I - parte
O
que ocorreu com as Escolas Caio Martins (hoje FUCAM) é inaceitável,
inacreditável, incompreensível, um reflexo da insensibilidade e despreocupação
de governantes com os rumos da educação e assistência social no país. É até
compreensível (mas não aceitável, de forma alguma) se se estender o olhar ao
que está acontecendo no meio político do país. Uma lástima. Vejamos um pouco do
histórico das Escolas Caio Martins, que preciso se faz para melhor entender
nosso inconformismo. Resumiremos a fantástica história de tão formidável
instituição, em capítulos.
O
COMEÇO

A vida da escola começou com a
chegada de dezoito meninos da Cidade de Ozanan, que foram abrigados no primeiro
lar – um velho paiol. Isso no dia 3 de janeiro de 1948, primeiro passo de uma
fulgurante história sócio-educacional.
Entregue à nova função (missionária, diga-se) Manoel
Almeida mergulhou no mundo por onde permeavam ilustres educadores, pedagogos e
sociólogos: Amaral Fontoura, Helena Antipoff,
Lourenço Filho, entre tantos que passaram fazer parte do convívio da
escola.
Em 2 de janeiro de 1952, depois
de se consolidar no vale do Paraopeba, a escola se estendeu até às barrancas do
rio São Francisco, assentando um núcleo em Pirapora (hoje Buritizeiro). Filhos
de pescadores seriam amparados, teriam condições para se educarem e prepararem
para a vida e para o ofício. A Escola dava um passo no cumprimento do lema: começou a caminhar com
as próprias pernas.
Em 1953 a Escola Caio Martins deu
um dos mais importantes passos de sua trajetória salvítica do homem do campo,
plantou um núcleo nas barrancas do rio Carinhanha em região lindeira com a
Bahia.
A respeito de tão fantástico e
arrojado empreendimento que tinha entre pressupostos educacionais, o de barrar
o fluxo de emigrantes nordestinos em seu êxodo para a capital mineira,
assistindo-os na própria região. A respeito escreveu Waldemar Malburguer de
Oliveira, diretor da revista Minas Magazine, quando do embarque da caravana, em
Belo Horizonte, rumo à região lindeira de Minas com a Bahia: “O que ides fazer é coisa de visionário.
Podeis conceber, em pleno século XX, uma obra de bandeirantes? Pensais, por
ventura, que é fácil povoar 484.000.000 metros quadrados? Não tendes nem onde
abrigardes; sofrereis frio; ficareis expostos à chuva e ao sol; tereis fome e
sede; ouvireis uivos de feras. Vós, os moços, podereis suportar tamanhas
provações? E Por que e para que? Se resistires a tudo e, amanhã
transformardes aquelas quase selvas num
aglomerado humano e, quem sabe, mesmo numa cidade diferente, marcando uma
civilização espiritual nova para
combater a desordem moral que se alastra, cheia de homens com uma consciência sólida, sãos de corpo e
espírito, transbordantes de amor pelo próximo e por si mesmos, em resumo, se,
se conquistares tanto, julgais que, ainda assim, a gratidão humana se lembrará
de vós, dos vossos sofrimentos? Estais enganados...(...) E, agora, parti Bandeirantes das Escolas Caio
Martins! Deus derramará todas as bênçãos sobre vosso chefe e sua família,
professores e jovens que a integram, temos disto certeza todos os homens de
ideal e de fé...”
E
lá foram 12 jovens bandeirantes, moderna bandeira a desbravar inóspito sertão:
enfermeiro, pedreiro, pintor, bombeiro, alfaiate, oleiro, padeiro, sapateiro,
barbeiro eletricista com a missão de transformar o meio e melhor assistir os
moradores da região.
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