sábado, 15 de fevereiro de 2025

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo – Membro da Comissão Mineira de Folclore



Segunda Parte

Destacam-se muito na cultura são-franciscana, os autos e as danças ligados, quase sempre, à religiosidade, o que caracterizava muito a população de tempos passados.

Danças:

Três danças muito apreciadas pela população fazem arte das apresentações dos ternos de folia no ciclo natalino e em outras festas devocionais. Destacam-se:

QUATRO – variação do Cateretê, sem o sapateado. Quatragem. Oriunda do Sul, certamente vinda de Portugal. Dança somente de homens, geralmente quatro, como indica o nome, mais pode ser dançada com 8 ou 12 figuras. O acompanhamento é feito com violão, viola, rabeca, caixa, pandeiro, reco-reco e balainho. As letras das músicas,  geralmente, evocam motivos da natureza, especialmente animais, e fatos do cotidiano narrando histórias vividas na comunidade. 
LUNDU – dança muito sensual, envolvendo homens e mulheres. A letra, geralmente, é uma glosa, pasquim, contando histórias locais. O instrumental usado é o mesmo. O homem começa a dança, sapateando e batendo palmas no meio do salão, chama um companheiro, batendo palmas – o homem sapatea e rodeando uma mulher, como se fosse tomá-la nos braços, mas ela, dançando, o refuga. Vão se alternando os pares até ao final da música ou enquanto está animado o grupo.
CATIRA – uma variação do cateretê ou do quatro, com dezesseis elementos, inclusive com a participação da mulher. Dança-se em rodas, diferente da dança do Alto Paranaiba, que tem a formação de duas alas; o destaque da dança é o sapateado. Não é muito comum em São Francisco ultimamente.

Folguedo

BOI-DE-REIS – variação do Bumba-meu-boi, é a maior atração cultural de São Francisco no período natalino, muito apreciado, sobretudo, pelas crianças, que acompanham o cortejo pelas ruas da cidade com grande animação. É um folguedo muito bonito e alegre tendo como figuras o boi, a mulinha de ouro, o bicho tamanduá, a onça, vaqueiros, catirinas, feiticeiro. A festa se encerra no dia 6 de janeiro com a morte do boi. Assim diz a tradição, mas como a animação é muito grande, em São Francisco, é comum a dança durar mais de um mês especialmente com o “Boizinho das Crianças ruflando latas, à guisa de caixas e cantando pelas ruas da cidade. Segundo Câmara Cascudo este folguedo teve origem no ciclo econômico do gado, sendo produto de tríplice miscigenação, com influência do indígena, do negro e do português. O enredo do folguedo conta uma história muito interessante e rica de ilustrações. Os figurantes do cortejo do boi chamam atenção pela forma pitoresca, dinâmica e alegre na atuação.


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