Chuva no mês de agosto, chuva de broto, há quantos anos não caia no sertão são-franciscano. Antigamente era comum o mês de agosto com as primeiras precipitações pluviométricas do ano, tão logo batizadas de “chuva de broto”. Era uma dádiva e um perigo. Dádiva para aplacar o calor abrasador, o calor de agosto com “o solo ficava tremendo” sob o efeito do calor. Perigo, porque vinha a brota dos pastos então ressecados. Seco, e quase em falta, ele sustentava o gado (mas havia o risco eminente de faltar). Com a chuva o pasto logo brotava – brotava com verde espalhado como quase que por encanto. Com o capim verde e novo, o gado dispensava o capim fenado, já sem sabor. Comia e comia, mas não se fartava, havia carência de nutrientes. Vinha a diarreia e o gado definhava. Pior, se não continuasse a chuva, logo o pasto morria e o que restava era o capim seco dispensado pelo gado, não tinha mais paladar para ele.
Hoje em dia, a situação é outra. A chuva de broto é bem recebida para trazer o verde novo, o frescor, a vivacidade às árvores do campo cobrindo-se de flores amarelas do ipê, roxas da sucupira-preta e brancas da sambaíba. E o gado? A falta do pasto verde, nessa quadra já não é um problema. O pecuarista são-franciscano aprendeu a lição, seguiu o conselho de João Botelho Neto: se a seca não acaba, o jeito é conviver com ela”. E eles estão convivendo. Além dos pastos, voltaram-se para os silos, plantio de cana e sorgo. E assim, atravessam os momentos críticos da falta de chuva.
Saudemos, como saudaram os são-franciscanos, a chuva mansa na passagem da noite do dia 16 para o dia 17, daquela de molhar a terra, de ficar a água no solo.
Depois, é o campo verde, logo de se ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário