Nos capítulos anteriores foram focalizados os Núcleos de
Buritizeiro e Carinhanha instalados pelas Escolas Caio Martins
atendendo a apelos do governo do Estado. Na mesma linha está o Núcleo
Colonial do Urucuia, hoje focalizado.
NÚCLEO COLONIAL VALE DO URUCUIA – I
Três anos e nove meses após o épico salto socioeducacional das Escolas Caio Martins no vale do Rio Carinhanha, outro grande salto foi dado levando-as ao vale do Urucuia. Aquela, obra fantástica implantada no Carinhanha, atendendo a necessidade de reter a triste migração de moradores daquela região para o Sul e fixar o homem no campo; esta, teria como motivação a ocupação de uma extensa fazenda do Estado no vale do Urucuia, município de São Romão, atendendo a uma população desassistida e, ainda, evitar a intenção de grandes empresários em apropriá-la. Assim, mais uma vez, surge a figura do Coronel Almeida a serviço do País, chamado para implantar um núcleo das Escolas Caio Martins no Urucuia, nas cobiçadas terras, espólio da famigerada fazendeira Joaquina transferidas ao Estado de Minas Gerais com a morte dela. A implantação do Núcleo com uma obra social e educacional desestimulou o assédio de empresários em possui-la e, ao mesmo tempo, serviu como uma oportunidade para o governo levar as ações do Estado a populações da região. Atendendo ao chamado Caio Martins chegou ao sertão com a Bandeira do Urucuia formada por 12 jovens professores. Ainda imberbes, mas plenos de ideal e responsabilidade, fundaram o Núcleo no dia 8 de junho de 1957. Pronto! Resolvido o problema que incomodava o governo do Estado.
Uma crônica de Floresce Bernard publicada pela revista O Cruzeiro descreve o papel desses jovens bandeirantes: “São doze, sim. Cada um com um mundo diferente por trás dos olhos moços. Têm um ideal, um só para todos, mas cada qual o sente à sua maneira, do jeito que tem o seu coração. São quase meninos, o mais velho tem vinte anos apenas: conheci-os juntos, os doze sorriam, sorriam para mim que nem sabia que palavras dizer-lhes. Onde poderia encontrar algo para lhes dar, algo mais belo que aquilo que eles traziam em si? Não nos adjetivos ou nos elogios comuns, por mais banhados estivessem eles com a minha ternura!
Doze meninos doze bandeirantes às vésperas de receber seu diploma da Escola Normal Regional Caio Martins, preparando-se para fundar uma cidade. Isso mesmo que leram, senhores! Estes doze meninos vão fundar uma cidade! Lá na distante, nessas terras grandes e perdidas do meu Brasil, à margem de um rio, que poucos de nós terão ouvido sequer o nome: Urucuia. Lá, as gentes são pobres, não há escolas, não há progresso, não há quase civilização e o homem vive por instinto, porque, se a natureza é madrasta, ele não conhece outra mãe.”

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