quinta-feira, 31 de agosto de 2017

DIA DO FLOCLORE

João Naves de Melo
Dia 22 de agosto – Dia do Folclore. Marcando a data fazemos um registro importante: a contribuição que deu a Escola Caio Martins de São Francisco no registro e divulgação do folclore são-franciscano. Com seu incessante trabalho, a escola deu vida a muitas manifestações que já caiam no esquecimento.
Assim, nesta data, destacamos a importante contribuição dada pelas Escolas Caio Martins à nossa cultura, mostrando e guardando a riqueza do nosso folclore.
Vamos focar um aspecto interessante desenvolvido, com muita graça pelos alunos da escola: a dança de roda.
Por volta da década de 60 ainda eram muito comum em São Francisco as danças de roda. Quando aqui cheguei conheci a Caninha Verde, vinda da região de Serra das Araras. Outras danças foram sendo coletadas entre as meninas do meio rural que vinham estudar na Escola Caio Martins como internas. A cada ano, na chegada de uma nova leva, era comum nos reunirmos no salão com todos os alunos e começar uma rodada de desconcentração: contar casos, falar sobre a história de cada lugar, até chegar à música e, mais propriamente à dança. Devagarinho as meninas ficavam à vontade e, de repente, estavam no meio do salão, em grupo de quatro, oito ou doze, mostrando as danças comuns de sua região. E assim, conhecemos a Caninha Verde, o Tamanduá, Engenho Novo e tantas outras, na maioria de roda, e só com o elemento feminino, o que revela o cuidado que os pais tinham com as suas mocinhas no meio rural não permitindo muita graça com os  homens – dançar baile só mais tarde.
Com o aprendizado, em algumas, danças introduzimos o elemento masculino para as apresentações em público, dando mais graça aos movimentos, como no caso do Engenho Novo que era dançado formando-se duas alas com as trocas feitas dando-se os braços para girar o corpo no meio da ala.
Hoje quase não se vê mais as danças de roda. Felizmente na comunidade de Mocambo surgiu um grupo de mulheres dançadeiras que em parceria com a escola ou a associação, sempre fazem apresentações, inclusive em festivais culturais na cidade, arrebatando o público, quando senhoras de mais de 70 anos arriscam dançar um carneiro, o lundu ou mesmo o tamanduá, numa dinâmica roda.
Outro grupo que vem fazendo o maior sucesso é o das quilombolas de Buriti-do-meio com um repertório muito variado.
Para registro e matar a saudade das letras, seguem algumas canções das mais cantadas e dançadas em São Francisco.

Pot-pourri
No fundo da mata eu vi
Piado de dois mutuns
Piava e redobrava, morenaOi tum, tum, tum ,tum

Debaixo do mandicá
Eu vi dois mutum piar
Piava e redobrava, morena
Oi tum, tum, tum ,tum
Pisei na barata
Pisei no baratão
Você toma o amor dos outros
Mais o meu não toma não
Eu tomo eu tomo
Quero vê você tomá
Pisei na barata
No caroço do juá.
Curimatá, lambari
mandô dizê
Que a piaba tá doente
Com vontade de te vê
Planta mandioca
Pro tatu arrancá – bis
Terreno é duro
Mandioca não dá – bis
A folha do coqueiro
Não balança mais, oi, ai
A moça quando casa
Não namora mais.;
Quem dera eu arranjasse
Uma pena de ariri
Pra mim escrevê umas carta
Pra meninas do Ubai
Quem dera eu arranjasse
Uma pena de urubu
Pra mim escrevê umas cartaPra meninas do Jacu

Rosa Mineira,
Pisa na taboa
Quem tem seu amor bonito
Namorar é coisa boa
Adeus piaba,
Eu não sei nadá
O amor dos outro
Eu só sei tomá
HOMENAGEM
Nesta data rendemos nossas homenagens aos inesquecíveis mestres: Minervino, artesão que ganhou o Brasil com suas violas e rabecas: Nego de Venança, artesão, da viola e rabeca esmerada; Joaquim Goiabeira, artesão das caixas de folião, Adão Barbeiro e João Pomba Triste, foliões famosos que eternizaram nossa cultura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário