Sábado, 11 de janeiro o nível do São Francisco chega aos 7,30m. Um alívio depois de meses vendo-o tão minguado, com suas águas encurraladas por bancos de areia, com a travessia da lancha em uma distância não vista antes. Com suas barrancas ornadas de frondosas e verdejantes árvores, ainda que em grande extensão ela fora derrubada (com receio do rio, que ironia).
O rio está cheio e ainda sobe porque continua a chuva no alto São Francisco e região do Noroeste alimentando o Urucuia e o Paracatu. No cais vê-se, às tardes, muita gente – homens, mulheres e crianças; jovens fazem peripécias em velozes jet ski com arrojadas manobras arrancando a admiração do público; chalanas e pequenos barcos a motor navegam serenamente apinhados de passageiros; ouve-se os comentários, sempre recordando as enchentes maiores, quando era possível, no cais, ficar com os pés dentro d´água, pescando com alguns garantindo ter tirado dourados das águas vermelhas. Sem dúvida, é uma festa Abençoado seja nosso rio.
Agora, cabe uma reflexão ou pergunta: por que da cheia tão bela? É evidente a resposta de primeira: deve-se à chuva, um presente do criador. Sem ela, como se via até a pouco tempo, nosso São Francisco para ser navegando, até mesmo por pequenas embarcações, preciso era procurar canais. Isto foi comprovado nos passeios da chalana do Dirceu que exigia conhecimento dos raríssimos canais. Então, indo anos atrás, lá pelas décadas de 1950 e 1960, ainda, via-se aportar no cais de São Francisco uma variedade de belos vapores – Benjamim Guimarães, Wenceslau Braz, São Francisco e de grandes batelões. Era pelo rio feito o transporte de passageiros e de cargas; era a ligação com o Nordeste e com Pirapora. Uma vida palpitante. E não dependia tanto da chuva, pois fartos de água eram o Das Velhas, Paracatu, Urucuia e Acari e, ainda, a montante, dezenas de pequenos cursos Guariba, Pajeú, Mocambo e Prata, no município de São Francisco. Atualmente, padecem de águas na seca o Urucuia e o Paracatu que, anos poucos atrás, era atravessado a pé; e o Acari que mal despeja em gotas, no São Francisco. Os outros, nem se fala, só correm água quando da temporada das chuvas, e muita.
Pelas mãos dos homens, sem dúvida e comprovado, o rio padece, é de temporada. Ele depende, então, exclusivamente, da graça do Criador. Quando será que nós homens faremos a nossa parte? Por enquanto, as notícias que chegam, com poucas exceções (barragens subterrâneas) são as piores e assustadoras sinalizando o fim...
Salve São Francisco, São Francisco!.
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