BARRAGENS SUBTERRÂNEAS - II

 Sequência ao relato sobre a importância das barraginhas. Como anteriormente anunciado já foram 

construídas 15 barraginhas no distrito de Santa Izabel de Minas, delas, segundo Márcio Passos, técnico da 

Secretaria Municipal de Meio Ambiente e membro do Codema, duas muito significativa foram construídas na vereda 

da Prata, outrora tão exuberante, e Curralinho, todas da maior importância social e ambiental.

As barragens subterrâneas, nesses casos, foram implantadas na parte baixa da vereda, seguindo o traçado natural da drenagem. Espera-se que a estrutura impermeável barre o fluxo da água subterrânea, retendo-a e permitindo que o solo se mantenha encharcado por mais tempo ao longo do ano. Essa situação favorece a reativação dos afloramentos de água e o desenvolvimento da vegetação nativa das veredas. 

A adaptação da tecnologia das barragens subterrâneas como sistema indutor para recuperação de veredas no cerrado nortemineiro mostra o grande poder de resiliência da sociedade, da academia e instituições públicas na tentativa contínua de recuperar esses mananciais. 

Projetos como esse necessitam criar uma visão de longo prazo, valorizando pequenos progressos e não se deixar abater por críticas pontuais. Perseverar e agir sempre com base no conhecimento científico aliado ao saber popular, fórmula certa para alcance dos objetivos da recuperação ambiental das veredas.

Nessa primeira etapa no município de São Francisco foram construídas 15 barragens subterrâneas, por meio do projeto UFMG/FUNDEP e existe a possibilidade de continuidade desse projeto para a construção de mais estruturas de barragens subterrâneas.

Ainda nesse projeto, serão instalados sistemas de medição do nível do lençol freático (piezômetros) nas veredas para avaliar à evolução dessa recuperação hidroambiental. Esses dados coletados serão importantes para refinamento das metodologias aplicadas na locação e execução assertiva, visando o alcance de mais eficiência nos projetos vindouros. 

Por fim, observa-se que o desafio de recuperar um ambiente tão sensível como as veredas do cerrado norte mineiro, depende essencialmente, como ensina a filosofia, das quatro virtudes cardeais da antiguidade, a coragem, a prudência, a temperança e a justiça. Com base nessas virtudes agir de forma virtuosa no convívio com a seca que assola o semiárido mineiro.