tag:blogger.com,1999:blog-2987649128780066552024-03-23T07:27:06.416-07:00.João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.comBlogger221125tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-25912188035445063112024-03-23T07:26:00.000-07:002024-03-23T07:26:08.656-07:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;"> </span><span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – XIV</b></p><p style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #202122; text-align: justify;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span> </span><span> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">A
raça do brasileiro foi formada pela miscigenação por três raças branca. Negra e vermelha, como acolhido por diversos historiadores. Destarte, apesar
de ser despiciendo pelo tanto que já foi escrito, remeto-me a um sucinto comentário
a respeito da raça branca que, de certa forma
tem certo destaque na humanidade.
Rebuscando narrativas históricas atento-me a ela considerando que origina do
continente europeu o povo que deu origem
ao povo que descobriu e deu início à colonização do Brasil. Passo, como ponto
de partida a ascensão do Império Romano sob o prisma da sede de conquista no
período que conquistava imensos territórios na Europa, estendendo sua ânsia e
poder de conquista à Ásia e África – poder e riqueza, eram a inspiração. Acompanho,
depois, a expansão do império britânico, que</span><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> foi o maior
na história da humanidade, chegando a dominar quase um quarto do planeta – era tanto que foi apelidado de <i>“o império no
qual o Sol nunca se põe”</i>. Seguem os expansionismos de Portugal, Espanha,
França e Bélgica em busca de
especiarias, ouro, diamante e, lamentavelmente, subjugando nativos. Essas civilizações
dispondo de recursos náuticos, exército bem equipados, impulsionados pelo
mercantilismo estenderam seus tentáculos em territórios da África. </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">O problema é que esses territórios abrigavam
diversas etnias e tribos diferentes, com religiões e culturas diferentes, e que
eram historicamente inimigas. Isso ocasionou diversos conflitos internos e
guerras civis que marcaram a história do continente e contribuíram para a
pobreza da população local. Outros fatores que ocasionaram a miséria foram a
retirada desenfreada de recursos naturais oriundos da mineração, como ouro e
diamantes, e a caça, que esgotaram os recursos naturais em diversos locais daquele
continente</span><span style="font-size: 12pt;">.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> Não estendo nesta particularidade
(expancionismo, imperialismo, ganância) detenho-me em Portugal que, da Europa
dos brancos é o que interessa diretamente posto ser o país que descobriu e
colonizou o Brasil. Da raça que primeiro influenciou a raça brasileira, à parte
do negro e do índio, tem raízes ancestrais na África, como anotou Gilberto
Freyre (Casa Grande&Sensala): “<i>Quanto
ao fundo considerado autóctone de população tão movediça, uma persistente massa
de dólicos morenos cuja cor a África árabe e mesmo negra, alargando de
gente sua largos trechos da Península, mais uma vez
veio avivar de pardo ou de preto. Era como se os sentisse intimamente seus por
afinidades remotas apenas empalidecidas; e não os quisesse desvenecidos sob as camadas sobrepostas de nórdicos nem
transmudados pela sucessão de culturas europeizantes. Toda a invasão de celtas,
germanos, romanos, normandos (...) Que tudo isso sofreu restrição ou refração
num Portugal influenciado pela África, condicionado pelo clima africano,
solapado pela mística sensual do islamismo.”<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span></i><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> O antropólogo Ferraz de Macedo
definindo o tipo do português, segundo registra Gilberto Freyre, deu logo com a
dificuldade fundamental: “<i>a falta de um tipo dinâmico determinado. O que encontrou
foram hábitos, aspirações, interesses, vícios, virtudes variadíssimas e com
origens diversas – étnicas, culturais.<o:p></o:p></i></span></p>
<span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"> Eis o português colonizador, que
definiu Fernando de Azevedo: “<i>O elemento
português que se fixava lentamente no Brasil, não era, o que se podia dizer, uma raça, no sentido biológico da palavra, mas o
resultado da mistura dos povos indígenas da península –os primitivos íberos –,
e de raças e povos que se cruzaram em constantes migrações pela península
ibérica, como os celtas, os regos, os fenícios, os romanos, os visigodos e os
árabes, sem falar nos judeus...”</i> A escassez de mulheres brancas contribuía
para atiçar para atiçar as relações com as do país e a estimular a mestiçagem
de brancos, índios e negros. </span>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-4073112672215356362024-03-16T06:24:00.000-07:002024-03-16T06:24:15.589-07:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – XIII</b></p><p style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #202122; text-align: justify;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span> </span><span> </span></span><span style="background-color: white; color: #202122;">São tantas as descrições da saga do africano na colônia.
Um aspecto abordado por </span><span style="background-color: white; color: #202122;"> </span><span style="background-color: white; color: #202122;">Lilia M.
Schwarcz e Heloisa M. Starling (Brasil uma Biografia) foi o da </span><i style="background-color: white; color: #202122;"> </i><span style="background-color: white; color: #202122;">Civilização
do açúcar</span><i style="background-color: white; color: #202122;">: “Difícil entender como este
local, período entre o paraíso e o inferno, iria aos poucos se definir como
território importante para o comércio de doçura e fazer largo uso do chamado
‘trato dos viventes’, também conhecido
como ‘infame comércio de almas (...) É a partir de 1650, que o açúcar, em
especial aquele feito de cana, converte-se de um luxo raro num produto
corriqueiro e basicamente obrigatório.”</i></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Uma contribuição muito interessante sobre a questão da
escravidão vem do jesuíta Antônio Vieira. No Sermão do rosário levanta a voz
contra a escravidão. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Os senhores poucos,
os escravos muitos, os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os
senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores
tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo como deuses; os
senhores em pé apontando para o açoite, como estátua de soberbas, e da tirania,
os escravos prostrados com mãos atadas atrás como imagens vilíssimas de
servidão e espetáculo de extrema miséria. Oh! Deus. Quantas graças devemos à
fé, que nos destes, porque ela só nos cativa o entendimento, para que à vista
destas desigualdades reconheçamos, contudo,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>vossa justiça e providência<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estes
corpos não crescem e morrem como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os
cobre o mesmo céu? Não os esquenta o mesmo sol? Que estrela é aquela que
domina, tão, triste, tão inimiga, tão cruel? Quem pudera cuidar que as plantas
regadas com tanto sangue inocente houvessem de medrar, nem crescer e produzir
senão espinhos e abrolhos?”</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #202122; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></i></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></i><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;">O<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>padre Antônio Vieira com sua poderosa
eloquência, em seus sermões,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>insurgiu
contra a escravidão, lutou em defesa dos índios, plantou escolas e, chamou
atenção especialmente, como um jesuíta, pela defesa dos judeus, investindo-se
com firmeza contra a inquisição. Esse posicionamento, segundo seu biógrafo João
Lúcio de Azevedo, citado no ensaio Padre Antônio Vieira e os Judeus, de Arnaldo
Niskier, fez dele<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“o homem mais
detestado de Portugal”. <o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;">A
mancha: liderado sobretudo por Portugal e Espanha, buscou-se na África
subsaariana pessoas para serem escravizadas nas colônias e satisfazerem as
necessidades de mão de obra agrícola e da mineração. Nesse processo, assim como
os países europeus tomaram riquezas naturais de suas colônias situadas nas
Américas, também confiscaram riquezas naturais africanas.<o:p></o:p></span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-77087168907579509362024-03-09T06:32:00.000-08:002024-03-09T06:32:43.844-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;"> </span><span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – XII</b></p><p style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #202122; text-align: justify;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span> </span><span> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Na África, onde ficou a alma do
negro? Na</span><span style="color: #202122; font-size: 12pt;">s savanas,
florestas, rios, lagos,
vales, animais, choças, instrumentos de caça e de trabalho, nos
cantos e ritos livres, na voz da natureza, no murmurejar dos rios e fragmentar
de cachoeiras, nos perfumes inebriantes da flora e tudo resumido no espírito
coletivo: homem – terra na liberdade plena do seu assentamento milenar na
Terra-Mãe. Ah! África milenar!. África do Kilimanjaro de pico nevado beijando o
céu, das cataratas da Vitória cavando abismos, dos lagos alimentando veios
d´água, que serpenteiam suas extensas planícies.
África milenar que na travessia da história traça os fios da civilização na
estrutura de Lucy. Do ouro, do diamante,
do marfim, objetos da cobiça de homens que, não satisfeitos em usufruir e
usurpar seus bens naturais foram além,
quiseram o homem dele fazendo seu escravo ou objeto de riqueza no
comércio humano. Alex Haley em tintas
vivas e marcantes pela ignomínia, no livro Raízes, descreve com realismo a
escravidão, o desenlace extraordinário de tudo que naturalmente existia, a
posse vital, que ao negro foi roubado arrancando-o da sua terra. Roubaram-lhe a
Mãe-África e o levaram a um mundo que lhe era estranho em todos os sentidos. Na
Mãe-África ficou a sua alma, tudo o que
tinha, desprovendo-o de sua dignidade humana.</span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>À força brutal foi arrancado da terra-mãe, acorrentado e
atirado em navios da morte<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com
descreveu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Caio Prado (História do
Brasil): “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mal alimentados, acumulados de
forma a haver um máximo de aproveitamento de espaço, suportando longas semanas
de confinamento e as piores condições higiênicas, somente uma parte de cativos
alcançava seu destino”. </i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A travessia
do<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>oceano, mais que nostalgia, era de
extrema dor e ignominia. A. Souto Maior (História do Brasil) registrou: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os traficantes obrigavam também os pobres
negros a dançarem, com evidente intenção de livrá-los do torpor e da
melancolia, mas o banzo, uma psicose depressiva, provocada pelo sofrimento e
nostalgia, dizimava-os. Alguns se atiravam ao mar.” <o:p></o:p></i></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></i><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;">Vindo os grupos, em sua maioria
da costa oriental aportaram, em maiores contingentes na Bahia, Pernambuco e Rio
de Janeiro – <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Moçambique, Guiné, Congo,
Costa do Marfim; <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>maiores grupos, os bantos,
dois grandes grupos: angola-congoleses e moçambiques. Chegaram destituídos de
sua personalidade e dignidade como bem observou Boris Fausto: “</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #202122;">O negro<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>era considerado juridicamente uma coisa e não
uma pessoa”. </span></i><span style="color: #202122;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em tal situação viraram objeto do interesse
econômico dos senhores<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como tão bem
definiu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>os definiu </span><span style="color: #202122; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">o</span><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"> jesuíta Antonil dono de frases
tão sintéticas como cruéis<i style="mso-bidi-font-style: normal;">, “Como as mãos
e os pés do senhor do engenho, porque sem eles no Brasil não seria possível
fazer, conservar e aumentar a fazenda, nem ter engenho corrente”. </i>Real
alicerce da sociedade, os escravos chegaram a constituir, em regiões como o
recôncavo na Bahia, mais de 75% da população.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-42957908998781898112024-03-02T05:03:00.000-08:002024-03-02T05:03:53.281-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – XI</b></p><p style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #202122; text-align: justify;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span> </span><span> </span></span><span style="color: #202122;">Chegamos à história do negro no
Brasil e, consequentemente, ao fio da nossa etnia. Então, somos levados a
ultrapassar a antropologia detendo-nos a um aspecto singular, o que certamente
mais fala do negro em nossa formação: a sua personalidade, à sua alma. Recorri,
então, em primeira linha, ao fantástico livro Mãe África de Fidêncio Maciel de
Freitas renomado </span><span style="background-color: white;">engenheiro, que reside atualmente em São Francisco,
onde tem uma criação de búfalos e cabritos, e laticínio, </span> <span style="background-color: white;">fabricando a apreciada mussarela. Sua
trajetória profissional é variada, eclética e, de certa forma, curiosa. Como
engenheiro profissional, com reconhecimento internacional, trabalhou no Iraque
e Irã, mas sua maior experiência foi na África vivendo na República Camarões
por mais de quatro anos como diretor de uma grande construtora brasileira. A
enorme curiosidade fez com que ele </span> <span style="background-color: white;">se
interessasse apaixonadamente pela África, o que o levou a escrever </span> <span style="background-color: white;">o livro Mãe África revelando religiões,
crenças e costumes africanos com singularidade e honestidade – uma obra
apaixonante de imenso valor histórico e cultural.</span></p><p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Na apresentação do livro, ele delineia
o seu conteúdo fundamental<span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">: “</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;">Nada mais ultrapassado do que discutir superioridades
raciais. Os homens são iguais, embora as culturas sejam diferentes. Usando uma
linguagem moderna podemos dizer que o homem é uma máquina viva, dotada de um
computador. E o que diferencia um indivíduo do outro não é a máquina, nem o
computador,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mas o software instalado em
cada um. Este software é a cultura da pessoa, no seu sentido mais amplo.
Acrescente-se a esta definição materialista o sopro de Deus, já que o homem é
um ser religioso, mesmo que, às vezes, possa não aceitar esse fato”.</span></i><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ainda apresentando o livro, ele toma palavras de Gilberto
Freyre (Casa Grande & Senzala) uma verdadeira ode referencial à nossa
etnia. “</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #202122;">Todo
brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e
no corpo (...), a sombra, ou pelo menos a pinta do indígena ou do negro (...) A
influência direta, ou vaga e remota do africano. Na ternura, na mímica
excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no
andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão
sincera da vida trazemos quase todos a marca da influência negra da escrava ou
sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela
própria amolengando na mão o bolo de comida. Da negra velha que nos contou as
primeiras histórias de bicho e de mal assombrado. Da mulata que nos tirou o
primeiro bicho de pé de uma coceira boa, da que nos iniciou no amor físico e
nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de
homem, do moleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo”.<o:p></o:p></span></i></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #202122;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></i><span style="color: #202122;">É
uma boa indicação para cumprir o nosso intento. <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></i></span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-55462697468323637332024-02-24T05:45:00.000-08:002024-02-24T05:45:38.908-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – X</b></p><p style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #202122; text-align: justify;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span> </span><span> </span>O índio está em nossa
ancestralidade mais recente e direta no liame<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>à terra-mãe. A nossa etnia – informações genéticas físicas, espirituais
e comportamentais –, no entanto, vem de tempos mais distantes, esquecidos nas
brumas dos séculos. A raça mais próxima na composição de nossa etnia, depois do
índio, é a do negro africano. No processo da aglutinação das três raças do
branco, do índio e do<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>negro ocorreu a
formação da raça do brasileiro. O caminho, no entanto é longo, passando por
milênios. Percorrendo espinhosos e tortos caminhos, muitas vezes com indignação
diante de atos ligados ao comportamento humano, vamos encontrar fiapos de
raízes da abominável escravidão, fato marcante da introdução do negro africano
no processo de colonização do Brasil e, consequentemente, na formação da raça
brasileira. Ainda que não se aprofunde na questão, por demais debatida e
exposta em<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>estudos por cientistas e
historiadores, apenas para dar curso a este sucinto trabalho, pretendo
discorrer sobre o assunto para entender o porquê da escravidão e como ela,
apesar do sofrimento imposto a seres humanos, teve extraordinária importância
na constituição do nosso País. Indo além para<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>entender a nossa ancestralidade como um raça brasileira, fusão, em sua
origem na três raças branca, índia e negra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Revendo
a escravidão em suas origens buscamos entender o comportamento humano ou
desumano. Ela</span><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> foi presente nas sociedades do Egito Antigo por mais de dois milênios –
desde o Império Antigo (2700–2200 a.C.), prisioneiros de guerra eram
escravizados e um grande contingente da população realizava trabalho
compulsório. No Código de Hamurabi (1792-1750 a.C) a escravidão também era
contemplada. Passou pela antiga Grécia onde encontramos o conceito do <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aristóteles (A Política) sobre a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>escravidão: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“A utilidade dos animais domésticos e a dos escravos é mais ou menos a
mesma que tanto uns, quanto outros ajudam-nos, através de sua força física, a
satisfazer as necessidades da existência. Assim a guerra é um meio natural,
pois ela compreende esta caça que se deve fazer aos animais selvagens e aos escravos,
que, nascidos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para obedecer, se recusam
à obediência”. </i>Espantoso em tempos atuais.<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></i><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Conhecer o papel representado pelo branco, índio e o negro nas raízes da
nossa civilização<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>nos levará a
entender melhor o comportamento da raça resultante, o brasileiro, em seus
costumes de modo geral. No caso, em ligeiras linhas, já abordamos a
participação dos índios e a presença deles na formação do povo barranqueiro, em
nosso caso, no médio São Francisco. Vamos, então,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nos ater um pouco da presença do negro.<o:p></o:p></span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-46394053907241848212024-02-10T05:40:00.000-08:002024-02-10T05:40:26.068-08:00ANTÔNIO GUEDES MOREIRA, UMA VIDA DE DEDICAÇÃO À SOCIEDADE<p> </p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">João Naves de Melo<o:p></o:p></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal"><i><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Todas as coisas são
difíceis: os homens não podem as explicar com palavras – Eclesiastes 1:8<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8X1o5yMPz7j5Gl5QKhOYsKliKfvMhL7O_OTeKj89Fi6KTlcnC_-7EQRkHAdzXy7KyerOcr3UJoEEoeyOX1BXva15r3iFPUAxDwBJ1B8KCjhtYEg1STMZXdgREBm5ZK58ONN88_d2_-RyQ5FT-xoxF3C68EtTZ-a8ZPWxkXf0Liledv1AHmfFNC7i9darX/s1600/WhatsApp%20Image%202024-02-10%20at%2009.25.16.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8X1o5yMPz7j5Gl5QKhOYsKliKfvMhL7O_OTeKj89Fi6KTlcnC_-7EQRkHAdzXy7KyerOcr3UJoEEoeyOX1BXva15r3iFPUAxDwBJ1B8KCjhtYEg1STMZXdgREBm5ZK58ONN88_d2_-RyQ5FT-xoxF3C68EtTZ-a8ZPWxkXf0Liledv1AHmfFNC7i9darX/s320/WhatsApp%20Image%202024-02-10%20at%2009.25.16.jpeg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Lá
pelos anos 80 conheci um oficial do Cartório 2º Ofício da Comarca de Januária. Iniciava
minha jornada como advogado depois de anos dedicados ao magistério. Ainda verde
nos trâmites forenses, em uma ação que se desenvolvia, em parte, em Januária
onde encontrei, ao realizar uma pesquisa, um oficial no fórum daquela comarca, que
com toda solicitude atendeu-me, ou melhor, orientou-me nos embaraçosos trâmites
de uma ação cívil. Deu-me o seu nome de
família – Guedes. Logo o associei a outro Guedes (Zé), de São Francisco, meu
guia pelas incursões no cerrado colhendo informações para um livro que eu
escrevia sobre este valioso bioma. Pronto, estabeleceu-se um fio, um liame,
criou-se uma empatia entre nós.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Passaram-se
os anos e, de repente, deparo-me com um dito popular: “o mundo dá muitas
voltas...”. Pois é, em uma delas eis-me, mais de trinta anos depois, em novo
contato com o Guedes, contudo de forma muito especial: o neto dele,
Allan, casou-se com minha filha Rachel. Então, daquele simples e primeiro
contato, passamos a uma convivência mais amiúde e, com isso, fui conhecendo um
pouco de sua história. No corre-corre de minha vida, atropelado por trabalhos à
frente ou participando de diversos organismos em nossa terra – nas áreas
ambientais, sociais, culturais e história – dediquei um tempo à atividade de
escritor para registrar o meu trabalho de pesquisas, à escrita de memórias e romances. Certo dia, ocorreu-me que preciso
era deixar as fronteiras de minha cidade e ir à vizinha Januária, pois ali
luzia uma extraordinária figura que deveria fazer parte dos meus escritos.
Lembrei-me do ensinado em Eclesiastes: “Todas as coisas são difíceis: os homens
não podem explicar com palavras”. O propósito a que me propus não seria nada
fácil diante, não do desconhecido, mas pela figura que se me avultava ao objetivo
proposto. Seria possível explicar a vida do Seu Guedes com palavras? Talvez
não, mas quiçá seja permitido, assim mesmo, ousar em fazer um registro, pelo
menos para guardá-lo em nossa memória, afinal ele é bisavô de minha adorada
netinha Maria Naves – família entrelaçada.
<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal"> QUEM É ANTÔNIO
GUEDES MOREIRA<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Seu
Guedes – como carinhosamente é tratado – nasceu na fazenda Pedrinhas, distrito
de Serra das Araras, município de São Francisco-MG, no dia 4 de abril de 1932, filho de Sebastião
Moreira dos Anjos e Enedina Guedes Moreira (ela nasceu em São Francisco, filha
de Benjamin Guedes e Eloína Guedes – tradicional família são-franciscana
estabelecida na região de Serra das Araras, onde viveu o seu tio Vigovino,
homem de elevada cultura, esotérico, que diariamente ouvia noticiário da Rádio BBC de Londres em uma
cabana onde improvisara uma biblioteca e, no mais, ele era iniciado na sociedade
Rosacruz. Passo seguinte começou em Januária para onde se transferiram seus
pais.Com oito anos de idade Guedes começou a trabalhar como alfaiate; cursou o primário, o ginasial e o Curso
Técnico de Contabilidade no famoso
Ginásio São João – foi contemporâneo de Aristomil Gonçalves Mendonça (oficial de justiça e ex-prefeito de São
Francisco). Em 1951 alistou-se no Tiro de Guerra do Exército Brasileiro guarnição
de Januária – onde construiu uma história de muito respeito, de conquista e de
uma indelével posição após ter dado baixa. Mais tarde foi vendedor de uma loja.
Em 1952 foi admitido como funcionário do Banco Agrícola de Minas Gerais,
exercendo o cargo de chefia de serviço. Em 1958 prestou concurso e foi aprovado
como escrivão judicial e extra-judicial<i>,</i>
escrivão e tabelião<i>,</i> cargo que
exerceu no correr de magistraturas de
mais de 40 juízes na comarca de Januária. Enfim, no dia 25 de maio de 1961, por
ato do governador do Estado foi investido na serventia vitalícia do ofício de
2ª Tabelião e Escrivão do civil da Comarca de Januária. Ele ainda está em plena atividade auxiliado por
sua filha Rosa, agora em um Cartório modernizado e com atendimento estendido a
Cartório de Protestos. O fato novo o faz
ir ao passado quando para desempenhar a função era obrigado a fazer “uma
verdadeira ginástica profissional”. Não sem razão, ele mesmo contou que apesar
da urbanidade que sempre dispensou a todos é um verdadeiro jogo de cintura
atender às necessidades de cada um. No cartório era necessário esforço físico
mesmo, principalmente nas dificuldades iniciais da comarca, quando os processos
ficavam em caixas de sabão, entre morcegos e baratas, ou na correria imposta
pelas cheias do São Francisco alagando o fórum.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Seu
Guedes dedicou-se à atividade no campo, comprando uma propriedade na localidade
de Pandeiros, com muito sacrifício, onde por bons anos exerceu a lida de
produtor agrícola – pecuária e agricultura. Sem condições de manter esta
atividade, pela distância, adquiriu um sítio na localidade de Barreiro, a 5 km
da cidade – a atração pela atividade pastoril manteve-o ligado à terra.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal">OUTRAS PASSAGENS<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Antônio Guedes
tem participação ativa na Loja Maçônica Duque de Caxias de Januária,
tendo exercido o cargo de Orador e Inspetor Geral da Ordem do Grau 33; faz
parte do Supremo Conselho do Grau 33. Foi um grande desportista: corria – ida e
volta – de Januária ao Brejo (12 km) para jogar bola; foi do segundo quadro do
tradicional Clube Regata Monte Castelo do qual foi um dos fundadores; gostava muito de navegar em canoa<span style="color: #c0504d; mso-themecolor: accent2;"> </span>no rio São Francisco.
Marcou sua passagem no Tiro de Guerra como exímio atirador. A sua relação com a
corporação é tão intensa que em todo evento por ela realizado na cidade, anda
atualmente, ele é convidado, destacado e
homenageado, especialmente em eventos
cívicos, desfilando em veículo militar.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Foi
Escrivão Eleitoral durante muitos anos recebendo, em 1966, atestado de
integridade e idoneidade firmado por todos partidos políticos e juiz eleitoral
da Comarca. No Centenário de Januária
foi condecorado como Escrivão do Século. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal">OUTRAS MENÇÕES E FEITOS<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWYuE3-gEF5bw_vakY1d488fDbxgHWC_sr0cuvig4RZfffsfiSOMVexkB1zW_dTLbis2kFmbLNmVamMaJo2oUBjAJTuwv5Is9yrfS69KifSx6EqL84zFVmimAijIG6CZipBDPhrfJ-dhp1mlATqkqqwaAtGjzLQ9mewoYIpndtOX9pqsBdnSPKK86zN7LD/s1600/WhatsApp%20Image%202024-02-10%20at%2009.26.00.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWYuE3-gEF5bw_vakY1d488fDbxgHWC_sr0cuvig4RZfffsfiSOMVexkB1zW_dTLbis2kFmbLNmVamMaJo2oUBjAJTuwv5Is9yrfS69KifSx6EqL84zFVmimAijIG6CZipBDPhrfJ-dhp1mlATqkqqwaAtGjzLQ9mewoYIpndtOX9pqsBdnSPKK86zN7LD/s320/WhatsApp%20Image%202024-02-10%20at%2009.26.00.jpeg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Foi
homenageado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais com a Medalha
Desembargador Hélio Costa.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Obteve
o reconhecimento do judiciário da
Comarca de Januária, pelo juiz de direito Paulo Roberto Pinto Zanini, atestando
que “Antônio Guedes Moreira é serventuário exemplaríssimo, cumpridor incansável
de seus deveres e obrigações, destacando-se como o melhor entre os ótimos, este
juiz jamais encontrou e jamais encontrará pessoa tão cheia de méritos e
qualidade de caráter”.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Recebeu
o diploma de Colaborador Emérito do Exército em reconhecimento aos relevantes serviços
prestados ao Exército Brasileiro, assinado
pelo General do Exército Fernando Azevedo e Silva, comandante militar do
Setor Leste.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Foi
colaborador do lançamento da revista Alfa Centauri.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Foi
destacado na coluna Gente de Januária pela revista Alfa Centauri.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Foi
destacado por juízes que serviram à Comarca como “Embaixador do Fórum”. De uma
feita foi designado para substituir o
juiz da comarca de Manga na realização de uma convenção partidária num
ambiente de acirrada política.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> O
nome de Antônio Guedes Moreira está ligado a um evento de grande repercussão
registrado pela revista Alfa Centauri: “Em fevereiro de 1977 atendendo a
sugestão de Antônio Guedes Moreira o prefeito de Januária, Euler Tupiná Bastos,
concedeu a Zulmira Rolim de Mendonça Lins uma bolsa de pesquisa para o trabalho
de levantamento das grutas de Januária”. Consequentemente, utilizando os mapas
e relatórios da Sociedade Excursionista e Espeológica dos alunos da Escola de
Minas de Ouro Preto, foi iniciado o trabalho de pesquisa que durou seis meses.
A orientação deste trabalho esteve a cargo do professor januarense Saul Alves Martins, antropólogo da UFMG, folclorista
de renome. Hoje, o Brasil tem os olhos voltados para as grutas de Januária, o
complexo Peruaçu (município de Januária e de Itacarambi) que têm despertado a atenção de espeleólogos e
arqueólogos de muitas partes do mundo estando, inclusive, concorrendo à
indicação de patrimônio da humanidade, com grandes possibilidades de ser
confirmado.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Certificado de
reconhecimento profissional expedido pelo Rotary Clube de Januária – Águas
Belas.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> AMIZADES<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Seu Guedes tem
inúmeros amigos. Registra, especialmente, os nomes de Saul Martins (mestre do folclore, autor de
vários livros), Tertuliano Silva (poeta e músico, autor da canção Januária,
terra amada) Coronel Laurentino Filocre (presidente do Tribunal de Justiça Militar),
Mário Lisboa e Sebastião Carlos de Matos, ex-prefeitos de Januária; Dom Daniel
Baeta Neves e Dom João Batista, bispos
diocesanos de Januária, e um grande
número de pessoas, entre elas vários que militaram em Januária tendo, todos,
grande apreço por ele.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal">A FAMÍLIA<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Casou-se com Maria
das Dores com quem teve os filhos
Eustáquio, Arlete, Rosa, Vera Lúcia, Antônio Guedes Moreira Filho e Vicente.
Netos: Farley Allan, Júnior, Caroline,
Camila, Luanne, Isadora, Antônio, Pedro
Jackeline, Heitor, Victor; bisnetos: Miguel, Arthur, Maria Naves, Pietro, Laura
e Matheus.<o:p></o:p></p><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Sua
esposa era bisneta do Barão de São Romão, importante figura na história de
Januária (José Eleutério de Sousa),
primeiro e único barão de São Romão
(<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/1810" title="1810"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">1810</span></a> — <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/1894" title="1894"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">1894</span></a>), um <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Nobre" title="Nobre"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">nobre</span></a> <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiro" title="Brasileiro"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">brasileiro</span></a>, agraciado <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Bar%C3%A3o" title="Barão"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">barão</span></a><span class="MsoHyperlink"> e</span> coronel da <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Guarda_Nacional_(Brasil)" title="Guarda Nacional (Brasil)"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">Guarda
Nacional</span></a>. Na vigência
do Regime Imperial liderou por muitos anos o <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Liberal_(1831)" title="Partido Liberal (1831)"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">Partido
Liberal</span></a>. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal">QUEM É O SEU GUEDES<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtrqV7IodUU5b0m_BDuZONfzpASs4XyUgrNy77_Xv4-pnr2lbkcK2jp02WrigzgzuULBWWNjJcX994l3TCPcpZSztINswwMF2JNGv0SJxGiGqGU3jchBNZzfdyxaKXTnseQkqn_eT573fCCGW0cqasunMN2oaQM4zN5Yv4Ir4B4isjEcbySrgHBxIoVZU6/s1163/WhatsApp%20Image%202024-02-10%20at%2009.30.10.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1163" data-original-width="840" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtrqV7IodUU5b0m_BDuZONfzpASs4XyUgrNy77_Xv4-pnr2lbkcK2jp02WrigzgzuULBWWNjJcX994l3TCPcpZSztINswwMF2JNGv0SJxGiGqGU3jchBNZzfdyxaKXTnseQkqn_eT573fCCGW0cqasunMN2oaQM4zN5Yv4Ir4B4isjEcbySrgHBxIoVZU6/s320/WhatsApp%20Image%202024-02-10%20at%2009.30.10.jpeg" width="231" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> É
um homem generoso, dado à caridade, sem ostentação, muito querido e respeitado na comunidade
januarense, por ricos e pobres, um cidadão cônscio de seus deveres para com a
sociedade e a Pátria, o que se constata na trajetória de sua vida. Homem
dedicado ao trabalho honesto, sempre firme,
todos os dias a postos em sua
mesa de trabalho no Cartório – uma lenda construída ao curso de décadas e mais
décadas. Homem que dignifica o passado
com suas ações, com sua participação na vida comunitária, por suas ações
humanitárias, ainda atuante, com vigor e alegria, aos 91 anos, vésperas de 92,
sem dúvida um exemplo a ser seguido por seus contemporâneos e pelos pósteros
contribuindo pelo engrandecimento de sua amada Januária. A sua trajetória de
vida e de serviços prestados à comunidade foram reconhecidos pela Câmara
Municipal de Januária que lhe outorgou o Título de Cidadão Honorário do
município.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Quando
me veio a intenção de falar um pouco sobre este grande homem, este grande
amigo, ative-me à lição do Eclesiastes :“Todas as coisas são difíceis: os
homens não podem as explicar com palavras”. Sim, todas as coisas, honestamente,
são difíceis e, muitas vezes não podemos explicá-las. Ora, não busco
explicações para falar o Seu Guedes. Busco render-me aos fatos, à pessoa tão
grande que é (ainda que tão miudinho fisicamente) Antônio Guedes Moreira, o
admirado e respeitado Seu Guedes. Em nossa conversa Guedes sinalizou uma das
razões que o colocam em situação de respeito, uma frase curta, mas de imensa
sabedoria, que pode levar muitas pessoas, às
vezes insensatas, a refletir buscando uma vida harmoniosa: “Eu nunca misturo
política com religião”.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: right;"><span> </span><span> </span>Aí, amigo Guedes, agora você está no meu caderno com
todo carinho.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: right;"><br /></span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-31610749866440235042024-02-10T05:25:00.000-08:002024-02-10T05:25:52.146-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – IX</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></p><p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122;"><span> </span>Concluo os capítulos sobre os índios com o papel da índia
na contribuição da família brasileira. Gilberto Freyre (Casa Grande &
Senzala) tece interessantes considerações sobre ela: “<i>A mulher gentia temos que considerá-la, não só a base física da família
brasileira, aquela em que se apoiou, robustecendo-se e multiplicando-se, a
energia de reduzido número de povoadores europeus, mas valioso elemento de
cultura, pelo menos material, na formação brasileira”</i> Freire observa que
dela nos veio a melhor da cultura indígena, que surpreende em alguns aspectos
em relação ao europeu elencando casos
especiais: o asseio pessoal. A higiene do corpo banho e compara: “<i>O brasileiro de hoje, amante do banho e
sempre pente e espelhinho no bolso, o cabelos brilhantes de loção ou de óleo de
coco, reflete a influência de tão remotas avós”</i>. Informa ainda um registro
de Robert Lowie (Are We Civilized) citando um cronista alemão: “<i>Ainda se encontra pessoas na Alemanha que em
toda a sua vida não se lembravam de ter tomado banho uma única vez</i>”. Há
registro que damas da corte não tinham o
costume de banhar-se, limitando-se ao hábito de mal e mal lavar as mãos. O
homem moderno não se vale daqueles recursos para se enfeitar, porém não
dispensa o que lhe oferece a moderna indústria de cosméticos.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122;"> Nossos
índios foram os primeiros a descobrir e a desfrutar da riqueza da flora
brasileira em benefício da saúde – as plantas medicinais, cujo emprego deu
lugar à medicina caseira segundo o folclorista emérito Saul Martins, chegando a
São Francisco, em tempos recentes, através de Zé Guedes, Vicente Barbosa,
Olinto e Catarino. O Ministério da
Educação e a Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais financiaram uma
pesquisa que resultou na publicação do “Livro Xacriabá de Plantas
Medicinais – Fonte de esperança e mais saúde”, que traz um chamado dos índios
Xacriabá: “<i>Caro leitor, dentro deste
livrinho você vai encontrar a grande importância sobre as plantas medicinais.
Este livro surgiu para dar uma resposta
concreta a um dos maiores problemas constatados
por nós, índios Xacriabá, que usamos nossos conhecimentos gerais para conservar
a nossa saúde. Pedimos que leia com bastante atenção. Nós, índios Xacriabá,
valorizamos a natureza, pois ela é a nossa vida, onde encontramos alimentos,
remédios, etc”.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="background-color: white; color: #202122; text-indent: 35.4pt;">O livro traz cinquenta e duas receitas para
tratamento de diversas </span><span style="background-color: white; color: #202122; text-indent: 35.4pt;"> </span><span style="background-color: white; color: #202122; text-indent: 35.4pt;">doenças apenas
com emprego de plantas medicinais encontradas em nossos cerrados e matas.</span> </span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-77428933966021161002024-02-03T06:48:00.000-08:002024-02-03T06:48:17.506-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – VIII</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Encontrei
indícios da gênese da nação barranqueira do São Francisco em informações da
antropóloga<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Rita Heloisa de Almeida
(filha do barranqueiro, de Januária, Manoel José de Almeida), na Revista de
Estudos e Pesquisas, editada pela FUNAI, com título Xacriabá – Cultura,
História, Demandas e Planos, que interessam ao <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nosso trabalho. Uma reafirma o já anunciado
anteriormente: “N<i style="mso-bidi-font-style: normal;">a segunda década do
século XVIII, eles (xacriabás) são convocados a se aliar ao mestre Januário
Cardoso de Almeida,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>filho de Matias
Cardoso, nos confrontos bélicos contra o inimigo em comum – os Kaiapós. Em
reconhecimento aos serviços militares prestados, ganharam liberdade e um lote
de terras delimitado pelos rios Itacarambi, Peruaçu e São Francisco”. </i>Essa <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>informação coaduna-se com outras que informam
ter <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Januário Cardoso, com a morte de
Matias Cardoso, assumido<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o posto de Regente
do São Francisco, nomeado pelo Governador-geral, substituindo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Matias Cardoso fundador de Morrinhos, hoje
Matias Cardoso, senhor de <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>extensa área
no médio São Francisco, nela incluída São Francisco. Destarte, São Romão,
Januária e São Francisco só podem ter origem depois de 1720<i style="mso-bidi-font-style: normal;">.</i> Outra informação importante no estudo de Rita Heloisa que nos
interessa diretamente:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Por ocasião da fundação de uma nova fazenda,
Nossa Senhora do Amparo do Brejo Salgado, erguida sobre a aldeia Tapiraçaba,</i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">hoje Januária, os xacriabás são forçados
a se deslocar para o rio Urucuia”</i> (entendo melhor que seria região do
Urucuia, que abrangeria o Rio Acari onde eles foram assentados segundo Diogo de
Vasconcelos). Outra informação importante, dela: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os primeiros habitante brancos da região compreendida entre os
municípios de São Romão e Manga foram<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Matias Cardoso de Almeida e Manoel Francisco de Toledo. Eles foram os
conquistadores e povoadores do médio São Francisco.”<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Assenta-se que
a civilização do <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Médio São Francisco
aconteceu por uma providência encetada pelo Januário Cardoso que, segundo Diogo
de Vasconcelos,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>assumiu as terras de seu
pai Matias Cardoso, nomeado Regente do Médio São Francisco pelo
Governador-geral com a incumbência de reprimir a pirataria que infestava o rio
de alto a baixo para garantir a livre navegação e de pacificar aquele imenso
território. Prudente, Januário<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>acolheu o
“exemplo sugerido pelos índios, que tinham suas tribos independentes e ligadas
apenas ao poder do cacique. Assim ele executou o sugerido doando aos seus
parentes e amigos íntimos, o governo e o domínio das aldeias e, assim, nasciam
os arraias com seu governo, resultando nas fazendas de Pedras de Cima (São
Francisco) e Pedras de Baixo (Maria da Cruz), que reforçaram as tropas de
Januário Cardoso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nas conquistas da ilha
das Guaribas (fundação de São Romão) e<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Tapiraçaba no Salgado (Januária). Os xacriabá, em reconhecimento ao
apoio dado a Januário Cardoso, segundo Rita Heloísa, foram contemplados com
terras: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“vivem no município de São João das Missões,
em 29 aldeias espalhadas nas duas terras demarcadas Xacriaba e Xacriabá
Rancharia”.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Encontramos, assim, em nossa etnia,
o branco e o índio.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-49088025339886577112024-01-20T05:52:00.000-08:002024-01-20T05:52:37.220-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – VII</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Vou
um pouco além na busca do <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>papel do índio
na formação da etnia brasileira, é preciso, tendo como lição o que escreveu
João Capistrano de Abreu: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“A história não
é somente uma questão de fato: ela exige imaginação que penetre o motivo da
ação, que sinta a emoção já sentida, que viva o orgulho ou a humilhação já
provados. Ser desapaixonado é perder alguma verdade vital do fato; é impedir
reviver a emoção e o pensamento dos que lutaram, trabalharam e pensaram”</i>. E
sobre a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Colônia: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não era<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>conquista só o que
interessava: não era só a coisa, era o espírito da coisa</i>”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Impossível me foi mergulhar mais na
história do índio brasileiro. E não pouco<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>foram as razões, elencadas entre elas o fato de eu não ser acadêmico em
História, de não dispor de mais material para pesquisas, não tendo
disponibilidade econômica para empreender pesquisas alhures, restringindo-me às
bibliografias disponíveis – os autores citados neste trabalho. Restam-me na
empreitada as emoções e sentimentos com a atenção voltada ao pensamento e ações
dos que viveram os tempos inaugurais do nosso Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">João Ribeiro, no livro História do
Brasil, mergulhando no continente bravio, inteiramente desconhecido, reproduziu
a primeira descrição feita sobre os índios nele encontrados pelo escrivão da
armada de Pedro Álvares Cabral, com admirável sensibilidade: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A feição dos índios é serem pardos, à
maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes bem feitos”</i>. Uma
descrição pictórica que nos traz a imagem<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>dos nossos índios, belos, sem dúvida.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>João Ribeiro registra que um grupo de indígenas esteve à bordo da nave
de Cabral, onde não foram entendidos pelos intérpretes, mas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>deixaram excelente impressão pela doçura de
índole e pela inocência de suas maneiras primitivas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Boris Fausto (História do Brasil) vai
um pouco além descrevendo o encontro após a descoberta: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quando chegaram à terra que viria ser o Brasil, encontraram um
população ameríndia bastante homogênea em termos culturais e linguísticas
distribuídos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ao longo da costa e na
beira dos rios Paraná-Paraguai.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em pouco o cenário iria se
transformar à medida que o português foi ocupando a Colônia e pela presença de
piratas, de franceses, espanhóis<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e
holandeses cobiçando as riquezas da terra descoberta. O novo cenário foi
envolvendo os índios em diversos episódios formando alianças com os invasores,
rebelando-se contra os colonos, guerreando-se entre eles mesmos – tupis e tapuias,
principalmente. Chegou-se à era dos conflitos.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-35704338706516342182024-01-13T05:21:00.000-08:002024-01-13T05:21:37.775-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – VI</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A relação da
população são-franciscana com os índios é nebulosa. São minguadas as
informações deles tendo-se apenas
tangentes de alguns autores, como foi relatado anteriormente o primeiro
registro escrito sobre a existência de índios em nossa região.<i> </i>Diogo de Vasconcelos fez referência à
carta do padre João Aspilcueta anotando que<i>
“o descobrimento se deu no trecho entre
Barra do Mangai e Pandeiros</i>”. Antônio Emílio Pereira também
referiu-se a essa carta anotando: “<i>Visitamos
a barra do Mangai, rio que limita os município de São Francisco e de Januária,
até as proximidades do São Francisco (...) “Esta região, com a nova divisão dos
municípios, pertence a Maria da Cruz</i>” (Memorial Januária – Terra, Rios e
Gente).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Jean Baptiste
Debret, em obra já citada, também
fez um registro da presença de índios em
nossa região: “<i>A grande raça dos Tapuias,
considerada pelos historiadores a mais antiga do Brasil ocupava toda a costa,
desde o Rio Amazonas, até o Prata e, no interior</i> <i>das
terras, desde o Rio São Francisco até o Cabo Frio”</i>(Viagem Pitoresca e
Histórica ao Brasil<i>). </i>Ato histórico
confirmado, posteriormente, por Diogo de Vasconcelos, dando conta que tapuias
estabeleceram ligames de duas aldeias na ilha Guaíbas (São Romão) e Tapiraçaba
(Januária). Como moradores primitivos nessas localidades, certamente, legaram
influência genética na etnia de januarense e de são-romanense. Quanto a São
Francisco, a presença do índio em nosso
território, à falta de registros, enveredamos na senda das hipóteses, algumas bem viáveis. Primeiro temos como
referência a Barreira dos Índios na foz do Rio Acari no Rio São Francisco. Foi
registrado por Diogo de Vasconcelos que índios remanescentes dos tapiraçabas,
após serem derrotados pelas tropas de Januário Cardoso, a pedido da índia
Catarina, filha do cacique e esposa de Manuel Pires Maciel, deixaram a serra de Brejo do Amparo e foram para
a região Acari (Serra das Araras, São Francisco). Não há registro da presença
deles senão referências a guisa de
deduções – a famosa vereda Catarina de Serra das Araras e o nome do rio que por
perto tem nascente. Acari é um nome
indígena; quanto a vereda, à falta de outra explicação, o seu nome é possível
que seu nome teria sido dado em referência da índia Catarina, que facilitou a
libertação dos índios que mudaram para o sertão do Acari. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Sem registro
em compêndios de história há notícia da presença de</span><span style="font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"> </span><span style="font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">índios na região do território de Serra das
Araras, que me foi passada pela dona Jandira de Souza Pinto em entrevista
publicada no meu livro Às margens do São Francisco, a cidade. Dos fatos antigos
ela conta “</span><i style="font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">que ouviu de seus pais que a
vó Honória era índia, e que, quando criança,
fora capturada na região do Urucuia” –</i><span style="font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"> há citações de vários autores
dando ciência que índios tapuias, escorraçados do Nordeste, estabeleceram-se na
região do Rio Urucuia que se sabe banha o território de Serra das Araras.</span> </span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-58240709671280659992024-01-06T05:49:00.000-08:002024-01-06T05:49:21.114-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS – V</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Estamos nos aproximando de São
Francisco, mas ainda carecemos de informações para saber um pouco mais sobre a
etnia do são-franciscano, quais foram as influências que sofreu na formação de sua
cultura em sentido amplo, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um estudo que
não desperta muita atenção, mormente nas escolas. Na sociedade, perde-se<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em estéril fisiologismo estigmatizando grupos,
distinguindo-os <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>somente pela cor, em
prejuízo da sua grandeza no contexto da formação da sociedade brasileira, que
não tem raça distinta; na homogeneidade está sua beleza, nossa riqueza, incomum
no concerto das nações considerando que na </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">propriedade hipotética do Universo, o
cosmo, considerado como um todo, se apresenta semelhante para todos os
observadores, independentemente do lugar que ocupa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em dois capítulos vamos nos ater um
pouco sobre o papel do índio, que originariamente era ele o senhor da terra
descoberta pelos portugueses. Em princípio, nações deles se espalhavam por
terras virginais tendo como notícia primeira a carta do padre João Aspilcueta
Navarro, membro da expedição de Francisco Espinosa, que deixou Porto Seguro no
ano de 1555 para explorar o interior da Colônia no afã de satisfazer a cobiça
da coroa portuguesa pelo ouro e para converter os gentios à fé cristã.
Esta<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>notícia antecede em quase duzentos
anos à dispersão dos tapuias do Ceará e Amazonas, conforme anotado por Diogo de
Vasconcelos e Jean Batiste Debret. A carta foi reportado por João Capistrano de
Abreu in Capítulos de História Colonial (1500-1800). Nela o padre Aspilcueta
narra ter deparado com “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">uns Índios que
chamam Tapuyas, que é uma geração de índios bestial e feroz; porque andam pelos
bosques, como manada de veados, nus, com os cabelos compridos como mulheres; a
sua fala é bárbara e eles mui carniceiros”.</i> Um detalhe que nos interessa
mais, na carta<i style="mso-bidi-font-style: normal;">: “Daqui fomos dar com uma
nação de gentios que se chama Cathiguçu. Dahi partimos e fomos até um rio mui
caudal, por nome Pará, que segundo os índios nos informaram é o rio de S.
Francisco e é mui largo. Da parte donde estávamos são os índios que deixei; da
outra chamara Tamoyos, inimigos deles e por todas as outras partes Tapuyas”.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Então, em território original de
São Francisco, às margens do rio Mangai, existia uma aldeia dos índios tratados
pelo Padre Aspilcueta como Cathiguçu e, ainda na região, aldeias de índios
Tapuias. Não há outros registros (pelo menos aos que tive acesso) que noticiam
a existência de outras aldeias em nosso território, contudo, não há dúvida que
por nossas terras ele viveram. Brasiliano Braz em seu livro São Francisco nos
caminhos da história, também não fez nenhum registro sobre a presença de índios
no território são-franciscano. A única referência encontrada em seu livro, além
da notícia sobre a expedição de Espinosa, foi a lenda indígena que fala sobre
uma velha quixabeira e e o palácio encantado de uma sereia tendo como palco um
palácio encantado incrustado no penedo do cais onde foi erguida a igreja Matriz
de São José.<o:p></o:p></span></p><b></b><p></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-48287850308701512742023-12-23T05:54:00.000-08:002023-12-29T10:57:39.645-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;"> </span><span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s3312/FOTO.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNGnDEKpTZQ_8G0DUZs4dY-687N4ym8f-pk2qLKV9-eXrRfP1LrmVzPA2dc89-tGANZ0H94oMjPsoI11gW9iV0VCrFLURaJCO0h1U1vEeFJBYMWf53khoY7iWyFzVLm1A2QXpL8GVBCSWj4OcciEmY2cyHcqIfsa9kPuYaGneoCVAhMqbp2C2A3wGSsK0y/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS - IV</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Razões óbvias*,
como veremos em posteriores capítulos, levaram-me a dedicar mais espaço ao
desenvolvimento da pecuária na região do São Francisco. Além do trabalho no
engenho e outras finalidades, a criação de gado era, também, atrelada à
exportação de tabaco, como registrou André João Antonil, em 1711: “<i>Para
que se faça justo conceito das boiadas que se tiram cada ano dos currais do
Brasil</i> <i>basta advertir que todos os
rolos de tabaco que se embarcam para a qualquer parte vão encourados e sendo
cada um de oito arrobas, e da Bahia a cada ano pelo menos vinte e cinco mil, e dos
das <span style="text-transform: uppercase;">l</span>agoas de Pernambuco dous mil
e quinhentos, bem se vê quantas reses são necessárias para encourar vinte e
sete mil e quinhentos rolos.” (Cultura e opulência do Brasil). </i>E mais:
boiadas eram retiradas para as cidades,
vilas e recôncavos do Brasil, para o açougue, fábricas e fornecimento de leite.
<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Antonil, em
seu estudo destaca a pujança do setor, como valor econômico e sua influência na
expansão da Colônia: <i>“A casa da Torre (da família de Antônio
Guedes de Brito) tem duzentas e sessenta léguas pelo rio São Francisco, acima à
mão direita, indo para o sul, e indo do dito rio para o norte chega a oitenta
léguas (...) do Morro do Chapéu (Bahia) até a nascença do Rio das Velhas, cento e sessenta léguas. E
nestas terras, parte os donos delas têm currais próprios, e parte são dos que
arrendam sítios delas (...) E, assim, como há currais no território da Bahia e
de Pernambuco, e de outras capitanias, de duzentas, trezentas, quatrocentas,
quinhentas, oitocentas e mil cabeças, assim há fazendas a quem pertencem tantos
currais que chegam a ter seis mil, oito mil, dez mil, quinze mil e mais de
vinte mil cabeças de gado, donde tiram cada ano muitas boiadas, conforme os tempos são mais ou
menos favoráveis à parição e multiplicação do mesmo gado e aos pastos assim nos
sítios como também nos caminhos.”<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A pujança da
atividade pastoril na região do São Francisco
em era mais recente, tem o
registro da fazenda da lendária Joaquina de Pompéu, denominado um
“Principado” pelo barão Georg Wilhlem
Freyreiss, no final do século XVI. Era um assombro a extensão da fazenda, uma
área representada, atualmente, pelos municípios de Pompeu, Abaeté, Dores do
Indaiá, Paracatu, Pitangui, Papagaios, Maravilhas e Martinho Campos. Com sua
morte, em 1824, ela deixou para seus herdeiros um milhão de alqueires de terra,
53.932 reses de cria, 9 mil éguas, 2.411 juntas de bois. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Joaquina de Pompéu e tantos outros criadores de gado
escreveram parte da história do Brasil, demonstrando o que representou a
atividade rural e a criação do gado.<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: justify;">
</p><p class="MsoListParagraph" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O município de
São Francisco, em tempos mais recentes tinha o quarto rebanho bovino do Estado
de Minas Gerais.<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-54382619010742721302023-12-16T05:12:00.000-08:002023-12-29T10:56:59.941-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </span></p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS - III</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD5mXYs_ze8HOONM21xNEoR3Jht-Nb3GXYDev53iF-wp6lFPeYMDvLxdhHd2uw864c4zzSdgPSNaySywRk9RNKsDpxtvn4mu0n483ldVTjwcBVO2FNhQ9zbP5qTaygV2-fdMukRg0Tfd7t2nGAcwhITu8DrUeAR5QRP_q8t8LXElNbccp_dSN9kPEtw84r/s3312/FOTO.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD5mXYs_ze8HOONM21xNEoR3Jht-Nb3GXYDev53iF-wp6lFPeYMDvLxdhHd2uw864c4zzSdgPSNaySywRk9RNKsDpxtvn4mu0n483ldVTjwcBVO2FNhQ9zbP5qTaygV2-fdMukRg0Tfd7t2nGAcwhITu8DrUeAR5QRP_q8t8LXElNbccp_dSN9kPEtw84r/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">
criação de uma nova nação ganhava forma, ainda que atrelada à Europa (governo
em Portugal e o comércio com outras nações). Como anteriormente destacado, favoreceu
o desenlace a implantação da cultura da cana e do tabaco ocupando vastas áreas na
região do Nordeste, especialmente Bahia e Pernambuco, e o café no sul, regiões
litorâneas. Então como se deu o avanço rumo ao interior chegando à região do
rio São Francisco? Celso Furtado em citação
de Francisco M. P. Teixeira e José Dantas analisou o fato: “<i>Ao expandir-se a economia açucareira, a
necessidade de animais de tiro tendeu crescer mais que proporcionalmente, pois
a devastação das florestas obrigava a buscar a lenha a distância a cada vez maior. Por outro lado,
logo se evidenciou a incompatibilidade de criar gado na faixa litorânea, isso
é, dentro das próprias unidades produtoras de açúcar. O conflitos provocados
pela penetração de animais nas plantações devem ter sido grandes, pois o
governo português proibiu finalmente a criação de gado na faixa litorânea. E
foi a separação das duas atividades econômicas – açucareira e criatória – que
deu lugar a uma economia dependente na própria região nordestina”(História do
Brasil da Colônia). </i>Traçava-se a origem de São Francisco.<o:p></o:p></span></p><div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Pelo
Sul a penetração dava-se com as bandeiras – a procurara de pedras preciosas e
índios para o cativeiro – os mineradores e as Missões. A importância das
bandeiras neste processo de interiorização, levando-se à fundação de aldeias,
foi bem definida por Gilberto Freire:
“Bandeiras, sociedade em movimento”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Desenvolvia-se
a Colônia com gentes que se subdividiam entre os colonizadores, nativos e
negros. Fernando A. Novais descreve o fato: “<i>E do convívio das inter-relações desse caos foi emergindo, no
cotidiano, essa categoria de colonos que, depois, foi se descobrindo como
‘brasileiros’. Brasileiros, como se sabe, no começo e durante muito tempo
designava apenas os comerciantes de pau-brasil. A percepção de tal metamorfose,
ou melhor, essa tomada de consciência –
isto é, os colonos descobrindo-se como paulistas, pernambucanos, mineiros, etc.
para afinal identificarem-se como brasileiros – constituindo, evidentemente, o
que há de mais importante na história da Colônia, porque situa-se no cerne da
constituição da nossa identidade.” (História da Vida Privada no Brasil)<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">À
distância, no tempo, encontram-se as raízes da etnia do são-franciscano, como
destacaremos posteriormente. <o:p></o:p></span></p></div><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-63593448484000397952023-12-09T05:28:00.000-08:002023-12-09T05:28:50.199-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p style="text-align: center;"> Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, </p><p style="text-align: center;">mais curtos, para uma melhor leitura.</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: center;"><b>Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro</b></p><p style="text-align: center;"><b><br /></b></p><p style="text-align: center;"><b>EM BUSCA DAS ORIGENS - II</b></p><p><b><br /></b></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwQb-THVDEooG2OGL_LHHRc61Tx-5rDt1f9ATxaHdXKf1S6eoWEMYSebmJQ2jnufgIRCoKLgQLSx8d87xbNlLD-m4h4NEXRIVF7YQtKVGVTuKKwq5zv-ppHFAZCyugILfPTbB6tOkvqBVzrnTvHcK-cnaqL6hdt5CuGa4AgBVaiJ0MjEvoxNPpbl2nG1un/s3312/FOTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwQb-THVDEooG2OGL_LHHRc61Tx-5rDt1f9ATxaHdXKf1S6eoWEMYSebmJQ2jnufgIRCoKLgQLSx8d87xbNlLD-m4h4NEXRIVF7YQtKVGVTuKKwq5zv-ppHFAZCyugILfPTbB6tOkvqBVzrnTvHcK-cnaqL6hdt5CuGa4AgBVaiJ0MjEvoxNPpbl2nG1un/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Buscando
chegar a São Francisco, entendo ser necessário um comentário, ainda que
sucinto, sobre as raízes da brasilidade. Vejamos. Na primeira questão imposta à Coroa
portuguesa, a respeito da descoberta do Brasil, acentua João Ribeiro: <i>“O reinado de D. Manuel escoou-se
inutilmente para a terra; mas já nos últimos anos, atenta a pirataria dos
traficantes de pau-brasil, malgrado o
monopólio português impunha-se uma das duas alternativas: ou colonizar a terra
ou perdê-la</i>” (História do Brasil). Decidiu-se pela colonização implantando-se
as capitanias e a exploração econômica –
cultura da cana para a produção de açúcar, importante moeda de troca no mercado
internacional, e o tabaco. No segundo momento da colonização divisamos um longo
caminho, marcado pela ignomínia da escravidão de nativos e de negros da África
para o duro trabalho nos eitos de cana e outros serviços (em capítulos
posteriores abordaremos o papel dos negros e dos índios no processo sob a ótica de expressivos pesquisadores). Dessa
tragédia foi sendo formada a etnia brasileira. O negro, segundo A. Souto Maior:
“<i>os portugueses já usavam o negro como
escravo antes da colonização do Brasil. (...) É provável ser costume árabe de
escravizar negros e vendê-los; (...) a própria organização social dos negros facilitava aos seus captores o nefando
comércio; a escravidão era a penalidade imposta pelos juízes da tribo para os
mais diversos delitos.(...) Comprava-se por miçangas de vidro, panos baratos,
facões, fumo e cachaça. (...).Tomado em conjunto, porém, o negro agiu na
formação étnica social e econômica do Brasil como agente de transformação poderoso (...)com influência na cultura
brasileira: na música; no samba e o
maracatu; formação do folclore, a contadora e criadora de histórias infantis.
Na culinária: o uso do azeite-de-dendê e do leite de coco, vatapá, caruru,
acarajé, mugunzá, tudo de origem africana” (História do Brasil).<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Os índios tiveram
melhor sorte. Não estavam acostumados ao trabalho agrícola estável, sedentários
que eram; além disso, contava com os esforços dos jesuítas em favor da manutenção
de sua liberdade, conseguindo junto à Coroa a proibição de sua captura.
Contudo, vítimas da perseguição dos senhores de engenhos e de tropas de
bandeirantes, eles se dispersaram. Os caiapós deixaram o Maranhão, transpuseram
o rio Carinhanha estabelecendo-se na zona do Japoré; outra horda da mesma
geração, procedente do Alto Tocantins, se estabeleceu na zona entre os rios
Paracatu e Urucuia. Dois ramos da mesma família constituíram um variado ligame
de aldeias no vale do São Francisco, a Tapiraçaba e a Guaíba – essas aldeias
têm ligações germinais com a história de
São Francisco. Observa Souto Maior, que “o<i>
índio, na língua, deixou-nos quase
toda nossa toponímia e uma infinidade de
termos designativos de alimentos, árvores e animais. Tendo influído
poderosamente em nossa etnia” (História do Brasil).<o:p></o:p></i></span></p><p>
<b><br /></b></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-48761333570867141902023-12-02T05:37:00.000-08:002023-12-02T05:37:55.370-08:00NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS<p> </p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 70.8pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nota: Esta monografia será dividida em
capítulos, mais curtos, para uma melhor leitura.<o:p></o:p></i></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Igrejinha e
cruzeirinho de Teodoro<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwi_Mc17IZBMJmYyjmX_aX78yIpJnIfrKMdsUuDoY1UU4BQs6bnmLAAjbuyCiraicXVgrHfUjgNzvOFM8Rdik50pcLD4YJiXiQ6Fk8HjEnCbz5TJ6MiQVYg1nUR3O8ogvU4IbRBA8fVH5menhfHIKVriwQ0jn2Hv3BRwh4ysu-fe7hnOxBpO9liTxpLwht/s3312/FOTO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2172" data-original-width="3312" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwi_Mc17IZBMJmYyjmX_aX78yIpJnIfrKMdsUuDoY1UU4BQs6bnmLAAjbuyCiraicXVgrHfUjgNzvOFM8Rdik50pcLD4YJiXiQ6Fk8HjEnCbz5TJ6MiQVYg1nUR3O8ogvU4IbRBA8fVH5menhfHIKVriwQ0jn2Hv3BRwh4ysu-fe7hnOxBpO9liTxpLwht/s320/FOTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><o:p><br /></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O engenheiro
Teodoro Sampaio aportando-se em<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>São
Francisco em 1877 fez o desenho da igrejinha de São José e do cruzeirinho –
primeiro registro impresso da história de São Francisco. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">EM BUSCA DAS ORIGENS - I<o:p></o:p></span></p><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Em
sucinta monografia, de caráter narrativo, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>buscando resgatar fatos que possam compor capítulos
esquecidos da história de São Francisco, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>recorri ao jornalista italiano Índro Montalelli
quando publicou o livro História de Roma alertando seus leitores: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Escrevi para aprender. Este livro nasce com o
mesmo espírito. Escrevi para aprender esta história. Não é livro de
historiador, não há pesquisa inédita nos arquivos. Não há conclusões ou
interpretações inovadoras. O que há é uma sincera tentativa de contar uma
história bem-contada e recuperar essa tradição que já existiu: uma crônica
sobre o que a cidade foi e como veio a ser o que é. </i>Advirto, ainda,
valendo-me da observação de Fernando A. Novais: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Em história, não pode haver nunca a obra definitiva; tudo o que
podemos aspirar são aproximações mais ou menos felizes. Estaremos gratificados
pelo esforço se nosso trabalho puder considerar-se uma dessas aproximações”. (</i></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">
História da vida privada no Brasil</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">)</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Este
meu intento é uma prova de gratidão pela generosa acolhida que tive em São
Francisco, na minha mocidade, honrando-me, ainda, com o título de Cidadão Honorário
de São Francisco. Nas buscas <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de
informações vi-me em um labirinto almejando o Fio de Ariadne, enfrentando
intricadas e reduzidas publicações, muitas vezes um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>quebra-cabeça, para encontrar o município de
São Francisco. Nas minguadas publicações que encontrei sobre o Vale do São
Francisco começo por </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Vicente Licínio Cardoso que,
categórico, escreveu: “O<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> São Francisco é
um rio sem história</i>”. (Às margens da História do Brasil). Na mesma linha pode-se
observar que São Francisco é um município sem história, malgrado o livro de
Brasiliano Braz, que ele mesmo classificou como autobiográfico. Sobre São
Francisco, ainda como Pedra dos Angicos e Vila de São José de Pedras dos
Angicos, encontramos sucintos aprontamentos de Richard Burton, Teodoro Sampaio,
Carlos Lacerda, juiz Carlos Otoni e Diogo de Vasconcelos. Tal fato parece não
fazer falta, pois nada é reclamado a respeito o que se distancia da advertência
de J.J. Benitez: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Existirão fronteiras
intransponíveis entre o passado, o presente e o futuro? O passado já não existe
senão como memória? O presente se extinguirá como passado? E o futuro já
existirá neste momento?”</i>. (Cavalo de Troia). Buscando respostas, como se
encontra São Francisco no ponto de vista histórico, é preciso intervir criando
laços atemporais entendendo o passado e trabalhando o presente na expectativa
do futuro com realizações plausíveis no campo do desenvolvimento e do
fortalecimento de sua cultura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Conquanto
possa não parecer de suma importância, merece uma reflexão a respeito da
história, pois revendo os acontecimentos que marcaram a trajetória do nosso
País, desde sua descoberta e a colonização, muitas e boas lições podem ser
extraídas para melhor conduzirmos nossos destinos. <o:p></o:p></span></p><br /><p></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-38936943609976613002023-11-07T07:06:00.001-08:002023-11-07T07:07:05.965-08:00SÃO FRANCISCO: 146 ANOS<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2iqVOO7bO0tQkmeD1j_6RGfZCIjRqu8I0ZrHOnFr5gGxM_qIoJaUTNRWPe0QTlS9JE8bnb4FpquwIQbuabM4XoogXJ6DL3DSMKXV2eSGD5yJQY2qcejT5vMM-jqveMA15Od_2iDtSEdwRjEP-Y4ErO6xLFS8oGWwW9T6nM8tJLdiP-NB9H76k7Fi-yEyX/s711/rio.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="399" data-original-width="711" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2iqVOO7bO0tQkmeD1j_6RGfZCIjRqu8I0ZrHOnFr5gGxM_qIoJaUTNRWPe0QTlS9JE8bnb4FpquwIQbuabM4XoogXJ6DL3DSMKXV2eSGD5yJQY2qcejT5vMM-jqveMA15Od_2iDtSEdwRjEP-Y4ErO6xLFS8oGWwW9T6nM8tJLdiP-NB9H76k7Fi-yEyX/w400-h225/rio.png" width="400" /></a></div><p style="text-align: right;"><span face=""Open Sans", Arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #606569; font-size: 12.8px; text-align: center;">Foto: Hannah Klara Emmerich</span></p>No ímpeto de alguns vereadores, na ousada ação de transferir a Câmara Municipal de São Romão, sede do município, para a Vila de São José de Pedras dos Angicos, em 1876, vislumbrou-se a história de uma nova cidade. E foi assim, diante de uma evidência, de um ato consagrado, sem volta, que no dia 5 de novembro de 1879 nasceu a cidade de São Francisco. Como consequência, constituída sede do poder municipal, transformou-se, ao mesmo tempo, na sede de um novo município, São Francisco. São Romão, em consequência foi rebaixado de município a distrito de São Francisco. Foi assim o germinal de São Francisco. Nos 146 anos transcorridos, muita água foi passada pelas brilhantes pedras do cais da cidade, levando, o rio São Francisco, rio da Unidade Nacional, as notícias da cidade para o Nordeste e, de lá, trazendo tantas famílias para compor a população do novo município. Cumpri-nos, agora, refletir a respeito do município que temos e o município que queremos. Seria ocasião para repetir a intrépida ação os vereadores que deram causa à criação da cidade e, consequentemente, o município de São Francisco, buscando novos horizontes para nossa terra. Seria o momento, agora, de um choque com atenção voltada para o desenvolvimento. Seria o momento de cantar e propagar nossas riquezas humanas e físicas. Numa reflexão final, tendo como referência a cidade, que é o caso em exposição, recomenda-se tomar o que disse Weber a respeito da função da cidade “de intensificar as energias coletivas, de levar ao mais alto do desenvolvimento possível, as capacidades latentes e dispersas na população”. Seria, hoje, missão precípua do Poder Público e, evidente, com o envolvimento da sociedade. Deus seja louvado por São Francisco existir e mais, agraciada com o nome do santo do amor. <p></p><p>FELIZ ANIVERSÁRIO SÃO FRANCISCO!<br /> </p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-58477418708637839302023-02-21T06:47:00.001-08:002023-02-21T06:57:08.922-08:00FOTOS, CRÔNICAS E POEMAS<p style="text-align: left;"> <span style="background-color: white; color: #202122; font-size: 14pt; text-align: right;"><i>João Naves de
Melo</i></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>São
tantas as oportunidades que temos para sentir e apreciar a natureza que, a cada
dia, somos tocados por um novo painel: o nosso rio São Francisco, os pássaros,
nossos jardins e o pomar. Encontram, nos mínimos detalhes, manifestações que
suscitam emoções, que nos levam aos meios disponíveis para transformá-las em
realidades, deixando-as com registros através da escrita e da fotografia.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Fui,
assim, movido pelo desejo de registrar alguns trabalhos que fiz neste campo,
compartilhando com meus amigos e possíveis leitores, o que tenho vivido no dia
a dia. Saliento que algumas crônicas e poesias já foram publicadas
ocasionalmente, ora no Portal Veredas, ora enviadas aos amigos através do WhatsApp.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Resolvi, contudo fazer esta pequena coletânea
para o registro escrito.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoTitle"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span>UM RIO ESQUECIDO</p>
<p align="left" class="MsoTitle" style="text-align: left;"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p><p align="left" class="MsoTitle" style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeMkSoOXoMX4BLMIeI-USTOZWhgBZ3BchUWTXYg6iW-bRBBR4LJXN3Qs1KArcaF9DfS16PNSVhIu2n3OQTn5AF18qkQIJPKvymBoEGaDIp3hBYmoC1rylqCK-Q5VJzl1KEwi3qN0Mle7hjKFr44jDGGS4opZ-c1kD0V4mqJRGiVKvAfdgbQHZ6aLdGjw/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-19%20at%2010.01.06%20AM.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeMkSoOXoMX4BLMIeI-USTOZWhgBZ3BchUWTXYg6iW-bRBBR4LJXN3Qs1KArcaF9DfS16PNSVhIu2n3OQTn5AF18qkQIJPKvymBoEGaDIp3hBYmoC1rylqCK-Q5VJzl1KEwi3qN0Mle7hjKFr44jDGGS4opZ-c1kD0V4mqJRGiVKvAfdgbQHZ6aLdGjw/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-19%20at%2010.01.06%20AM.jpeg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i style="text-align: left; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 10pt;">O barranqueiro tem a alma plantada no rio São Francisco (Saul Martins)</span></i></div><p></p>
<p class="MsoTitle"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Outubro, dia 4 de 2022.
Meu rio São Francisco, contemplo-o viajando no tempo nas ondas da emoção.
Reflito: abençoada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>graça do Criador<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>guiando Américo Vespúcio ao encontro de um
imenso caudal beijando o mar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>no dia do
santo amigo das águas, do Sol, da Lua, dos pássaros, dos peixes e dos humildes
– São Francisco de Assis – 1501. E ao rio descoberto deu-se o nome do santo,
que abençoado ficou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>descendo das
alterosas, serpenteando planícies, banhando nosso sertão. Aqui estamos, São
Francisco, quinhentos e vinte e três anos depois do seu batismo pelos olhos dos
homens <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“civilizados”</i>, tirando-o do
estado virginal. Quantas histórias, São Francisco, e somos parte delas – nossa
cidade, nasceu e cresceu graça a você com famílias singrando suas águas, aqui
aportando e depositando suas esperanças – uma nova civilização surgiu. E você,
no seu caminho, em São Francisco, fez uma obra de arte demonstrando mais amor
por ela: você abraçou o penedo luzidio onde ela foi plantada e deu-lhe o seu
nome. Deus seja louvado, sempre!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Saul Martins cunhou que o
barranqueiro tem a alma plantada em suas águas. O conterrâneo Geraldo Ribas
escreveu que o são-franciscano tem o umbigo plantado em suas águas. É deverás.
É grande a relação sentimental, física e espiritual.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Infelizmente, ao passar de
cada página de nossa história, temos que você, para o são-franciscano, está
perdendo seu valor histórico, sua importância hídrica (seus afluentes foram
devastados), e até mesmo a relação social, quando o eixo das concentrações da
cidade<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>deixou as barrancas para lustrar
as áreas do alto. Quantas cidades gostariam de ter um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>São Francisco! Vê-se isso na temporada de
praia, quando centenas de turistas de cidades da região aqui vêm regalar-se com
sua beleza. E aqui? O desprezo. Nem se fala sobre a lamentável situação de
abandono da orla, o pouco caso, o desinteresse com ela, que sequer guarda seu
aspecto virginal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">São Francisco, São
Francisco! Nem um gesto, nenhuma manifestação, nenhum agrado, nenhuma palavra a
respeito de seu aniversário. O fulgor das festas de anos idos e os movimentos
em prol de sua defesa, de sua exaltação, diluíram-se. Esquecido. É triste. Pelo
ralo escoa-se a cidadania. Amanhã há de se pagar por isso, aliás, já estamos
pagando – não só em relação ao rio, mas pela falta de compromissos com o
Brasil, descuidando-se de valores morais que implicam na formação de uma
sociedade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">São Francisco, na tarde do
dia 4 deitei os olhos em suas águas singradas por barcos, movimentando suaves
maretas, que beijavam as pedras dos cais, cantando – a sua canção própria:
parabéns! Fiquei, por ali, por bom tempo, meditando, mergulhado em sua
história. Pouquíssimas pessoas passaram por ali naquele momento, nenhuma
fotografia. Solitário, mas com o coração agradecido por sua existência, São
Francisco, elevei uma prece ao Criador agradecendo-O por tão generosa dádiva.
Deus o abençoe, sempre. Obrigado por nossa existência em suas barrancas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle"><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span> </p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">CONSIDERAÇÕES SOBRE O AFRESCO DA ÚLTIMA CEIA<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6h8bgBcqPhUvog8KSSGQkxBOzruK-nBJegGS_fY9ZYgNcgfHh0qiD7dZeI3CcxKf_bbgkG8cet1s66iMN6B2XxpysrTASCUGkWZGxFLe74ortjvCQGuPvGW7NlXn4EaxtVC1W2IDkz4d3Z0phXB95AJFAha07M7MZcTF9_XPNsWOoLT1zJ_ePfbXzNA/s1915/raffaelli-santa-ceia-d.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="950" data-original-width="1915" height="159" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6h8bgBcqPhUvog8KSSGQkxBOzruK-nBJegGS_fY9ZYgNcgfHh0qiD7dZeI3CcxKf_bbgkG8cet1s66iMN6B2XxpysrTASCUGkWZGxFLe74ortjvCQGuPvGW7NlXn4EaxtVC1W2IDkz4d3Z0phXB95AJFAha07M7MZcTF9_XPNsWOoLT1zJ_ePfbXzNA/s320/raffaelli-santa-ceia-d.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 10pt; line-height: 106%;">Quem comer deste
pão viverá eternamente”</span></i></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 35.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><em><span style="font-size: 12pt;">A
Última Ceia,</span></em><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">
afresco de Leonardo da Vinci para a igreja de Santa Maria delle Grazie em
Milão, retrata um momento da vida de Jesus,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que se faz presente no dia a dia dos
cristãos:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>instituição da Eucaristia – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Quem comer deste pão viverá eternamente”</i>...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Interessante é conhecer esta obra pela
profundidade que vai além do seu encanto<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>enquanto arte – rememorando um dos momentos de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>angústia de Jesus e da perplexidade de seus
amigos quanto à fraqueza humana revelada pela traição. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A edição Planeta Barsa/Patrimônio da
Humanidade, descreve algumas passagens interessantes sobre a obra dando a
conhecer um sistema de trabalho de Leonardo: antes de pintar ele realizava
enorme quantidade de apontamentos e esboços de cada pormenor. Às vezes ele
passava um dia<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sem se alimentar,
absorto, observando a parede onde pintaria o afresco<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>atrasando a execução da obra. Tal
procedimento exasperava os frades da Catedral de Milão, levando o prior a
pedir, insistentemente,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pressa na
conclusão da obra e a reclamar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>junto ao
duque de Milão, Ludovico Sforza. Questionado, Leonardo justificou que precisava
de modelos para Cristo e para Judas; para o primeiro por ser difícil que alguém
deste mundo mostrasse no rosto a beleza celestial, e para Judas, pela
dificuldade de encontrar uma pessoa que, apesar das graças recebidas, fosse
capaz de tal traição, de forma que, se o prior continuasse a pressioná-lo, não
teria outro remédio senão utilizá-lo como modelo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A Barsa Planeta fixa na intuição e na
inspiração de Leonardo. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“A obra
representa uma mesa virada para frente, sentando-se a ela<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cristo e<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>doze apóstolos”</i>. Observa que as pinturas anteriores, da Última Ceia
eram com personagens estáticas, sem vida, sem expressão, com Judas totalmente
isolado. Leonardo agrupa os apóstolos, lhes concede a magia do movimento e
consegue através da expressividade dos rostos e das mãos, que todos pareçam ter
capacidade de falar e de mostrar seus sentimentos. Mostra o espanto dos
apóstolos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>após Jesus pronunciar “um de
vós me trairá”. Quem? Atônitos passaram a perguntar esperando uma explicação. O
texto descreve e analisa a posição dos apóstolos: A primeira tríade à esquerda
é formada por Bartolomeu, Santiago Menor e André. Bartolomeu se apoia sobre a
mesa como se dissesse: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“não é possível,
os meus ouvidos estão enganados”,</i> enquanto seus companheiros levantam as
mãos assustados O segundo grupo é talvez o mais interessante. São Pedro se
precipita impetuosamente para são João, que está sentado ao lado de Jesus e
pelo caminho empurra Judas que, assim, fica separado dos outros.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aqui surge novamente a inteligência de
Leonardo, conseguindo isolar Judas sem a necessidade de o isolar
fisicamente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O traidor parece dizer<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> “será possível, como soube ele?”</i>. Do
outro lado de Jesus, Tomás, Santiago, o Maior, e Felipe se mostram confusos e
falam em uníssono como que pedindo um esclarecimento e manifestando sua
inocência. Na última tríade, do lado direito da mesa, estão Mateus, Tadeu
e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Simão. É o único grupo que fala entre
si, sem olhar para Jesus, embora Mateus o indique enquanto sem dirige a Simão
que por sua vez parece explicar ou comentar alguma coisa com Tadeu. E fica por último
a figura central, Jesus, solitário, separado dos restantes com uma expressão
desolada e os braços estendidos numa postura de abandono, que faz<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>realçar a força do mural. O ponto de fuga da
perspectiva está em Jesus. Cada forma, cada gesto, tem relação com Ele. Este
difícil problema de apresentar muitas figuras, mantendo porém a unidade
dramática e a unidade de formas, foi genialmente resolvido por Leonardo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O AMANHÃ<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGECZFcdU_K8xny0n5iLY4-721GTzRUn6aKmDQaPCwp5i0XCVDTRCYvDjSXXkENCxakjiuFoD_AZ-h5ongCV6Thju7ziOhCaXwHQnWRSHjj6GCftTabiBQmSL4K8bpK3XsUVVt-ErUciyHdww1UJfFi40JtrKEFAPHU8Cy3j50lkNil1gcZkd9NX_R_A/s1280/WhatsApp%20Image%202023-02-19%20at%2010.01.05%20AM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGECZFcdU_K8xny0n5iLY4-721GTzRUn6aKmDQaPCwp5i0XCVDTRCYvDjSXXkENCxakjiuFoD_AZ-h5ongCV6Thju7ziOhCaXwHQnWRSHjj6GCftTabiBQmSL4K8bpK3XsUVVt-ErUciyHdww1UJfFi40JtrKEFAPHU8Cy3j50lkNil1gcZkd9NX_R_A/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-19%20at%2010.01.05%20AM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 10pt;">Procure
no mundo reunir o que é de melhor, de bom, sem se lamentar pelo que seja
perfeito (Demócrito)</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Somos no
espaço e no tempo a projeção do que fomos. Não temos a lembrança do que fomos,
mas podemos cultuar o presente para que nos projetemos no amanhã em estágio
mais elevado espiritualmente. Assim, busquemos uma lição de Demócrito: “P<i style="mso-bidi-font-style: normal;">rocure reunir no mundo o que há de melhor,
de bom, sem se lastimar pelo que seja perfeito</i>”. Se há dor, sofrimento e
outras mazelas no mundo, o que se faz preciso é desprezá-las na busca do que
apraz o espírito, ver a vida como um dom do Criador que é misericordioso. São
tantas as belezas que nos cercam, que podem despertar a nossa atenção no correr
de cada dia e que, por carência, às vezes, de um pouco de sensibilidade e de
vida apressada, perdemos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Uma das
vantagens (se é que se possa dizer de vantagem) que nos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>enseja a pandemia é a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>oportunidade<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>para redescobrir a natureza por força do isolamento, da restrição do
ir-e-vir. Pois vejam. Conquanto aprecie os pássaros –<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tantos e variados deles tenho no meu quintal,
porque os alimentos – raramente dispensava tempo à sua apreciação demorada. E o
quanto perdia em quadros que inspiram a manifestação de ternura, na mais pura
de suas expressões: delicadeza, doçura, brandura, suavidade, afetuosidade,
amorosidade, meiguice, afeto, enternecimento. Puxa! Que quadro suscitou-me
tanto sentimento? Simples, como simples e bela é a vida que nos foi dada pelo
Criador e que, por comum, desperdiçamos. Pois bem, vi e senti a ternura, nas
suas diversas expressões, no modo amorável e carinhoso de um casal de rolinhas.
Tão mimosas, tão meigas, com tanta dileção, em carícias trocadas roçando os
pescocinhos e com delicadas bicadas. Vi-as numa galho de ramagem viridente, com
flores ao fundo, como feliz casal de namorados. Demorei admirando aquele quadro
que suscitou outras presenças na contemplação. E tantos se comoveram diante da
delicadeza do quadro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Outra
imagem que eu havia perdido, na apreciação, era a passagem do avião a jato no
nosso infinito céu azul. Sei lá por qual sentimento (guardado de tempos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>atávicos<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>ou de outra vivência) eu me apaixonei com o troar de suas potentes turbinas
do avião a jato reverberando na terra, levando-me a buscá-lo na sua passagem,
luzindo nas alturas à frente de um rastro de fumaça prateada. Eis que, de
repente, no meu quintal cuidando das plantas, redescubro-me, por sinestesia, no
passado urucuiano, quando num mundo tão solitário, tempo eu tinha de sobra para
visitar o céu. Lá, nas campinas bordadas de buritis dançantes na brisa dos
gerais, eu acompanhava a passagem dos jatos suscitando<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>canções etéreas e vibradas no vasto campo
empíreo. Eis que, agora, visitando mais o céu para dialogar e agradecer a Deus
por ser parte da sua criação, revivo o antigo encanto: a canção do jato e seus
rastros, um véu prateado em linhas cumpridas bordando o azul do céu. Eles têm
vasado o céu são-franciscano com frequência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>AS ROLINHAS<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4dDecmcxUsKmrqeM2VEg6luxGrLAmERtZ6fzWZI1ggYnICl4t-ADQkXH5fN31pyA9dvwctBfQH5t1p7wkzwzCcamYVtsH_VyrWavBijaDADoDeceBcCRLF1ypQ-otFLhqN3oQ02h8UH6poa9gzXmboi-pOztYw48fAfTfPsCVJa3130G55O4jSudx8w/s1896/rolinhas.jpg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1104" data-original-width="1896" height="186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4dDecmcxUsKmrqeM2VEg6luxGrLAmERtZ6fzWZI1ggYnICl4t-ADQkXH5fN31pyA9dvwctBfQH5t1p7wkzwzCcamYVtsH_VyrWavBijaDADoDeceBcCRLF1ypQ-otFLhqN3oQ02h8UH6poa9gzXmboi-pOztYw48fAfTfPsCVJa3130G55O4jSudx8w/s320/rolinhas.jpg" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na
minha casa um nabo é mais saboroso do que o tordo... (Ariosto)<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Um singelo ninho de se contemplar, no
compor das criaturas que o ocupavam, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Em
insólito lugar, no alpendre de minha casa, sobre o tampa de uma luminária,
escolheu uma rolinha para levantar seu castelo. Não me tomem como devaneador ao
comparar o singelo ninho de tão pequena ave com um castelo. É que não me prendo
à ordem material, na estrutura, mas na representatividade e alcance do singelo
quadro. O simples tem o seu valor pelo que tomamos, não pelo que os outros
pensam ou falam. Diz o poeta Ariosto:<i> “Na minha casa um nabo é mais saboroso do
que o tordo, o faisão ou o porco na mesa alheia”</i>. O que temos, então, é o nosso
tesouro. Nas representações mais simples podemos sentir a presença do Criador,
como Ele nos chega para florir a vida, transbordar de paz o coração. Sabemos
que a alma vital é comum em todos os seres orgânicos: plantas, animais e
homens. Naquela singela columbina pulsa uma alma, o princípio vital. Depois de
erguido o castelo, ali ela se assentou com serenidade, sem se importar com o
tempo estar passando, absorta, concentrada, extremamente dedicada ao evento que
preparava para o mundo: novas vidas. Não se abalava com o ir e vir das pessoas
nas imediações do seu castelo – era apenas o seu mundo, o seu tempo, o seu
apego e o que lhe reservara o Criador na Lei da perpetuação. E veio o glorioso
dia. Ela não alardeou, apenas pousou na doçura e placitude da maternidade.
Tempo não muito escoou e duas cabecinhas se mostraram nas janelas do castelo,
sob asas, protetoras olhando o mundo. E tão ligeiro foi que a mãe orgulhosa, em
pose imperial, as apresentou ao mundo,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>satisfeita com a proteção do pai parte da criação. Vi, naquele quadro,
como se revela o amor, tanto no homem como nos animais. Com que desvelo,
carinho, cuidados e, por que não, felicidade, a nossa pequena rainha mostrava
suas crias. Tantos foram os dias em que ela levou a seiva da vida de seu bico
aos biquinhos das crias, uma por uma – lembrei-me de um quadro sagrado,
sublime, de uma mãe oferecendo o peito ao seu bebê, sua vida continuada, pouco
há que pode ser tão belo e amorável.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Na vida aprendemos tanto com as coisas
mais simples, se sensibilidade e atenção tivermos às coisas do Criador,
retendo-as na alma.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Simples, tão simples, uma rolinha e seus
filhos em tépido ninho, mas grandioso tendo que é a criação de Deus<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se renovando em nossa vida com a singela
mensagem do amor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">OS PASSARINHOS<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQodpIxGsTDxUq5QZ7Ne2mgGQ2Ipz5aMr-BHktQsKg5jaSeEQZLAGIzxB4teM2SEK2tmKOo6zYBOHgURJn3NQhKR-z31NHDPEffCAvLXy4C719cLKLWKbPbR1dNX04Ii6u0Ub_yxQNinvlygNIV4bE4tbiJOMyHyXk19kSqTITVcMoNbdB0frZ-EpATg/s2092/os%20passarinhos.jpg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="1176" data-original-width="2092" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQodpIxGsTDxUq5QZ7Ne2mgGQ2Ipz5aMr-BHktQsKg5jaSeEQZLAGIzxB4teM2SEK2tmKOo6zYBOHgURJn3NQhKR-z31NHDPEffCAvLXy4C719cLKLWKbPbR1dNX04Ii6u0Ub_yxQNinvlygNIV4bE4tbiJOMyHyXk19kSqTITVcMoNbdB0frZ-EpATg/w377-h212/os%20passarinhos.jpg" width="377" /></a></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #333333; font-size: 11pt; font-weight: normal; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Passarinhos do bom Deus,
pequenos pássaros alegres... (Dostoiévski)<o:p></o:p></span></i></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">No quintal do meu lar, antes
mesmo de ser construída a moradia, foram plantadas as primeiras fruteiras: pés
de manga e jabuticaba. O tempo foi passando e dona Vilma, logo chamada de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Dedo-verde”</i>, cuidou de expandir o verde
chegando<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ao jardim. Ficamos ornados por
um mundo florido.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Passam-se os dias. Primeiro meus
olhos alcançam um casal de rolinhas desfilando, majestosamente, com tanta graça
pelo quintal. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Galinhazinha de Nossa
Senhora”</i>, lembra Vilma buscando imagens de sua infância. É de se admirar,
tanto, a graciosidade da rolinha no seu passear pelo chão. Chegam os pardais,
em bando que agregários são. Barulhentos, saltitantes quando no chão; velozes
se no ar. Certa manhã ouço o dolente e saudoso canto do sabiá – que presente! A
passarada vem chegando e, admirado, deleito-me em cuidar dela levando-lhes
matinal alimento em forma de quirela. Sirvo-lhes água fresca. Abrem-se as
portas do céu e chegam em bandos: do-ré-mi, sofrê, canarinho, assanhaço, anus –
que só se apresentam em bando se protegendo e para caçar alimentos. Depois de
se alimentarem ganham a copa do viridente umbuzeiro a trinar, cada qual no seu
canto: uma orquestra alada de causar emoção. E depois, na madrugada o despertar
com os ais da pomba verdadeira, a nossa Paloma – queixumes ou chamados. Que
sei! <o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Nosso encontro diário vem de
muitas manhãs, faça-se sol; faça-se chuva. Foi sempre do meu gostar e até de
refletir o Criador, que se faz presente nas mínimas coisas. Foi então que,
nestes dias, aprofundando na leitura do romance Os Irmãos Karamázov de Fiódor
Dostoievski, dei-me com uma fala de Markel, que se despedia da vida devassa,
então se encontrando com Deus. E li, emocionado: “Passarinhos do bom Deus,
pequenos pássaros alegres, perdoem-me, pois eu pequei contra vocês também. (...)
Sim, eu estava cercado pela glória de Deus: os passarinhos, as árvores, os
campos, o céu; eu só vivia na vergonha, só eu desonrei tudo, não soube ver a
beleza nem a glória.”<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Emocionado, pois vivo na glória
de Deus, quase às lágrimas, vi-me nos gerais urucuianos, no sopro da brisa,
embalado pela canção vinda das palmas dos buritis, sob a abobada celeste tão
pura, as caraibinha vestidas como anjos – floridas e perfumadas; senti minha
alma se elevar em prece e agradecimentos ao Criador por tudo que, então, tem me
proporcionado: a família, amigos, uma terra generosa para morar, um rio
majestoso trazendo-me a figura de São Francisco de Assis abençoando as águas e
nela todos os seres viventes; o nosso magnificente por do sol. Que riqueza
encontrar na natureza a revelação da maior essência de todas: Deus.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Meus passarinhos, obrigado, posso
amá-los e a natureza, ainda na minha vitalidade. Posso, sobretudo, com tempo,
sem aflições<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>agradecer a Deus pela
dádiva do meu dia-a-dia. <o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;">REFLETINDO SOBRE UMA
FORMIGUINHA PERDIDA<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi0tamWp6hnep3eTOaFa8V0vXiHbMt7tJWZNhViFeaux9kPBGUG8xOA7IGqvyDRztBLq_MGwxQMAy19QT56mUtWVQI7fa8b4KtwsDXPsx5Z2Sdl6EcSKmgVKyqQ1muVb8oa6Ke_8HbbhgvbL8QHoLNm40sOH0oK5cDEqFANOWs3zUPvVQ6HDvkR_gf6Q/s1344/formiga.jpg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="872" data-original-width="1344" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi0tamWp6hnep3eTOaFa8V0vXiHbMt7tJWZNhViFeaux9kPBGUG8xOA7IGqvyDRztBLq_MGwxQMAy19QT56mUtWVQI7fa8b4KtwsDXPsx5Z2Sdl6EcSKmgVKyqQ1muVb8oa6Ke_8HbbhgvbL8QHoLNm40sOH0oK5cDEqFANOWs3zUPvVQ6HDvkR_gf6Q/s320/formiga.jpg" width="320" /></a></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span class="hgkelc"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 11pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O Ente Supremo não se
lhe manifestou já na Sagrada Escritura e sim em todas as coisas que havia
criado (Rudolf Thiel)<o:p></o:p></span></i></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span class="hgkelc"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 11pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;">Distraído, enquanto ao sol buscava a reposição de vitamina D, por acaso
meus olhos alcançaram uma formiguinha perdida de sua colônia em carreira
solitária. Estranhei o fato perguntando a mim mesmo por que estava<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sozinha, em ligeira carreira sem direção se
vive em sociedade? Não havia outras formigas. Resolvi segui-la e isto foi por
quase 30 minutos. Ela andava em roda, seguia um percurso em uma direção e dava
voltas como se procurasse caminho. Andou e andou. Na verdade corria tanto com
agilidade incrível de suas<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>perninhas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>quase de se não notar.
Rodou e rodou por distância e tempos tantos, superiores para ela, e nada,
sempre sozinha e sem rumo. Mas não desistia, queria seu caminho, seu ninho,
exemplo de persistência. Enfim, ao longo dos 30 minutos, ela se enfunou debaixo
de uma pedra e lá se quedou. Seu ninho por certo não era, mas teve acolhida,
sei lá de quê.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;">Dizem estudos que a formiga está presente em todos continentes, exceto
nos polos. Estima-se que existem cerca de 18.000 espécies de formigas, das
quais 2.000 são encontradas no Brasil. Acredita-se que elas surgiram na Terra
durante o período Cretáceo (cerca 140 milhões de anos atrás) e, provavelmente
começaram a diversificar-se há 100 milhões de anos, acompanhando as linhagens
de plantas com flores.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Puxa! Refletindo enviei meu
pensamento muito distante, naturalmente em eras que sequer por mim foram
sonhadas e conclui que estava diante de um milagre da vida. Uma coisinha quase
de nada, correndo perdida em meu quintal, tem um papel vital muito, mas muito,
mais longevo que o meu, ou da minha espécie, a humana.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A! formiguinha, você me fez lembrar
que Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam, nada é
muito pequeno para a Sua bondade. Segundo ensina Rudolf Thiel (E a Luz de fez)
“O Ente Supremo não se lhe manifestou já na Sagrada Escritura e sim em todas as
coisas que havia criado”. Então, nesse Universo a pequenina formiga, quase de
não se ver, é parte deste universo criado, daí seu papel e importância na
natureza. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Enfim, ela me levou à sondagem de
Allan Kardec, que com lirismo discorreu “a sabedoria infinita que preside a
tudo, no admirável organismo de tudo o que vive,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na frutificação das plantas, na apropriação
de todas as partes de cada ser às suas necessidades, segundo o meio onde está
chamado a viver; é necessário mostrar-lhes a ação de Deus no rebento da erva,
na flor que desabrocha, no Sol que a tudo vivifica; é necessário mostrar-lhes a
Sua bondade na Sua solicitude por todas as criaturas tão ínfimas que sejam, a
Sua previdência na razão de ser de cada coisa, da qual nenhum é inútil, do bem
que sai sempre do mal aparente e momentâneo!<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ah! Formiguinha, de aparência ser
coisinha de nada, você me conduziu, graciosamente, ao Criador!.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">A LUTA DAS FORMIGUINHAS<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi159jvxzMbJ2pOxDhJ1W3ViOy28R63jKdO0jZqXknLgoaTEfdFild0dc3DwfIhIjxCgpM7YK1wwbruocjBEXtg2WgE3AI9XgSOGCw9Q4mTyJNOPVlgb-DF9OtQ6scSGKCQtzUBYKr5SklIwTLrjNorxoI6vx08qQo_FEflDwjBtjMuF1TZ5jC6a78zow/s300/download.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi159jvxzMbJ2pOxDhJ1W3ViOy28R63jKdO0jZqXknLgoaTEfdFild0dc3DwfIhIjxCgpM7YK1wwbruocjBEXtg2WgE3AI9XgSOGCw9Q4mTyJNOPVlgb-DF9OtQ6scSGKCQtzUBYKr5SklIwTLrjNorxoI6vx08qQo_FEflDwjBtjMuF1TZ5jC6a78zow/w350-h196/download.jpg" width="350" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O mundo sensível em que vivemos é o mundo das aparências
(Platão)</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></i><span style="color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span><span style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Peço
desculpas aos amigos por lhes ocupar o tempo com outra história de formiga. É que
aconteceu outra vez. Estava eu a tomar o recomendado banho de Sol, por dra.
Marilda, buscando a reposição de vitamina D,</span><span style="color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">
</span><span style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">quando meus distraídos olhos encontraram em disputa ferrenha duas
formiguinhas, criaturinhas de nada, de milímetros poucos, uma um pouco maior.
Curiosamente desejei saber quando</span><span style="color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">
</span><span style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">terminaria aquela batalha. Delas, uma era ligeiramente maior coisa de
quase não se medir. Estanquei a leitura,</span><span style="color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">
</span><span style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">que fazia para aproveitar o tempo, e me fixei nas duas formigas em luta
renhida. Em um momento a formiga maior prendia menor com suas patinhas
espremendo-a de costas no piso tentando ferrar a sua cabecinha. Eu entendia que
ela tentava arrancar-lhe alguma coisa que prendia na presinha. Depois, a
situação mudava: a formiguinha menor tomava a posição superior. E assim ficaram
digladiando por tempo – medi mais de 30 minutos. Ao fim de bom tempo, não
chegando elas a um termo, interferi. Com a ponta de uma caneta, separei as
duas. Surpresa: tratava-se apenas de uma formiga. Então como lutavam tanto, sem
trégua com meus olhos registrando o movimento? Deixei, então, a formiga no piso
e a luta teve reinício. Percebi, depois de um pouco de atenção, que a formiga
lutava contra a sua própria sombra. Por isso que uma (no caso quando eu
imaginava serem duas) não se separava da outra,</span><span style="color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">
</span><span style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">não fugia do embate. Ora, não teria como fugir da própria sombra.
Peguei, então, a formiga e a coloquei em uma mesa. Ela, livre da projeção de
seu corpinho</span><span style="color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span><span style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">criando uma sombra,
procurou sair do local e acabou por se despencar de uma altura de um metro e
saiu buscando um caminho, ainda que meio trôpega. Puxa! Uma altura formidável,
mas para minha surpresa ela saiu ilesa, caminhando. Fosse um homem, numa queda
de altura proporcional, teria os ossos esmagados.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O fato
levou-me a refletir. Primeiro sobre o efeito da sombra à primeira vista, sem
dúvida, uma ocorrência inexistente, pois, então, uma ilusão.</span><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"> Trata-se de um conceito <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">ou</span> de uma imagem que surge pela imaginação, um erro dos
sentidos, mas que não corresponde à <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">realidade</span>. Ligada aos sentidos, uma <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">ilusão</span> é uma distorção da percepção, uma interpretação visual
dos factos que não coincide com a <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">realidade</span>.</span><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Outra
reflexão levou-me ao Mito da Caverna de Platão, onde se demonstra que </span><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">homens
que estão no interior de uma <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">caverna</span> pensam
que o que veem é a realidade. Mas não é, eles veem apenas suas próprias
sombras. Com essa alegoria, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Platão</span> compara
a <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">caverna</span> ao mundo
sensível onde vivemos, que é o mundo das aparências.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Puxa, uma simulada luta de
uma formiguinha me pôs a viajar longe para concluir, como Platão que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“o mundo sensível onde vivemos é o mundo das
aparências”</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Moral da história: cuidado
que se deve ter<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com o que vê e como
interpretar o que viu, pois<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>opinião
baseada em uma aparência<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pode causar um
grande mal – mal, muitas vezes, irreversível.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">SINGELEZA
OU GRANDEZA?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge4ITenl13MOu0Oas9OKzynn-4bP3Lww-kuysy_NOOLeb3YG377VsNzls_Lur7pnKDUAc03pBcHxIziP1rZYq_cv470OUXuD0kNtkTLzJP5edMEAXajvyO12QE6HCeK9TjvATY2NneB66sFNWxCvZw1cVx1zPgaS1Q-NP1T6anmMnjStU-LAtLHDGKhw/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%203.22.14%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="900" height="346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge4ITenl13MOu0Oas9OKzynn-4bP3Lww-kuysy_NOOLeb3YG377VsNzls_Lur7pnKDUAc03pBcHxIziP1rZYq_cv470OUXuD0kNtkTLzJP5edMEAXajvyO12QE6HCeK9TjvATY2NneB66sFNWxCvZw1cVx1zPgaS1Q-NP1T6anmMnjStU-LAtLHDGKhw/w195-h346/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%203.22.14%20PM.jpeg" width="195" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A Natureza é a grande
mestra do homem (Allan Kardec)</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">“Logo
que a aurora de dedos cor de rosa surgiu matutina”</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">
deixei a tepidez do leito, como sempre faço; e ainda à luz cambiante dos amenos
raios do sol, que crescia no Oriente, cheguei ao quintal com o propósito diário
de colher algumas folhas de ora-pro-nóbis para preparar o suco verde de todas
as manhãs.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao passar sob a copa de
frondosa mangueira dei-me de frente com cenário colorido que nunca vira antes.
Surpresa! Invadiu-me um suave aroma. Imaginei-me em sonho. Mas era real, estava
à frente do meu pé de ora-pro-nóbis, cultivado a modo de trepadeira, cobrindo
os galhos de um cajueiro como uma esteira de cores <span style="background: white; color: #202124;">variadas e agradáveis de efeito visual.</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não o vira antes tão florido. Florido só,
não, florido e perfumado. Aproximei-me<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>um pouco e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mais surpresa: ouvi um
sibilar delicado fluído das asinhas de centenas de abelhas libando o néctar das
tenras e tão belas flores. Até mesmo o mamangava foi atraído por aquela doce oferta
de néctar. Qual orquestra seria capaz de executar tal sinfonia? Admirado,
ternamente admirado fiquei diante daquele quadro singelo, mas de expressiva
beleza em todos os sentidos. Não só pelas cores múltiplas das florezinhas,
pequenos cachos com pétalas brancas abertas como braços estendidos ao céu
rendendo graças e pistilos vermelhos, que sabemos ser uma cor simbólica.
Veio-me então uma indagação: por que antes não havia estas flores, com tanta
prodigalidade, forrando os galhos do cajueiro?<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>A resposta não demorou chegar-me: antes à medida que eu colhia as folhas
para preparar o suco, notava que a produção dos galhos sempre diminuía. Então,
cuidei extrair o mato em redor do pé e a irrigá-lo fartamente todos os dias ao
amanhecer. Pensava apenas nas folhas para suco. Mas naquela manhã ele me
retribuiu a bondade, o carinho, o amor, surpreendendo-me com um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fantástico espetáculo: um tapete de flores
perfumadas e o balé das abelhas zumbindo melodia com suas asinhas. Veio-me à
mente um preceito: fui generoso com o pé<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>de ora-pro-nóbis com poucos litros de água por dia e, de volta ele me
presenteou com a exuberância e a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>riqueza
de sua florada. Exuberância da Natureza, que aos nossos olhos revela a presença
de Deus, pois é observando os efeitos que se chega ao conhecimento das causas.
Vê-se que, como disse Montaigne, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“A
Natureza é a grande mestra do homem”</i>. Ensina Kardec:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Natureza
Onipotente age segundo os lugares, tempos e circunstâncias: ela é uma em sua
harmonia geral, mas múltipla em suas produções; diverte-se com o sol, com uma
gota d´água; povoa de seres vivos um mundo imenso com a mesma facilidade com
que faz eclodir o ovo depositado pela borboleta. É o Ser Onisciente que
encontramos no infinito meio às galáxias, pedrarias variadas de um imenso
mosaico, as flores de um admirável canteiro. O Criador que reina no cenário de
mundos desconhecidos, no Universo inexpugnável, mas que também se apresenta nas
mínimas coisas, na singeleza até mesmo de uma flor, posto ser ela Sua criação”</i>.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">DIA
DA ÁRVORE<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnN2WH7UK5ImuwPzglsRsESb7OWk34HKC7QjM8fNs7jJSFEy6nXLJp44cnvYaQnK1WJAwubcS6segRVhl0aTJZ6Tms5qoEM100j5DNxkDXQlFdF1rZdfMm2xluI2h_z7jtyDZayyb0cqvKWuP3qpBDrB_lL1M56BVGEH6sfu9aN41uf651H6-GB8v4mA/s1280/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.24.42%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnN2WH7UK5ImuwPzglsRsESb7OWk34HKC7QjM8fNs7jJSFEy6nXLJp44cnvYaQnK1WJAwubcS6segRVhl0aTJZ6Tms5qoEM100j5DNxkDXQlFdF1rZdfMm2xluI2h_z7jtyDZayyb0cqvKWuP3qpBDrB_lL1M56BVGEH6sfu9aN41uf651H6-GB8v4mA/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.24.42%20PM.jpeg" width="180" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Um poderoso
lembrete de que devemos desacelerar e nos sintonizar com a linguagem da
natureza (Rachel Sussman)</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Lá se vão os anos quando, nas
escolas era comemorado, com civismo e muito amor, o Dia da Árvore. Poesias,
cantos de louvor, discursos e o plantio de mudas que, no correr do ano eram
acompanhadas em seu crescimento pelos alunos. Tanto era a estima e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a relação de carinho que muitas árvores eram
batizadas com nome de pessoas. As árvores estão, atualmente, em pauta de movimentos
sociais, nas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“sinceras”</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>intenções de políticos, que delas falam
sempre em proveito próprio. Ainda merecem atenção e cuidados de órgãos
ambientais (na maioria Ongs por que quando são ligados a governos os interesses
são outros), que lutam para preservar o cerrado, as poucas matas que restam e,
consequentemente, os recursos hídricos. Mais que manifestação de carinho e
romântica, hoje, é a imperiosa atitude<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>de preservação da flora. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Tenho, de minha parte um ato diário,
como religioso fosse, de render-me<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em
amor e gratidão à árvore por sua essencialidade à vida na Terra e,
consequentemente, aos humanos. Cultivo minhas árvores – na frente de minha
residência e no quintal (as frutíferas) e, com muitas delas, converso um pouco
a cada manhã quando lhes levo o refrigério de um pouco d´água – em especial a
aroeira salsa com seus longos e caídos galhos como uma cortina, um dossel
esmeraldino. A minha conversa com elas foi inspirada no fantástico livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“A vida secreta das ÁRVORES”</i> de Peter
Wohlleben que já chegou a milhão de exemplares vendidos. Tenho dois
depoimentos, entre tantos, sobre o livro:<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Nesta empolgante investigação,
Wohlleben transforma definitivamente nossa visão sobre as árvores”</i> –
Library Journal.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Um poderoso lembrete de que devemos desacelerar e nos sintonizar com a
linguagem da natureza”</i> – Rachel Sussman;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Dos tantos ensinamentos e lições que
encontrei no livro, um me impressionou sobremaneira: as árvores são solidárias,
muito mais que grande parte dos homens – elas ajudam as que correm risco de
extinção sem nada cobrar ou pedir de volta, pois o fazem pela natureza de
preservação da espécie.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">O
TROVÃO<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7UX-XC4ThuJHmi8JCzh8WthgACcxzxaZQcUu_pnLqVbTtPSNuwkaJ6Q3DtApoZWV08AzXTVVWAH4URQk5Tro3reJqJPFFE_6kNhoGM-PDbTS0yqdflX0XYZzMmxLGkTgTunRSip6hHxBxNZyL0Li4SG-i1CHThG2i9wGZ_UhWufawHOgly7ytTum-Rg/s2122/CONCEI%C3%87%C3%83O.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1358" data-original-width="2122" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7UX-XC4ThuJHmi8JCzh8WthgACcxzxaZQcUu_pnLqVbTtPSNuwkaJ6Q3DtApoZWV08AzXTVVWAH4URQk5Tro3reJqJPFFE_6kNhoGM-PDbTS0yqdflX0XYZzMmxLGkTgTunRSip6hHxBxNZyL0Li4SG-i1CHThG2i9wGZ_UhWufawHOgly7ytTum-Rg/s320/CONCEI%C3%87%C3%83O.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Aquele
rimbombar ficou para mim como uma canção sertaneja, o céu descendo aos gerais
como um mensageiro acordando-nos para a grandeza de Deus (JNM).</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 9pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">São tantos os sinais da natureza
indicando a presença do Criador, que nos levam a experimentar diferentes
sensações. O cintilar de uma estrela no leito da abóboda celeste; a
grandiosidade do Sol, fonte de vida; o mar e os<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>rios, indicadores de origem da vida na Terra; as florestas com toda sua
pujança viridente rebrotando vida; o cerrado com suas árvores retorcidas
cobertas de mimosas e perfumadas flores, adornado por veredas paradisíacas. É
tanto, e meio a este miniuniverso o homem, a grande criação de Deus, porque
além de orgânico foi dotado de inteligência e, com isso, de sensibilidade; que
é capaz de se enternecer ouvindo acordes de uma música, de sentir fremir a alma
na leitura de poemas, que pode desfrutar de uma dádiva divina: o amor!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Pois é, nesta viagem pelo mundo
encantado que de Deus recebemos, não sei por que me encanta e sensibiliza um
fenômeno da natureza, que a muitos assusta: o trovão. Tenho-no não como
fenômeno físico, uma onda de choque sônica, na propagação de uma onda de choque
através do ar em consequência da violenta expansão térmica do plasma gerado no
canal da propagação do raio. Ele é causa de antiga especulação<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de Aristóteles, no séc. III a.C. Para ele (e
foi a primeira manifestação a respeito ensejada) o trovão resultava de colisão
entre nuvens,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é que muito gente ainda
atribui sem se ater no avanço de pesquisas no século XX a respeito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Afinal, o que me toca nas reverberações
de um trovão, que dobra, redobra e redobra fluindo no éter? Seria de assustar,
o que é comum à maioria das pessoas quando estronda muito próximo, concomitante
a um raio cujo estalido parece atravessar o corpo das pessoas? Mais apreciado é
o ribombar um pouco distante, acompanhando a reverberação que imagino avançando
pelos gerais, esbarrando na folhagem das sucupiras, caraibinhas e flabelos de altaneiros
buritis para depois amainar como se não existisse. É o que gosto e que me leva
com ele em viagens de devaneios. Então, volto no tempo quando lá no meu sertão
urucuiano, à porta de um rancho de palha, com os olhos na serra da Conceição,
via o aproximar de grossas e sisudas nuvens. De repente o ribombar do trovão
despencando da serra, despertando-me da meditação, indo serenar nos capões de
angicos à beira do rio Conceição (diz no mapa que é ribeirão, o que não aceito
por sua formosura e volume de água). Aquele rimbombar ficou para mim como uma
canção sertaneja, o céu descendo aos gerais como um mensageiro acordando-nos
para a grandeza de Deus. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Outras lembranças do ribombar de um
trovão me chegam revolvendo saudades. Além da paisagem da minha querida
Conceição, meu pensamento voa a São Romão. Vejo-me nas viagens de fim de ano,
enfrentando o aguaceiro, estradas enlameadas e a Campina transformada em um
rio, para encontros<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fraternos com os
amigos daquela acolhedora cidade – no fundo, sempre, o ribombar distante do
trovão, canção da planície. Vejo-me na Campina agarrado ao volante do caminhão
Ford, que foi parte de minha vida no Urucuia e em passeios no Riacho, com os
amigos em saudosos piniques. Outra lembrança, não menos cara, foi a do dia 8 de
dezembro de 1961 quando levei Vilma ao altar na igreja matriz de São José.
Chovia, tinha raios, tinha trovões, mas o melhor mesmo era o coroamento de um
sonho de amor. E lá se vão sessenta anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Estronda um trovão, meu peito se
abre,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>brotam e rebrotam, em cada ribombar
dele, as minhas doces lembranças e suspiro: quantas saudades!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">ESPERANÇA</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge-dvfWInw8wZ_p9ngCA8ZFcyxvq9X8p1MTsYri-j04ixGWB8alHaWsihjzZy6Y0FhjqdFPHRihuExiHzVOsyRcWbN7hppY5-popJ7Ql09egbH6zBxIVkaBwXJsbhzoHWRhPQWC-fdGLDqYyNqF7udaXgPQ-2EdvkL3vy4T6R68te31g2I2eIC3REzdQ/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.06.13%20AM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge-dvfWInw8wZ_p9ngCA8ZFcyxvq9X8p1MTsYri-j04ixGWB8alHaWsihjzZy6Y0FhjqdFPHRihuExiHzVOsyRcWbN7hppY5-popJ7Ql09egbH6zBxIVkaBwXJsbhzoHWRhPQWC-fdGLDqYyNqF7udaXgPQ-2EdvkL3vy4T6R68te31g2I2eIC3REzdQ/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.06.13%20AM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quando eu disser
sim-sim-sim, vocês respondem não-não-não (Giovanni Sassá)</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Pandemia à parte, o fervedouro que vive
o País, alimentado pelas vaidades e espúrios interesses de políticos e
autoridades públicas, que deveriam estar cuidando dele, levam-me a reflexões,
que se não fosse a Fé no Criador, na sua magnanimidade e bondade, já estaria
sem norte.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vendo homens, que deveriam<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>trabalhar em harmonia pela grandeza do país e
bem estar da população, desvirtuando princípios éticos e de humanidade apenas
para satisfação de ranço político, eivados de vaidades,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>vislumbro o pior cenário para um país que tem
todos os requisitos para brilhar no concerto das nações de todo o universo terrestre.
Nesse jogo perigoso, irresponsável, lembro-me de uma canção do Giovanni Sassá
brincando com o público:<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> “Quando eu
disser sim-sim-sim, vocês respondem não-não-não. E quando eu disser
não-não-não, vocês respondem sim-sim-sim”</i>. É o jogo que fazem, da controvérsia,
jamais mantendo uma opinião, mas sempre tergiversando. Não há coerência,
honestidade e qualquer vislumbre de respeito em suas posições, senão o proveito
próprio. E, tantos deles, têm o despautério de proclamar que falam em defesa do
pobre, enquanto vivem nadando na riqueza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Assim, como num raio de luz, agarro-me
em outra grande virtude, a Esperança. Primeiro que vençamos a pandemia e,
assim,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>possamos abraçar as pessoas
queridas, ter o sorriso dos amigos e gozar de tudo que nos oferece a natureza
do Criador. Esperança é um raio de luz que deve nos alimentar no sentido da
motivação de sempre acreditar e buscar o bem. No caso, lembro-me que pelo tanto
que perdemos, Deus nos restitui: é a esperança unida à fé, duo que se completa
com o amor, a trindade das virtudes que encontramos na benemerência de Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Ensinou Adolfho, bispo de Argel,
Marmande: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Só é verdadeiramente grande
aquele que,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>considerando a vida como uma
viagem que deve conduzi-lo a um objetivo, faz pouco caso das asperezas do
caminho e não se deixa jamais desviar um instante do caminho reto; o olhar sem
cessar dirigido para o objetivo, pouco lhe importa que as sarças e os espinhos
da senda lhes ameacem provocar arranhões; eles roçam sem atingi-lo e, por isso,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não prosseguem menos no seu curso”</i>.
Então,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nesta viagem encontro uma
lição,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>refrigério das minhas angústias: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Para lutar contra o instinto do roubo é
preciso que se encontre entre pessoas dadas à prática de roubar”</i>. Não nos
livrando de sua presença, tiremos, pelo menos, um proveito espiritual.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Essas pessoas do mal nos ajudam na formação
do caráter para empreender a grande viagem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">No meu<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>dia-a-dia sempre vejo resplandecer o Amor nas coisas mais simples, que o
Criador nos oferta, bastando abrir o coração para apreciá-las. Dias destes, no
frescor da alvorada, vislumbrei o umbuzeiro do meu quintal, antes com galhos
secos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como braços estendidos ao céu
pedindo bênçãos, como um milagre, com a copa viridente ornada com mimosas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>flores brancas – vestindo-se como um anjo.
Como revigorou e reviveu da latência! Alegra-se a alma na simplicidade que, em
verdade é um verdadeiro tesouro, que no dia a dia nos oferece Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">A
VIDEIRA</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWKrcjBnXPQhH27ZdUsRmCH-0u2bWycydeokC8HZM5zPTU3GxXFIfv2-hZ2ukElGEtgqo8n4jNlHlImXwv-2kPIHHwLHf_7IZX2Gjt23iH-cy6ageIcewe-OTixDbRXukSbgmpSeA1MAK_jxD3w72dChpAWpKE5hJ3IViUqSNMS3MthRayX2eCFFnFkg/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.11.09%20AM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWKrcjBnXPQhH27ZdUsRmCH-0u2bWycydeokC8HZM5zPTU3GxXFIfv2-hZ2ukElGEtgqo8n4jNlHlImXwv-2kPIHHwLHf_7IZX2Gjt23iH-cy6ageIcewe-OTixDbRXukSbgmpSeA1MAK_jxD3w72dChpAWpKE5hJ3IViUqSNMS3MthRayX2eCFFnFkg/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.11.09%20AM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Se
tendes o amo, tendes tudo que se pode desejar sobre a Terra. (São Francisco de
Assis)</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Em certo dia, assim que a aurora surgiu
matutina, ainda no frescor da vigília da noite de silêncio das aves,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>visitei o Mundo Verde Um do meu quintal
(temos nele dois espaços – o Um com duas mangueiras, com vasos de flores e
plantas medicinais; o Dois sob frondoso umbuzeiro, onde Júlia montou sua
oficina de jardinagem, tenho um espaço para receber as aves do céu), que sempre
me proporciona momentos de prazer e alegria; momentos de paz e de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>encontro com o Criador.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O sabiá, de canto apaixonado, anunciou o dia
e a luz do sol nascente se esvaiu em matizes diáfanas na viridente folhagem das
mangueiras e multicoloridas flores. Eis que alcancei uma pequena latada à
espera da cepa de uma videira presente de Tião, sogro do meu neto Ricardo.
Tenho um carinho especial por ela, e por vários motivos. Menino lembro-me que
minha mãe, solenemente, beijava o seu áspero tronco dizendo-o sagrado. É o
sentimento que me enternece ao contemplá-la. E foi assim que, naquela manhã
descobri, entre tenras folhas, vários cachinhos com frutos em formação. Uma
dádiva, um agradecimento pela poda que meu filho Ricardo um mês antes fizera
sob a orientação do Tião. Aquela imagem levou-me a refletir sobre o que
representa a videira. Na essência da contemplação, e recordando das passagens
da vida de Jesus, ela deve ser ligada direta e simbolicamente ao Criador. Para
Allan Kardec ela é o emblema do trabalho do Criador; todos os princípios
materiais que podem melhor representar – o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“corpo
e o espírito nela encontramos reunidos: o corpo é a cepa; o espírito é o licor;
a alma ou espírito unido à matéria é o grão”</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Lembrei-me de várias passagens na Bíblia
mencionando a videira – é a árvore que dá as uvas e consequentemente o vinho,
que é considerado o sangue de Cristo. O significado da videira está diretamente
relacionado com essa dádiva de transformação capaz de trazer até<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>gente algo tão bom e positivo. O primeiro
milagre de Jesus relaciona-se à uva: a transformação de água no vinho, porque o
vinho era um corolário nas festas de bodas – foi afeição por sua mãe Maria, uma
prova de amor. Depois, na ceia, ao se despedir dos apóstolos, Ele tomou o vinho
e anunciou: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Este é o meu sangue”</i>.
Nada mais eu poderia dizer a respeito da videira lembrando que tanto na
civilização antiga, como na moderna a uva é símbolo de religiosidade e
renovação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">As plantas os animais são seres
orgânicos, vitais, portanto criação de Deus que nos ama, dando-nos a vida e a
terra para a purificação. Destaco a videira em razão de memória efetiva e
inspiração no Divino Mestre, no entanto a tudo devemos ser agradecidos e render
graças a Deus, que através de suas luzes, a exemplo de São Francisco de
Assis,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nos propõe: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Se tendes o amor, tendes tudo que se pode desejar sobre a Terra,
possuireis a pérola por excelência, que nem os acontecimentos, nem as maldades
daqueles vos odeiam e vos perseguem poderão arrebatar”</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">A
PAZ ÀS MARGENS DO SÃO FRANCISCO</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7ulFzBW0-MisFhLqGfmYdmd8FPa8XhjdGO_B7F6GssEvOBQ0hPbaLA5eZKyjPoH0EtEbAfMomsr_QAQSJz3FtCLvHb9esVhyv1RKLLhU2-EjNfM-NmvB4VOln49Cf8cNxgLfBII8Dv0v6w7N8k5euSXwehjobw16u5kxYUR1DFN9G0G2J5_DBM9z5hA/s1024/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%203.12.56%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7ulFzBW0-MisFhLqGfmYdmd8FPa8XhjdGO_B7F6GssEvOBQ0hPbaLA5eZKyjPoH0EtEbAfMomsr_QAQSJz3FtCLvHb9esVhyv1RKLLhU2-EjNfM-NmvB4VOln49Cf8cNxgLfBII8Dv0v6w7N8k5euSXwehjobw16u5kxYUR1DFN9G0G2J5_DBM9z5hA/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%203.12.56%20PM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que
podemos fazer para a fim de promover a paz mundial? (Madre Tereza de Calcutá)<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Tão serenas as águas do São Francisco em
banho colorido; de certo estão dormindo, descansando para continuar a viagem ao
seu destino quando raiar um novo dia. O seu destino é o nosso destino, sei
disso, pois ele traz as canções das serranias e, de queda em queda, ganha a
planície onde recolhe notícias dos gerais – as águas das veredas que brotam em
murmúrio, sombreadas pelos buritis, que cantam no vagar de suave brisa; desce
pelas valas abertas nos vãos, outras notícias elas trazem, depois de ter
saciado homens e bichos do chão ou do céu, revelando-se como nosso mensageiro.
Por que é o nosso destino? Se não vamos ao mar, nossos sinais deixados em sua
água vão. Em sonhos ancestrais ou telúricos temos tanto com o mar. Origem? Moto
perpétuo? É um momento de paz! Do encontro com o Criador inspirados, em oração,
pela emoção que nos inebria, na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Hora do
Ângelus”</i> colocando-nos em sintonia com o divino que fluiu da alma no
repicar dolente dos sinos. O São Francisco transmuda-se a cada momento no suave
deslizar do Sol para o ocaso (não é o ocaso da vida, mas a viagem para buscar
notícias do outro lado do mundo). As tonalidades de variedades calidoscópicas
desafiam pinceis de artistas, lentes de poderosas máquinas ou modernos
celulares. Mal passando por uma visão o quadro transmuda-se – as nuvens que
caem mansamente no oriente, as manchas, que ainda restam escorrendo do ponto
zênite e o espelho do rio que zanza em cores não antes captadas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Os são-franciscanos guardam modo de se
deleitar com o majestoso pôr do sol na cidade e, orgulhosamente, repetem: é o
mais belo pôr do sol do vale. Pois é, amigos. Encontro-me<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de olhar deitado nas águas seculares do nosso
rio, no dia em que, para nosso conhecimento, ele completa 520 anos. Vejo-o tão
belo. Mas o vejo, também, apensar sua magnificência e importância, tão
desprezado, tão judiado, tão esquecido pelas autoridades, que deveriam, em nome
do povo, dele cuidar. Qual o que, dói-me na invocação deles. Fico na saudade
mnemônica, do imaginar como era, lembrando não apenas Américo Vespúcio, que
ficou deslumbrado ao descobri-lo naquele distante ano dando-lhe o nome do santo
do dia, muitíssimo apropriado considerando a região onde ele iria cumprir a sua
missão milenar: São Francisco. Vejo um éden, imaginando o padre Azpilcueta,
descendo o Mangaí até descortinar o Opará escorrendo entre mata fechada. Era um
paraíso selvagem, formoso... E de um lado para o outro os índios em suas
bibocas... Que abençoados somos por ter está dádiva de paz ao entardecer. Sim,
falando-se em PAZ (o que tantos nos faz falta neste País conturbado pelos
políticos) vem-se à memória a frase da Madre Tereza de Calcutá respondendo a
uma pergunta ao receber o prêmio Nobel da Paz. Perguntaram-lhe: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Que podemos fazer a fim de promover a paz
mundial?”</i> Ela respondeu: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Voltem para
seus lares e amem suas famílias”</i>. Simples e profundo. Voltei feliz, como
sempre, para o meu lar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">EU,
A PALOMA E O INFINITO<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilj72ovWlmm9yNhZ8V-OvehjsRLFXX4O3Geah2TJ4UToQwqtUDdAo_IEs73jfBPDXim1WT50CFL8mV0gfI9g5QxM_zOH027HifmipVP4aLFFTvDvBKCUlyR2EwOIE_ujd8QzhgFhHDk4aPaOPxEIbn650m7d33MBPKcvmWcwCAAj6L1drG3AyZ0cbUNg/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.33.16%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilj72ovWlmm9yNhZ8V-OvehjsRLFXX4O3Geah2TJ4UToQwqtUDdAo_IEs73jfBPDXim1WT50CFL8mV0gfI9g5QxM_zOH027HifmipVP4aLFFTvDvBKCUlyR2EwOIE_ujd8QzhgFhHDk4aPaOPxEIbn650m7d33MBPKcvmWcwCAAj6L1drG3AyZ0cbUNg/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.33.16%20PM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A Natureza
onipotente age segundo os lugares, os tempos e as circunstâncias... (Emannuel)</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Certa manhã, <i>“logo depois que a
Aurora, de dedos cor de rosa, surgiu matutina”</i> (Homero), como<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>trivialmente, fui passear no meu quintal, e
então fui agraciado com um quadro divino: uma paloma empoleirada na fiação de
iluminação pública, solitária – como sempre se apresentam as pombas verdadeiras
– com seu canto suave e lamentoso; e de fundo, bem fundo, o infinito.
Emocionei-me por ser parte daquele momento, que me remetia à essência da
Natureza: Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Emannuel ensina que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“A Natureza<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>onipotente age
segundo os lugares, os tempos e as circunstâncias; ela é una em sua harmonia
geral, mas múltipla em suas produções; diverte-se com o sol, com uma gota
d´água; povoa de seres vivos um mundo imenso com a mesma facilidade com que faz
eclodir o ovo depositado pela borboleta no outono.”</i> E chama a uma viagem em
sua extensão<i style="mso-bidi-font-style: normal;">: “Ilhas de luz etérea,
caminhos estelares, paragens suntuosas, onde Deus semeou os mundos com a mesma
profusão que semeou as plantas nas pradarias”</i>. Fechando os olhos quis
viajar nesse mundo misterioso e, com os rastros das estrelas, pousar nas
pradarias floridas embebidas de perfume paradisíaco. Instante da mais pura
êxtase. Recordei-me, então, de uma citação de Rudolf Thiel em “E a luz se
fez”,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sobre o pensamento do astrônomo
Giordano Bruno em momento de arroubo celeste em suas descobertas siderais: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“O Ente Supremo não se lhe manifestava já na
Sagrada Escritura e sim em todas as coisas que havia criado”</i>. De fato,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tudo na natureza harmoniza-se por leis gerais
que não se afastam jamais da sublime sabedoria do Criador. Ali me encontrava
diante de um quadro simples, mas revelador da grandeza do Criador: eu, um
insignificante ser terreno e uma pequena ave de canto melancólico envolvidos
pela abóboda celeste de azul profundo, tudo nos revelando que somos parte da
Criação. Orar se fez preciso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O filósofo Mário<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ferreira dos Santos discorre sobre a
Natureza: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“A ideia de uma existência que
se produz, ou pelo menos se determina a si mesma, sem sua totalidade, ou só em
parte, sem ter necessidade de uma causa externa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Natureza é concebida como um princípio
vital, própria essência de uma coisa produzida”</i>. Refleti, então, que no
gozo da Natureza, nos mínimos detalhes – uma árvore frondosa, um riacho sonoro,
uma pradaria coberta de flores e pessoas –<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>estamos próximos de Deus contemplando o que Ele produziu, pois tudo no
Universo imensurável Ele proveu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Nós
homens pequeninos, um grãozinho de areia, tão inferiores a um micron, somos
parte da grande obra. Rendamos graças ao Deus misericordioso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-size: 14pt; text-align: left;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 14.0pt;">QUEM É QUE ME TOCOU?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJCPA8aERzrX5QwTpTw-O2ZJaXr_5zxRfjMRwJdKqsCjDP4mIOPLTUiG-PG3pEgFg4_6nyo_EB_wRjsazT_sZDfbHd6TVWMTD_donjVCWg9lo-eHsicvZyPAOiVhdl9N2A6e0XJ4xN4Xa3x61EuW9W-aMNWB6_fJQ00qbrdGEXvakGxzsFjT_vrhaKdQ/s1280/hemoroissa.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJCPA8aERzrX5QwTpTw-O2ZJaXr_5zxRfjMRwJdKqsCjDP4mIOPLTUiG-PG3pEgFg4_6nyo_EB_wRjsazT_sZDfbHd6TVWMTD_donjVCWg9lo-eHsicvZyPAOiVhdl9N2A6e0XJ4xN4Xa3x61EuW9W-aMNWB6_fJQ00qbrdGEXvakGxzsFjT_vrhaKdQ/s320/hemoroissa.jpeg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; text-align: justify;">Cuidai das coisas lá de cima, não nas coisas que há
sobre a terra (Colossenses).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Despretensiosamente, dias atrás,
dei-me com uma passagem bíblica que me emocionou muito e, de imediato, levou-me
a algumas digressões. A frase<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>está em
citação de Lucas, 8: 45-46. Narra um fato singelo, se não tomado em sua
extensão. Uma pobre mulher que padecia de um mal incurável, fluxo de sangue,
que não encontrara cura com médicos, tendo esgotado todos seus recursos. Soube
ela da passagem de Jesus<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>onde ela morava
e o viu, meio a enorme turba, passando pelo caminho. Com esforço aproximou-se
dele. E o que fez? Tocou-lhe, com um dedo, o manto e, imediatamente curou-se do
mal. Jesus percebeu e disse: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Alguém me
tocou: porque eu conheci que de mim saía uma virtude”</i>. Ninguém pôde
respondê-lo e ele insistiu. Nisto a mulher se aproximou e postou de joelhos aos
seus pés e se desculpou. Jesus, complacente, a ela dirigiu: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Filha a tua fé te salvou: vai-te em paz”</i>.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Esplendor de duas virtudes pregadas
por São Paulo: fé e caridade. Deu-me a consistência do entendimento da missão
de Jesus na terra: a Luz, a misericórdia de Deus revelando Seu amor aos homens.
Tão excepcional foi o fervor daquela mulher acreditando que com um simples
toque no manto de Jesus seria curada; e Jesus, ao sentir a virtude desprendida
dele: a caridade. O amor que resume inteiramente a doutrina de Cristo. Que melhor
poderíamos ter buscando Jesus?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nada mais precisaria ser dito. Mas
refleti: não estamos vivendo um tempo em que se faz necessário ressaltar a
presença de Jesus iluminando nossa seara? Nisso, lembrei-me de uma pregação do
padre Leo (um santo homem) inspirado em Colossenses, concitando-nos: buscai as
coisas que são lá de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Cuidai das coisas lá de cima, não nas
coisas que há sobre a terra”</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Então encontramos força,
especialmente em espírito – pois é através dele que podemos chegar ao Pai, não
em matéria. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“E<span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">ncontrar uma meta e manter o passo firme
em direção às coisas que estão no Alto é próprio daqueles que sabem superar os
desafios e que não se deixam abater diante das dificuldades. Para aqueles que
não querem parar nem desanimar diante dos problemas, é preciso continuar!”</span></i><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;"> – Pe. Leo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-themecolor: text1;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O que vamos levar carimbado, em nossa vida na terra, para
depositar aos pés do Criador como legado de uma vida que se passou, da qual
nada fica para merecer refrigério na vida espiritual? Tenho<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>certeza, como tantos brasileiros, sem querer
fazer qualquer juízo, mas na reflexão do que vejo e sinto, que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em nosso sofrido País, muitos políticos e
magistrados estão agarrados aos bens temporais, carimbando o perverso
que, certamente, não serão propícios ao Criador. Serviria de consolo? Não,
seria de imensa tristeza.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">POEMAS<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit01BVqIr-wpWB9aBT5nueU3HCbKdThel1WrLnxZzmqwGvoccy8BPxwPU7T4cdg9HeFnBfhSWQJQ9D7ebOgGkjJ-FXVv5wFTUYo6wMblCBqIG1a4uqXtZaoad36D8nBmKb7-ubQpdjiVo_W52dBV_ywON_2zT19oykyxqHlJlMXhH9_N8fJvrgPPU5UQ/s4320/IMG_4378.JPG" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="3240" data-original-width="4320" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit01BVqIr-wpWB9aBT5nueU3HCbKdThel1WrLnxZzmqwGvoccy8BPxwPU7T4cdg9HeFnBfhSWQJQ9D7ebOgGkjJ-FXVv5wFTUYo6wMblCBqIG1a4uqXtZaoad36D8nBmKb7-ubQpdjiVo_W52dBV_ywON_2zT19oykyxqHlJlMXhH9_N8fJvrgPPU5UQ/s320/IMG_4378.JPG" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">NAMORO
A LUA<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Lua,
por que me olhas tanto<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Viajando
no céu do meu universo?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Feliz
me rendo ao teu encanto<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Encontrando-me
em sonho imerso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Tu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>serena no passeio, etérea<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Pareces,
a mim<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>apaixonada<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">E
fico a cada mês à tua espera<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Viajando
na trilha celeste prateada<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Eu
penso que me olhas, então<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Pois
não me escapas ao olhar<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Sinto
até que sou teu namorado<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Deveras,
tens meu coração<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Contigo
por tempos posso viajar<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Parte
de tua jornada embriagado<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">A
Lua vista do jardim de Gisele e Renato no encontro<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>feliz do aniversário de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>casamento deles, dia 5.2.2022<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">O
QUE É A REALIDADE?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi668EQnHF46jscLIKT6LEa-eaDKYfCU5FkWYVqghdcFxnztnk6MyzQ1c5KzqMVf-3Rge-CR9eKRcZNjQZlCDU7VvQGujTwnitRsJVOGBe3XllLTANbk0qFhEhPZD5CPFCWTDtHj5h42ZCr0WVVSKKyFNZAzwoxf9W4KD_80TNr5FiHS4NjCR4V8lL-2g/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-07%20at%203.48.22%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi668EQnHF46jscLIKT6LEa-eaDKYfCU5FkWYVqghdcFxnztnk6MyzQ1c5KzqMVf-3Rge-CR9eKRcZNjQZlCDU7VvQGujTwnitRsJVOGBe3XllLTANbk0qFhEhPZD5CPFCWTDtHj5h42ZCr0WVVSKKyFNZAzwoxf9W4KD_80TNr5FiHS4NjCR4V8lL-2g/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-07%20at%203.48.22%20PM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Aquelas não são
as estrelas refletidas no lago<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">São sombras de
estrelas que dormem ali há muitos séculos (Robert Hilles)<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O
que vejo hoje no céu já não existe<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O
brilho das estrelas é de tempo passado<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A
iluminância do caminho de Santiago<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Como
a luz do Sol, não é deste tempo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A
brisa que serena e suave nos beija, foi...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A
água do rio que passa, não volta jamais<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Os
bons e maus momentos também passam<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O
relógio do tempo aponta para o amanhã<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">As
fotos que guardo são lembranças<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Lembranças
de tempos passados<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Que
alimentam tão viva as saudades<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">No
olhar velado é de tempo passado<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Então,
se tudo do cotidiano passa<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Vivamos
com intensidade o momento<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Tendo
no coração que na vida tudo passa<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O
momento é a porta do amanhã<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">LOUVOR E LAMENTO<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 70.8pt; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHdT0ZclLMdJKS-P0_R0-qwzVwU2abdnKrJk24SoQKcwp8YGfTSjL1-OT9ceNJ2DjeoNCIqW-gaUXxGvZFesvVDEcg3KLSSX_Htp890Ttg1JFOKgVOXzpDqtSrIPDQiice9tuPGbyNAsvfD9mRFm-cS0OhitDpeVUj7_WepQHgWHRH4hPYFSLrDnKOsA/s500/feto.jpg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="375" data-original-width="500" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHdT0ZclLMdJKS-P0_R0-qwzVwU2abdnKrJk24SoQKcwp8YGfTSjL1-OT9ceNJ2DjeoNCIqW-gaUXxGvZFesvVDEcg3KLSSX_Htp890Ttg1JFOKgVOXzpDqtSrIPDQiice9tuPGbyNAsvfD9mRFm-cS0OhitDpeVUj7_WepQHgWHRH4hPYFSLrDnKOsA/s320/feto.jpg" width="320" /></a></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #202124;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>I -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ode à alegria do que veio;<o:p></o:p></span></i></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #202124;">II - Ode à tristeza do que não veio.<o:p></o:p></span></i></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #202124;">III – Ode à reflexão<o:p></o:p></span></i></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #202124;">“... se o homem não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus” <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>João 3:3<o:p></o:p></span></i></p>
<p style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 106.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Hosana! Ao criador do
Universo rendo graças!<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">O principio das coisas
está no segredo de Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Hosana! Ao Senhor o dom
da vida, rendo graças<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Eis porque sou partícula
ínfima do Seu mistério.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">E me vem, então,
perguntar por que eu nasci?<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Benfazejo por uma
mulher<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>me fiz homem.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Ela me guardou em seu
ventre velado de amor.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Se pela vida rendo
graças ao Senhor<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Criador,<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Foi por meio dela que me
tornei parte do mistério<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Foi ela o templo
abençoado da minha vida.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 70.8pt; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">II<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 70.8pt; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Eis que outro plano na
vida me destampa...<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Então choro pelas
sementes não vingadas<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Choro pela expectativa
de uma alma sem um corpo<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">E mais choro ao
descerrar a cortina da negação<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Ato de desobediência ao
plano do Criador.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">No plano dos homens,
contrariando a Natureza<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Ao que seria não foi
dado deliberar seu destino<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">O que foi plantado, não
viveu o primeiro pulsar<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Por ele decidiram que
não teria o direito de vir <o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Quem, senão Deus, pode
decidir o direito à vida?<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">III<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">Ao nascer, o grito que
escapa da criança<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">anuncia que ela se conta
entre os vivos e servidores de Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">A união da alma com o
corpo começa na concepção, <o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;">mas não se completa
senão no momento do nascimento.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background: white; color: #202124;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;"><o:p> </o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;">IMPERMANÊNCIA<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 35.4pt;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 35.4pt;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTJ9Aib3Fv4rXhP_zBW_yiLuYTSIuZfFs4SVBbuFMvEqcZGPY0OqiGzJvtFEYz10rz4f5ygrryDLQ6nXUngP2GO58qmhY44AfeUIHJPW74FXzZlQP5L2tzjB9Qmz632SObKg5Ftm4aJfm-m7wKiyWAqn53mz0oiICJfvFrsOad_rF4b7e1Q83Fd6zv_A/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.31.49%20AM.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTJ9Aib3Fv4rXhP_zBW_yiLuYTSIuZfFs4SVBbuFMvEqcZGPY0OqiGzJvtFEYz10rz4f5ygrryDLQ6nXUngP2GO58qmhY44AfeUIHJPW74FXzZlQP5L2tzjB9Qmz632SObKg5Ftm4aJfm-m7wKiyWAqn53mz0oiICJfvFrsOad_rF4b7e1Q83Fd6zv_A/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.31.49%20AM.jpeg" width="320" /></a><span style="mso-tab-count: 5;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 35.4pt; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;">Da sabedoria oriental veio-me o conhecer:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 35.4pt; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;">Que em cada momento<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>é preciso viver<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;">A busca da
perfeição para o qual tende o devenir<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A essência da vida intensamente
usufruir.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sou ínfima parte do mistério da dádiva do
Criador<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pequenino, mas tenho Sua graça e o
seu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Amor<span style="mso-tab-count: 2;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na trajetória pelo espaço sideral de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma ida<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Que em voo perpétuo se desprende<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;">E em novos
campos ganhar uma nova vida<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Inaugural que do passado se despede.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><o:p> </o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;">Tenho então, numa passagem, um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>momento<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em que me ocorre um fulgaz
pensamento<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;">Encontrando-me<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>à beira do meu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>rio, inebriado<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mergulho
os olhos nas águas em movimento <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vejo que elas passam e que não as verei
jamais.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E ainda, que nem o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>meu momento terei mais<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não voltarão aquele rio e o meu momento<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;">Acabou. Tenho a compreensão do transitório.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A
impermanência é a chave do meu pensamento<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Naquele momento não volto, nem o rio. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">MALU<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_l6TS_M_qFLe6kecSZ0PIDVPgvHcJmOY7abyOeTmqStbsOfrLS9hHW_mCHuTDUBVVKffqL8qFY5iqmixfjPLZyUTGHq4hsdsaJLzjoXvGRXwf3yCb97KsMWgh58jtTeQj3HMQBey9Lp9Ebx4ocICc2Y7tui6cX-C9S13PG5p_V5RSdKdeD3ht3cs4cg/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.34.12%20AM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_l6TS_M_qFLe6kecSZ0PIDVPgvHcJmOY7abyOeTmqStbsOfrLS9hHW_mCHuTDUBVVKffqL8qFY5iqmixfjPLZyUTGHq4hsdsaJLzjoXvGRXwf3yCb97KsMWgh58jtTeQj3HMQBey9Lp9Ebx4ocICc2Y7tui6cX-C9S13PG5p_V5RSdKdeD3ht3cs4cg/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.34.12%20AM.jpeg" width="240" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Sorrisos, beijinhos e palminhas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Nossa aurora cor de rosa despontou<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Tantas vidas cobrindo de alegria<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Em um passeio angelical<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Uma estrela em nosso universo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Figurinha prendendo olhares<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Raio de luz, suave canção<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Encantando o nosso cantinho<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Sorrisos, beijinhos e palminhas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">E o balbuciar como música<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Olhinhos puros e brilhantes<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Descortino da vida que chegou<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">É ela, nosso mimo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">É MALU!<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #1d2228; font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Passagem da bisneta Malu (Larissa e Rodrigo) em nossas vidas,
apenas dois dias, mas valeu pelo imenso contentamento;<o:p></o:p></span></i></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">ANALUA<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">LUA<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">ANA<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">ANA<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">LUA<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyoD24KYdjndMONOzRmSiqMuXj_MwNifWxRx0Np8hkilHqGfKU3OD31K_Uy1NzpDxfLsDPgSql10LueO8fMrsMFUZCnOS0eTgIc1y7J0Xgdjfndw8wKraExXpefVas4hGvRMbvza6CubOadS07m9soy-7Q6510La8t57-Of37q80ZubS9REFRH9Exuxg/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.35.29%20AM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyoD24KYdjndMONOzRmSiqMuXj_MwNifWxRx0Np8hkilHqGfKU3OD31K_Uy1NzpDxfLsDPgSql10LueO8fMrsMFUZCnOS0eTgIc1y7J0Xgdjfndw8wKraExXpefVas4hGvRMbvza6CubOadS07m9soy-7Q6510La8t57-Of37q80ZubS9REFRH9Exuxg/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-21%20at%2010.35.29%20AM.jpeg" width="240" /></a></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Brincava eu com<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>palavras do meu dia a dia<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Em uma noite de céu bordado de
estrelas<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Então vi em ponto brilhante
no<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>zênite <o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Cintilar de uma luz vinda do orto
dos astros<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Ela cresceu na passagem
entre<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>estrelas<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Trazendo lembranças do universo
de Deus<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">E chegou ao nosso mundo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>encantado<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Transluzindo como as cores do
arco-íris<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Cintilante como diamante
caleidoscópio<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Ora viva! Entoaram vozes em
festa. <o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">A suave luz, enfim, se fez
sementinha<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Iluminou e agraciou o ventre de
uma mulher<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Uma esperada vida se anunciava,
então.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Exulta o jovem pai que já
namorava a lua<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Dos astros a mais serena e
cantada<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">O jovem casal então, docemente,
proclamou:<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">É preciso dar a essa luz uma
graça<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Mais graciosa ela ficará em no
novo mundo<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Na sua jornada terrena terá uma
amiga: Ana<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Ela chegou ao convívio do nosso
mundo<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Então todos proclamaram: Ave!
Temos Analua!<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">À bisneta Analua (Giovanna-Gustavo) dos mistérios da vida,
inaugurada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dia 17 de dezembro.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span face=""Arial","sans-serif"" style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">ONDE ESTOU<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzlYpCSN3f6G360jozrwGVFkpm4AgTjOlY5yoD5SnKa4itkfrPM8pCB-f1HLdFpezAfK0Ysx2_WrHMlzHCotbPKb6zRn7lXu2Fd0m95wjabgj5jeDOY_Fj5OySYX4qBK-ovgDhcW7j4Lj4BWP-315aidshkG81HBw8FXCraNR7bpD0grVH3TZL-OEJJQ/s4000/IMG_9979.JPG" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="2664" data-original-width="4000" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzlYpCSN3f6G360jozrwGVFkpm4AgTjOlY5yoD5SnKa4itkfrPM8pCB-f1HLdFpezAfK0Ysx2_WrHMlzHCotbPKb6zRn7lXu2Fd0m95wjabgj5jeDOY_Fj5OySYX4qBK-ovgDhcW7j4Lj4BWP-315aidshkG81HBw8FXCraNR7bpD0grVH3TZL-OEJJQ/s320/IMG_9979.JPG" width="320" /></a></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Céu, Terra, Água:<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Elo secular da vida<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">No espírito eterno de Deus<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">É<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>o nosso universo. Manas:<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">O vir e o ir nos eflúvios<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Que nos sintonizam<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Muito além do<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pensamento.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Então, o que vejo e sinto:<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Campos rasgam horizontes,<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Neles flui meu espírito<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Duende passeando no tempo.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">A natureza verde balança,<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Flores miúdas esvoaçam-se, <o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">O ar inebriado fica de perfume.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Na orla de trilha rumo de veredas<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Vicejam canteiros de ciganinhas;<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Peço licença às abelhas que libam<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Para ter na mão a rubra flor;<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Em cantigas dos gerais<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Balançam as palmas buritizais,<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Pouso dos alados modo vestal.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Deles o alarido leva a brisa,<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Desperta os gerais no
encantamento.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">A deidade assume minha alma,<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Nas asas soltas o espírito se
liberta<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Mergulha feliz no Empíreo.<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 141.6pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">JNM 28.12.2022<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">AS ESFERAS E O HOMEM<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI21PZ5pbPWtykCw3HZzs9VRc3ZsmviBAV258A71yAVHRrj8eCVuAIzs-WkZ4AfAOvfjHEnIYbYd4LKrWxSTZEzP4BDZblwfQyK1eaidb4cC9D3DcPRmNVCVF186AWFdtGiiFWEnA2jnFhp4EIAQ-AQIlAmyvJMNeRh3Ezi6Z_dMEVzLm-om1jAoSPCA/s3000/The_Blue_Marble_(remastered).jpg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="3000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI21PZ5pbPWtykCw3HZzs9VRc3ZsmviBAV258A71yAVHRrj8eCVuAIzs-WkZ4AfAOvfjHEnIYbYd4LKrWxSTZEzP4BDZblwfQyK1eaidb4cC9D3DcPRmNVCVF186AWFdtGiiFWEnA2jnFhp4EIAQ-AQIlAmyvJMNeRh3Ezi6Z_dMEVzLm-om1jAoSPCA/s320/The_Blue_Marble_(remastered).jpg" width="320" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Na visão do etéreo a terra é uma esfera azul.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Olhando de baixo, a lua é uma esfera prateada<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">E o sol uma esfera brilhante<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>e dourada<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">No olhar da terra é outro o panorama<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Ela não é exatamente bela e <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>redonda<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Geoide é seu corpo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a
poucos dado ver<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O que se sabe dos cumes do Everest<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Da misteriosa Fossa das Marianas?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Cordilheiras enrugam sua superfície<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Valas profundas rasgam o seu solo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Colossais oceanos gravitam profundezas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Calotas de gelo enterram seus polos<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Dourada areia cobrem leitos de campos áridos<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">A exuberância é exibida no verde das matas,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Parte por<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>parte nosso
habitat é formoso,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Mas ao apreciar o todo, sem olhar espacial<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">É possível de se ver<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um
triste cenário.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">O modo de ver e sentir o que nos cerca<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Também leva a sentimentos<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>diversos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">É o que acontece com muitos homens,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Que à distância têm impressionante imagem,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Chamam a atenção e todos os admiram<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">De perto, contudo...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Eles têm boas palavras e riqueza de ideias,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Que em verdade nada têm de real.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Ensina o Tantra:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é
perigoso ficar apegado a elas:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">As palavras têm tendência estreita e limitada<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Não se iludam com o brilho prateado <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Nem se encham de êxtase com o dourado,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Menos ainda com<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o
azul<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fictício,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Ao contemplar muitos homens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Que como as palavras, são apenas cores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Que sem a luz perdem a expressão.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><o:p> </o:p></p><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><o:p><br /></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">NO TÚNEL DE DEUS<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><o:p> </o:p></p>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_U01d_-Arfz6igMN4pwv358UrBf8chkc4RNBqHAvmL3_0Z4uUZ8-z8UmzQO8fA4v-Dc8jb9UFX2oZ9pTjBEKRNBUloPfF-fWj0fSdXvJtlQ_p8i7-8FzwvyLji3sWhNF5D3IIjTK0CACZYtCUaC_jElSOJIYs2Jy4rCZLNXf3SzfoQrP7dqlfOV8Fdw/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%206.29.45%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_U01d_-Arfz6igMN4pwv358UrBf8chkc4RNBqHAvmL3_0Z4uUZ8-z8UmzQO8fA4v-Dc8jb9UFX2oZ9pTjBEKRNBUloPfF-fWj0fSdXvJtlQ_p8i7-8FzwvyLji3sWhNF5D3IIjTK0CACZYtCUaC_jElSOJIYs2Jy4rCZLNXf3SzfoQrP7dqlfOV8Fdw/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%206.29.45%20PM.jpeg" width="320" /></a><br />
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Não, não era uma estrada usual;<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Não, não era tão somente um
caminho;<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">O que suscitava a minha emoção<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Com o olhar contemplando um túnel,<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Formosa e viridente aleia<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do homem não plantada. <o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Fluindo em espírito por árvores
tantas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em fila<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Senti o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>abraço amorável da natureza<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Colhido na emoção sentindo a
presença de Deus<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Graça espargindo ondas verdejantes
na pradaria<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Margens enfeitadas de colchões de
gramas<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">No brilho esplêndido do sol
vespertino.<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Não, não era uma simples estrada.<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Era de fato um túnel, o abraço da
natureza,<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Era, dela, um altar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>erigido à paz<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Trazendo aos nossos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>olhos e ao coração <o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">A magnificente imagem<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deus<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Que se revela em todas as coisas
que Ele criou.<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><o:p> </o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 11pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Cenário: trecho da rodovia
São Francisco – MOC entre o aeroporto e Croá <o:p></o:p></span></i></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><o:p> </o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">ENCONTRO DE ALMAS FELIZES<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><o:p> </o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="mso-no-proof: yes;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="mso-no-proof: yes;"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp7BlfFFWenXx1ysS6twHkD4nKYrLQcCHXK0MwQ5r5alep8AbuCcBW9pChjvqJ6qjQc_d_ajAj-8d0akQcr14ew40TnCFTH4WMvuoGq4WNX7GkdGBge2E47L1LB6Y0sEWNwTZorwcKa-5CsKqIUVu_2XypNroLv4Qdib0cyg4cFHxBM33OaRewhHoO0Q/s1958/Sem%20t%C3%ADtulo-1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1958" data-original-width="1470" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp7BlfFFWenXx1ysS6twHkD4nKYrLQcCHXK0MwQ5r5alep8AbuCcBW9pChjvqJ6qjQc_d_ajAj-8d0akQcr14ew40TnCFTH4WMvuoGq4WNX7GkdGBge2E47L1LB6Y0sEWNwTZorwcKa-5CsKqIUVu_2XypNroLv4Qdib0cyg4cFHxBM33OaRewhHoO0Q/s320/Sem%20t%C3%ADtulo-1.jpg" width="240" /></a></div><br /><p></p>
<br />
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Poesia. Música. Compasso.<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">De suave cadência ao madrigal<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">A mente se abre à palavra<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">E o audível revela o inaudível<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Dissolvendo-se a poeira etérea<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Das coisas rudes e palpáveis<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Revelando-se o enigma de Orfeu<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">No seu canto de amor à amada<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Se Plutão e Plutarco em suas eras<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Se<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>renderam aos Hinos Órficos<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">O que se diria de nós, hoje <o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Quando sob<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>céu escampado<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Elevamos felizes nossas almas<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Na transmigração nos tempos<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Que na peregrinação são eternos.<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">E felizes, tanto, entrelaçamos
sonhos<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Abraçamo-nos no altar da irmandade<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">A poesia, a música levam à
libertação <o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">De tanta e sofrida aflição
anunciada<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Esquecidos, leves no ar, soltos<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Abraçados haurindo os dons do
Criador<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">A poesia. A música, o Compasso<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Harmonia do Universo revelada<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Como é bom cantar o Amor<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">Que refulge reluzente num abraço.<o:p></o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><o:p> </o:p></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 11pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Um tributo à amizade: sarau
reunindo Dudu (violão e voz), Creuza, Beatriz, dr. Francisco, Jandirinha, Edilton
e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>João Naves (vozes); Emannuel (caron
acústico) Vilma, André, Julinha (a tenente), Rachel, Allan (mestre do churrasco)
Maria (a graça pueril; Nádia corolário da confraternização. <o:p></o:p></span></i></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><o:p> </o:p></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">SOLITÁRIO E O RIO<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXs1VK8KYLw06b7Kgdba-1rMdjYcD_crbocWxKrXG7lCgbNtp0kSwNue1bkJFymut9_nOwfiXMScDw1a-zL5QvRBjidgL1rTnxUNAtMjDLZ7a2XpewEpaOzL6dmmVjt1Rebj5frP41uYxSt3fn2g_Z1-R1zRreRCK9_SG9uCK09jybD83-ULvQjMuBGA/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.22.02%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXs1VK8KYLw06b7Kgdba-1rMdjYcD_crbocWxKrXG7lCgbNtp0kSwNue1bkJFymut9_nOwfiXMScDw1a-zL5QvRBjidgL1rTnxUNAtMjDLZ7a2XpewEpaOzL6dmmVjt1Rebj5frP41uYxSt3fn2g_Z1-R1zRreRCK9_SG9uCK09jybD83-ULvQjMuBGA/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.22.02%20PM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Solitário pensa o rio<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Esquecido na placidez<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Das águas que buscam o mar<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Pensa ser ancorado ali<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com o ideal de viajar além<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Inda que raízes do sentimento<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O prendem mais nas barrancas<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Solitário embevecido no
belo<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Na serenidade que inspira o rio<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Vai, de pensar, mas fica
ali<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span face=""Arial","sans-serif"" style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">O JATO<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHs74hGx87GRyVfdt1ouMj3sTgkHpqewka7zC6DmUJpC4_xghyVu_UU7_MTB00zNXlYG-5KVDxJoxSXBsMuevV66NBhUA5dyEP2Zq27DUPQX5IAYMyTAztyjtn9R4YA7OcBUU5lyXgugS3f04M20QWEYNOkkQEvDt6KfQArKOjpkUyge_EZz9wAkZLsQ/s1600/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.21.07%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHs74hGx87GRyVfdt1ouMj3sTgkHpqewka7zC6DmUJpC4_xghyVu_UU7_MTB00zNXlYG-5KVDxJoxSXBsMuevV66NBhUA5dyEP2Zq27DUPQX5IAYMyTAztyjtn9R4YA7OcBUU5lyXgugS3f04M20QWEYNOkkQEvDt6KfQArKOjpkUyge_EZz9wAkZLsQ/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.21.07%20PM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Jato numa manhã de chuva<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">De sua passagem ficou o sonido<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Reverberando sobre colchão
volátil<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Rápido, tão veloz à linha do
horizonte<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">No ponto, é certo, do seu
destino;<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Passou e deixou sua canção no
etéreo<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">E naquele momento de fusão<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Em raiz na terra plantado, sem
ir,<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Revirei sentimentos esquecidos <o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Com o corpo não vivo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a viagem<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Mas no sonido de sua passagem
revivo<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Vem-me<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a sensação de sentida saudade<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">Mas de quê?<o:p></o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="background: white; color: #333333; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></strong></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;">SONHO<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ4O-47gJcjWJOgXtaIUVpwDrTkLjiES-8-g3kca7w3BxGvUGKaRbXKy0g6wmBZ5cDAwK1UZ5rT9Th_rkvs-2BL1P1BtzFwwZt5TdXBQSMdq-6tC9jO-cZxgnzHJZfHWV3LTQixBIZYQKx98X7J1kAV4Egjy_I6UO7lmRnMVHsu_j0B9ZFY5qvf6zEUA/s929/sonho.jpg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="929" data-original-width="660" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ4O-47gJcjWJOgXtaIUVpwDrTkLjiES-8-g3kca7w3BxGvUGKaRbXKy0g6wmBZ5cDAwK1UZ5rT9Th_rkvs-2BL1P1BtzFwwZt5TdXBQSMdq-6tC9jO-cZxgnzHJZfHWV3LTQixBIZYQKx98X7J1kAV4Egjy_I6UO7lmRnMVHsu_j0B9ZFY5qvf6zEUA/s320/sonho.jpg" width="227" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Um
olhar</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Maneio
de corpo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Sorriso
de Madona<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Mão
acenando<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Nenhuma
palavra<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Seria
um chamado<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Meiguice<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Foi
um sonho<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">PAINEL DO MÊS DE
AGOSTO<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT7IiHqTg04x3SVj_GRc5UwQRJs72Zq4qwQDREN1ALqpdvI8mFbABye1GLcPAXvi7rPV5J4_TTwZ82UM8xDfbZHjvq8qZpKV0IGUq-a7OdzVLzhmT-v98dRnv4pKIksE9QrdG_YqjqCM6SPCMip2Z3qOwD3i5VR5o2jczo7XaLhGnqoDmDbQwUm3JHZw/s1280/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.27.08%20PM.jpeg" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT7IiHqTg04x3SVj_GRc5UwQRJs72Zq4qwQDREN1ALqpdvI8mFbABye1GLcPAXvi7rPV5J4_TTwZ82UM8xDfbZHjvq8qZpKV0IGUq-a7OdzVLzhmT-v98dRnv4pKIksE9QrdG_YqjqCM6SPCMip2Z3qOwD3i5VR5o2jczo7XaLhGnqoDmDbQwUm3JHZw/s320/WhatsApp%20Image%202023-02-17%20at%2012.27.08%20PM.jpeg" width="320" /></a></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Qual manto de sisudez<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O cinza tinge o sertão.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Árvores e árvores ressequidas,<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Galhos tortos desfolhados<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">À míngua de chuva/vida.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Há de se ter o prenúncio da
Primavera.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Não por encanto, por esperado,<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O amarelo como gotas de ouro <o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Surge rendando o teto do sertão;<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">De espaço em espaço pingado<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Reluz o sol em brilhantes ipês<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O festival do amarelo.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Outras floradas ganham
exuberância:<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A caraibinha, da branca à roxa;<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A sucupira preta vestida de roxo.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Há de se ter e o perfume exalar<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Da branca flor da sambaíba,<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">De cálice aberto aos beijos das
abelhas.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">De tronco mais fornido, como rei,<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mais espaçado, o pequi abrindo-se<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Em flores brancas e tão suaves,<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Promessa de riqueza no sertão.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na beira do rio o pajeú<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Vestindo-se de flores verdes.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">AGOSTO! Ainda sem chuva<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Anuncia-se a Primavera<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Sertão: cerrado, mata seca,
barrancas<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Tudo seria infinitamente durável<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Não fosse a ganância de homens<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que por dinheiro destroem um
paraíso<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A natureza resiste! Agosto se
repete!<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Por obra de Deus sempre se
repetirá!<o:p></o:p></span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-22900255348823994462023-02-11T06:29:00.001-08:002023-02-11T06:29:11.086-08:00RESGATE DE UMA HISTÓRIA<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMas2G-s7JtEjIKU5E_w5wjg9lYDQsRqxhkJqqQhMAdTB0NRu0Mda-10Mh58r6S1r2vW0ntHY3KGLswT4pbU2v_FvuyYK0_Wp_wlMGat9gRvv-MJ3UO1VErwhFNM4It9Bf4ICioR8cUkAtl_2QQ67ItWezmzuvhallhwwGXcygSb_izzkKeCe1u3xxDg/s2365/serra%20urucuia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1543" data-original-width="2365" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMas2G-s7JtEjIKU5E_w5wjg9lYDQsRqxhkJqqQhMAdTB0NRu0Mda-10Mh58r6S1r2vW0ntHY3KGLswT4pbU2v_FvuyYK0_Wp_wlMGat9gRvv-MJ3UO1VErwhFNM4It9Bf4ICioR8cUkAtl_2QQ67ItWezmzuvhallhwwGXcygSb_izzkKeCe1u3xxDg/w400-h261/serra%20urucuia.jpg" width="400" /></a></div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">JOVANE
VOLTA AO URUCUIA</b></div>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;"><span> </span>Anos transcorridos, foram tantos! Jovane estava de volta
ao Urucuia, pois de saudades tantas não mais resistia ficar à distância do
mundo que um dia construiu. Era, afinal, um amor amalgamado no sentimento de um
nobre ideal. Precisava estar mais uma vez onde plantou</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;">sonhos e teve fase tão rica e prodigiosa de
sua vida, conquanto em tão poucos anos. Ora, anos não contam, não existem o
ontem, o hoje e o amanhã quando se navega na corrente contínua do vir-a-ser: <i>“a
consciência profunda que não é limitada pelo nascimento e morte, nem pelas
formas individuais de aparências”</i>, ensina o misticismo tibetano. Ali ele estava
no espaço onde viveu circundado por exuberante natureza, pois dela não se
desligou. Então, ali alojados estavam seus fluidos espirituais agora, neste
retorno, por que trouxe e como chegou o seu corpo? O que intuiu a sua viagem? Foi
sentimento de buscar a verdade de alguns fatos para dissipar as dúvidas que lhe
ocorreram, por informações, a respeito de uma narrativa que o levou a publicar
um livro contando uma história que ali teve como cenário. Pretendia</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;">fazer o resgate de uma história, ou de uma
lenda, que muitos anos passados narrou-lhe um velho urucuiano – a lenda de dona
Joaquina, a matriarca que fundou a fazenda Conceição, agora próspera vila, sede
do Núcleo Colonial Vale do Urucuia plantado pelas Escolas Caio Martins.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%;"><b>COMO FOI O POUSO DE
JOVANE NO REGRESSO</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span> </span>Jovane chegou pelos gerais de tanto
sentir vontade de correr pelas veredas para ouvir o canto dos buritis com o
sopro do vento; ouvir o chuá suave da água nascendo de locas enfurnadas nas
raízes de gigantes palmeiras; percorrer trilhas das seriemas no emaranhado
de árvores retorcidas, pequenas de ser e
de quase nada de sombra dão a cair no capim de ano; de se colorir nas
ciganinhas para recordar do amigo Saul Alves Martins, que viaja no etéreo e de
lá vigia o sertão; de arrancar raízes do carapiá e se inebriar em seu perfume
recordando o amigo sertanejo Zé Guedes, companheiro de jornadas embrenhando no
cerrado; passar por um rancho de palha de buriti, perdido em campos não
visitados, e recordar do amigo Domingos Diniz, que tanto cantou, com tanta
sensibilidade, aquele cenário; contemplar
filhotes de emas escondendo-se, serelepes, em moitas de capim de ano buscando na
memória Audálio Lisboa, que até escreveu
um belo poema com o título de Ema Xandu, ave que vivia no Núcleo do Carinhanha,
como amiga dos meninos ali acolhidos; trotar por uma estrada amaciada por um tapete
de areia branca, caminho para as fazendas Cabo Verde e Brejo Verde recordando dos
bandeirantes Geraldo Moreira e Geraldo Saldanha, no Brejo Verde e Lourinho e
Raimundo Melo, no Cabo Verde, extensões do Núcleo; no topo da serra da Conceição deteve-se no socalco até onde chegou a
tentativa de abertura de uma estrada para as fazendas Brejo Verde e Cabo Verde,
projeto frustrado pela impossibilidade de ultrapassar uma barreira de pedras,
lembrando, então, de Zé Maria no comando do trator de esteiras Nordest Vander. Ao
descer a rampa, deparou-se com a primeira casa, que fora levantada sobre as
ruínas da casa sede de dona Joaquina para abrigar Zezinho Cearense e sua
família, contratado para construir um aqueduto (famoso Rego) para captar água
do pé da cachoeira do Conceiçãozinho para consumo do Núcleo; perto dali a casa
dos Bandeirantes, transformada em lar
para os pequenos internos no Núcleo, e lembrou, então, de Pedro Buchene, Flávio
e Jonas, que ali se abrigaram no amplo quarto da frente. Depois, estendeu o olhar na direção do rio Conceição
e do bosque de angicos vindo a lembrança do rancho construído com palhas de arroz e buriti, depois melhorado
com alvenaria e telhas portuguesas, e lá viu o quarto onde morava com o companheiro
Chico Bandeirante, o doutor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span> </span>Tudo estava no mesmo com poucas
mudanças: uma nova igreja onde foi entronizada a imagem de Nossa Senhora da
Conceição, que acompanhava os bandeirantes, não muito longe da ruína da
capelinha construída por dona Joaquina para a mesma santa. O espaço da
natureza: para o Leste o capão de angicos à margem do rio Conceição; a Oeste a
serra da Conceição, imponente; para Norte o córrego Conceiçãozinho que escorre
da cachoeira Conceiçãozinho desaguando no rio Conceição – ali tudo é Conceição,
muito importante, sinal de fé; para o outro lado a estrada de saída para a
fazenda Boa Vista dos Palma, São Romão e Pirapora. – neste passeio Jovane encontrou outra
estrada de saída, em direção contrária. Que cenário!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Assentado em seu velho ninho, pulcro
e feliz, desceu até a praça palco de seus encontros com Chico e Audálio nas
noites em torno de uma fogueira – cenário onde, ficticiamente, ele ouviu as narrativa do velho Zacarias. No
crepitar das brasas Chico cantava, com acompanhamento de cavaquinho, belas guarânias,
imortalizadas na memória de Jovane. De quando em quando o encontro à beira da
fogueira se dava iluminado pela lua
cheia, um belo espetáculo de beleza naquele encantado sertão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> O que procurava Jovane? O que
inquietava seu espírito motivando o retorno às plagas urucuianas? O motivo
tinha origem na lenda contada e narrada pelo velho Zacarias? Contudo, de tal
como era contado e falado pelos moradores da fazenda e região, estava tudo tão
bem dito. Então, o que suscitou ao Jovane revirar a história?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Ele conta. Partindo da Conceição,
por ordem superior, ainda que não quisesse cumpri-la para não deixar o Urucuia,
vivendo noutras plagas, decidiu voltar aos estudos escolhendo o Direito, posto
que não tinha condições de cursar o que mais condizia com sua vocação, a Agronomia.
Sua senda foi outra, a partir daí, trilhando outras veredas, mas sempre fincado
raízes no campo da educação. Escreveu muito em jornais, que dirigia –
reportagens, crônicas e poesias, estas em grane quantidade. O amigo poeta
Fernando Rubinger insistiu para que ele publicasse um livro com seus poemas.
Depois de muito relutar, ele publicou seu primeiro livro: O Homem e suas
tempestades. Contudo não tirava o Urucuia do pensamento, carregando-o com
profundo sentimento de saudade, e isto o levou a escrever um livro de
memórias: <i> “A saga de um urucuiano”</i>, que
teve enorme repercussão, especialmente na apreciação do mestre Saul Martins,
que o prefaciou, e dr. Oscar Caetano Jr., que fez brilhante comentário sobre
ele. Os dois livros motivaram o amigo e incentivador Domingos Diniz a cobrar a criação
de um romance. Relutou o quanto pode, mas acabou cedendo. E o tema? Não tinha
nada às mãos. Foi então que voltou ao Urucuia e se viu, de novo, à beira da
fogueira com Chico e Audálio assando úbere de vaca, ouvindo as narrativas do velho Zacarias a
respeito de dona Joaquina. Seria o tema do romance... e assim foi. Saiu o
livro: <i>“Joaquina – uma lenda urucuiana – Narrativa do velho Zacarias a um jovem
bandeirante”</i>. O romance, com a ajuda do amigo Dirceu Lelis na recapitulação
geográfica e valiosas sugestões de seu filho Ricardo, ficou excelente, muito
bem recebido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Eis que, com o livro pronto, chegou
às suas mãos uma carta enviada por um descendente de dona Joaquina contando a
história com outro enredo. Jovane lembrou, então, que baseara o seu romance
apenas na narrativa do velho Zacarias, ouvira apenas um lado, corroborado,
ainda, pelo livro <i>“A ermida do planalto”</i> do januarense Manoel Ambrósio, na
mesma linha, isto é, apenas uma versão do contado na fazenda Conceição. Lembrou
Jovane de um dos ensinamentos do curso de Direito, a do contraditório, isto é,
não é legal o julgamento baseado apenas numa versão dos fatos. A constatação o
preocupou. Dor de cabeça. Injustiça. Sem dúvida perturbador atendo-se à carta
do parente distante de dona Joaquina,
que dizia:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> <span> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><i>“Prezado
Irmão e amigo JOÃO NAVES DE MELO, li o seu livro “A saga de um urucuiano”
quando da minha ida ao projeto Bauxita de Paragominas no estado do Pará, motivo
pelo qual demorei em dar resposta. Estou trabalhando neste projeto (fico uns
tempos lá e outros aqui. A leitura me agradou bastante pelos seguintes motivos:</i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><i><span> </span></i></span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Inicialmente
pelo idealismo e coragem em tomar a frente tamanho empreendimento e o qual deve
ser orgulho pelos frutos obtidos.</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><span> </span></i><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Trata-se de um relato muito bem escrito e
ordenado, de como estava as coisas em um passado não tanto remoto assim. Como
eram difíceis aqueles dias e como era atrasado o nosso Brasil!</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><span> </span></i><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Lembro
dos comentários da ida de meu avô materno, Cassimiro Joviano de Abreu
juntamente como o meu tio Sigefredo de Matos Abreu para matricular uma criança
abandonada em casa de uma das minhas tristes e batizadas pelo nome de César da
Ressureição (data em que foi abandonado), isto nos idos de 1950. Foi para
conhecer e conferir se realmente poderia ser de escola para o César esta
recém-fundada Escola Caio Martins, Pelas ligações que tinha com a região este
meu avô tinha ouvido falar muito bem da mesma. Ele achou, na ocasião da viagem,
que as instalações ainda eram precárias, motivo pelo qual não o matriculou.
Hoje, ao ler o livro creio que ele errou ao tentar proteger o César impedindo
este de passar por esta instituição educacional e optando por criar com todos
os carinhos de um “avô”, fazendo todas as vontades, etc. Moral da história:
esta pessoa apesar de ótima índole vive hoje como empregado de uma fazenda de
um parente sem ter dado coisa melhor. A vida, meu irmão, é feita de momentos!</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><span> </span></i><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Para
conhecer algum relato sobre a fazenda da Conceição, que pertenceu a meus
antepassados, a D. Joaquina e o Major Raphael.</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><span> </span></i><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Passemos agora aos comentários,
centrado principalmente sobre este desditoso casal. Você irá conhecer a versão
dos vencidos e não dos vencedores conforme descrito no livro “A ermida do
planalto” de Manoel Ambrósio o qual já conheci. Este livro baseia-se em
informações orais, que circulava no ambiente urucuiano e afins. Segundo minha
avó, D. Florinda Matos, esta calúnia ela afirmava que muita coisa que constava no livro é mentira) foi mandada
escrever, ou suja versão foi mandada circular, pelo Dr. Francisco adjunto pai
da vítima Inácio Adjunto, genro de D. Joaquina. O ressentimento entre as
famílias persistiu, como você percebe...</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span></i><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Segundo versão contada pelos meus
familiares antigos (todos falecidos), o que aconteceu foi o seguinte:</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span></i><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">O Inácio era casado com a Florinda (filha de D. Joaquina e do Major
Raphael) e irmã de Rosa, casada com Manoel Luiz da Silveira. Tinham duas filhas
Idalina é Gertrudes. Pouco após o nascimento de Gertrudes o Inácio arranjou uma
amante em S. Romão (uma artista de circo)com quem pretendia casar. Tramou,
então, o assassinato de sua esposa simulando um acidente. Por conhecer o gênio
da sogra e temendo represálias, fugiu logo após a morte da esposa para terras
de seu pai, situadas em Paracatu e onde este era fazendeiro abastado possuindo
muita influência na região. Enquanto viveu sobre a proteção do pai nada lhe
aconteceu. Passados sete anos resolveu rever as suas terras no Urucuia sem
saber, no entanto, que a velha havia colocado espiões para seguir os seus
passos avisado da intenção de voltar às suas propriedades para ver coo as
coisas estavam sendo geridas por alguns de sua confiança (já que não pretendia
viver no local por temer D. Joaquina) esta armou uma tocaia que o surpreendeu
em suas terras. Ele foi assassinado dentro de sua propriedade. A este
assassinato seguiram-se três julgamentos sendo que no último, o casal, formado
por Major Raphael e D. Joaquina, foi condenado a oito anos de prisão, pena
cumprida na cadeia de São Romão, construída pelo Coronel Pedro Gonçalves de
Abreu (também um dos meus antepassados) conforme consta do livro “S. Francisco
nos caminhos da história” de autoria de Brasiliano Braz.</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 125.55pt; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span>Diante da situação, bastante
complicada da família na região e, temendo represálias, Manoel Luiz da Silveira
vendeu todos os bem da família mudando para o distrito de Tomás Gonzaga,
município de Curvelo, adquirindo fazendas na região. Após cumprirem a pena imposta pelo
assassinato do genro, este casal também mudou para Tomás Gonzaga onde
terminaram seus dias, amparados pelo genro e sua esposa Rosa, uma vez que já
não possuíam bens de valor.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 125.55pt; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><span> </span>Quanto
ao gênio de D. Joaquina as informações que possuo, também passadas pelos meus
antepassados e por observação de meus familiares maternos, era o seguinte:</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 125.55pt; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span>Era uma pessoa intransigente,
do tipo matrona, que achava que as sua forma de pensar era a correta e que
todos deveriam viver de acordo com esta regra. O seu mundo particular deveria
girar em torno de sua pessoa e de acordo com seus pensamento, não aceitando
discórdia. Era muito religiosa e não constava nada a cerca de sua moral. Quanto
esta versão de que matava as pessoas com quem fazia negócios para recuperar o
dinheiro, não consta de nenhum registro familiar. Era uma pessoa dura, com
certeza, irascível, etc, mas não uma assassina contumaz. Era uma mulher muito
rica e consta que em sua fazenda existiam cachos de uva em ouro puro usados na
decoração da casa. Ela não possuía influência política pelo fato do marido não
ter presença marcante, o que foi fatal quando da ocorrência do processo
criminal.</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 125.55pt; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span>Dona Joaquina não tinha
parentesco algum com a D. Joaquina do Pompeu (que nasceu em 1750 em Pitangui),
a qual era antepassada do Inácio Garcia Adjunto, o genro assassinado. A dona
Joaquina do Pompeu também tinha fama de ser perversa, mas hoje sabe-se que tal
fato não procede (ver o livro de Agripina Vasconcelos sobre esta mulher) bem
como o livro de Jacinto Guimarães sobre
a descendência dela.</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 125.55pt; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span></i><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">A ermida que ela mandou
construir possuía oratório com a imagem de Nosso senhor do Bonfim, cujas
lágrimas de Cristo são de rubi, e que se encontra na casa de uma prima minha,
em Belo Horizonte. Quanto ao Major Raphael este homem era de boa índole,
conciliador, afável e dominado pela mulher, sem nenhuma voz ativa.</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Agora relatarei algumas informações sobre a
fazenda Conceição conforme busca que realizei no Arquivo Público Mineiro nos
idos de 1980, quando elaborei a árvore genealógica de minha família.</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><i> Presumo que este seja o
registro da fazenda pois, o fatos ocorreram por volta desta época, quando
então, a fazenda era ocupada pela D. Joaquina e pelo major Raphael. Acredito
que foi por volta dos anos sessenta que a Florinda foi assassinada (ela nasceu
em 1835). Isto porque sua filha Idalina nasceu em 1857 e a outra filha
Gertrudes nasceu um ou dois anos depois. Neste arquivo consta o seguinte:<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><i><span> </span>“O abaixo-assinado faz ver que possui uma
fazenda neste município da Vila de São Romão consignada Fazenda da Conceição
que extrema com outra que possui no município de Paracatu, que parte pelo
riacho das Lages acima as suas cabeceiras e cortando rumo direto ao Norte águas vertentes e cabeceira
da Ponte pequena e por ela abaixo ao ribeirão da Conceição cujas houve por
compra ao finado Antonio José da Cunha vila de São Romão 18 de junho de 1855 –
Raphael Joaquim de Macêdo. Foi me a presente declaração apresentada aos 19 de junho de 1855 – vigário
Raymundo Carlos de Oliveira e Sá. Recebi
do declarante mil e setenta e seis reis – Oliveira e Sá. Era o que continha em
a dita declaração e notas que aqui registrei fielmente sem cousa de dúvida faça
a insistência do declarante visto não satisfazer a declaração ao disposto no
artigo cem da lei seiscentos e um de 18 de setembro de 1852 em obediência ao
artigo 102 da referida lei. Eu Raymundo Carlos de Oliveira Sá vigário o
escrevi”.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><i><span> </span>Vou agora apresentar a você alguns personagens desta história, ou seja,
seus descendentes. Informo que descendo, por parte de minha mãe, tanto de uma
das filhas do casal Rosa e Manoel Luiz da Silveira (pais de Leopoldina Joaquim
da Silveira que era esposa de Cassimiro
Pereira de Abreu) e de Idalina Garcia Adjunto (filha de Inácio Garcia Adjunto e
da infeliz Florinda) pois, os meus avós eram primos (Cassemiro Joviano de Abreu
e Florinda de Matos).<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">As fotos cuja cópia enviarei por correio por
ocuparem muito espaço para serem enviadas via arquivo eletrônico mostram:<span> </span></span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><span> </span>Cassimiro
Pereira de Abreu (fazendeiro da região do Urucuia) e sua esposa Leopoldina
Joaquina da Silveira sendo ele filho do coronel Pedro Gonçalves de Abreu e ela
filha de Luiz da Silveira e Rosa (filha do Major Raphael e de D. Joaquina). São
os pais de meu avô Cassimiro Jovino de Abreu.<span> </span></span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><span> </span>Manoel
Luiz Silveira, Rosa e sua filha Querubina (que morreu em idade avançada e
solteira). Idalina Garcia Adjunto, filha do casal Inácio Garcia Adjunto e
Florinda (irmã de Rosa e filha de D. Joaquina e Majo e Raphael). Florinda de
Matos, minha avó quando nova e esposa de Cassimiro de Abreu.</span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><span> </span></span></i><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Após
nosso contato telefônico em 25.12.04 aguardo ansiosamente uma cópia do processo
criminal (tire um xerox e envie por correio ou através de Jandira/Dr. Francisco
e mande a conta para mim) bem como uma assinatura do jornal “O Barranqueiro”.
Qualquer esclarecimento adicional, fotos, etc. basta você marcar um encontro em
BH ou em São Francisco (é necessário agendar diante das minhas viagens ao Pará)
que terei o maior prazer em colaborar. Quanto ao livro que estão escrevendo
gostaria de receber uma cópia do mesmo e, caso queiram, fornecer alguma
informação que julgarem necessária.</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><span> </span></i><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Desejando
ao Irmão um feliz ano novo extensivo a toda sua família, dou meu, TFA”.</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><span> </span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Finalizando a leitura da carta, Jovane foi
remetido àquele tempo, final do século XIX
buscando entender como era a vida naquele sertão inóspito naquela época:
as famílias, a cultura, os costumes, as relações sociais, a autoridade e a vida
ao arrepio da lei. Sem elementos básicos, valeu-se de dados da antropologia no sentido lato sensu. Tomou com
base a década de 1950 quando foi
instalado um Núcleo da Escola Caio Martins nas ruínas da fazenda Conceição.
Tendo como parâmetro a vida social dos moradores da fazenda Conceição e região
conheceu como eles viviam em uma sociedade isolada, sem nenhuma assistência
governamental, sem estradas, escolas, apoio à saúde e quaisquer dos benefícios
disponíveis no meio urbano. Tudo era novidade para eles que, na sua grande
maioria jamais fora a uma cidade. Viviam mergulhados no império das crendices,
das lendas, dos mitos, do curandeirismo, naufragados na ignorância e de raro
contato com pessoas de fora. Assim, o mundo que povoava a sua mente era de
ampla escuridão, tudo aceitando no sobrenatural, como natural por não ter
contraponto.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><b>QUESTIONAMENTOS DE JOVANE</b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Na sua aflição, Jovane mergulhou em
fatos históricos, na antiguidade para melhor compreender a humanidade, como se
comportavam os homens dominados pelo misticismo: deuses do Olimpo, bruxas,
duendes, gigantes, sereias encantadas,
fadas e por aí afora. Se era propalada a
história da mula sem cabeça, o poder do famaliá, os assombrações, crenças
enraizadas, porque não acreditar no poste encantado que corria pelos campos badalando
um sino; no homem que virava cupim (facínora Perneta que infernizou aquelas
bandas)....</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Jovane lembrou-se que dona Joaquina era
conhecida no Urucuia como Joaquina de Pompéu, uma confusão desfeita por
informação do mestre Saul Martins. Só esta confusão já é motivo para justificar
o temor dos moradores locais no enfrentamento com dona Joaquina. Então, quem
foi Joaquina de Pompéu?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Uma mulher extraordinária, nascida em
Pitangui em 1750, construindo um verdadeiro império. </span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">Ela tornou-se uma figura lendária de Minas Gerais.
Foi foi uma das mulheres mais influentes e poderosas do século XVIII e XIX,
estando entre as poucas personalidades femininas a participarem do processo de
Independência do Brasil. Foi uma mulher à frente do seu tempo e nas localidades
onde exerceu a sua soberania, ficou conhecida como <i>Baronesa do gado</i>, <i>Matriarca
do Oeste Mineiro</i>, <i>Sinhá Braba</i>, <i>Dama do Sertão</i> dentre
outros títulos populares, presentes na cultura oral e na literatura. Fatos
reais de sua vida misturam-se a contos populares e suscitando uma imagem
controversa. Tinha ela</span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT;"> </span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">a simpatia de Vossa Alteza Dom João de Bragança, que socorreu em diversas
ocasiões com gado e dinheiro. Assimn, qualquer pedido que fizesse ao príncipe
regente era atendido imediatamente. De acordo com Agripa Vasconcelos, tamanha
era a sua influência, que obteve do rei <i>Carta Branca</i>. Isto dava a
ela total liberdade de ação, sendo imune à censura, processo e prisões.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #202122; font-family: Times New Roman, serif;">Seu poder pode, ainda, ser medido pelo patrimônio que deixou com a sua morte: 11 fazendas, 40 mil cabeças de gado, centenas de escravos, baixelas de prata, bandejas, barras de ouro e outros tesouros. Além de uma imensa área territorial de 48 400 km2 que hoje abrange os municípios de Abaeté, Dores do Indaiá, Bom Despacho, Pitangui, Pompéu, Pequi, Papagaios, Maravilhas, Martinhos Campos, Riachinho e Urucuia. Segundo Vasconcelos as áreas somadas eram maiores do que a Bélgica, Suíça, Holanda, Dinamarca e El Salvador. Sua fortuna hoje seria de aproximadamente 2 bilhões de reais.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">O império de dona Joaquina do Urucuia, conquanto muito menor que o de dona
Joaquina do Pompéu, era de uma considerável e respeitável extensão. Segundo se
vê no Livro de registro das declarações e terras possuídas dentro dos limites
de Freguesia da Vila Risonha de São Romão – São Romão (Santo Antônio da Manga,
1855/1855, consta as declarações do
Major Raphael Joaquim de Macêdo, esposo de dona Joaquina: “<i>o abaixo assinado faz ver que possui uma fazenda neste município de
Vila de São Romão consignada Fazenda Conceição que extrema com outra que
possui no município da cidade de Paracatu...(</i>g.n.)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">Considere, atualmente, qual era a
extensão territorial da fazenda
Conceição (NCVU- Caio Martins) tendo em vista a direção de sua sede ao
município de Paracatu que passa pelos municípios de Riachinho, Bonfinópolis e
Dom Bosco. Nas declarações não está consignada a área ocupada em cada
município, mas tem-se uma ideia que seja uma faixa, no mínimo, e isto demonstra
a extensão da fazenda Conceição. Na instalação do NCVU foi dito que as terras
de dona Joaquina englobavam as Fazendas São João, Boqueirão e Rodeio, que
ocupavam uma área do atual município de Riachinho indo às margens do rio Urucuia,
divisa com o município de Urucuia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">Distinção dos nomes: a de Pompéu – </span><span style="color: #4d5156; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dona </span><em><span style="color: #5f6368; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Joaquina</span></em><span style="color: #4d5156; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Bernarda
da Silva de Abreu Castelo Branco Souto Mayor de Oliveira Campos. Ela nasceu em
1752 e morreu em 1824. A do Urucuia: dona Joaquina Pereira da Mota. Ela nasceu </span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">por volta de 1840 (data incerta).</span><span lang="PT" style="color: #4d5156; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="color: #4d5156; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">Não estão muito distantes os
períodos de vida e reino das duas
Joaquinas na região Paracatu/Urucuia. Há alguma semelhança entre as duas,
apesar da distância de épocas, mas não tão longe assim numa época que o
calendário era mais medido pela passagem da lua. Outro fato possível da
confusão: as terras de dona Joaquina do Urucuia penetravam no território que,
outrora fora de dona Joaquina de Pompéu. E mais: nas terras da fazenda
Conceição existiam muitos moradores oriundos da região de Pompéu, os conhecidos
pompeanos. Assim, por tradição, é possível que se consagrou a fama do nome
JOAQUINA não individualizando qual. Não é impossível entender a situação se
voltarmos no tempo, séculos e séculos. Veremos que os mitos gregos surgiram
quando ainda não havia escrita, eram preservados pela tradição e transmitidos
oralmente pelos aedos e rapsodos, cantores ambulantes. No nosso caso, passando
de pai para filhos criou-se o mito JOAQUINA. Segundo as filósofas Maria Lúcia e Aruda
Aranha e Maria Helena Pires Martins no livro Filosofando, <i>“Mito não é lenda,
mas verdade, Tem a função de acomodar e tranquilizar o ser humano em seu mundo
assustador. A experiência individual não se separa da experiência da
comunidade, Consciência mítica – preponderância do coletivo. O Mito não resulta
do delírio nem se reduz a simples mentira, mas faz parte do nosso cotidiano,
como uma forma indispensável do existir humano”.</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"> Uma observação interessante fez
Domingos Sales, urucuiano, ali da região do Núcleo, fazenda Santa Rita. No
livro Fulanos e Sicranos, ele escreveu, abordando a fazenda Conceição: “No
dizer de um filósofo de<i> “talk show”</i> de televisão, o mito é a consubstanciação
do inexistente, criando-se a possibilidade da realização do irrealizável. De
fato, a população admira muito as pessoas de maiores posses e poderes,
alçando-as à categoria de mitos, justamente por serem capazes de incrementar
certos projetos que aos menos afortunados, se apresentam como impossíveis, pela
falta de recursos. Na fazenda da Conceição, ao pé da serra e às margens do
ribeirão do mesmo nome, a fazendeira Dona Joaquina Pereira da Mota era uma pessoa
que passou à história regional com essa fama. A disparidade de suas posses com
a plebe da redondeza era tal que se lhe tem atribuído atos <i>que nunca poderia ter realizado, embora fosse protagonista de alguns
feitos fora do normal” </i>(g.n.).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"> O urucuiano (Conceição) de então
tinha o senso comum, o conhecimento adquiridos por tradição, herdados dos
antepassados e ao qual acrescentavam os resultados da experiência vivida na sua
comunidade. Não chegava ao bom senso,
pois não atingia a elaboração coerente do saber e como explicitação das
intervenções conscientes dos indivíduos livres.
Não teria como adquiri-lo na vida quase isolada do mundo em que vivia.
Estulto ele não é, por isso aceita o fato comum como verdadeiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"> Um dado que pode servir como liame
entre as duas Joaquinas: o genro dela Inácio Garcia Adjunto</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> era antepassado de Joaquina do Pompéu.</span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"> Assim, no sentido amplo foi o que
encontrou Jovane ao conhecer a lenda de dona Joaquina tendo como fio para a
compreensão das narrativas, o escrito por Manoel Ambrósio. Contudo não chegou a
um questionamento, aceitando-a como uma única verdade. O povo local e Manoel
Ambrósio não ofereceram outra versão. Tendo-a como definitiva, ele escreveu o
seu romance “Joaquina – uma lenda urucuiana”. Um tanto melhor que ele não escreveu
um fato histórico, pois elementos para tal não encontraria, além do romance do livro de Manoel Ambrósio,
também mais focado na lenda. Existia, de escrito, apenas o processo criminal do
julgamento de dona Joaquina em São Romão. Esse processo foi arquivado na
Comarca de São Franciscol. Um historiador de São Francisco foi informado que o
juiz da Comarca determinara a incinenaração de processos há muitos anos
arquivados no Fórum. Ele, então, obteve autorização para separar e apoderar-e,
para arquivo público municipal, processos que lhe interessassem entre os
descartados. Ele, entre vários processos encontrou o do julgamento de dona Joaquina. Um descendente (o da carta) de dona Joaquina,
sabedor do fato, pediu ao Jovane que fizesse cópias do processo para ele.
Solicitado, o historiador negou ceder o processo para aquele fim, alegando que
o uso só poderia ser feito pelo arquivo público municipal, isto é, impôs uma
exclusividade do deveria ser público. Uma pena, pois depois de sua morte, apesar de exaustiva buscas, o
Jovane, chegou à triste informação: o processo desaparecera. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><b><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"> </span><span style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">COMO ERA
CONCEIÇÃO NO TEMPO DE DONA JOAQUINA</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"><span> </span>Restou ao Jovane, de maneira
singular, ainda sem dados de confirmação,
fazer parte do resgate da história de dona Joaquina do Urucuia. O seu livro foi publicado contando-se a lenda,
tal como conhecida na fazenda Conceição e em São Romão, às vezes com pinturas
diferentes, mas com a mesma raiz destacando o caráter de dona Joaquina.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"><span> </span></span><span style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">O Urucuia (Conceição) àquele tempo era um mundo esquecido, absconso nas
trevas do isolamento. Assim, o que era dito e aceito pela coletividade se
transformava em uma verdade, uma lenda, que é o que se conta. Deu, então, na
lenda urucuiana a história de Joaquina. Jovane, com este resgate, não desmente
a narrativa anterior, posto que baseada numa lenda, que é o que se conta, mas
busca a estabelecer uma linha paralela para justificar, em parte o que se fala
e conta de dona Joaquina, deixando evidente que mais se trata de um mito que,
verdadeiramente uma história.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><span> </span></span><span style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Basta criar um fato inusitado para dar curso a uma história. E são tantos
os casos de assombrações, as livusias que contava o Vicente nos saraus em seu
rancho assistindo o nascer da lua cheia
no fundo do capão de angicos na beira do rio Conceição. Chamava atenção,
também, em toda a região, o poder dos rezadores e dos curandeiros. Famosa era
lenda do<i> “Poste badalando sino no escuro da noite”</i>. Assustava os moradores da
fazenda e até gente esclarecida, conforme a ocasião. Foi o que aconteceu com Jovane,
que assustado por se encontrar sozinho à
noite, na beira da fogueira, ali deixando dormindo pelos companheiros, ao ouvir
o badalar repercutido de um badalo
sentiu um frio na espinha, lembrando da
história do misterioso poste que batia sino à noite nos pátios da fazenda, como
contavam os moradores da fazenda dizendo ser o espírito de dona Joaquina
vagando em suas plagas. Percebendo que estava só, cobriu a cabeça com uma capa.
Ali ficou inerte até que, de repente e silenciosamente, alguém chegou e cutucou
sua perna. De um pulo ele se colocou de pé, assustado, preparando para correr
quando ouviu a voz humana indagando <i>“que foi, seu moço, é eu, o Tonho da Olaria?”</i>.
Jovane quedou-se sentado e não disse nada, não quis render a conversa do poste,
mas perguntou ao chegante: <i>“que sino é este que está batendo por aí?”</i> Seu
interlocutor respondeu:<i> “num é nada não, seu moço, é o burro do seu Carlim, que
só anda com o sincero dispendurado no pescoço pra mode ele achá ele de
manhã”</i>. É factível ter outro desfecho
fosse um supersticioso morador local naquele episódio, haveria dizer que ouvira
passar de perto o poste com o sino badalando., lembrando as lendas antigas da
fazenda de dona Joaquina.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">Muito mais Jovane teria que revirar para escrever este resgate, mas
entendeu que não avançaria muito se restringisse aos depoimentos dos moradores
locais – a história, sem dúvida, se repetiria. Quem sabe, um dia, se encontrar
o processo criminal perdido sabe-se lá onde, pois o historiador encantou-se,
possa ele acender uma luz com alguns esclarecimentos verídicos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;"> </span><span style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><b>PASSEIO NO CORREDOR DA TOCAIA</b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;">Jovane voltou ao cume da serra da
Conceição. Poucos metros depois de passar pelo socalco que quebrava a
inclinação da ladeira, ele deparou-se com o corredor de pedras conhecido na
região como Corredor da Tocaia, suposto local onde os jagunços de dona Joaquina
praticavam seus atos criminosos abatendo comerciantes de gado. Um local deveras
sinistro, não só pela lembrança de tantos fatos narrados, mas o aspecto soturno
do beco espremido entre duas imensas pedras, que não se sabe como foram
dispostas separadas longitudiamente por mais de 10 metros. Um paredão de mais
de três metros de altura, tendo as paredes lisas, como que talhadas.
Impressionante. Ocorreu-lhe, então, o meio de explicar a fama daquele ponto
sinistro e amendrotador. Lembrou-se de casos de ranchos assombrados, esquecidos
às beiras de estradas, que ninguém ousava visitar. Taperas deixada por algum
morador que resolvera partir na arribação.,
Tão poucos os habitantes na região acabavam eles abandonados. Com o
tempo ganhavam o aspecto sinistro, amendrontador, porque comum era o homem
sertanejo ver coisas onde coisas não existiam. No sertão, mais que em outros
lugares, a superstição, o receio do desconhecido, as histórias de assombrações
são factíveis de escrever histórias. Jovane recordou, então, do conto de Afonso
Arinos no livro <i>“Pelo Sertão”</i>, <i>“O Assombramento”</i>. Que terrível foi a luta do
arrieiro Manoel, chefe da tropa, com o desconhecido. E conta que: <i>“À beira do
caminho das tropas, num taboleiro grande, onde cresciam a canela de ema e o pau
santo, havia uma tapera. A velha casa assombrada, com grande escadaria de pedra
levando ao alpendre não parecia descampada...”</i>. A aventura do tropeiro Manuel Alves nela passando uma noite foi de
arrepiar deixando-o, no raiar da manhã, em estado catatônico repetindo, quase a
balbuciar: <i>“eu mato.. eu mato”</i>, referindo-se aos assombrações que enfrentou em
renhida luta, contra o nada, durante a noite até se prostrar desmaiado e
ensanguentado de tanto lutar e atacar o nada. E não faltou o pote de ouro,
muito comum nas histórias de assombrações, disto lembrava Jovane das histórias
contadas por sua mãe Júlia pondo-o a dormir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-ansi-language: PT;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><b>O PERNETA</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Outro acontecimento que remete Jovane ao
campo do absurdo foi a passagem do celerado Perneta pela fazenda Conceição. Ele
ainda estava no Núcleo quando lá chegou a notícia que um bando de salteadores de propriedades
estava atuando na região sob o comando de um bandido que respondia pelo nome de
Perneta, certamente por ter um defeito físico em uma das pernas. Segundo era
narrado na região, o defeito não diminuia em nada a ferocidade dele que roubava
e matava quem obstasse as suas investidas. Mais do que a notícia foi a presença
de um delegado Polícia no Núcleo, com um grupo de policiais requerendo alguns
animais para compor a sua tropa já cansada de tantas incursões atrás do bandido
e seu bando na região. Recebeu apoio e
partiu ao encalço deles lá pelas bandas da serra do Constantino indo para o
rumo de Vargem da Galinha e Confins.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Dias depois o delegado retornou ao Núcleo
devolvendo os animais dando como termo a caçada do bando. Indagado a respeito
ele disse que abateu todo o bando, que resistiua prisão, menos o Perneta.
Fizeram o cerco deles com o Perneta comandando, isto foi visto. No final do
entrevero, cadê o Perneta? Sumiu misteriosamente. Aí, um matuto ouvindo a
história deu seu veredicto: “ué! ele virou cupim”. Corria a lenda na região que
o Perneta quando sitiado se transformava em cupim. Como ninguém dava
importância ao contado, nenhum cupim era desmanchado. Lenda ou não, o Perneta
virava cupim segundo os moradores da região.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span><span style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><b>CORPO FECHADO</b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">As lendas, que poderiam parecer, como de
fato parecem, um absurdo, eram muito comum na região. Outra delas era a do
<i>“Coro fechado”</i>, o homem que sabia de rezas que o protegia de qualquer tipo de
ferimento, tiro ou facada, ele tinha o
corpo fechado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Jovane lembrou de um julgamento ocorrido em
São Francisco em que o advogado de defesa, na impossibilidade de livrar seu
constituinte apenas com base nos fatos reais, apelou para a crendice do corpo
fechado. Induziu o júri, com o testemunho de algumas pessoas, que o réu (dono
de um boteco na zona rural) fora atacado pela vítima que portava uma faca.
Queria porque queria atacá-lo alegando ter sido por ele vilipediado. O dono do
boteco, réu, tirou uma garrucha da gaveta e apontou para ele. Não adiantou.
Berrando alto que tinha o corpo fechado, avançou sobre o vendeiro e a ele não restou outra alternativa do que atirar.
Resultado, o corpo fechado, no caso, era falácia e o agressor morreu na hora
atingido pelo tiro. O júri aceitou a tese. É que o júri é formado por pessoas do povo, e aí...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span><span style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><b>CRENÇAS ARRAIGADAS</b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Jovane lembrou, ainda,
de outros casos na abordagem da crença popular tão comum aos moradores da
fazenda, que a pessoas esclarecidas poderiam ser tomados como um
absurdo, ignorância, mas que para as
pessoas mais simples, sem cultura, sem maior contato com os meios urbanos, sem
escolaridade, e sobre tudo pela tradição, pelo empirismo, eram fatos
incontestáveis. Lembrou então de tantos procedimentos que eram práxis na vida
da população ainda em tempo mais recente, na Conceição.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><b>REZADOR</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Jovane teve prova inconteste da ação de um
rezador. Conhecido na Conceição e, depois, em São Francisco, o Vicente Barbosa,
que curava bicheiras de animais com reza,
e mais, curava até mesmo pelo rastro do animal infestado. Jovane não encontrou
explicação para o fato, apenas a constatação da cura. Da mesma forma tinha o
Vicente rezas para afastar cobras e até mesmo curar a pessoa ofendida por uma
venenosa. Fato: onde morava Vicente era raro encontrar uma cobra. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 12.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Não menos interessantes são os casos das
benzeções para quase todo tipo de doença: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 12.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><b>ESPINHELA CAÍDA: </b></span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">t</span><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;">ambém conhecida por lumbago, designação
popular de uma doença caracterizada por forte dor no peito, nas costas e
pernas, além de um cansaço anormal que acomete o indivíduo, ao submeter-se a
esforço físico;<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 12.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-weight: bold;"><b>QUEBRANTO: </b></span></span><span style="color: #202124; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">suposta influência
maléfica de feitiço, por encantamento a distância; dada que o olhar de algumas
pessoas produzem em outras;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><b>RESPONSO:</b> reza para encontrar coisas
perdidas. Por comum, a oração mais empregada invocava </span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; font-style: italic;">“</span><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><i>Ó beato
Santo Antônio, que ao monte Sinai subiste, o teu Santo Breviário perdeste, em
busca dele volveste muito triste e uma voz do céu ouviste: Antônio, torna atrás, o teu santo Breviário
acharás em cima dele Jesus Cristo vivo, três coisas lhe pedirás: O perdido achado, o esquecido lembrado e
o vivo guardado. Os resultados surpreendentes não espantavam os crentes, apenas
confirmavam a sua fé</i>"<i>.</i></span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; font-style: italic;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">DOR DE CABEÇA E OUTROS MALES. Jovane viu,
por diversas vezes, a ação de uma benzedeira utilizando ramo de arruda: viu
murchar, durante a benzeção o galho de arruda e
a pessoa benzida dizer-se curada. Não buscou explicação, pois não a
teria. Não está explícito na bíblia, palavra de Jesus que <i> “a fé remove montanha – Mt 17:20?”</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Pessoas tantos, conforme o seu meio,
acredita piamente no que lhe contado ou passado por seus antepasados. Acreditam
simplesmente por acreditar sem qualquer interesse ou necessidade de buscar
qualquer explicação. Pelo contrário, rejeitam qualquer explicação em contrário.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><b>DESPACHOS EM ENCRUZILHADA</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-weight: bold;">Encruzilhada</span></span><span class="hgkelc"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;"> ou encruza (o cruzamento de
ruas de uma cidade ou em estradas), é um lugar onde são feitas oferendas a Exu
e Pomba gira. Estas oferendas têm as mais variadas funções, como proteção,
prosperidade, descarrego, entre outras. A encruzilhada aparece ainda, em uma
ocorrência então muito comum no sertão: onde aquele que conseguisse um ovo de
galo o colocaria debaixo do braço para obter, depois de quarenta dias, o
famaliá (pequeno demônio que prendia em uma garrafa e que lhe atendia toda forma
de pedidos, principalmente o amelhamento de riqueza mediante um pacto:
entregar-lhe, depois de morto, a alma.</span></span><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 106%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><b>PROMESSA NÃO
CUMPRIDA</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: #202122; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><i>“Eu devo um galo a Asclepius. Peço-lhe que
pague por mim”</i>. Foi o pedido de Sócrates aos seus amigos antes de beber a
cicuta que o levaria à morte. Ele não queria ir para outra banda da vida </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">sem
pagar promessas feitas e esquecidas</span><span style="font-size: 13.5pt;">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Jovane recebera de um
descendente de dona Joaquina do Urucuia uma cópia do processo a que ela
respondera na comarca de São Romão, que fora encontrado por um historiador de
São Francisco no fórum da Comarca local. Conhecendo o fato e sendo amigo do
historiador prometeu fazer a cópia. Debalde o peditório – o historiador negou o
pedido. Jovane, por outro lado, não deu uma solução ao caso, sempre na
esperança de poder encontrar o processo nos arquivos da entidade a que fora
destinado (?). Nada. Infrutíferas foram as buscas. A situação tornou-se mais
grave ainda com o falecimento do historiador. Perdera-se o fio de Ariadne. Pior
foi a inércia de Jovane no deslanche do caso não levando uma resposta ao
parente de dona Joaquina. Na verdade, não foi de tanto omisso ou indelicado,
pois acreditava que ainda encontraria o bendito processo. O tempo passou e
nada. Nada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Mais complicada ficou a
situação com a publicação do romance <i>“Joaquina – uma lenda Urucuiana”</i>, cuja
composição já se encontrava pronta e encaminhada ao prelo pela mãos do amigo
Dirceu Lelis. E assim foi. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Em certo dia um temporal,
como dos poucos precipitados em São Francisco,
provocou uma inundação no escritório de Jovane, causado por avaria no telhado, não previsto.
Os documentos arquivados em uma prateleira foram literalmente ensopados, de
escorrer água. Na recuperação de documentos, Jovane deu com as vistas na carta
do descendente de dona Joaquina e, ao relê-la viu o recado final: o pedido de
cópias do processo do julgamento dela. Lembrou, ainda, que não dera uma solução
ao pedido. Aborreceu-se com o fato posto
ter decorrido um lapso de tempo considerável e, com isso, julgou que seria
tarde para voltar ao assunto com o amigo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Penitenciou-se, então, da
única maneira que julgou conveniente: rever os fatos que o levaram a escrever o
romance <i>“Joaquina – uma lenda urucuiana” </i>e, diante da carta do amigo, buscar
fazer um contraponto entre as duas versões. O por que apenas os fatos ligados à
lenda passaram para a história? Por que não se cogitou buscar entender a
situação social da época? Assim, decidiu escrever este texto. Sabe que não
mudara o que foi escrito no romance, posto que divulgado ainda que como uma
lenda. Contudo, procurou demonstrar que é possível encontrar explicações para a
vida, o comportamento e a fama de perversa atribuída à dona Joaquina.
Estabelecendo um paralelo entre as duas Joaquinas, o seu tempo, a sua
influência e o mundo em que vivia, é factível de entender e até aceitar que
houve exagero, e muito, na lenda de dona Joaquina do Urucuia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Jovane virou a página
encerrando seu questionamento, fechou a história, não mais uma lenda.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Restou, então, para os
futuros pesquisadores – se a alguns aprouver – afinal, quem mesmo foi dona
Joaquina Pereira Mota?<o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"> </div><p></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-8365417149640290012022-10-22T06:42:00.000-07:002022-10-22T06:42:17.903-07:00<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirzExy_4z0uf9Q1Tm4R2--9yPgDEnF1fQT51x4WatK-3h2C2Um8UILYx0e_Kl_DJyv7DrdcTxOqcSWkYwfV178q6a5P_tUQ4wyS4IjBFTakTj44IxI11tnJH-K82PDF_MjJ-UeaUwRdDWLBKBhA8iXUnSN4hEAkG5h1-GAJ4YNu0ScBHvD-0G1RVr2EQ/s3508/CAPA%20DE%20VOLTA%20AO%20SERT%C3%83O1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3508" data-original-width="2481" height="593" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirzExy_4z0uf9Q1Tm4R2--9yPgDEnF1fQT51x4WatK-3h2C2Um8UILYx0e_Kl_DJyv7DrdcTxOqcSWkYwfV178q6a5P_tUQ4wyS4IjBFTakTj44IxI11tnJH-K82PDF_MjJ-UeaUwRdDWLBKBhA8iXUnSN4hEAkG5h1-GAJ4YNu0ScBHvD-0G1RVr2EQ/w419-h593/CAPA%20DE%20VOLTA%20AO%20SERT%C3%83O1.jpg" width="419" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">DE VOLTA AO
SERTÃO URUCUIANO<o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">João Naves de Melo<o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Domingos Diniz, meu grande amigo, tal qual um irmão, prefaciando
o livro Do Cerrado às barrancas do Rio São Francisco, de minha autoria, numa
descrição fidedigna e generosa, descortinou toda minha intenção e o modo de
fazer o livro. Leio-a, de quando em quando, e me emociono sentindo o quanto
valorizado ficou o livro, revivendo minhas caminhadas. Isso foi por volta de 2001.
Vinte e um anos decorridos e neste caminhar perdi, aqui na terra/sertão, o meu
grande amigo Domingos Diniz. Disse do seu encantamento aqui na terra, temporada
material, pois noutro plano, em espírito, navego com ele em nossas jornadas
sertanejas, bebericando a fresca água das veredas impregnados pelo perfume das
caraibinhas. Então, relendo – mais uma vez – o poético prefácio do dito livro,
vontade senti – e por necessidade – de voltar ao meu querido sertão urucuiano
e, em letras, materializar minhas lembranças, tantas ainda guardadas e que não
foram parte do livro publicado ou em parte.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Volto ao Urucuia em aprazível passeio. Pelo que lá vivi, a descrição será dividida em
dois cenários: os Gerais e o Vão. São dois espaços distintos, embora na mesma
região. Distintos considerando os <span style="background: white; color: #202124; mso-bidi-font-weight: bold;">elementos físicos, biológicos e humanos, e suas
relações com o meio</span><span style="background: white; color: #202124;">. Tenho
como ponto de registro rever a relação do homem com aquele universo tão
próprio, e as condições climáticas e as
características do espaço geográfico.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">I -
</span><span style="background: white; color: #202124; font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">OS GERAIS</span><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que me guarda a lembrança dos gerais pelos anos que passei embrenhado
neles, quase sempre no pelo de um burro? As veredas; a flora tão
característica; a fauna muito especial; a habitação, o clima e o homem. Viajo
ao céu aberto, profundo, de poder mergulhar os olhos no etéreo, nos rastros de
luzes, pinceladas mágicas do Criador, sentindo a sua magnificência: eu e o
Universo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"> II - </span><span style="background: white; color: #202124; font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">REENCONTRO A VEREDA</span><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Deixando a estrada que serpenteia o cerrado com suas tortas
árvores deparo-me com a vereda. A primeira visão é a do campo limpo com a grama
rasteira bordada de flores tantas e capim com pontas tal qual agulha indo mais
alto. Na entrada do campo, o canteiro de ciganinhas de vermelho brilhante
visitadas por abelhas em processo de libação de néctar. Um quase imperceptível chuá
anuncia o fluxo de água, que brota de
locas seculares guardada no caixão propiciado pela depressão no cerrado, fonte
de tantos ribeirões. Um filete descobre-se à luz, quase nada de se perceber
além do anúncio. Borbulha na ânsia de respirar. Escorrega e, antes de alcançar
o limo anelando as raízes das palmeiras, de outras veias é incorporado com a
bênção dos gerais. Forte que fica,
desliza com mais força e, assim, vai colocando a bailar as verdes algas, bacilos azotados,
fiapos só, tecendo um tapete. Filhotes
de palmeiras balançam tenros leques saudando a vida num bailado, de toa,
querendo a altura de beijar o céu. A cristalina água deixa a fonte, suavemente
escorrendo em leve decaída de quase não se perceber, sem pressa. Ganhando
força, de mais forte parecer, banha os troncos dos buritis que se alongam em
fila. É uma linha de corpo denso, verde carregado. Palmeiras – as majestades –,
árvores companheiras seculares e arbustos. Um dossel viridente. Um quadro exuberante, mas a valia maior do
sertanejo é a do buriti. Ele tem o significado do existir água, da presença dos
bichos do céu e da terra em festa diária,
tem ele, o buriti, desde o albor cor de rosa ao poente dourado. Maior
significado para o homem que habita os gerais, para o qual é tudo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"> Eis
que meu pensamento voa de volta aos gerais ao encontro do cerrado e das veredas.
Vislumbro o jardim, que sempre me encantou. Contudo, nas minhas andanças tantas
no sacolejo dos burros, era apenas o viajar, o passante alegre e encantado com
o que descobria a cada volteio da estrada, mas sem a curiosidade de ter o
conhecimento das coisas da natureza mostrada. Pensei, então, ser preciso fazer
deste encanto um cabedal de conhecimentos, empíricos que sejam. Por isso,
esbarrei no rancho do amigo Tião Ema, plantado na cabeceira do córrego
Conceição, no topo da Serra da Conceição. Queria saber do seu conhecimento, de
gerações acumulado, o nome e a utilidade
das plantas dadivosas, que enfeitavam o cerrado e as veredas. Outro sertanejo
já me instruíra sobre as árvores do cerrado: flores, raízes e cascas na
utilidade da medicina caseira, o Zé Guedes, companheiro de muitas jornadas nos
cerrados de Serra das Araras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"> Das
informações de Tião e Zé, cataloguei as mais interessantes e de uso do
sertanejo. Vai da beleza incomum da floração, à frutificação, às sementes e às
raízes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"> Antecipando
os registros das informações de Tião Ema e Zé Guedes, vou estender um pouco
mais o comentário sobre a vereda. Existem tantos estudos técnicos sobre o bioma
cerrado, uma plataforma para quem deseja aprofundar-se no seu conhecimento e
sobre a sua importância. A minha apreciação não vai longe. Fica apenas ao
alcance dos meus olhos pelas trilhas que percorri durante meses no município de
São Romão e, mais tarde, nos cerrados de
Serra das Araras e do Urucuia, quando
município de São Francisco. Então, o que vi e registrei, por natureza do
trabalho nas Escolas Caio Martins, na preservação do cerrado, e como escritor
diletante, foi apenas fruto de observação e conversas com amigos sertanejos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">A vereda é uma
bacia de capitação de água, que deita do
céu nos campos atapetados de folhas secas, que por declive escorre para uma
caixa d´água onde, graças à umidade do solo, cresceram as palmeiras e suas as
companheiras. O lençol freático reposto,
cheio, libera o fluxo de água, que supita formando as fontes e delas os
córregos e ribeirões, que escoam para o
rio Conceição (denominei-o rio contrariando a nomenclatura fluvial oficial, que
o tem como ribeirão, posto ser ele muito mais formoso e farto de água que
tantos outros batizados como rios), dele ao Urucuia, ao São Francisco e, por fim, à morada maior:
o mar, levando as lembranças do cerrado.
Deslumbrante cenário se revela na aridez e sisudez do cerrado. Tudo tão quieto,
o que me levou ao poeta Púckkin com o verso “só o silêncio murmura”. Sim, é na
hora do silêncio, antes do pouso ou arribação das aves, que suave canção, quase
imperceptível, é notada – o suspirar da fonte que brota das locas das raízes do
buriti. Deveras. De repente, tão de vez, no silêncio mergulhei nos mistérios e
encantos das veredas: os buritis que me contaram histórias de um paraíso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"> Ainda
viajando, passeando pelos gerais, meus olhos vão se deleitar com paisagem
multicolorida, bordada com flores singelas de tanto encanto e multifacetadas: amarelinha,
arnica-do-mato, assa-peixe, barba-de-bode, batata-de-purga, beladona, carapiá,
ciganinha, coroa-de-frade, manacá, marcela, para-tudo, poaia, teiu, vassourinha, miroró. Estendeu o meu
conhecimento as informações preciosas de Tião Ema e Zé Guedes meus companheiros
de jornadas naquele mundo encantado. Não foi só pela beleza ornamentando o
cerrado. Todos elas têm muita importância, na vida do sertanejo – da
diversidade, o que mais explica Tião Ema, por sua experiência de vida.
Impressionante como se estende à medicina caseira, o conhecimento empírico, os
usos e abusões conforme as circunstâncias em benefício do homem. Na passagem pelo campo sujo, ou cerrado sensu
strict, vê-se que a flora é fantástica e de grandiosa utilidade no campo da
medicina, da alimentação, da fabricação de móveis e construção em geral de
artefatos ou casas. O elenco vegetal é imenso, de rara beleza e de grande
utilidade para o bem do homem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"> A
imediata recordação que eu tenho das veredas, sem dúvida, fixa-se na sua
beleza, na magia espiritual que ela nos proporciona com sensação de paz e
proximidade com o Criador. Revejo, extasiado, ali estático de olhos fixos nas
primeiras palmeiras em uma fileira ordenada, o balançar de suas palmas como
grandes leques – flabelos que em tempos idos eram levados por membros da corte
papal, sinal de distinção do romano Pontífice. Lá, eram usados por altos
dignitários no Oriente. Ali, aos meus olhos, diante de tanta exuberância,
sentia-me como alto dignitário bafejado por obra do Criador. Do infinito, da
celestial abóboda, de azul profundo, tão profundo e puro como é no sertão, desceram meus olhos, pelos formosos troncos
do buriti a alcançar a fonte rumorejante, no seu delicado bailado esgarçando
verdes algas com a cantiga das locas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt;">III -A FLORA DOS GERAIS<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"> Árvores companheiras do buriti na formação das
veredas, no aproveitamento das umidades são tantas. A pimenta-de-macacos, a
pindaíba de tronco atirado ao alto; a embaúba, á</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">rvore de médio porte – variações do nome desta
árvore são sutis, o mais diferente deles
é “árvore-da-preguiça”, por ser esta espécie a preferida pela preguiça-de-coleira,
que consome avidamente as suas folhas tenras. E tem mais serventia para a
fauna: os pássaros a procuram por causa dos frutos. <span style="color: #333333;">Aves
mais atraídas por ela: s</span>anhaços, sabiás, saíras, tuins, tucanos,
araçaris, periquitos, jandaias, arapongas, trinca-ferros, pica-paus, papagaios,
tico-ticos, entre outros. E tem mais –
ela é pioneira e rústica, ideal para inicio de reflorestamento em áreas
degradadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">As árvores
(com mil utilidades): araticum, Gonçalo, sucupira-preta, murici, canjerana,
pequi, buriti, lixeira (sambaíba), caviúna-do-cerado, barbatimão, baru, cagaitera, mangaba,
jatobá-do-cerrado, pau-santo, jacarandá-do-cerrado, bacupari, sucupira-branca,
pau-terra, ipê-do-cerrado<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.4pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">IV - A MEDICINA CASEIRA<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Além dos curandeiros com as garrafadas, sua experiência
empírica, pessoas comuns que dominam o uso da flora nos cuidados da saúde e a
variação é muito grande no uso de raízes,
sementes, folhas e cascas na cura de doenças ou males: problemas de garganta, inflação
dos olhos, inflamações uterinas, picada de escorpião, enxaqueca, dores de
dente, cicatrizante, dores do estômago e
rins, gripe, febre e resfriados, prisão de ventre, antirreumático, diurético,
vermífugo, calmante, expectorante, má
digestão, picada de cobra, rouquidão, problema do fígado, estimulante do
apetite, dor na coluna, inchaço, banho para recém-nascido que apresenta atraso
no desenvolvimento, asma, bronquite,
regulador menstrual, úlcera e gastrite, afrodisíaco masculino e feminino
e inseticida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Muitos alimentos são encontrados nos gerais: abacaxi-do-cerrado, araticum, baru, buriti,
pequi, cabeça-de-nego, cagaita, jatobá, mangaba, murici, mama-cadela, caju-do-mato, murta, grão-de-galo,
saputá, umbu d´anta, pimenta-de-macaco (tempero), coco-indaiá.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">V - O HOMEM<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Não são tantos os moradores nos gerais,
considerando a vastidão de terras num
ambiente totalmente isolado. Nas minhas andanças, conheci poucos deles. O mais
considerado foi o Sebastião Ema, que se tornou meu amigo. O seu rancho era
plantado na cabeceira da Vereda do riacho Conceiçãozinho, na divisa do campo sujo com o campo limpo. Era
um rancho modesto, mas bem levantado. As paredes eram de enchimento, rebocadas
com barro branco refletindo muita luz. Era coberto pelas palhas do buriti, um
processo tão bem engendrado que não dava passagem à água por mais forte fosse a chuva. As portas e os móveis do rancho eram
todos fabricados com matéria do buriti e embaúba. Nas paredes, penduradas, as
redes, cordas, peneiras – todas de cerda do buriti. O fogão era uma peça
interessante, considerando a inexistência de tijolos nos gerais: era um jirau montado sobre quatro forquilhas
de jatobá-do-cerrado, estrado de achas de pau-preto forrado com grossa cobertura de argila da vereda. Não
era de precisão ser grande, pois nem tantas eram as iguarias levadas ao fogo. No
pote de barro sobre singela cantareira, feita com o colmo do buriti, a água fresca da vereda. Ali o
palpitar da vida se dava ao sol nascer e dormia logo ao seu cair no horizonte.
Paz! Somente a paz! Em um mundo envolto de grande pureza. Tião tinha um belo
burro ruão, que arriava todas as manhãs para percorrer as redondezas onde
pastavam poucas cabeças de seu rebanho, de especial as vacas, que lhe forneciam
o leite para o consumo e fabricação de queijo que, estocado, vendia no Núcleo
da Escola Caio Martins onde estudavam seus filhos ou no comércio do Seu Miro. Cultura
só mesmo a mandioca e moitas de cana, pois o solo do campo sujo é fraco –
mandioca para o consumo e a cana para fabricar a garapa adoçante do café. No
quintal do rancho, em jiraus, verdejavam os temperos e plantas medicinais:
pimenta, coentro, salsa, cebolinha, arruda, manjericão, malvão, erva cidreira. De admirar ainda se via moitas de algodão
caboclo que dona Maria, esposa do Tião, cardeava e levava a um rude tear para
tecer tecidos que ela empregava na confecção de calças, camisas e cobertas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Não visitei outros ranchos nos Gerais. Na
minha passagem pela Conceição, viajando pelos gerais, vi muitos e muitos deles
plantados nas cabeceiras de veredas. Vendo-os, de longe, sem contato com os
moradores, imaginava que as famílias que ali viviam eram sofredoras, abandonadas,
carentes, tristes. Então, escrevi o poema O Homem das choupanas lamentando o
seu abandono. Depois que conheci Tião Ema, que vivi mais de perto aquele
universo, mudei de opinião e conclui que
muitos homens que vivem na cidade, usufruindo da “civilização”, têm uma
vida muito mais sofrida e dependente, que o homem dos gerais. Neste universo, ele vive a sua dignidade, não
depende da caridade pública, da compaixão alheia; nele ele encontra na flora
diversificada o alimento, uma fonte enorme de vitaminas e na fauna outra fonte
de alimento rica em proteína, a caça. Não
era rica a diversidade e a população de animais no cerrado. Contudo, por outro
lado, a população humana era mais rara ainda. Desta forma, um veado ou uma
capivara, animais de grande porte, abatido, servia como alimento para vários
diais. A miúde tinham, ainda, as aves, tatus, teus e peixes O homem tinha,
então, uma dieta muito equilibrada de vitaminas e proteínas e até carbo-hidratos
e energéticos com a farinha de mandioca e a rapadura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Infelizmente os tempos são outros, já não se
vê tanta riqueza nos gerais, que se tornou hostil à morada do homem. O que
escrevi, antes, foi vivência de tempos passados. Atualmente a situação não é a
mesma. O cerrado vem sofrendo contínuo processo de degradação, um desastre.
Para alimentar as carvoeiras centenas de milhares de hectares de toda espécie
de árvores foram cortadas, em alguns casos sem condições de regeneração
naturalmente. Onde imperavam os pequizeiros, jatobás do cerrado, araticum e
outras fruteiras, foi plantado o eucalipto que, sem diversidade, sequer atrai a
fauna, pelo contrário, a exclui do sistema mono. Em consequência, em primeiro
plano, ficou o solo exposto ao sol inclemente, sem cobertura para reter as
águas pluviais e, em consequência, abrindo caminho à erosão, comprometendo as
veredas e cursos d´água – atualmente, muitos deles são intermitentes ou secos
de vez.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Por outro lado, a caça foi proibida
severamente. O conjunto de fenômenos causados pela ação do homem de fora dos
gerais na destruição do cerrado e a proibição da caça inviabilizaram a vida do homem ali levando-o ao êxodo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">O que se vê, então, atualmente, são ranchos
transformados em taperas e rareada a presença humana, como ser vivente, nos
gerais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 12.0pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VI
- O VÃO<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Na linguagem do urucuiano o vão é o terreno que se estende do sopé da serra às
baixadas dos rios. É a depressão do
terreno, o plano abaixo do altiplano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Nesta minha volta ao Urucuia concentro-me no
vale do rio Conceição, onde plantamos um núcleo das Escolas Caio Martins em
1957.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Desci a serra da Conceição na trilha
cavaleira que vem do rancho de Tião Ema, passando pelo corredor de pedra
(Corredor da Tocaia na história de dona Joaquina) alcancei o socalco, etapa
final da estrada que a direção do Núcleo
intentou abrir como acesso à fazenda Brejo Verde. Logo abaixo cheguei ao vão.
Dali meus olhos alcançaram o capão de
angicos às margens do rio Conceição com seus belos meandros, numa área de
aluvião própria para o plantio de arroz, nas águas e feijão, na seca. O vão que
visito vem do ponto de travessia do rio Conceição com destino à fazenda Boa
Vista, dos Palma, partindo da
propriedade de Manoel Tempo Duro, às margens do córrego das Lajes. Naquele
ponto, a serra é embeiçada no rio com o barranco lambido pelas águas. Vencido
esta ponta de serra chega-se ao vão do Conceição, que passa pela sede do
Núcleo, alcança – riacho Conceiçãozinho em direção da fazenda Santa Rita.
Antes, encontro a bela área reservada para a cooperativa dos Bandeirantes,
conforme planejado quando da preparação da Bandeira. Como diretor dela, o meu
único ato foi arar uma área para o plantio de arroz, que não saiu da vontade.
Não plantei arroz no terreno da cooperativa, mas fiz uma pequena roça de milho
e arroz em parceria com Vicente Barbosa, na área da embocadura do riacho
Conceiçãozinho com o rio Conceição. Quando fui transferido do Núcleo, vendi
minha parte da lavoura, o que me deu bom lucro (dois cortes de linho para
confecção de dois ternos e um par de sapatos, o que não tinha no Urucuia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
meu passeios pelo vão da Conceição, fui à baixada que parte do sopé da serra,
das cachoeiras do Conceiçãozinho e do
Imbé às margens do rio Conceição. Ali visitei o rancho de Zacarias, que foi
personagem destacada no livro Joaquina, uma lenda urucuiana, de minha autoria,
narrando histórias de dona Joaquina, a matriarca que imperou naquela fazenda no
século XIX. Encontrei-o debruçado sobre uma fileira de tabaco colhendo folhas
para fabricar o fumo de corda.
Lembrei-me, então, que à falta do Continental, cigarro tão raro no Núcleo, ele
sempre levava toras de fumo, dos mais fracos, para nossos cigarros de palha.
Noutros ranchos, próximos, moravam Chichico, os baianos João e Avelino e os
pais de Maria, lavadeira do Núcleo –
todos agregados que prestam serviços diários ou por empreitada ao Núcleo. Gente
simples, muito amável e, ao seu modo, muito feliz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">VII - RIO
CONCEIÇÃO<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Um recorte em meu passeio, assim que deixei a
baixada das cachoeiras, para falar um pouco sobre o rio que nos conquistou por
inteiro, o Conceição. E ali cheguei, às
suas margens. Então, voltei longe no tempo e recordei que na sua contemplação
constante, instintivamente, voltava às aulas de História e Geografia do
professor Afrânio Teixeira Bastos, do Curso Normal Regional de Esmeraldas –
vinha-me à memória o delta do rio Nilo, a dádiva do Egito, cobrindo extensas
áreas com o rico limo propiciando o desenvolvimento de variadas culturas, e o
rio Jordão com seus meandros. De fato, na baixada dos angicos, uma meia lua
formada pelo contorno do rio Conceição, a todo ano, com sua cheia, o Conceição
deixava, também, o rico limo – fartas eram as culturas de arroz e feijão.
Lembrando os meandros do Jordão, era o serpentear do Conceição, contornando o
capão dos angicos, de quase se ver, estando no eixo da área, as margens do rio
que chega com a outra margem do rio que passa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Ainda no passeio pelo rio Conceição
deleitei-me com a visão da areia branca, tão branca como neve, formando
formosas praias, sombreadas pelas copas de frondosos juazeiros erguidos nos
barrancos com a vantagem dos frutos para os peixes. Na curva fechada do rio, o
poço famoso, muito escuro, onde nos esconsos, segundo moradores da região,
dormia um enorme surubim roncador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Tão
formoso Conceição!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt;">VIII - FAZENDA SANTA RITA<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 12.0pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Na fazenda Santa Rita percebi a grande
mudança, a transformação do modo de vida dos moradores dos gerais e do vão.
Antes de chegar à fazenda Santa Rita, ainda no Núcleo, avancei em um trecho do
vão, partindo das margens do rio às cachoeiras do Conceiçãozinho e do Imbé, uma
ao lado da outra. Uma grande área de mata de transição. Vindo do sopé da serra,
em seus vários boqueirões, encontrei um mata fechada com espécies várias:
aroeira (esteios para construção de casas e postes para cercas) jatobá (para
fabricação de carro de bois), pau preto (construção), peroba (construção e móveis), cedro (móveis)
angico (postes e estacas), pau d´óleo/copaíba (remédio), e outras tantas de
menor destaque de utilização, mas formosas no conjunto esverdeado. Deixando o
sopé na direção da baixada do rio, árvores de menor porte, a vaqueta e, por
fim, área de aluvião enriquecida nas cheias do Conceição.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">A fazenda Santa Rita sinaliza o modo de vida
do povo da região que não tem nada parecido com os habitantes dos gerais. Domingos Sales de Abreu, no livro Às margens da incerteza, descreveu,
com propriedade, como era aquela região “os posseiros de áreas maiores
aproveitaram a oportunidade de negócios dividindo-as em glebas reduzidas, ou
mesmo pequenas chácaras, aumentando sobremaneira a densidade demográfica.” Na
região encontrei diversas propriedades bem formadas – casas, currais e outras
melhorias. Na fazenda Santa Rita destaca-se o comerciante pernambucano Seu
Miro. É o principal comércio da região, onde os moradores encontram variados
produtos para comprar: arame farpado e grampos, pregos, sal, medicamentos
básicos (melhoral, cibazol, leite de magnésia, sal-de-frutas, iodo, mercúrio,
creolina); arroz, feijão, farinha, café em grão, rapadura. Interessante era o
sistema de comercialização: raro o
pagamento com dinheiro. O morador faz a compra do necessário e Seu Miro tudo
anota em um caderno. No período da colheita de arroz, milho e feijão, ele sai
pelo sertão com uma tropa de burros recebendo cereais em pagamento, e até mesmo
mantas de toucinho. De quando em quando, mercadores de Patos de Minas compravam
os estoques do seu Miro<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Depois da fazenda Santa Rita chego ao
aglomerado onde, todos os anos no dia Primeiro de Maio celebra-se a Festa de
Santa Cruz. O evento acontece em uma
clareira aberta na mata de
transição nas proximidades do Riacho Doce onde, no centro, tem erguida uma
enorme cruz, local das devoções. O ponto de apoio é a casa de José Pereira,
posseiro de uma boa gleba tendo como sede uma casa muito boa, levantada com
tijolos e coberta com telhas de barro. Ali, anualmente reúnem-se centenas de
moradores da região para a festa religiosa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Mais na frente, seguindo o caminho beirando
as fraldas da serra, às vezes sob um túnel formado pelas copas de portentosas
aroeiras ou margeando vazantes forradas de capim rasteiro, encontro uma
bifurcação. A estrada à direita leva à fazenda Poleiro de Pato, administrada
por Juca Alkmim, um homem muito distinto, alegre e sintonizado com o que passa
no país através de um rádio RCA Victor alimentado por bateria. A fazenda fica
às margens do rio Conceição onde se faz a travessia para o fazenda Rodeio, nas
margens do Rio Urucuia. Em princípio, nos preparativos da Bandeira do Urucuia,
a fazenda Rodeio fora prometida à Cooperativa dos Bandeirantes, que não saiu da promessa. Contudo, o nome
rodeio não saia de nossas inspirações ou aspirações de nos tornarmos
proprietários de uma bela fazenda às margens do rio Urucuia. Apenas eu,
Raimundo e Francisco conhecemos a fazenda no giro pela região de Capão da Cinza
e Vereda do Chico Velho de distinto encantamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">A estrada à esquerda leva à fazenda Cabo
Verde onde foi plantado um segmento do Núcleo Colonial da Escola Caio Martins,
com um professor lecionando para as crianças da região e assistindo os
moradores locais. A sede foi plantada nas margens do Riacho Morto, também
conhecido como Corrente. Na frente da sede estende-se uma formidável vereda de
formosos buritis, razão por que a
fazenda também é conhecida como Buritizeiro. Pousando o pensamento no Cabo Verde
volto no tempo encontrando Emílio Milton (Lourinho), companheiro de curso
normal e bandeirante, com sua esposa Terezinha e o primogênito Gilson. Um grave incidente desencadeou na partida dele
e família do Urucuia. Substituiu-o o bandeirante Raimundo Melo, que
revolucionou o meio com a construção de uma capela com uma torre futurista –
Raimundo era um gênio sonhador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Do outro lado do Riacho Morto encontro a
fazenda Corrente de Antônio Torres, meu guia nas andanças pelo sertão urucuiano
cadastrando eleitores para a Comarca de São Romão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">No Cabo Verde, nas margens do riacho Morto ou
Cabo Verde, dá-se o final do vão da Conceição. Do outro lado do riacho Morto
começa o vão da Serra Constantino que se estende até às margens do rio Urucuia
onde desemboca o rio Conceição.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Nas minhas andanças com Antônio Torres deixei
a Serra da Conceição rumo à Serra Constantino, passando pela Fazenda Brejo
Verde onde foi instalado, também, uma
escola sucursal do Núcleo. O primeiro a lecionar na fazenda foi o professor
bandeirante Geraldo Moreira, substituiu-o o professor Geraldo Saldanha. Lembrei com certo carinho as visitas que fiz
aos dois, em duas ocasiões: uma levando suprimento alimentar transportado pelas
trilhas do gerais em uma carreta puxada por
trator; a outra foi com a nossa trupe teatral levando a peça o
Diamantão. Lembro-me, com saudade, o pavor que a peça causou nos assistentes,
gente humilde da região. Numa cena, bem montada pelo Raimundo, um garimpeiro é ferido gravemente por índios,
mas ao tombar desfere um tiro de garrucha em seu agressor. O índio com sangue
escorrendo da boca e do peito (anilina) estatela no chão. Ao troar do tiro, mal
esvaída a fumaça, o público desapareceu da sala em disparada. Ainda bem que se
tratava do ato final. Espanto foi no outro dia: quando os atores deixaram a
casa, de manhã, deparando-se com muitos moradores escanchados na cerca de
varões na frente da casa. Subiu o burburinho com muito espanto ao verem o homem baleado vivinho da silva. A fazenda é
localizada em um local extremamente
inóspito e de terras áridas, cobertas de lobeiras. O que de especial tem a
fazenda é cachoeira do Riacho Brejo
Verde, que é deslumbrante. Tem ela a profundidade de perto de cem metros de
queda livre entre paredes de pedras negras forradas de farta vegetação de imbés
e samambaias cujas folhas bailam com o respingo da água desprendida do alto
(calculei a altura dela tendo como referência a cachoeira da Fazenda Extrema,
que visitei com outro guia, João Palma – segundo informação local, ela tinha a
altura de 110 metros, medida feita com cordas pelo padre Guerino, pároco de São
Romão em suas desobrigas pelo sertão). Abre-se, cortando a serra, um formidável
cânion. Foi com alegria que revi a cachoeira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Um pouco depois, uma nova e exuberante visão:
o vale do riacho Mundo Novo. Fiquei, deveras, encantado com o deslumbrante
panorama lembrando-me do livro que li quando aluno da Escola Normal de
Esmeraldas, Vale Aprazível de Louis Bromfiield – um éden.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">IX - A VIDA NO
VÃO<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">E como é a vida naquele vão? Certamente, pelo
que já descrevi, ela é diferente do modo de vida do homem dos gerais.
Verifica-se pela qualidade das terras agricultáveis, propícias à cultura de
cereais e criação de gado; oferta abundante de água, clima agradável, meios de comunicação e
vizinhanças. Nas proximidades do Riacho
Doce conheci um criador de cavalos, José Braga, homem de estatura baixa,
atarracado, muito afável e sempre usando um chapéu de aba larga. Comprei na mão
dele um cavalo que dei o nome de Sputinik, que, infelizmente não aprendeu
esquipar, nem o viageiro, ganhando, com isso, a liberdade no campo, livre dos
arreios. Preocupava José Braga os seus filhos, que se envolviam em muitas
confusões, especialmente nas festas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">O vão da Conceição não tem a diversidade da
flora dos gerais, mas a compensação está na riqueza das terras, em especial nos
terrenos de aluvião muito férteis pelos sedimentos deixados nas cheias do
Conceição. Outro fator importante é o convívio social: festas, comemorações
religiosas, ternos de foliões – conheci
um terno muito famoso na região, os Serranos tendo deles, inclusive, a gravação
de uma música cantada durante a dança (guaiana) do Quatro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Outro aspecto de destaque é o do vestuário. O
guarda-roupa dos moradores do vão é mais sortido e, na maioria de roupas confeccionadas
(calças de brim jeans), calçados de botinas e botas, boas roupas de “festas”,
especialmente as mulheres, que também fazem uso de maquiagem – o ruge e pó de
arroz; chapéus de feltro. O homem dos gerais tem pouca roupa, geralmente tecida
em casa; calçado é a precata de couro e o chapéu da cerda do buriti. É muito
modesto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">A alimentação do homem do vão é mais farta e
variada: arroz, feijão, farinha, carne de porco ou galinha, ovos, mandioca,
leite, queijo. Tem mais verdura cujo plantio é facultado pela qualidade do
terreno.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">X – POSSEIROS E
AGREGADOS<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Na minha primeira passagem pelo Urucuia tomei
conhecimento que o Núcleo da Escola Caio Martins fora assentado na fazenda
Conceição, que nos fins do século XIX, fora propriedade de dona Joaquina
Pereira da Mota, famosa matriarca cuja história se transformou em uma lenda. Dona
Joaquina teve um fim trágico – foi processada e condenada à prisão em São Romão
e, no final de sua vida se encontrava em estado de miséria. Suas fazendas foram
desapropriadas pelo Estado. Dizia-se, na ocasião, que eram quatro fazendas:
Conceição, São João, Boqueirão e Rodeio, terras de não acabar, mais de 20 mil hectares. O quanto
exato nunca fiquei sabendo, mas pelas minhas viagens no lombo de burros
aquilatei sua extensão. Partindo da sede do Núcleo até a fazenda Brejo Verde,
pelos gerais, para vencer a extensão levava-se um dia de viagem a cavalo;
igualmente era o tempo que se levava para chegar à fazenda Cabo verde. Para
chegar ao extremo da Vereda Chico Velho, na fazenda Conceição, levava-se três
dias de viagem a cavalo, com pousos no Poleiro de Pato, Capão da Cinza e
na entrada da Vereda do Chico Velho. As
Escolas Caio Martins receberam as terras do Estado para instalar, nelas, um núcleo
sócio-educacional de apoio ao homem do campo. Implica, isto, que lá já existiam
muitos moradores, todos posseiros. Não tendo as Escolas recebido a escritura da
fazenda, também ela ali se encontravam como posseira, mas, de certa forma,
responsável por imensa área ainda não posseada. Diante da realidade, não
interferiu na situação dos posseiros, pelo contrário até mesmo passou a
trabalhar com eles. Alguns posseiros constituíram propriedades sólidas, com
extensas áreas tendo, nelas, instalados muitos posseiros. Entre os posseiros
existiam muitas famílias oriundas da região de Pompeu sendo eles tratados como
“os pompeanos”. Essa ligação remete até mesmo à dona Joaquina que era
conhecida, na região, como Joaquina do Pompéu. Na verdade a Joaquina de Pompéu
era outra, uma rica e famosa fazendeira da região de Pompéu, amiga da corte
portuguesa na Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Outras figuras que exerciam importante papel
na fazenda Conceição (Caio Martins) e região era a dos agregados. A eles era
permitido construir, com um pequeno
cercado onde podiam ter suas plantações. Nas terras da Escola e de
proprietários da região pelo uso de áreas mais extensa, geralmente para o
plantio de arroz, feijão e milho, era cobrada uma renda de até 20% do que
produziam.</span><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">XI - FIM DE
JORNADA<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Volto à realidade, tão longe do meu Urucuia.
Fora o sonho não tenho como comprazer-me das veredas, dos córregos, da flora e
fauna dos gerais; das fornidas árvores dos boqueirões, das cachoeiras do
Conceiçãozinho e do Imbé – modestas no volume de água, mas tão mimosas ornadas
por imbés e samambaiais como cortinas viridentes que reluzem no respingo da
água prateai dos gerias de campos virginais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fim de jornada, mas não de um sonho
alimentado, a cada lembrança, pelo paraíso oferecido pela natureza, bondade de
Grande Arquiteto do Universo. <o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Algerian; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">FIM<o:p></o:p></span></p></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZuZK-8oEusgZzGFstkYmzo-A-soPFbp1mBKLLedUxKkE3k1s5TmV5kzb34xkN1f5j0y6hVdI7tzxxhNSRqjmlbPvS3cxPhxiPhaO1IhJRjIQc4McpuEs29SkacDVOxLdsGPveTXUrJEF4LxhCeh_jSZPccNyi1sSx-E8kHZKO-Su5zlIodKDyOcSlEA/s3508/CAPA%20DE%20VOLTA%20AO%20SERT%C3%83O.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3508" data-original-width="2481" height="621" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZuZK-8oEusgZzGFstkYmzo-A-soPFbp1mBKLLedUxKkE3k1s5TmV5kzb34xkN1f5j0y6hVdI7tzxxhNSRqjmlbPvS3cxPhxiPhaO1IhJRjIQc4McpuEs29SkacDVOxLdsGPveTXUrJEF4LxhCeh_jSZPccNyi1sSx-E8kHZKO-Su5zlIodKDyOcSlEA/w438-h621/CAPA%20DE%20VOLTA%20AO%20SERT%C3%83O.jpg" width="438" /></a></div><br /><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-3680794036987004292022-01-22T05:17:00.003-08:002022-01-22T05:17:40.933-08:00QUEM É QUE ME TOCOU?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg91vDe5jtf0byj0mfW1XWyga1O8KUzHTFmDFyIs639-jOHEzkMQj1cGNi1OmQwU_o9TNobkBK5PlUV1jjElYZIMJI5mig4RkMogSxIReL8XeqhOInQ3gw_4oh4RtuRvkdUzSwjq4bsLSmEF9sglWwnC21-QvQbSkROxRYupH80FAAenecEd84hn01BqQ=s333" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="294" data-original-width="333" height="283" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg91vDe5jtf0byj0mfW1XWyga1O8KUzHTFmDFyIs639-jOHEzkMQj1cGNi1OmQwU_o9TNobkBK5PlUV1jjElYZIMJI5mig4RkMogSxIReL8XeqhOInQ3gw_4oh4RtuRvkdUzSwjq4bsLSmEF9sglWwnC21-QvQbSkROxRYupH80FAAenecEd84hn01BqQ=s320" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Despretensiosamente, dias atrás,
dei-me com uma passagem bíblica que me emocionou muito e, de imediato, levou-me
a algumas digressões. A frase<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>está em
citação de Lucas, 8: 45-46. Narra um fato singelo, se não tomado em sua extensão.
Uma pobre mulher que padecia de um mal incurável, fluxo de sangue, que não
encontrara cura com médicos, tendo esgotado todos seus recursos. Soube ela da
passagem de Jesus<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>onde ela morava e o
viu, meio a enorme turba, passando pelo caminho. Com esforço aproximou-se dele.
E o que fez? Tocou-lhe, com um dedo, o manto e, imediatamente curou-se do mal.
Jesus percebeu e disse: “Alguém me tocou: porque eu conheci que de mim saía uma
virtude”. Ninguém pôde respondê-lo e ele insistiu. Nisto a mulher se aproximou
e postou de joelhos aos seus pés e se desculpou. Jesus, complacente, a ela
dirigiu: “Filha a tua fé te salvou: vai-te em paz”. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Esplendor
de duas virtudes pregadas por São Paulo: fé e caridade. Deu-me a consistência
do entendimento da missão de Jesus na terra: a Luz, a misericórdia de Deus
revelando Seu amor aos homens. Tão excepcional foi o fervor daquela mulher
acreditando que com um simples toque no manto de Jesus seria curada; e Jesus,
ao sentir a virtude desprendida dele: a caridade. O amor que resume
inteiramente a doutrina de Cristo. Que melhor poderíamos ter buscando Jesus?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nada
mais precisaria ser dito. Mas refleti: não estamos vivendo um tempo em que se
faz necessário ressaltar a presença de Jesus iluminando nossa seara? Nisso,
lembrei-me de uma pregação do padre Leo (um santo homem) inspirado em
Colossenses, concitando-nos: buscai as coisas que são lá de cima, onde Cristo
está assentado à destra de Deus. “Cuidai das coisas lá de cima, não nas coisas
que há sobre a terra”. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Então encontramos
força, especialmente em espírito – pois é através dele que podemos chegar ao
Pai, não em matéria. “E</span><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;">ncontrar uma meta e manter o passo firme em direção às coisas
que estão no Alto é próprio daqueles que sabem superar os desafios e que não se
deixam abater diante das dificuldades. Para aqueles que não querem parar nem
desanimar diante dos problemas, é preciso continuar!” – Pe. Leo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
que vamos levar carimbado, em nossa vida na terra, para depositar aos pés do
Criador como legado de uma vida que se passou, da qual nada fica para merecer
refrigério na vida espiritual? Tenho<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>certeza, como tantos brasileiros, sem querer fazer qualquer juízo, mas
na reflexão do que vejo e sinto, que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em
nosso sofrido País, muitos políticos e magistrados estão agarrados aos
bens temporais, carimbando o perverso que, certamente, não serão propícios ao
Criador. Serviria de consolo? Não, seria de imensa tristeza.</span><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-84311708741040075902019-10-08T07:24:00.003-07:002019-10-08T07:25:29.022-07:00VIVÊNCIAS – CONTOS<div style="text-align: center;">
ÉRAMOS DOZE</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjog85DydMNqbXPHzXGvCWhxsO4NhgIxvddVcfyvLp_THxvqXvL8w0TEkaB16dnhsHcnA3qpkY4e0qAkkUSYJKRshKBzovKYMmAG_ls2aV_AyOAzBm6ez2pZfnLi8tCfxJEiFTcRaT6XIc6/s1600/Imagem+%252826%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="913" data-original-width="1256" height="232" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjog85DydMNqbXPHzXGvCWhxsO4NhgIxvddVcfyvLp_THxvqXvL8w0TEkaB16dnhsHcnA3qpkY4e0qAkkUSYJKRshKBzovKYMmAG_ls2aV_AyOAzBm6ez2pZfnLi8tCfxJEiFTcRaT6XIc6/s320/Imagem+%252826%2529.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os doze na viagem para instalar o Núcleo Colonial Vale do Urucuia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Éramos
doze! Juntos nos vimos, em dia distante, no meio de uma clareira entre a serra
da Conceição e o ribeirão da Conceição de olhos num rancho de palha que seria
nossa moradia no sertão inóspito apenas com uma motivação especial: conhecer as
veredas tropicais e bater de frente com as morenas de olhos verdes. Às vezes,
em noites escuras, rodeávamos uma fogueira assando ubre de vaca, cantando
Uchained Melody, Inamorata, Índia, Boneca Cobiçada. A gente ria feliz naquele
recanto esquecido, perdido na geografia mineira, espalhando alegria. E foi que
demos por conta como levamos o élan do idealismo cultivado nos bancos da
escola-mãe exercitando-o com exuberância, na força que explode na natureza
chegada a Primavera. Era, então, o nosso mundo e passamos vivê-lo com
intensidade na crença de estar criando um mundo novo naquele sertão esquecido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Éramos doze! Vivíamos um mundo de novidades e encantos,
vistos nas coisas mais simples a qualquer olhar. Quem poderia admirar o rio
Conceição com seus meandros, águas claras, praias de areia brancas, brilhantes
como a neve, sombreado pelas copas do pajeú, e com esconsos onde dorme o
surubim? Quem poderia ficar parado diante de um capão de angicos só para
assistir, em suas densas copas, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>às
estripulias dos barbados depois da colheita de milho na sua roça? Quem poderia
contemplar extasiado o despontar da lua no fundo do capão de angicos precedido
de suave brisa? Quem poderia contemplar os raios da lua cheia mais subida aos
céus infiltrando nos ranchinhos entre as palmas de buriti da sua cobertura?
Quem poderia resvalar nos imbés despontado de frestas de lajes da cachoeira do
Conceiçãozinho de águas puras e cristalina, que no correr dos séculos como
paciente arquiteto lapidaram piscinas e canais de belezas incomuns? Quem
poderia se aventurar no universo/cerrado resvalando-se entre árvores tortas,
umas floridas e perfumadas? Quem poderia, naqueles gerais, acompanhar a
carreira de emas buscando esconderijo para suas crias? Quem poderia pousar à
entrada de uma vereda, descansar os pés na sagrada água do sertão, ouvir a
canção das palmas sopradas pela brisa do cerrado e entreter-se com a algazarra
de araras e jandaias em busca do fruto vermelho do buriti? Quem poderia
estancar o burro à porta de um humilde ranchinho de pau a pique e coberto de
palha e ser recebido com generosidade pelo morador que não tendo nada, com um
sorriso dá as boas-vindas e oferece água, e dele ouvir tantas histórias nunca
antes contadas? Quem poderia estar em um lugar esquecido, isolado, inóspito,
distante, sentindo que estava no centro do mundo, construindo uma
história?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quem poderia estar abrigado em
um rancho com tapumes de palha de arroz e coberto com palmas de buriti, piso de
chão batido, achando, assim mesmo, que estava morando em um palácio? Quem
poderia viver na isolada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fazenda Brejo
Verde, cercada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de lobeiras, assentada em
terras secas cobertas de pedregulhos –<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>de verde só tinha a certeza de<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>ali acender a luz da esperança, do amanhã no coração de crianças? Quem
viveria na planície à beira do Riacho Morto na erguida fazenda Cabo Verde, em
terra perdida no tempo e isolada para levantar uma escola e levar esperança
para crianças e gente então abandonada? Quem veria o corredor de pedras no alto
da Serra da Conceição, parte da lenda de Joaquina, matriarca<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que primeiro fez a história da fazenda
Conceição? Quem poderia sentir arrepios e se emocionar diante das ruinas do
casarão de dona Joaquina e da<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ermidinha
que inspirou Manoel Ambrósio a escrever o romance A Ermida do Planalto narrando
a saga de dona Joaquina? Quem poderia, por tempo e no tempo correndo, viver,
conhecer e compartilhar a vida de urucuianos, homens, mulheres e crianças que
não tinham nenhum contato com a civilização, que viviam em mundo isolado, sem
estradas, sem qualquer assistência; homens que em situação mais desvantajosas
que a dos índios, tinham que inventar a vida para viver? Quem poderia tirar
lições de vida da vida dessa gente e com eles aprender? Quem poderia com eles
cantar versos narrando fatos daquele universo, nos ternos de folia ou a beira
de uma fogueira?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Assim
éramos os doze no começo de uma grande missão. Juntos por bons tempos vivemos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e desfrutamos daquela alegria. Depois, por
contingências do trabalho, fomos divididos em células – no próprio universo e
fora dele. Contudo a alma de cada um ficou presa, adormecida no Urucuia e no
coração entrelaçado de cada um dos doze, eram irmãos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fogueira arde. Apenas ela o luzeiro na imensa
escuridão. Crepita! Estrelinhas acendem-se ao céu bordado de estrelas siderais.
De repente, meus olhos percebem seis estrelas mais luminosas desgarrando-se do
nosso universo. O que veem meus olhos sensibiliza minha alma, sou tomado pela
emoção e imensa dor, pois ali vejo que não somos mais doze. Seis estrelas que
se desgarram do nosso mundo são seis dos nossos irmãos que se encantaram.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Éramos
doze. Os Doze Bandeirantes do Urucuia.<o:p></o:p></span></div>
<br />João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-45005284000649558902019-09-07T08:01:00.002-07:002019-09-07T08:01:45.691-07:00VIVÊNCIAS – CONTOSA INVEJA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEK_YMcVvLiFs_PGcVI3nOjbV9sroy-L6Z_k2iT7GA3PytAfQg_Dh76Vk_fJB36ezhsEMdQwv9A4k1wLhFIa3uPqtduUHk4a9mtfxRpWJBLmnIsrWjiZGVvuTMsXx8t6-gBbPDx-93k43i/s1600/casa+simples.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="636" data-original-width="900" height="282" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEK_YMcVvLiFs_PGcVI3nOjbV9sroy-L6Z_k2iT7GA3PytAfQg_Dh76Vk_fJB36ezhsEMdQwv9A4k1wLhFIa3uPqtduUHk4a9mtfxRpWJBLmnIsrWjiZGVvuTMsXx8t6-gBbPDx-93k43i/s400/casa+simples.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">José
Fanto, enquanto servidor público, ao receber e a atender as pessoas, dava muita
importância ao seu cargo. Ia além do necessário para mostrar-se senhor da
situação e expor mais conhecimento do que guardava. No entanto, era bem quisto,
embora alguns colegas fizessem pilherias sobre sua quase arrogância. Na verdade
não era arrogância, era mais jactância – ele se orgulhava de si mesmo, e
quanto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Enquanto trabalhava, foi previdente.
Aos pouco foi construindo sua moradia, e quando se aposentou pôde sair do
aluguel e pousar em seu, e de seu, lar. Ao aposentar-se ainda teve que enfrentar
umas dívidas relativas à construção da casa. Por isso, montou um escritório de
assessoria na área que atendia na administração pública – nisso era competente.
Acontece que, assim que saldou as dívidas, resolveu refestelar-se na condição
de aposentado. Indagado sobre o fato de fechar seu escritório, dizia:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>–<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Vou curtir minha vida de aposentado. Tenho o direito.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Então fez isso no melhor estilo
daqueles que optam pela sombra e água fresca. A aposentadoria, ainda que não
fosse lá grande coisa, dava para sua subsistência de sua família – ele e a
mulher – sem atropelos. Outras despesas imediatas, não tinha, senão água e
energia elétrica, que não eram de taxas elevadas. Assim, enfiou-se em uma
bermuda de brim, que raramente trocava, uma camiseta regata e saía pelas ruas
bem cedo, levando um porrete na mão tendo um cachorro vira-lata sempre ao lado.
Media as ruas da cidade, parava na porta dos botecos, contava causos, mentia e
seguia caminho. Todos os dias a mesma rotina – como diz o povo da terra <i>“o mesmo
Mané-Maria”</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>José Fanto tornara-se folclórico.
Todos dele sabiam e falavam – <i>“um sem o que fazer”</i>, uma pena. Mas ele não se
importava, vivia como queria, um aposentado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Paulo Santos era seu amigo de
trabalho. De quando em quando se encontravam, depois que Fanto deixou o
serviço. E foi ele que registrou dois fatos interessantes envolvendo-o. É o que
conta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Tempos atrás, quando a cidade era
menor, mais pacata e eram guardados velhos costumes, com todo respeito da
população, a padaria da cidade fazia a entrega de pães a domicílio, bem
cedinho. O entregador pedalava uma bicicleta bagageira com enorme cesta na
frente cheia de sacolas com pães. Passa à porta do freguês e pendurava a sacola
com pães em um gancho do portão e gritava bem alto avisando:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Padeiro! Olha o pão! – e seguia
rumo a outra casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Numa feita, a dona Zuita, moradora
de uma casa quase vizinha à do Fanto atrasou-se<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>para recolher os pães – não foi coisa de muito tempo, a voz do
entregador ainda estava no ar. Abriu o portão, olhou o gancho e cadê a sacola
com os pães?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nisso viu o José Fanto
saindo, todo serelepe, sacudindo uma <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sacola com pães. Como foi no ato, ela gritou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Seu Fanto, esse pão que o senhor
está levando é aqui de casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Sem demonstrar qualquer surpresa,
por ter sido pego <i>“com a boca na botija”</i>, no ato da rapinagem, ele se
justificou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Ora dona Zuíta, eu não sabia que
essa sacola era da senhora. Eu tava passando e vi o pacote jogado na calçada,
meio longe do seu portão. Imaginei ter caído da cesta do padeiro que não deu
por fé do caso. Então pensei que se ficasse ali ia ser comido pelos cachorros.
Foi por isso que peguei a sacola. – dito isso, entregou a sacola para dona
Zuíta e escorregou-se rua afora como se nada tivesse acontecido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A dona Zuíta não o reprimiu alto,
mas resmungou indignada:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Sei! Cachorro! Cachorro é você
safado ladrão de pão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Doutra feito Paulo se encontrou com
Fanto que chorava a vida, reclamando sem razão, já que tinha uma boa casa e uma
esposa muito dedicada. Coisas que pareciam ser poucas para ele, medidor de rua.
Fanto, mirando a casa levantada ao lado da sua disse para o companheiro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Paulo, como é que a Ângela<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>conseguiu fazer uma casa como essa? De onde
tirou dinheiro para fazer um palacete como esse?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ora, a casa de Ângela, uma jovem desquitada,
não tinha nada de especial. Era pouco maior e melhor que a do Fanto. Bem
construída, com jardim à frente e uma vista agradável, mas nada de especial. O
que chamara atenção do Fanto, possivelmente não era a casa em si, mas o fato de
Ângela, uma jovem desquitada ter dado conta de construir uma casa, o que ele só
depois de aposentado conseguiu terminar.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>O problema é que Fanto não olhava para dentro de si, mas sempre para os
lados, para o que tinham os outros, era um invejoso que sempre queria ser o
melhor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Paulo, enfim, mirando Fanto, lembrou
de um pensamento de Arthur <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Schopenhauer
que diz <i>“Ninguém é realmente digno de inveja e tantos são dignos de lástima”</i>. E
balbuciou: – É, o Fanto é uma lástima, como é invejoso. E dirigiu-se a ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Fanto, você não tem motivo algum
que justifique sua fala. Ora, a Ângela é uma mulher dedicada ao trabalho sério,
pesado. Fora do emprego, assim como você teve o seu, ela faz muitos serviços
extras de acordo com sua profissão. Trabalha dia e noite, domingos e feriados.
Faz tudo para manter sua família com muita honradez e seriedade. A casa é
simples fruto do seu trabalho. Ela não para. E você, Fanto, o que faz a não ser
medir rua? E digo mais para você. A melhor casa é a nossa. Nenhum palacete é
melhor que a nossa casa, onde temos nossa vida, o fruto do nosso suor, dos
nossos anseios e trabalho. A casa do vizinho nunca poderá ser melhor que a
nossa, pois ela não tem a nossa alma. Você tem uma boa casa. Agradeça ao seu
trabalho, o seu esforço e a Deus que o protegeu. E tem mais. Se você acha pouco
e que a vizinha tem coisa melhor, deixe essa vida de passeador, essa vida de
andarilho sem ter o que fazer, jogando o tempo fora, arrume um trabalho, pois
você é novo e é capaz. Plante um jardim na frente de sua casa, plante umas
fruteiras e, assim, vai sentir o renascer da vida. Entregue-se a uma tarefa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Fanto fechou a cara e deixou Paulo
sem ouvir o final de sua fala...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– O<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>invejoso é covarde, não suporta a verdade. Isso é uma falha de caráter.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-25156902872736352142019-08-23T06:35:00.001-07:002019-09-07T08:01:58.798-07:00VIVÊNCIAS – CONTOS CORA CORALINA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpCdmuvI7BMwuugCKWAg_y5JNIZbMhCJTjepdiWPfIa2EQplgXtNGFi3PrjOmxrYyUTybdZBrlg0aDw1pFf-_L2oFYyuyEGns5pkxObr2k8x0-1gtSPnM4D6XqVMLipf4_qWyELt13pboe/s1600/casa+velha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="180" data-original-width="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpCdmuvI7BMwuugCKWAg_y5JNIZbMhCJTjepdiWPfIa2EQplgXtNGFi3PrjOmxrYyUTybdZBrlg0aDw1pFf-_L2oFYyuyEGns5pkxObr2k8x0-1gtSPnM4D6XqVMLipf4_qWyELt13pboe/s1600/casa+velha.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><i>“Aprofundar
cada vez mais nos estudos da Literatura e Teoria Literária para entender e
decifrar o universo poético desta grande poeta”</i> – é o que me passou Iêda
Vilas-Bôas na apresentação do seu belo<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>livro Cora Coralina – A mulher-poeta e suas múltiplas vozes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A chamada abriu-me o caminho para
uma reflexão e, ao mesmo tempo, uma imediata resposta a uma crítica que um
amigo fizera a respeito da poesia, ou seja, a<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>forma dela dizer alguma coisa ao leitor, que não aceita o sentido
figurado e muito menos o hermetismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Entendo a leitura da poesia de duas
formas. Uma: o simples apreciar, o gostar, o desfrutar de cada verso com a
sensibilidade, que pode tocar o coração através da janela dos olhos. O simples
gostar. Pronto. Duas: como disse Iêda, ainda na apresentação de seu livro:
<i>“Como elemento facilitador para a ampliação do universo literário dos
leitores”.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Pela primeira forma posso dizer que
gostei muito da poesia de Cora Coralina porque de tão simples, pura e cheia de
emoção, ela me tocou de imediato. Sim, por que digo de imediato? Porque Iêda
despertou-me o interesse pela decantada poeta que, ainda, não tinha lugar em
minha estante. Assim, a minha primeira providência<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>foi a de comprar alguns livros dela e assim o
fiz, de inicio, com duas obras – uma coletânea de autoria de Darcy França
Denófrio –<i> “Cora Coralina – e Vintém de Cobre, Meias Confissões de Aninha”</i>,
este da própria Cora. Devia tê-lo feito antes, pois Cora me emocionou, conquistou-me.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Cheguei ao poema Das Pedras, de
beleza rara, exalando simplicidade, profundo significado e palpitando a vida
nos mais profundo do âmago para se revelar o <i>“universo do leitor”</i> para narrar
uma história. Porém, volto a dizer, que encontrei<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>caminho para abrir o meu universo em relação
à própria poesia e, assim, de cara, entendi e senti, muito mais o primeiro
poema lido de Cora e foi como tivesse caminhando, ao lado dela, pelas ruas de
sua cidade, molhando os pés no rio Vermelho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Eu revelei à Iêda, que parte de
minha infância eu vivi em Araguari cuja proximidade geográfica com Goiás
acendia em nós fascínio por aquele Estado. E motivos não faltavam: eu morava
com meus tios, em uma casa que ficava a um quarteirão da praça da estação da
ferrovia Goiás, onde trabalhavam minhas primas Helena e Margarida. De Goiás
vinham, de quando em quando, índios em busca de ajuda e meu tio, italiano
radicado no Brasil, sempre repetia: <i>“esses são os verdadeiros brasileiros”</i>. E
para Goiás eu sempre viajava em excursões, como Lobinho de um grupo de
escoteiros da cidade – o destino era, sempre, Anhanguera, onde ficávamos
atentos e curiosos com a história do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva,
Anhanguera, que pôs fogo na água de uma lagoa para amedrontar os índios e deles
tirar informação sobre a existência de ouro na região. Com esses elementos
povoando minha infância eu repetia na escola que era goiano. Ainda menino
deixei o Triângulo levado para Belo Horizonte e nunca mais voltei. Depois de
alguns anos, ainda na flor da juventude, meu destino foi o Norte de Minas onde
plantei minhas raízes nas barrancas do rio São Francisco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Agora, meu pensamento é levado a
voar em território goiano, pousando na cidade de Goiás, na Casa Velha da Ponte,
às margens do rio Vermelho. Daqui para frente será uma nova aventura no meu
desbravar do mundo construído de letras pela sensibilidade de Cora Coralina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Por tão auspicioso presente –
inesperado posso dizer – agradeço muito à Iêda.<o:p></o:p></span></div>
<br />João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-64413348495962640612019-08-12T07:46:00.002-07:002019-08-12T07:54:13.778-07:00VIVÊNCIAS – CONTOSTAPERA DO FELIPE<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBi7i6YpKRKbcqw_wLcp5KNwdDmNUqwGaoBot-8wuqk4ACSNu1AOLZS1uwPirRKhnuIboKL30oCZwi_M237ReQNX6RTzOVwiO-f5v6vPapbw85bLJdeC496W9RzSpukDJSjbFOfQVIuID2/s1600/3783244556_652ed5fc69_b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="703" data-original-width="1023" height="219" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBi7i6YpKRKbcqw_wLcp5KNwdDmNUqwGaoBot-8wuqk4ACSNu1AOLZS1uwPirRKhnuIboKL30oCZwi_M237ReQNX6RTzOVwiO-f5v6vPapbw85bLJdeC496W9RzSpukDJSjbFOfQVIuID2/s320/3783244556_652ed5fc69_b.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Bons
tempos esvaídos nas brumas do passado chegam ao desconhecido e inóspito sertão
urucuiano. Um jovem desgarrado viajava<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>montado em garboso burro ruão de viageiro macio. Não se provia de muitos
apetrechos. Levava apenas uma capoteira com uma capa, uma<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>rede e um cobertor. Indo de lado – e às vezes
disparando na frente do burro – um cão perdigueiro. Burro e cachorro não tinham
nomes. Eram três em um só. O jovem atendia pelo nome de Felipe – Felipe só, não
adiantava o nome da família e lá tinha seus motivos. Viajava escoteiro e isso
não causava espanto, pois na região sempre aparecia cavaleiro solitário – a
serviço ou fugitivo da polícia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O sol descambava no horizonte
tingindo o céu de suave vermelho esbatendo para o dourado, quando Felipe
despontou em um limpo, que dava entrada a uma vereda. Pouco trotado divisou um
rancho ali aprumado. Era pequeno, mas bem cuidado, de aspecto agradável. O
terreiro da frente era cercado por paus roliços. Não tinha mato nele, apenas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um pé de bouganville coberto de flores
vermelhas. No fundo outro cercado com um pequeno mandiocal, alguns pés de
algodão crioulo, dois jiraus<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tomados
pelo verde da cebolinha de cheiro, coentro e couve; pés de limão rosa, mamão e
touceiras de bananeiras. No meio do mato, algumas galinhas, vigiadas por um
galo, ciscavam em busca de vermes para o bando de pintainhos que a seguiam com
avidez. Nada mais havia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Felipe chegou-se à beira da cerca e,
sem apear da montaria, chamou sem dar alarde – Ô de casa!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Esperou um pouco e repetiu o
chamado, um pouco mais alto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Logo depois despontou na portinhola
do rancho, entreaberta, a figura de um homem magro, estatura mediana. Trajava
com simplicidade, mas com decência, tanta a calça quanto a camisa pareciam ser
tecidas de algodão. Factível de ser por obra de sua mulher que cultivava
algodão crioulo no quintal e que, por certo deveria possuir um tear.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>–<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Pois sim, viajante. Tardes. E quem é o moço?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Felipe adiantou a montaria mais
próxima da cerca sem forçar o contato e se anunciou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Sô de fora. Tô de chegada no
sertão e preciso de ter notícia de umas terras da minha gente. Preciso também
de sua serventia de um pouco de água e um breve descanso. E se não incomodar o
senhor, um ponto para esticar a rede e descansar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O morador, então, ultrapassou a
porta do rancho e se adiantou até a cerca e anunciou ao forasteiro – Eu sou
Mané Tercilo. Moro aqui desde menino. O moço apeia. É bem-vindo. – falando
isso, afastou os paus da tronqueira para dar entrada ao visitante com sua
montaria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Prazer, seu Mané Tercilo.
Desculpe-me estar incomodando – disse Felipe apeando do burro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mané, muito solícito, como um bom
urucuiano, apressou em convidar Felipe para chegar ao seu rancho: – Vamos
adentrar no rancho, seu Felipe. É pequeno, mas cabe nós dois e mais, pois é de
bom grado receber os amigos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Dito isso, Mané abriu a porta do
rancho para a entrada de Felipe a uma sala, muito pequena, iluminada apenas
pela luz passada pela porta, sem janelas que era. Uma tosca mesa com três
tamboretes de tálamo de buriti compunha o mobiliário humilde. Em um canto, numa
pequena armação, encontrava-se um pote coberto de pano branco bordado, com dois
copos de alumínio disposto numa travessa. Era só.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>À vista do pote, Felipe pediu ao
Mané que o servisse de um gole d´água e foi prontamente atendido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Toma, seu Felipe, que é pura e
fresquinha. É da vereda. – Emendou, depois – Então, o que traz o senhor a esse
fim de mundo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Felipe, com serenidade colocou o
chapéu de lado, alisou os fartos cabelos e fitando seu Mané, relatou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Olha, seu Mané, eu viajo meio sem
rumo. Procuro uma fazenda que foi do meu avô. Ela está abandonada há muitos e
muitos anos, nem sei como pode estar nos dias de hoje. Meu avô vivia nela, era
muito rica em criação e produção. Sucedeu que, meu pai viajou para a cidade e
não mais voltou, foi estudar. Depois, tempo depois, minha vó morreu. Meu avô
sozinho naquela fazenda não aguentou a solidão. Deixou a fazenda nas mãos de
empregados e foi atrás de meu pai. Eu era pequeno quando ele chegou em nossa
casa. Lembro da conversa dos dois. Pouca coisa, pois era menino. Vô pedia para
meu pai voltar e tomar conta da fazenda. Meu pai não cedeu ao pedido dele. Vô,
todas as tardes insistia com meu pai dizendo que seu destino era aquela
fazenda, fazenda de raiz da família. E o dois ficaram lá na cidade sempre
repetindo a mesma história. Tempo foi passando até que meu avô se despediu
desse mundo sem ver meu pai atender seu pedido. Morreu guardando tanta
tristeza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Ouvindo aquele relato, Mané deu um
suspiro profundo e gemeu – Que história triste, seu Felipe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Pois é, seu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mané. Depois chegou a vez do meu pai. Também
ele se foi. Esqueci daquela história até que um dia, bateu em mim um chamado.
Não sei se era em sonho ou se eram vozes mesmos. Dizia que eu tinha de tomar conta
da fazenda e que ela era o encanto da nossa geração. Não entendi. Mas o sonho
se repetia e as vozes também. Resolvi então atender o chamado e aventurar pelo
sertão em procura das terras de meu avô. Pode ser que a encontre, pode ser que
não, pois tem tanta gente invadindo até terra produtiva, imagina uma esquecida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Qual é o rumo dessas terras, seu
Felipe? – perguntou Mané.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>- Não sei muito bem, seu Mané.
Lembro vagamente do meu pai comentando com um amigo dele que meu avô abandonara
uma grande fazenda na mão de capatazes nas bandas de um rio chamado Vazante,
nas fraldas de uma serra de nome Constantino. Dizia que era um vale muito
bonito, verde-verde de pastagens, um mundo novo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Nisso, Felipe estancou a fala, ficou a
modo de pensar. De repente, como num estalido, como se achasse uma coisa
preciosa, gritou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Seu Mané, é isso, o nome da
fazenda é Mundo Novo!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Mané socorreu-o de imediato – Seu
Felipe, pera aí. Sei donde fica essa fazenda. Não é longe, coisas de 10 e
poucas léguas indo para o rumo de Goiás. Tá lá no Mundo Novo. Sei só que a tal
fazenda é tratada, hoje, como a Tapera. Não foi tomada e ninguém vai lá.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não é que seja assombrada, pelo que sei. Mas
o povo tem medo dela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Felipe se agitou. A emoção palpitou
em seus olhos e na face ruborizada. Depressa perguntou – Então, onde fica a
terra, seu Mané?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mané Tercilo, chamou Felipe no
terreiro e fez um desenho no chão, um mapa dando os rumos da viagem para chegar
ao Mundo Novo. – O senhor vai deixar essa chapada e buscar o vão até encontrar
o rio Manso. Vai acompanhar sua descida, sempre margeando. De um lado vai ter,
quase sempre, as encostas da serra Taboão. Não tem de errar. – apontou no chão
o risco dizendo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>– É aqui o rio Manso.
Oia aqui! Nesse ponto tem um ribeirão entrando no Manso. É o chamado Parado. Aí
o senhor vai subindo por ele, vai ganhar de novo a chapada. Na cabeceira desse
córrego, passado uma grande cachoeira, vai dar numa grande vereda. Segue por
ela, sempre e lá no final, virando para a direita, o senhor vai ver um grande
vale<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>verde. É o Mundo Novo. Lá está sua
fazenda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No outro dia, ainda com a Estrela D´Alva
no céu, Felipe arreou o ruão, agradeceu o adjutoro do seu Mané, chamou o cão e
ganhou a trilha. Viajou o dia inteiro até chegar ao córrego Parado. Fez pouso
nas suas margens. Peou o ruão deixando-o pastar na verde grama das margens do
córrego e, debaixo de portentoso pau d´óleo, armou a rede, acendeu uma fogueira
e pôs-se a matutar seus rumos. Pensava o que faria, depois de encontrar a
fazenda. Abandonada estava como dizia o seu Mané. Como iria aprumá-la se
recursos não tinha. Nada nadinha mesmo, senão sua coragem. Saiu de casa nas
pressas só para atender um chamado que mal entendia. A noite passou sem dormir
ouvindo o pio das corujas, uivos de lobos e até o canto do urutau, o que lhe
desgostou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No dia seguinte, bem cedo, retomou a
jornada. Pôs o ruão na estrada subindo pelo Parado. Ganhou a chapada e
encontrou a vereda descrita no mapa do seu Mané. Foi contornando-a com
admiração tanta por sua beleza. Era tão verde com as palmeiras enfileiradas, as
palmas balançando no sopro da brisa dos gerais. Dava para perceber o bando de
araras descendo em suas copas para saborear um fruto vermelho, o buriti. Mais
próximo passando dava de ouvir o murmurar das águas brotando de locas e
dançando no meio da raizama. Eis que, na cabeceira da vereda, virando-se para o
lado direito, deparou com um belo vão, um vale verde, verde como jardim. – É
aqui! –<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>suspirou Felipe, direcionando o
ruão pela trilha que dava rumo ao vale. Em pouco tempo estava na planície. Não
muito cavalgado, meio à entrada de um bosque fechado de aroeiras e pau d´óleo,
encontrou a casa da fazenda – de fato, uma tapera. Seu coração disparou. Eis
que, de repente, ele vislumbrou, na janela, seus avós acenando para ele com
alegria. Assustou-se com a visão. E não foi só ele. O ruão estancou-se e
levantou as orelhas querendo entender algum sinal do que não entendia e o
cachorro ganiu ao invés de latir. Foi uma cena de arrepiar. Felipe não teve
medo. Esporou o ruão que teimava em ficar estancado. Relutante seguiu, mas com
passos medidos. Foram se aproximando... aproximando. Felipe de olhar fito na
janela ainda divisando a sombra de seus avós. Ruão já trotava mais solto e o
cachorro corria de um lado para o outro latindo, latindo como seu buscasse uma
inhambu. </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";">Incrível!
O que parecia ser uma tapera, como atingida por um jato de luz, forte,
fortíssimo, despencado de uma estrela, transformou-se numa casa reluzente. A
casa ganhou vida. Sem medo, Felipe avançou pela porteira até encontrar a
escadaria que levava ao alpendre. Desceu do ruão que não teve cuidado de amarrar
e ele, sequer, aluiu do lugar. Degrau a degrau atingiu o patamar superior da
escada e assim que pisou na varanda a porta da fazenda abriu de par a par. No
interior da sala resplandecia uma luz suave, translúcida. Cristais bailavam no
ar como pirilampos pareciam diamantes. Os janelões da sala abriram-se e mais
luz iluminou o ambiente, mas era uma luz incomum, não do ambiente natural, do
sol... No lado oposto à entrada Felipe divisou um corredor que parecia
chamá-lo. Foi até lá, passo a passo. Atravessou o umbral da porta e adentrou no
corredor e percebeu, então, que ele não tinha fim, como um raio de luz
prolongado se afunilava e, a cada passo que dava, mais longe ele ia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Felipe avançou, avançou como uma
pena a flutuar, nem sentia o chão sob seus pés. Aí, uma voz muito suave, doce
como uma carícia, balbuciou aos seus ouvidos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Você veio, meu filho. Você veio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Felipe se encantou na casa. Do lado
de fora o ruão e o cachorro não deixaram o local esperando Felipe... esperando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E a tapera continuou mais tapera que
nunca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Contaram essa história para o Mané
Tercilo, que havia mencionado para algumas pessoas sobre a passagem do viajante
Felipe em busca da fazenda Mundo Novo. Assim que soube do destino do burro Ruão
e do cachorro, e ninguém falando do Felipe, ele imaginou o que acontecera e se
benzeu:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Louvado seja o Pai do Céu. A
tapera era o destino do seu Felipe.<o:p></o:p></span></div>
<br />João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-298764912878006655.post-69597632419271740022019-07-24T07:20:00.001-07:002019-07-24T07:20:47.247-07:00VIVÊNCIAS – CONTOS<br />
<div class="MsoNormal">
<b>CAVALINHO BRANCO</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_n_BuGHZC3LBKCm3Yqb7jSsxO8a3HcgQo6jXuRjRcW1ySsWpOUoDU9-qyb8cFK39y8mDkLH9szU253wgj52yr1kJ_-3jL6nEgCVty19TSa3fRkrRQxYIxIDK1F20_s-jU-mTKfTD3xUII/s1600/cavalo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="646" data-original-width="950" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_n_BuGHZC3LBKCm3Yqb7jSsxO8a3HcgQo6jXuRjRcW1ySsWpOUoDU9-qyb8cFK39y8mDkLH9szU253wgj52yr1kJ_-3jL6nEgCVty19TSa3fRkrRQxYIxIDK1F20_s-jU-mTKfTD3xUII/s320/cavalo.jpg" width="320" /></a></div>
Cabeça levantada com pompa, cheio de estilo, jogando as
patas exageradamente para frente como ensaio de um balé. Assim que entrou no
terreiro levantando as patas, lembrei-me do meu tempo de menino em Belo
Horizonte em desfile de Sete de Setembro como requintista da banda de música do
Instituto João Pinheiro. Depois passagem da nossa escola postamo-nos ao longo
da avenida para assistir ao desfile dos demais participantes. Aí fomos
surpreendidos pela entrada dos cadetes de Barbacena com uma cadência
quartenária, enquanto nós outros desfilávamos com a cadência tradicional, a
binária. Os cadetes entraram com os punhos fechados, levando-os, com os braços
esticados, à altura do peito formando um ângulo reto. As pernas, da mesma
forma, eram erguidas formando, também um ângulo reto em relação solo e corpo,
com a batida forte no solo na cadência das caixas – um, dois, três, quatro.
Ficamos boquiabertos com aquele espetáculo marcial impactante e de beleza até. Falaram-nos
tratar-se do Passo do Ganso, um estilo de marcha desenvolvido originalmente no
século 18 pelo comandante prussiano Leopoldo I, o Príncipe de Anhalt-Desau.<o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Agora, vendo o cavalinho branco na doma, esticando as
pernas para frente, muito alto, tão diferente do comum aos animais de monta, lembrei-me
do Passo do Ganso. O domador o conduziu para o ponto onde eu me encontrava.
Apeou e me entregou o cabresto dizendo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>– Seu menino, esse cavalo não tem jeito, não. Num vai
aprender passo algum, viageiro ou marcha. A mania dele é só jogar as patas para
frente. Desse jeito nenhum cavalo anda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Lá se foi o meu sonho. O cavalinho branco era meu. Eu o
adquiri de José Braga, um criador de animais da região de Santa Rita, próximo
do Núcleo da Conceição. O danado era muito bonito. Não tinha grande estatura,
mas o físico era bem conformado, clinas compridas, pescoço delgado e empinado.
Era bonito. Assim que ele me foi entregue fiquei feliz e dei-lhe o nome do
primeiro satélite artificial lançado ao espaço, Sputnik pela URSS em 1957 – uma
honraria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Naquela quadra eu viajava muito pelos gerais urucuianos a
serviço do Núcleo Colonial e da Justiça Eleitoral, inscrevendo eleitores nos
mais perdidos e distantes grotões, lugares quase nunca visitados por gente de
fora. Eu tinha uma pequena tropa à minha disposição – o burro Avião, forte,
resistente e bom de viageiro. As jornadas montado no Avião não me cansavam nem
deixavam com as pernas e o corpo doendo; a mula Ruana, bem menor e também de
bom viageiro; e a Moeda, essa muito arisca, que exigia estratégia para ser
montada e, assim mesmo, com o cavaleiro em cima ela tinha que dar uns pulos. Em
viagens mais curtas eu fazia no cavalo Tarzan, que era meu. Eu gostava do
Tarzan, pois seu viageiro era macio, mas ele não tinha muito estilo, era por
demais comum e até mesmo um pouco feio, pois era muito fino, sempre magro.
Assim, comprei outro cavalo e me veio o cavalinho branco. Eu precisava ter um
cavalo fogoso, que impressionasse, que chamasse atenção quando eu chegasse a um
aglomerado de pessoas. Assim, eu já me imaginava no dorso do Sputnik e ele
sacudindo as compridas clinas, esquipando com graça e eu levado em seu dorso
sem que mexesse qualquer parte do corpo mexia. Em um bom cavalo esquipador o
cavaleiro pode carregar um ovo na colher. Seria um sucesso. Eu moço da cidade
exibindo montaria no sertão. Depois me imaginei nas trilhas dos gerais,
entrando com o Sputnik num largo bordejando uma bela vereda em busca de um
ranchinho daqueles perdidos. Só nós dois naquele mundão de meu Deus, só a
abóboda celeste azulzinha, nuvens de carneirinhos passeando de lado a lado, os
buritis em fileira como numa procissão, com as palmas apontando para o céu de
preces para o Criador de todos. Encostava-se à porta do ranchinho e chamava o
dono. Esperava acomodado no dorso do Sputnik branquinho como a neve
contrastando com o verde dos buritis e embaúbas Saudaria o dono do rancho e
apeava com estilo amarrando o Sputnik no tronco de uma caraibinha forrada de
flores amarelas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E o Sputnik entrava na
encenação, sacudindo o pescoço para realçar as clinas compridas belas e
prateadas. O dono do ranchinho teria que ficar admirado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Fiz tantos planos, eu e meu cavalinho branco, o meu
Sputnik, senhores de um mundo especial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Quantas viagens empreendidas, escoteiro, naquele belo
cenário. Horas e horas, dias inteiros, sem encontrar outra viva alma, sem uma
fala senão a voz do cerrado, o canto das palmas dos buritis, um mundo especial
em que se via, nas pequenas coisas, a presença do criador. A arara azul no topo
da palmeira, querendo espaço para o ninho ou somente para saborear o fruto
carnudo. As palmas levemente agitadas pela brisa dos gerais fazendo cantiga,
sonoridade dos ares dos gerais, incomum, inconfundível. De repente daria de ver
veadinhos chegando para bebida da água fresca brotada de ocas nas raízes das
palmeiras – chegam de orelha esticada, abandando como a capitar ruídos estranhos
e o toquinho de rabo rodando como pequeno radar assuntando perigos. Milagres
dos gerais. Ah! Meu Deus grandioso!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Brumas chegam! Brumas passam! E lá foram os meus sonhos
de príncipe dos gerais, das veredas cantantes em um cavalinho branco. Triste,
sem jeito a dar, mandei soltar o cavalinho branco na larga. Seria livre para
correr os campos sem peias e arreios. Iria correr os gerais livre como o
Sputnik corria os céus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Dizem no Urucuia que de quando em quando surge nos
gerais, saindo de uma vereda, um cavalinho branco jogando as patas para o alto
a modo de querer voar. O Urucuia tem seus mistérios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />João Naves de Melohttp://www.blogger.com/profile/09271571740738470445noreply@blogger.com0