sábado, 16 de junho de 2018

CAIO MARTINS, RETRATO DE UM BRASIL DE HOJE

XLII – Parte
UMA INDAGAÇÃO
Caiomartinianos em visita ao Centro Integrado de Esmeraldas, quando da comemoração dos 70 anos da FUCAM
O que aconteceu com o sistema educacional que foi revolucionário no Estado de Minas? Um sistema que chamou atenção de autoridades de várias partes do país e até do exterior; que teve um olhar muito especial e carinhoso de Helena Antipoff, Amaral Fontoura, governadores – Juscelino, Bias Fortes, Tancredo Neves, Arno..de Melo (Alagoas)? Um sistema que expandiu seus tentáculos a regiões do Noroeste e Norte de Minas e que foi agente de transformação em áreas rurais com a formação de centenas de jovens? O que aconteceu com o sistema que se transformou em ninho acolhedor de centenas de crianças em situação de risco da Capital Mineira e região, dando-lhes um lar, uma família e, com isso, acenando-lhe um futuro promissor? Crianças que do brinquedo – se educando – com o tempo, de acordo com seu crescimento, tomavam gosto pela natureza em atividades simples de horticultura ou lidando com pequenos animais; que mais crescidas, passavam por diversas oficinas aprendendo uma profissão – marcenaria, sapataria, tipografia, alfaiataria, corte-costura, bordado, construções, mecânica e agricultura.
Centenas, milhares de crianças e jovens passaram pela instituição ao longo de meio século – a maioria bem encaminhada na vida, com uma resposta social positiva, refletindo um dos dogmas da instituição – cidadãos  conscientes de seus deveres para com a Pátria e a sociedade.
O tanto que as Escolas Caio Martins ofertaram ao País deveria ser pesado e apreciado pelos governantes para que, de repente, elas praticamente tivessem fechadas suas portas, sem que nada parecido fosse oferecido em troca. Muita falta de conhecimento, de sensibilidade e comprometimento com o país.
Percorre-se todas as unidades das Escolas, hoje Fucam, e a sensação é de tristeza, de decepção. Onde palpitava a vida, onde frequente era o alarido de crianças e o movimentar de jovens em plena atividade, ficou a solidão.
Pergunta-se: o que ganhou a sociedade com isso? O que ganharam os governantes que enterraram tão importante sistema educacional?
Vivem as escolas, em dias atuais, de programas que passam pela cabeça de cada governante, ao estilo de sua política social, atendendo aos seus interesses próprios, mas nunca da sociedade e das crianças. É um tal de “eixo pra cá, eixo pra lá”, como se nomenclaturas ou nomes técnicos pudessem suprir os anseios da sociedade por uma educação e formação mais efetiva de seus jovens. A moda, então, é fazer parcerias com redes públicas de ensino para desenvolver projetos de educação integrada, tirando os alunos de suas escolas para cumprir um horário de atividades diversificadas nas instalações da Fucam.
Vemos aqui em São Francisco os esforços, os anseios, a dedicação e luta  de coordenadores da unidade local para manter acesa a luz do ideal, do sistema que já não vige. Mas o produto final não será o mesmo. O aluno da cidade tem uma passagem pela escola, mas nunca carregará seu estigma, seu espírito, o seu ideal.
Ilustres pensadores da educação (?) moderna, o que fizeram com as Escolas Caio Martins? Na história deste país seus nomes terão um registro especial, não de construção…
João Naves de Melo

Nenhum comentário:

Postar um comentário