sábado, 26 de julho de 2025

CAIO MARTINS: TIRO DE MISERICÓRDIA

OS CENTROS DE TREINAMENTOS DE JOVENS – I 


Em 1956 as Escolas Caio Martins chegaram aos municípios de São Francisco e Januária e não foi por acaso. O fato decorreu-se do apelo de autoridades dos dois municípios, que viram nesta instituição um meio eficaz de levar a educação ao campo. Havia, tanto em São Francisco quanto em Januária, duas instituições do Estado desativadas, o que despertou nos políticos locais dar-lhes uma finalidade e foi a Escola Caio Martins a resposta aos seus propósitos. E por que Caio Martins? Ela respondia à necessidade de promover o homem do campo através da educação e de ações sociais com um processo de formação de lideranças.  

As Escolas Caio Martins implantaram nos dois municípios um sistema inovador de educação: Centro de Treinamento de Jovens Líderes Rurais, divisor de um período da história desses municípios onde se instalaram em 1956. Seria temerária essa afirmação sem a abordagem de aspectos educacionais e sociais, onde se vê, no papel inovador da instituição, que sua presença na região extrapolou a condição de mais um educandário de ensino tradicional. Ela expressaria uma rica experiência socioeducacional nunca antes experimentada no município. Uma ideia avançadíssima àquela época – educar o homem do campo através da criança, com o antigo curso primário, práticas agropecuárias e aprendizagem de ofícios indicados para o campo. Receberia o Centro de Treinamento jovens de ambos os sexos, de escolaridade até à 3ª série, para a realização de um curso de dois anos com complementariedade de aulas práticas de ofícios diversos, quando lhes seria conferido o diploma do curso primário. Hoje, dizer-se que alunos estariam sendo preparados para vida com apenas o curso primário seria um absurdo. Em 1956, no entanto, isto representava um projeto ousado, se considerado o sistema educacional daqueles municípios e a aspiração dos jovens. Eram raríssimas as escolas no meio rural de municípios de excepcional extensão, entre os maiores de Minas Gerais. O estudo era um privilégio para pouquíssimos jovens; por comum ocorria a alfabetização (aprender escrever o nome) para obtenção do título eleitoral. Em decorrência desse fato, os alunos recebidos pelos Centros de Treinamentos tinham idade cronológica avançada e escolar baixa, eles na maioria tinham idade superior a 15 anos. Eram poucas as escolas no meio rural e as existentes ministravam apenas os 1º e 2º anos do antigo primário, por isso, concluída esta fase os meninos ficavam sem estudar. A Escola Caio Martins abriu uma oportunidade de estudo para muitos deles. Fez mais do que isso, ensejou-lhes a oportunidade para aprender um ofício com o que voltariam para o meio rural com conhecimentos para poder ajudar os pais e transformar o meio – então proposta das Escolas Caio Martins: “transformar o meio através da criança”. Assim, em pouco tempo, a Escola Caio Martins se consolidou na formação de jovens líderes rurais. 


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