O artesão Luz Neto, visitando a redação do Portal Veredas, fez uma abordagem saudosa e muito interessante sobre a Praça Centenário. Uma observação, de entrada leva a uma reflexão interessante: a praça perdeu o brilho, está sem vida. Ele justificou a observação evocando cenários passados, ainda no tempo dela como praça Oscar Caetano Gomes com um palpitante movimento de domingo a domingo. Sem dúvida, era uma azáfama permanente de pessoas frequentando o Bar Trianon, onde a rapaziada se encontrava para tomar sorvete e jogar sinuca; lanchonete do Ló, com quitandas e doces de primeira qualidade, sobressaindo-se a famosa caçarola de dona Mariinha; bar do Manuel, ponto de encontro de jogadores de futebol depois das partidas domingueiras para celebrar vitórias tomando cerveja nas taças conquistadas; boate Alvorada com pista de dança encerada, diziam que era com vela para melhor deslizar, palco de apresentações de cantores famosos como Altemar Dutra e esposa; o Ponto da jardineira no Café de Dona Luzia com imenso movimento de embarques e desembarques para Montes Claros e Urucuia; hotel de Dona Amanda sempre repleto de viajantes (categoria que quase não se vê atualmente em consequência da internet); Cine Canoas com atrações diárias de filmes, na maioria de faroeste, nem sempre bons, mas nada importava senão a oportunidade de se divertir e reencontrar os amigos; o Coreto. Ah! O Coreto! Era palco de serestas, apresentações artísticas, altar para cerimônia religiosa na Semana Santa (Procissão do Encontro), espaço de lazer para a criançada no escorre-escorre. Em tempos outros é de se lembrar o footing, o passeio de rapazes e moças dando voltas nela em direções contrárias motivando a troca de olhares tão romântico. Tantos eram os moradores que ao cair da tarde colocavam cadeiras nas calçadas para o animado sarau comentando o dia corrido.
Luz Neto deixou a sua impressão que é uma realidade: a praça, hoje Centenário, como resultado do progresso, perdeu o seu esplendor, a sua alegria, a pulsação de gentes. Hoje, no final do dia, com fechamento de lojas e bancos, ela dorme, não há vida.
Uma dica: Luz Neto é um brilhante artesão. É notável o seu trabalho, com madeira: belíssimas miniaturas reproduzindo peças de arquitetura e outras do cenário da cidade, com muita perfeição e detalhes interessantes. A sua oficina, localizada na rua Sancho Ribas, 449 merece ser visitada. Com o projeto que a Ong Preservar está desenvolvendo junto ao prefeito Miguel Paulo, ele e outros artesãos do município, poderão ter um espaço para exposição e venda permanente de seus trabalhos, o que será, consequentemente, de grande importância para a divulgação da cultura são-franciscana.
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