sábado, 22 de fevereiro de 2025

O SONHO NÃO MORREU

 


Em fevereiro de 1974, uma barca com mais de 100 passageiros entre estudantes, técnicos, produtores, assistentes, jornalistas e artistas de várias partes do Brasil, em viagem de Pirapora até Petrolina, aportou-se em São Francisco. Uma excursão cultural inspirada por Carlos Pascoal Magno (diplomata, ator, poeta, teatrólogo) que deixou marcas profundas na população são-franciscana. Foram dias memoráveis de muita arte – arte de primeiro mundo apresentada, pela primeira vez, aos são-franciscanos: orquestra sinfônica dirigida pelo mastro Carlos Eduardo Prates, balé, oficinas de arte para estudantes; recitais na Barca e na Igreja Matriz encantando o público. 

Pela passagem da Barca o então prefeito, Oscar Caetano Júnior endereçou correspondência ao embaixador Carlos Pascoal Magno, agradecendo em nome do povo são-franciscano e anunciando o propósito de criar a Casa da Cultura em São Francisco. Esta carta, histórica, está inserida neste artigo, na página seguinte.

Nesta semana, Luciana Frazão (historiadora da arte e mestranda em Culturas e Identidades Brasileiras no IEB – USP) sobrinha-neta do embaixador Pascoal Carlos Magno esteve em São Francisco, conversando com pessoas e visitando pontos de referência – cais e igreja Matriz, rememorando a passagem da Barca da Cultura. Estava acompanhada do esposo Damian Kraus, argentina, doutor em psicologia, tradutor e revisor da Revista e Agência FAPESP. A viagem de Lucina teve início em Pirapora, passando por São Romão, terminando em Maria da Cruz com objetivo de entrevistar testemunhas da passagem da Barca da Cultura de Paschoal Carlos Magno, tema de sua dissertação de mestrado.

Parte da entrevista dela foi focada na carta do prefeito Oscar Caetano Júnior ao embaixador manifestando o sonho de construir a casa da Cultura em São Francisco. Não conseguiu realizá-lo durante o seu mandato, mas certamente plantou uma semente deixada pela Barca. Alguma coisa, depois, foi feita no trato da ideia. Entre elas a criação da Ong Preservar reunindo um grupo de professores e escritores, que tem participação valiosa na preservação e divulgação da cultura são-franciscana. Ainda assim a semente não germinava, aguardava em solo tépido. Recentemente, um vislumbre de sua germinação se vê na comunidade como tem demonstrado o Portal Veredas apresentando o trabalho de muitos artistas locais, tanto na área artesanal quanto na música e edição de documentários históricos. Há um movimento, a terra está sendo adubado e molhada. Dois sinais que podem representar a realização sonho do prefeito Oscar Caetano Júnior é o surgimento da Empresa Cine Canoas constituída por um grupo de jovens. Ela empreendeu a reforma do prédio do Cine Canoas e noticia que, nele, serão retomados os programas culturais, de entretenimento e sociais. Oura providência que leva à realização do sonho é a criação da Casa da Cultura abraçada pelo prefeito Miguel Paulo

  Cinquenta e um anos decorridos e podemos vislumbrar que o sonho não morreu.

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