sábado, 4 de janeiro de 2025

CULTURA EM EVIDÊNCIA

 


O professor Roberto Ramos Mendes apresentou, na segunda-feira 30, no auditório da EE Brasiliano Braz o documentário “Muitas memórias, outras histórias: a cultura e a história local” que os livros didáticos não contam, um projeto beneficiado pela Lei Paulo Gustavo. Sem dúvida, uma maneira muito auspiciosa para encerrar o ano de 2024 trazendo à tona vários aspectos da cultura são-franciscana através de depoimentos de pessoas que viveram vários momentos de sua história. Os convidados para o evento, o que certamente será levado ao público brevemente, tiveram a oportunidade de rever, e se ver, em  várias passagens do cotidiano são-franciscano, a partir da década de 1950: a aportagem de vapores no cais da cidade, encantando a população e fazendo a festa para meninada e feirantes na oferta de produtos da terra aos passageiros dos vapores: frutas, doces (especialmente de buriti e umbu), beiju, rapadura, queijo e até artesanato de pano e madeira. Depoimentos saudosos revivendo a beleza da procissão de Nossa Senhora dos Navegantes, com os mínimos detalhes e, falando-se em religião, foi evocada a beleza e riqueza interior da matriz de São José, então com três naves, com atenção maior para o belo altar que, acreditam ter sido vendido para um colecionador estrangeiro. Recordado como foi espantosa a enchente de 1979 com reminiscência a outras enchentes, porém menores. História contada, no documentário, por pessoas que viveram aqueles dias de intensa preocupação assistindo às águas do rio invadindo suas casas. Um cenário incomum, deslumbrante, mas, por outro lado aterrorizante. E teve, por vivência ativa, a lembrança das pastorinhas, com dona Gerinha cantando a música do terno por ocasião do Natal. Até as rodoviárias (ponto de embarque e desembarque das jardineiras que se arriscavam pelas estradas poeirentas e esburacadas para Montes Claros – a primeira na praça então Oscar Caetano Gomes (hoje Centenário) e a outra na avenida Presidente Juscelino no local onde tem o comércio Agroruas. Dona Lia (Maria Urânia) até mesmo descreveu como eram embarcadas as malas dos passageiros – no teto da jardineira cobertas com uma lona. Saudade brotada e tão lamentada, foi a história do coreto, local de retretas, escorregador da criançada e, principalmente, púlpito nas celebrações da procissão do Encontro (Jesus e Maria) – tantos depoimentos lamentando o absurdo que foi a destruição dele, que guardava tantas histórias. E dizer que São Francisco teve uma bela fonte luminosa na praça do Peixe-Vivo, hoje Heráclito Cunha Ortiga com história contadas das estripulias de crianças, com o Braz Parrela lembrando do dia que uma de suas filhas, ainda de tenra idade, caiu no pequeno lago.

Foram tantas histórias, tantas vidas, um rosário de fatos resgatando a São Francisco de antanho na construção de uma comunidade e o envolvimento das famílias na construção de um grande tesouro: a sua cultura. Foi muito valiosa a percepção e a iniciativa do professor Roberto no registro da uma história, de um tempo, que já escorria para as brumas do tempo. Ainda bem. Que venham outras iniciativas buscando valorizar o grande  tesouro que é a nossa cultura.


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