segunda-feira, 4 de novembro de 2024

SÃO FRANCISCO 147 ANOS

 


 A cidade de São Francisco completa, neste dia 5, 147 anos. Uma epopeia para chegar a esta efeméride considerando os atropelos anteriores  às décadas de 1930/1945. Quantos embates, acirradas disputas políticas levando a tantas tragédias. Entraves  envolvendo políticos, magistrados,  polícia e bandoleiros. Coronéis que tinham o poder de manipulação dos destinos da cidade conduzindo a população como marionete. A saga de Antônio Dó. O Barulho – jagunços impedindo a concretização de um ato eleitoral legítimo. Felizmente tudo foi vencido e a pequena cidade foi se desenvolvendo como sede do município originado de São Romão. Um belo mercado recebendo a rica produção rural carreada por dezenas de carros de boi, situado no Largo Santo Antônio (praça Centenário) onde, depois das jornadas, os bois, deitados, descasavam ruminando. Na barranca do rio, o mercadinho (biblioteca pública) que recebia as mercadorias oriundas do outro lado do rio, transportadas em canoas. Cavaleiros do meio rural desfilando belos cavalos, muitas vezes trazendo as madamas nas garupas, para os ofícios religiosos ou para fazer compras no “comércio”; alguns ricamente ajaezados como o esquipador de Joaquim Figueiredo. Carros de boi chegavam carregados de mamona para os depósitos de Oscar Caetano, Sady Maynart, Floriano Mendonça e algodão para Sancho Ribas. Cidade que mergulhava em  viagens fantásticas no universo dos mistérios das crendices, lendas e mitos (de riqueza incomensurável no destaque de tipos imorredouros). Da fé religiosa  na busca do divino fazendo preces em piedosas procissões pedindo chuva. Do canto das incelências para encomendar as almas de entes queridos. Das procissões com multidão de fieis  percorrendo ruas revivendo o encontro de Jesus e Maria, conduzindo o Senhor Morto e nos festivos cortejos da festa do Divino Espírito Santo, e pelas água do São Francisco conduzindo Nossa Senhora dos Navegantes. Palpitantes manifestações: as  típicas danças, algumas voluptuosas, outras onomatopaicas ou caricatas; os autos do Natal,  folguedo como o festivo boi-de-reis, o histórico Rei dos Temerosos e a reverencial dança do São Gonçalo. As belas e famosas festa de São João da Escola Caio Martins. Ternos de violeiros em jornadas noturnas para saudar o Menino Jesus e em outras ocasiões para pagar promessas a São Pedro, Bom Jesus da Lapa, São Sebastião. O  Quebra, ruela bucólica com casebres  enfileirados  nas barrancas do rio; o Matadouro onde Hercílio Assobiador escreveu sua história no ofício de abater reses; os sobrados Regalito e Renascença; a rua Direita de tanta história; rua do Sossego, palco de uma tragédia (a morte do juiz Antero Simões). A construção da matriz de São José com homens e mulheres, aos domingos, depois da Missa, carregando pedras para erguê-la; a pequena igreja São Félix da idade de São Francisco; rua Montes Claros  a via de saída terrestre,  perpendicular ao  rio, via fluvial; os vapores  trazendo, para a cidade que se projetava, ilustres famílias. Viajando para o leste e oeste tropeiros levavam a produção do município e traziam mercadorias para abastecer os armazéns. Na Quiçaça o campo de pouso dos teco-tecos que transportavam peixes para Belo Horizonte. O sopro de búzios na chegada de pescadores ao porto, no raiar do dia, com canoas repletas de peixes de variedades tantas.
    São Francisco foi crescendo, crescendo e se modernizando com ares de cidade grande, tão bela, tão aprazível, tão privilegiada com as bênçãos de São Francisco, o santo. São Francisco de um povo generoso, hospitaleiro. No resumo, apesar dos percalços históricos,  o que se tem, nesses 147 anos, é uma história de AMOR. Lembrando o santo que lhe deu nome, São Francisco,  desejamos-lhe Paz e Bem!

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