sábado, 5 de julho de 2025

ESCOLA CAIO MARTINS NO CARINHANHA - II

 

No princípio o Núcleo do Carinhanha tinha apenas uma casa onde eram abrigados o diretor, os 12 bandeirantes e instalado o almoxarifado. Nos primeiros meses foi construída uma capelinha e iniciado o serviço de agrimensura demarcando quadras para a sua expansão e para assentamento de colonos. Na olaria o trabalho era exaustivo na produção de tijolos e telhas visando a expansão do Núcleo. Logo foram surgindo as primeiras casas, entre ela o prédio para instalação de uma escola, pois já se faziam presentes os filhos de moradores que iam se fixando no Núcleo e assim tornava-se exequível o plano do governo do Estado de retenção dos migrantes mineiros. Crescia o núcleo e, consequentemente a escola que recebeu a professora Anésia, formada no Curso Normal Regional da Escola de Esmeraldas que lá chegou em companhia do seu esposo, o agrônomo Manuel Araujo, ex-professor do mesmo curso, isto pelo ano de 1957 apenas 4 anos depois de fundado o Núcleo. Com o seu crescimento, tornou-se em um celeiro para as demais escolas com a produção de arroz e feijão na fazenda Cantinho, lavoura desenvolvida por seus jovens alunos (hoje eles não podem mais trabalhar em regime de internato), que eram felizes, soltos como as aves que povoavam a região, felizes recreando-se no formoso rio Carinhanha. O ECA decretou o fim desta jornada feliz.

Não levou tempo para o Núcleo ser elevado à vila tornando-se, em 1962,  distrito do município de Manga e, 1995 emancipado tendo, atualmente aproximadamente 6  mil habitantes mantendo o nome sugerido por Antônio Montalvão, grande amigo das Escolas Caio Martins: Juvenília (Juvene), cidade dos jovens fundada que fora por 12 jovens bandeirantes alunos da Escola Caio Martins de Esmeraldas. Caio Martins se expandia, não por necessidade própria, mas para atender e socorrer o governo do estado em situações embaraçosas e críticas em relação a problemas sociais.

Estendendo-se o olhar à  jovem cidade de Juvenília, na sua pujança, no extremo norte do estado, região lindeira da Bahia, ver-se-á como foi importante a Escola Caio Martins e como tão bem ela desempenhou o seu papel, como heroísmo de seus jovens e idealismo do seu criador, Manoel José de Almeida. 

Juvenília tornou-se município emancipado no ano de 1995, 42 anos depois de fundado o Núcleo, cumprindo-se o vaticínio de Waldemar Malbburgens no discurso de despedida da Bandeira do Carinhanha: “O que ide fazer é coisa de visionários. Podeis conceber, em pleno século XX uma obra de bandeirantes? Pensais, por ventura, que é fácil povoar 484.000.000 metros quadrados? Não tendes nem onde vos abrigarem; sofrereis frio; ficareis expostos à chuva e ao sol; ouvireis uivos de feras. Vós, os moços podereis suportar tamanhas privações? E por que e para que? Se resistires a tudo  e amanhã, transformardes aquelas selvas num aglomerado humano, e quem sabe,  mesmo numa cidade diferente, marcando uma civilização espiritual (...) e se conquistardes tanto,  julgais que, ainda assim, a gratidão humana se lembrará de vossos sofrimentos? Estais enganados”. O governo do estado certamente não lembra...

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