia 13 de setembro de 1946, muito cedo, menino, ainda, entrou para o Centro de Treinamento para Jovens Líderes Rurais, onde se destacou como brilhante aluno, participando ativamente de atividades esportivas e artísticas, como é destacado a seguir:
NA ARTE

Valdomiro, ainda como aluno, tomou gosto pelo canto e dança e, assim, integrou-se ao coral da Escola (canto e dança), participando de vários eventos em São Francisco e noutras cidades como uma excursão de vários dias na comemoração do aniversário de Pirapora. Dançava com maestria o Carneiro e o Quatro e, no coral, se destacava como solista da bela canção (marca registrada do coral) Greenfields.
NO ESPORTE

PROFISSIONAL
Valdomiro iniciou sua profissão de tipógrafo na gráfica da Associação dos Amigos de São Francisco, que imprimia o “SF” – O Jornal de São Francisco. Quando a gráfica foi transferida para a Escola Caio Martins, mantendo as edições do jornal, Valdomiro foi elevado a chefe e, pouco depois, quando a gráfica abriu as portas para a Escola, transformou-se professor. Formou muitos jovens que, mais tarde, deixando a Escola, seguiram carreira na profissão: Caramuru (Binha) e seu irmão Kau – hoje trabalhando na Gráfica Santo Antônio como excelentes e responsáveis profissionais: Jarzinho Barbosa, trabalhou em Brasília de Minas e, depois, em São Paulo, e tantos outros.
EDUCADOR
Casando-se com a professora e também ex-aluna da Escola Caio Martins, Elane Sinhara, assumiu a chefia de um lar de moças internas da Escola, continuando como chefe da gráfica.
Por muito tempo, ainda, continuou participando do coral da Escola, fazendo parte do grupo que empreendeu uma inesquecível jornada a Belo Horizonte, a convite do coronel José Ortiga, então comandante geral da Polícia Militar, apresentando-se no gabinete do governador Israel Pinheiro, em canais de televisão, Rádio Inconfidência, consulado dos EEUU, entre outros locais.
COMUNIDADE
Valdomiro e Elane formaram um laço de amizade muito grande na comunidade são-franciscana, angariando um sem número de amigos. Na sua casa (já não era mais chefe de lar) eles recebiam os amigos para rodadas de muita música. Primeiro foi a turma do Pé no Chão (quantas saudades, tinha até camisa estilizada). Depois veio o “Pregão”, com o mesmo sentido: cerveja e muita música, estreitamento de laços afetivos. Fins de semana no Pregão eram como festas, tudo num clima de muita paz, muito familiar.
Um dia, baixaram-se as nuvens negras, e o casal viu-se na contingência de deixar a Escola. Ato incompreensível que cortou o cordão umbilical da escola com a comunidade… Deu no que deu!.
Felizmente, na cidade, Valdomiro manteve o Pregão. Não guardava o mesmo calor, o mesmo sentido familiar caiomartiniano, pois foi aberto à sociedade em geral. Contudo, não perdeu a essência da alegria e do congraçamento.
OS FILHOS
Do casamento com Elane, Valdomiro teve os filhos Jonas (doutor em Ciências Químicas, lotado no departamento de Química da Universidade Federal de Lavras) Synara (pedagoga, coordenadora pedagógica do Colégio Pentágono de São Francisco) e Jivago (empresário). Os netos: Gabriel, Rafael, Maria Eduarda, João Marcos, Maria Rita e Niniver. Um grande e bela família.
O ENCANTAMENTO
De repente, mais do que de repente, sem tempo sequer para despedidas, um papo final, um adeus, Valdomiro encantou-se. Foi rápido, tão rápido, menos de 24 horas ele já nos deixava. Foi um choque, pois amigos ele cultivou aos borbotões, e isso se viu no seu velório no Memorial Bom Pastor – centenas de amigos, num estreito e carinhoso abraço levado à família enlutada.
DESPEDIDA
Valdomiro, ou Valdó; Pequi ou Zé Pequi (apelido que nem ele mesmo sabia como foi adquirido, nem mesmo o professor Silvano, quando professor e depois diretor da Escola Caio Martins, que tinha por hábito colocar apelidos nos alunos novatos, soube explicar. tinha mais: Babiro e Tio Babiro – assim chamado por sobrinhos. E foi assim, de palavra em palavra, abraço a abraço, lágrima a lágrimas, que os amigos se despediram dele.
“Se quereis verdadeiramente conhecer o espírito da morte, abri o vosso coração até ao corpo da vida. Pois vida e morte são um só, tal como o são o rio e o mar” (Gibran)
A minha passagem pela vida só me trouxe alegria e prazer. Fui como o agricultor que ocupou a seara com amor no trato da terra: semeei e colhi. Um lar abençoado tive ao lado de uma amada esposa e queridos rebentos; amigos espalhei e recolhi tantos ao longo de minha jornada.
Se me fiz feliz, não morri, pois estarei sempre presente na minha grande seara, no coração de todos vocês meus entes queridos e amigos.
VALDÓ E OS POEMAS
VOCÊ
Elane Sinhara
Num mundo escondido
Encantado, enfeitado
em meio à beleza
Encontrei você.
Você que escondia
Toda ternura
Toda riqueza
Do meu viver.
O mundo sorriu,
Você sorriu,
Sorrimos felizes
O amor apareceu.
Hoje, de mãos dadas
Seguimos, sem nada
Ao mundo esconder
Tudo encantado
Tudo enfeitado
O mundo me trouxe Você.
10;10.73
PREGÃO
Por que passam tão ligeiros
Os momentos felizes?
Seria para gente aos poucos
Viver apenas de saudades?
Pregão, onde você ficou?
Saia das brumas do tempo
Venha onde você me deixou
E resgate o meu coração.
Se você não vier logo, Pregão,
Como ficarei no tempo perdido?
Será que a mim será destinado
Viver tão-somente de saudade?
Elane e Valdo,
Para recordarmos dos bons tempos do Pregão.
Como éramos tão felizes.
Éramos e sabíamos. Graças a Deus
João Naves

sábado, 3 de fevereiro de 2018

SÃO FRANCISCO – JANEIRO: SOCORRO!

Reagir enquanto há tempo
Um problema crítico e que vai sendo, sempre, empurrado às calendas: a situação crítica do rio São Francisco. Muita conversa, muitas promessas e nada, mas nada mesmo é feito – pelo menos aqui no Norte e Noroeste de Minas. Centenas de ribeirões, córregos e até rios entram em fase terminal – alguns mortos de vez, outros intermitentes e outros, pouquíssimos, com fiapos de água. Enquanto isso, empresários que devastaram o cerrado, “pai das águas”,causando o grave desastre ecológico, chegam, agora, noutra frente: perfuração de poços tubulares de maneira indiscriminadas, com aval de políticos que municiam os produtores de canos e caixas d´água, mesmo não tendo água. Acabaram com as fontes de água superficial e, agora, atacam as águas subterrâneas como se fossem elas infinitas.
Anivaldo Miranda, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) visitou o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, para tratar de agendas relacionadas ao Rio São Francisco. Ele entregou ao ministro o Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio São Francisco, pontuando: “Nós queremos que todos os atores da Bacia Hidrográfica tenham acesso ao Plano, pois ele é um grande patrimônio de todos, foi construído com recursos da cobrança pela água bruta e é um instrumento que pode ser utilizado tanto pelo governo federal, quanto pelos governos estaduais”.
Uma importante iniciativa do presidente Anivaldo foi entregar ao ministro o Plano de Aplicação de Recursos na Bacia do São Francisco que aponta investimentos necessários para a revitalização da Bacia até 2016. Ele enfatizou ao ministro “Nós viemos pedir apoio para que, com os recursos que vê  para a Agenda Verde do Ministério do Meio Ambiente, o órgão possa executar esses recursos dentro das metas e diretrizes do Plano da Bacia.
No município de São Francisco – e região – os problemas hídricos são graves. Contudo trata-se de uma região esquecida, que mal existe no mapa. Mas o que dizer da situação do submédio São Francisco onde se localiza a importante barragem de Sobradinho e cujo cenário tem sido objeto de novelas de TV e célebres reportagens. “Sobradinho, no norte baiano, reúne cenários de desolação com a crescente redução do volume de água”, noticia a revista Travessia, editada pelo CBHSF, acrescentando” Onde hoje podemos caminhar em solo firme, existia muita água, quase 4 metros de altura e a cena que deparamos agora é de muita tristeza. Esse é o resultado não só da seca que nos assola há dez anos, mas é também da ausência de medidas contínuas de preservação”. E adverte: “Não temos mais tempo, precisamos revitalizar ou, em muito breve, não haverá mais rio”.
Prefeitos de São Francisco, Luislândia (onde não há um curso d´água perene), Brasília de Minas, Pintópolis, Icaraí de Minas e Chapada Gaúcha (da área do CBHSF9) precisam partir para ação contínua em defesa dos recursos hídricos da região – preservação e recuperação, pois como vai não é de se admirar que, muito em breve, até o rio São Francisco passará à categoria de córrego.



UM PAPO E MÚSICA COM BRUNA FULÔ

A convite do radialista Altamir da FM 87,9 Rádio São Francisco, (Luiz Fernando), em companhia de Guilherme Barbosa Pereira (Paralelo 16 e Banda Raízes dos Gerais) e sua digital mágica, passamos mais de uma hora, numa rodada musical com Bruna Fulô e Umbelino (violão). Há tempo fiquei conhecendo o trabalho da Bruna Fulô através de uma entrevista trabalhada pelo Guilherme e publicada no Barranqueiro, cujo exemplar ela diz ter guardado com muito carinho.
Entre uma e outra conversa, falando sobre a vida artística de Bruna e também de sua ligação com São Francisco, ela nos brindou com interpretações, perfeitas, de várias canções da MPB e sertanejas.
Bruna Fulô, depois de anos na estrada   conseguiu firmar-se no mundo dos shows e tem apresentado em grandes praças. Com apoio de uma excelente banda – uma equipe formidável, segundo Guilherme – ela tem chamado atenção pela qualidade do seu trabalho, suas belas performances, sem dúvida com uma belíssima voz. Contudo, com todo sucesso que vem somando com seu trabalho, alcançando uma grande projeção no mundo artístico, ela não esquece de sua terra – São Francisco. Não se separa de suas raízes e sempre vem visitar seus parentes e amigos, e faz questão de participar da tradicional festa de São João do Angical, que há mais de 30 anos é promovida por sua tia Terezinha Vieira.
Ela é filha de José Márcio e Zilma Alves. Estudou o nas escolas Dr. Tarcísio Generoso e Brasiliano Braz e, depois, transferiu-se para Uberlândia onde atualmente vive.
  UM POUCO DA BRUNA
A música está no DNA de Bruna Patrícia Vieira Batista : “Bruna Fulô”. Seu avô materno (Domingos) foi sanfoneiro dos bons, aqui em São Francisco. Seu pai, José Márcio e seus tios já tocavam e cantavam na década de 90, mas optaram em seguir outras carreiras profissionais. Bruna começou a cantar ainda criança, aos 12 anos. Em São Francisco encontrou um grande amigo que tornou-se seu professor de violão (Umbelino – violonista e tecladista do Paralelo 16 e violonista do Raízes dos Gerais)
Bruna Fulô, em sua caminhada como cantora (ela é violonista e compositora) participou de vários festivais, entre ele o festival da Arcom in Concert – Uberlândia – MG, quando ganhou o prêmio  revelação. Completam o seu currículo participações em shows de duplas sertanejas mineiras. Lançou o primeiro disco independente, “Sussurros” com músicas de grandes compositores nacionais. Seus shows se caracterizam pelo esmero na escolha do repertório, complementado por sua voz marcante, desenvoltura e carisma naturais.
​Bruna Fulô lançou sua carreira solo há 5 anos. Desde então o criativo músico André Mineiro (ex-percussionista do Gustavo Lima) assumiu a produção de seus shows em Minas Gerais, Goiás e interior de São Paulo.  Nesse período ela fala com orgulho de ter participado de grandes eventos da música sertaneja como Festa do Peão de Barretos, Jaguariúna Rodeio Festival, Rodeio Camaru/Uberlândia, festas de aniversário de cidades e outros grandes eventos. Pisou também nos palcos de grandes baladas e clubes de Minas Gerais, Goiás e São Paulo.
Em seus shows, Bruna faz questão de exaltar o atual empoderamento feminino na música sertaneja, cantando sucessos de Marília Mendonça, Simone e Simaria, Maiara e Maraisa e Naiara Azevedo, mas nunca se esquecendo de outros grandes nomes femininos como Fátima Leão, Roberta Miranda e outras, bem como sucessos do sertanejo universitário.
As músicas de Bruna Fulô já foram tocadas em quase todos dos Estados do Brasil, em centenas de rádios, com predominância no Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Com destaques para as músicas: “A Noite” (versão sertaneja) e “Não Volta Pra Sua Ex” (composta por Alex Ferrari). Suas novas músicas, além das próprias composições, vêm de compositores consagrados no atual universo sertanejo.
No final de nosso encontro, eu e o Guilherme, sugerimos uma apresentação dela em São Francisco, o que teve ótima acolhida: “Teria o maior prazer e a maior alegria em poder cantar para o povo de minha terra, um grande show, com muita gente, tenho certeza” – disse ela sorrindo
Fica aí o recado para Deo, secretário municipal de Cultura e Turismo e empresário de São Francisco. Bruna Fulô canta muito, tem uma belíssima voz, muita simpatia e, o que vale muito, de grande simplicidade.




PEQUENA CRÔNICA

PINÇANDO O SF
O pequeno “SF” – O Jornal de São Francisco – guarda um formidável acervo da história de São Francisco, retalhos do cotidiano, notícias interessantes, passagens de governantes. Era um jornal denso, recheado de letras, pois não havia, àquele época, o recurso da fotografia. Quando conseguia alguma ilustração era através de clichê, muito difícil e caro de conseguir, só possível em Belo Horizonte.
Todos sábados os são-franciscanos recebiam o jornal em sua casa, para muitos, com ansiedade, como no caso de Leonides Dourado, que foi além – organizou uma coletânea, muito preciosa e da qual nos valemos para pinçar uns fatos.
Para recordar, como gosta o Edmilson do Dínamo, com seu acervo fotográfico, o Portal vai pinçar algumas notas.
“ANO FUTEBOLÍSTICO”
“Os amantes do futebol, no ano de 1964 não podem se queixar ou reclamar que tenham sido privados de espetáculos do esporte rei, pois com poucos intervalos os clubes se movimentaram e procuraram preencher as tardes domingueiras com disputas, muitas das quais atraindo grande público.
Lamentavelmente, entretanto, que a Liga Esportiva de São Francisco não tenha se dignado de dar o ar da graça, tendo permanecido alheia e desinteressada pelas nossas atividades futebolísticas. Aliás, é bom que se diga, se dependesse da Liga, órgão fictício ou acéfalo, o são-franciscano não teria tido oportunidade de presenciar alguns dos bons espetáculos que lhes foram proporcionados.
O Campeão
O Dínamo campeão do último certame patrocinado pela Liga Esportiva no ano de 1963, não esteve na mesma evidência dos anos anteriores, eis que a agremiação de Edmilson Cavalcante andou, durante tempo mais que normal, afastada das canchas.
No entanto, retornando aos gramados, o Dínamo voltou a demonstrar suas virtudes de campeão realizando bons encontros e dando provas de que é sério candidato ao campeonato próximo. Em seus jogos, o Dínamo venceu Brasília de Minas 2×0, Mirabela 4×1, Bancários de Montes Claros 4×2, empatou três vezes com o Racing. sendo derrotado pelo Racing por 5×4 e por Brasília 4×3″.
COMENTANDO, estabelecendo um paralelo entre as duas épocas -janeiro de 1965, quando foi publicada esta matéria e, agora, janeiro de 2017.
São Francisco, de uns anos para cá, não tem Liga Esportiva, não tem campeonato, não tem estádio, não tem jogos senão partidas esporádicas disputadas no bairro Sagrada Família ou no “Poeirão”. O futebol da cidade está em banho maria e parece que a juventude e sociedade esportiva não estão nem aí.
O Dínamo de tantas glórias, tantas vezes campeão e representante lídimo de nosso futebol, com uma mística fantástica,agora é parte da história. O velho e valente capitão Edmilson pendurando as chuteiras, pendurou também o grande esquadrão.

COLÓQUIO SAUL MARTINS *

Saul Martins de formação militar, poderia ter seguido a carreira das ciências jurídicas, como poderia ser mestre da Matemática, por sua vocação cartesiana.
Nada disso. Ele seguiu o caminho das ciências humanas. Doutorou-se em Antropologia e dedicou-se ao estudo da cultura popular tradicional. Qual força o levou à opção pelas manifestações folclóricas?
Recuemos no tempo e no espaço
Mil novecentos e dezessete, Começo do fimda 1ª grande guerra. O mundo em transformações. Mês de novembro. Início das águas, período das chuvas. O sertão está em festa. O cerrado viçoso.  Desabrocham-se as flores multicoloridas. As mangabas estão caindo, madurinhas. Os pequizeiros carregados de frutos verdes. O grão-de-galo cheira longe. O cajuí ou caju do mato se oferece com seu travo gostoso. O cerrado, este pomar vastíssimo e sem dono é habitado por todos os bichos de pena e de couro.
O rio São Francisco toma as primeiras águas barrentas. Cresce. No fundo o caboclo d´água brinca com o surubim de bigode. A mãe d´água penteia os cabelos de ouro.
O vapor apita lá no pontal. Vem da Bahia, carregado de gente, sal querosene e algodão em rama.  No porto dos peixeiros a velha barca do coronel Caciquinho carregada de rapadura e cachaça, pronta para zarpar com sua bela carranca na proa. Uma velha preta vende beiju-cambraia com café quentinho. No varal do açougue luzem mantas de carne seca dois pelos. Mais adiante, no terreiro, debaixo de uma latada, uma animada rodada de lundu. Na política, a luta dos luzeiros e escureiros pelo poder é braba. No caminho da fazenda “Serrote” para a cidade, nasce prematuramente um menino de 6 meses. A mãe, dona Maria Moreira Martins, põe-no em uma caixa de sapatos cheia de algodão e o entrega à Nossa Senhora. O pai, Justino Alves Martins, fica alegre e apreensível. O menino salvará? Dá-lhe o nome de Saul Martins.
O menino sobrevive. Cresce. Mora na rua do Caminho do Brejo.
De pé no chão e de calças curtas, o menino toca arco ou roda, solta papagaio, toma banho pelado no rio, no cais de cima.
O menino se torna exímio canoeiro. Aquele toquinho de genteno piloto da canoa. Vai para ilha chupar melancia. Monta em cavalo-de-pau. Entrapara escola pública, depois Grupo Escolar Bias Fortes. Já rapazinho, vai para a fazenda do pai, onde faz de tudo. Capina na roça. Guia carro-de-boi. Trabalha na desmancha da mandioca, fazendo farinha; na moagem de cana. Engenho de pau.  Faz rapadura e cachaça da boa. Monta a cavalo nas vaquejadas pelo cerrado e caatingas. Na cidade trabalha na distribuidora do Laboratório Raul Leite. Decora todas as fórmulas do remédio. É o primeiro a matricular-se na recém Escola Normal.
Está explicada a opção de Saul pela Antropologia, pela ciência do Folclore, pelos aedos populares, pelo ethos do povo.
A força atávica do São Francisco, a meninice solta nas ruas de Januária e o espírito forte das carrancas nas proas das barcas de frete.
  • Esta belíssima crônica foi escrita por Domingos Diniz no dia 10 de agosto de 2001, à época presidente da Comissão Mineira de Folclore, que também foi presidida por Saul Martins, cofundador da instituição..
Euguardava em meus arquivos esta bela página que, agora, levo ao Portalveredas como uma homenagem dupla: ao autor, o caro amigo Domingos Diniz, por sua arte e sensibilidade, e a Saul Martins, nosso grande mestre, ambos encantados.
GANDARELA
Gandarela. Gandarela
Últimos suspiros
Deum povo
Gandarela. Gandarela
Derrota-a como ao cerrado
A ganância econômica
E a desgovernança
Amanhã o lamento.
Sem remédio.
BH, Montes Claros
Amanhã.