sábado, 16 de junho de 2018

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Vem de debaixo da terra boa parte da água que chega à Bacia do Rio São Francisco quando falta chuva. As águas subterrâneas são imprescindíveis  para a vida do são Francisco; elas e os aquíferos que os abrigam merecem atenção especial e gestão eficiente que, entre outros pontos, equalize de forma positiva a dobradinha carga x descarga – que já  apresenta  balanço preocupante em alguns pontos – e se paute pela sustentabilidade. Em nosso caso, em especial está o aquífero Urucuia, preocupar-se com ele é se preocupar com o futuro.Anivaldo Miranda, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco preleciona que “as águas subterrâneas são decisivas para a biodiversidade, fazendo parte do ciclo hidrológico e têm um valor estratégico porque são reservas fundamentais no conjunto da disponibilidade de água doce. No caso da bacia do São Francisco, essas águas têm um papel ainda mais importante no contexto da segurança hídrica, porque o rio e seus afluentes têm uma grande dependência dos aquíferos, sobretudo do Urucuia, que responde  pelo escoamento de base no período seco”.
Segundo Leonardo de Almeida, geólogo da Agência Nacional das Águas (ANA) um dos principais gargalos para a gestão das águas subterrâneas é o desconhecimento sobre o que está sendo explorado. Anota: “sabemos o que está infiltrando, mas não sabemos o que está sendo extraído.  Precisamos de conhecimento, mapeamento hidrológico, cadastramento e monitoramento. Para fazer uma gestão adequada precisamos, necessariamente, conhecer  o que nós temos, quantos poços existem, o que está sendo extraído desses aquíferos. Sem esse conhecimento fica difícil colocar em prática mecanismos de gestão”.
Estudo do CBHSF aponta situações que chamam atenção no Sistema Aquífero Cárstico Bambuí, que já registra desequilíbrio entre carga e descarga, ou seja, de superexploração, como acontece em Irecê e Lapão, na Bahia, em  Montes Claros, onde a quantidade de água infiltrada está sendo menor do que a que está sendo retirada.
No município de São Francisco já se vivencia essa situação: muitos poços tubulares estão secando, outros com baixa vazão. E o que é pior, continua em alta a perfuração de novos poços sem qualquer estudo da situação do lençol freático no município. Chegará um tempo em que no município não haverá água superficial (em muitos casos já uma situação gravíssima) e água subterrânea.
O IGAM, quatro anos atrás, fez o cadastro de 1.500 poços tubulares no município (apenas os de uso significativo, desprezando-se os poços de uso insignificativo, que são muitos). Sabe-se, no entanto, que o número de poços abertos é muito superior e que está em expansão a perfuração.
Piora a situação é constatar que apesar do cadastro, do conhecimento, pelo menos da existência de x poços, não foi complementada a ação com a implementação do sistema de controle do uso racional através da instalação de hidrômetros e cobranças. Ficou no dito pelo não dito.
Constata-se, dessa forma, que aos poucos os homens vão restringindo sua condição de vida, podendo enfrentar sérios problemas em pouco tempo quanto à disponibilidade de água até mesmo para beber.

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