sábado, 26 de abril de 2025

TIRANDO O CHAPÉU

 João Naves de Melo


Um episódio, com duas fases, aconteceu comigo dias atrás, exasperando-me, levando-me a um exercício de paciência. Gentilmente fui avisado por uma agente de saúde que já se encontrava disponível, no posto de vacinação onde sou cadastrado, a vacina contra a influenza. Bastaria comparecer ao posto sem hora marcada. Em uma manhã, eu e a minha esposa Vilma  fomos ao posto situado na avenida Olegário Maciel (rua da Mangueira), lá chegando às 9h. Incauto, cometi um erro: marquei um compromisso na mesma manhã, sobrando-me escassos 30 minutos para a vacinar. Passaram-se eles. A sala de vacinação ocupada e na fila, antes de nós, duas pessoas. E os minutos escorriam, escorriam e nada. Aflito, de olho no relógio, acabei manifestando meu desagrado. Por fim, abriu a porta e por ela, saíram 4 pessoas – tratava-se da vacinação em grupo, ou seja, de uma só família. Foi a primeira explicação da demora. Mais dois foram na nossa frente, mas logo fomos chamados. Foi aí que tomei conhecimento da demora e me penitenciei: a burocracia. Não era, contudo de se tomá-la como um empecilho, uma procrastinação, pois o que vi foi um sistema implantado que tem o registro de acompanhamento de todas as vacinas que tomei e, se fosse o caso, as que deixei de tomar, tudo muito bem organizado e processado. Novo cartão com diversas informações sobre a saúde do paciente, isto é, o acompanhamento de sua vida sanitária. Arre! Fiquei estupefato e amolado por minha impaciência, o que é sempre muito negativo   no caso de convivência social, pois sempre vemos apenas o nosso lado. Refleti e me penitenciei. Nunca mais. Horários não devem ser acumulados.

Fica, por fim, um registro: o posto é muito bem instalado, oferecendo conforto aos usuários e funcionários, com instalação muito asseada, com ar condicionado e, o que a tudo supera: a amabilidade e a solicitude das atendentes. Com cortesia desconsideraram nossa impaciência e até justificaram com urbanidade a razão da demora no atendimento. Nem precisava, aprendi antes. 

Nosso reconhecimento a toda a equipe do posto.

UMA GRANDE CONQUISTA


A jovem Marcela Almeida Fraga, filha de Charles Fraga Nascimento e Dione Ribeiro Neves chegou à realização de uma jornada com êxito: concluiu o curso de medicina. A colação de grau acontecerá no dia 27 de junho, em Montes Claros. Contudo, Marcela, ao lado de sua família já vive emocionada esta grande conquista, que será a abertura de uma nova etapa de sua vida, um novo norte.

Qual foi a sua emoção? Ela mesma diz: “Não existem palavras que possam descrever a felicidade de uma conquista que almejei desde a minha infância. Esta realização demandou horas de estudo, renúncias e ausências. A Ele, toda honra e glória! Meu Deus, agradeço por me capacitar e por permitir que eu realize meu sonho, por guiar meus passos e ser minha força, esperança e proteção divina. Celebro esta vitória, ciente de que, por trás de alguém que alcança grandes conquistas, existe uma rede de apoio motivadora. Sem dúvida, ao longo desses seis anos, contei com as melhores pessoas ao meu lado. Hoje, pai e mãe, congratulo-me por formar a sua última filha; os dias difíceis e a angústia financeira chegaram ao fim. Seus esforços e sacrifícios para que este momento se concretizasse valeram a pena. Nós vencemos! Expresso minha gratidão a vocês, meus pais, Charles e Dione, por acreditaram em mim e sempre investir em meus sonhos. Vocês são a razão da minha vida. Às minhas irmãs, Larissa e Ana Paula, agradeço por serem uma fonte de amor puro e felicidade em meus dias. Aos meus familiares e avós, em especial à minha avó Cleusa, agradeço pelas orações sinceras! A Lucas, sou grata por estar ao meu lado em cada desafio e celebração. Às minhas amigas de longa data e àquelas que a faculdade me proporcionou, obrigada por tomar a jornada mais leve. Aos meus professores, agradeço pelos ensinamentos compartilhados. A cada paciente que cruzou meu caminho e confiou em mim suas dores e anseios, expresso meus eternos agradecimentos. Com humildade e determinação, embarco nesta nova etapa, pronta para exercer uma medicina baseada em evidências, pautada pela ética e pelo amor: 'curando quando possível, aliviando quando necessário e consolando sempre'”.

REGULAMENTAÇÃO DA POLUIÇÃO SONORA

 


Na quinta-feira, 24, no quartel da  13ª Cia da PMMG de São Francisco,  realizou-se uma reunião para concluir os estudos sobre a regulamentação de procedimentos relativos à poluição sonora no município. Presentes ao encontro o promotor de Justiça Daniel Polignano Godoy, o comandante da Cia PMMG, Ten Cel Wilson Fabiano Gonçalves da Silva, Cap PM Clyver, Conceir Damião Vieira, secretário de Meio Ambiente; o presidente do Codema Giovanni Rene Costa; o procurador jurídico do município Carlos Pereira de Carvalho Júnior, secretário municipal de Infraestrutura, Ranulfo Ribeiro Santos Júnior, Jaila Bastos Carvalho, representante da Polícia Civil; Maria de Lourdes Ferreira e Adele Ribeiro Queiroz, representantes do Conselho Tutelar, Alda Maria  Silva de Souza, conselheira do Codema e promotores de eventos.

A reunião teve como objetivo de implementar o que dispõe o Código Ambiental do Município em face dos limites estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABTN – e resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Ao final de mais de duas horas de exposições e debates, ouvidos especialmente as partes diretamente ligadas ao assunto, em particular os promotores de eventos, com ponderações do Ministério Público, da Polícia Militar e Procuradoria do Jurídica do Município, foi elaborada uma minuta da norma deliberativa do Codema, que será dada ao conhecimento, e discutida com o público, em audiência pública na Câmara Municipal em data a ser definida. 


DESPEDIDA


No encerramento da reunião, o promotor Daniel noticiou aos presentes que estava deixando a Comarca de São Francisco, promovido para outra Comarca. Manifestou que se tratava de um imperativo, o que é comum à carreira dos promotores, mas que o fazia com muito pesar, pois teve uma boa acolhida em São Francisco, cidade e povo que muito admira. Recebeu muitos cumprimentos e votos de muito êxito em seu trabalho futuro.

sábado, 19 de abril de 2025

TIRADENTES UM EXEMPLO VIVO

  “Se todos quisermos poderíamos fazer do Brasil uma grande nação”. Augusto de Lima Júnior.



21 de abril uma data que até pouco tempo era reverenciada pelos brasileiros com fervor cívico, especialmente nas escolas. Dias atuais pouco se dá a ela e muito menos sabe-se sobre Tiradentes. O fato leva a estabelecer um paralelo com o que escreveu Vicente Licínio Cardoso: “Rio São Francisco um rio sem história”. No andar da carruagem não vai longe o tempo em que o Brasil será um país sem história. É muito grave, pois refletindo sobre a vida, o pensamento, as ações de Tiradentes e o comportamento do poder à época, chega-se à atual situação, onde se vê que uma nova derrama está a fervilhar diante de um setor da população que está supitando.

21 de abril de 1792 guarda a marca da tirania no cerceamento à liberdade do cidadão. Tiradentes foi levado à forca, mas há de se pensar que enforcados foram seus algozes no panteão da história. Ora, “Tiradentes não morreu, a ideia vive. Tiradentes é a encarnação do pensamento d´um povo, e os povos são imortais”, escreveu Jorge Lasmar membro da Academia Mineira Maçônica de Letras. 

Atendo-se a Tiradentes, o personagem, tem-se que “nenhum país ostenta, nos alicerces da sua liberdade, troféu mais digno e mais trágico que ostenta o Brasil: o corpo, a honra e o sangue de um filho que morreu para que sua Pátria fosse livre” em citação de José Álvares Maciel. Tiradentes foi preso e condenado a morrer na forca por abraçar um ideal defendido pelos iluministas que entendiam que a revolução não era crime exatamente porque se propunham a restaurar as liberdades primitivas que se haviam retirado ao homem pela deturpação progressista do seu estado natural.

A história de cada povo tem seus heróis. Estes homens singulares não alcançam o qualificativo por acaso ou pelo esforço de terceiros, muito menos através de propaganda oficial. Com Tiradentes de certa forma, aconteceu o contrário. A história oficial tentou denegri-lo, diminui-lo, ao mínimo da classificação, louco e insensato, como impingiu o historiador mineiro, da época, Joaquim Noberto da Silva prestando um serviço que é tão atual na quadra que vive atualmente o país com setores da imprensa nacional distorcida e distorcida na propagação das notícias políticas.

A AURORA DO BRASIL


  Metade de um milênio, o que parece ser quase nada em relação à história de países da Europa e da Ásia, é o tempo da história do Brasil: 525 anos do descobrimento. Então não há como comparar o desenvolvimento do nosso país, sobre todos aspectos, com o de muitos países daqueles continentes, mas há de se comparar com o que acontece com os EE.UU,  na descoberta contemporâneo ao Brasil. É um caso a pensar sobre os disparates entre o desenvolvimento das duas nações o que, obrigatoriamente, leva-se a refletir sobre as causas do atraso brasileiro em relação aos americanos. 

Lamentação à parte, não é o caso. Há de se ter orgulho pela pátria brasileira e não são poucos os motivos, como também, há imensa tristeza, por outro lado, diante da desfaçatez de governantes do país, que não acertam o prumo e a coluna está sempre caindo. Tantas riquezas encontram-se na natureza, em grande parte sem um aproveitamento real, especialmente no campo geológico, para não se deter na pujança da agricultura, que alimenta boa parte da humanidade. Um exemplo, entre tantos: o Brasil é o país com a maior concentração de nióbio no mundo, sendo responsável por mais de 90% do volume comercializado. Agora, vem o caso: o Canadá possui apenas 2% das reservas de nióbio do mundo e com ela garante saúde e educação gratuitas para sua população. Só existe um sistema de saúde no Canadá, um sistema público de saúde de altíssima qualidade, financiado pelos recursos do nióbio. O Brasil possui 90% das reservas e o nosso sistema de saúde e educação deixa tanto a desejar. Só?

Fica-se apenas neste exemplo para não ter que desfiar uma linhada de lamentações, decepções, descrenças e problemas. Orgulhosamente e como consolo, fiquemos com a comemoração da data do que deu causa ao surgimento do Brasil. Há muito que se comentar sobre este acontecimento, por que e como se deu, mas não cabe tal reflexão no momento, tantas são as controversas.

Há de ressaltar um fato marcante na história da nação brasileira, o fundamento do cristianismo. No primeiro domingo após a páscoa, dia 26 de abril,  o comandante Cabral ordenou a seus tripulantes que montassem um altar no ilheu da Coroa Vermelha onde foi celebrada, por frei Coimbra, a primeira missa na terra descoberta. No primeiro dia de maio do mesmo ano, uma sexta-feira, os marinheiros ergueram uma grande cruz com cerca de sete metros e cravaram-na no meio de um banco de areia, Por isso a nova terra recebeu, como primeiro nome Ilha de Vera Cruz (cruz verdadeira). Foi, sem dúvida, o que de melhor trouxe Portugal para o Brasil porque sedimentado no espírito da nação.

Registro: o dia 22 de abril não é feriado nacional e muito menos é comemorado pela população. Patriotismo à larga....

BRASÍLIA: 65 ANOS

 


Vaticinou com o seu otimismo Juscelino Kubitschek. “Deste planalto central desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”. Juscelino sonhou e realizou, mesmo debaixo de muita crítica e descrença, a construção da nova capital do país em aproximadamente 3 anos, de 1956 a 1960, no transcurso do mandato dele como presidente do Brasil.

21 de abril de 1960 a inauguração, concretizando um projeto que existia desde o século XIX (Dom Bosco teve um sonho profético em 1883 que muitos interpretam como uma predição da construção de Brasília. Neste sonho, ele teria visto uma "terra prometida" entre os paralelos 15 e 20, com um lago e riquezas escondidas, características que coincidem com a localização e características de Brasília). 

Juscelino realizou a profecia, com isso incentivou a interiorização do Brasil com o poder federal, em todas as instâncias, deixando o litoral para se fixar no Planalto Central e, com isso, inaugurando um novo Brasil.

Desnecessário falar sobre a importância, a beleza e a projeção de Brasília no campo da arquitetura e urbanismo em todo mundo, posto que ela está consolidada, e muito bem, como a capital de uma grande nação.

Um comentário mordaz: vem de quantos anos o sonho da construção da ponte sobre o rio São Francisco, em São Francisco, e há quantos anos está sendo levada a sua construção?

A RESSURREIÇÃO DE JESUS

 Por que buscais entre os mortos ao que ainda vive? – Lucas 24:10


Neste domingo, domingo da Páscoa, comemora-se a Ressurreição de Jesus, dogma central do cristianismo, que afirma que Ele ressuscitou três dias após ser crucificado. O que aconteceu? Jesus foi crucificado na sexta-feira, Seu corpo foi sepultado antes do pôr do sol, no domingo de manhã, Maria Madalena, Joana e Maria encontraram o túmulo vazio, um anjo do Senhor lhes disse que Jesus havia ressuscitado, Ele vive. A ressurreição de Jesus é a prova de sua vitória sobre a morte, ela o confirma como Filho de Deus, ela inaugura uma nova vida, a vida do mundo futuro, e a tornou disponível aos homens, ela é a base fundamental da fé cristã, ela traz esperança, dizendo que Deus amou o mundo a tal ponto que Jesus morreu e ressuscitou. O que se pode acrescentar quanto à realização do Plano de Deus na sua infinita misericórdia, oferecendo aos homens o Seu próprio Filho para redimir seus pecados e restabelecer a aliança. 

A alegria de Madalena, Joana e Maria é revivida sempre em nossos corações com a certeza de que Jesus ressuscitou conforme Ele mesmo anunciara. Então somos levados a olhar para o Oriente do nosso coração, que deixa a esteira da liberdade, que é a esperança dormindo até hoje na outra margem. Em Jesus, aquele que veio, a presença do Verbo, fez-se semente de trigo enterrada; germinando depois a esperança, nova vida na margem prometida entregada, o Oriente da jornada. 

A presença de Jesus está em nossa vida, em todos momentos, contudo, há um especial e visível como nos passaram os discípulos de Emaús que reconheceram Jesus ao partir o pão. Assim, O temos vivo presencial na Eucaristia: “Tomais e comei, este é o meu corpo. Tomai e bebei, este é o meu sangue”.

Jesus ressuscitado está entre nós, cabe-nos reconhecê-Lo, acolhê-Lo.

FELIZ PASCOA!


sábado, 12 de abril de 2025

PORQUE ELE NÃO MORREU....

 

O retrato de Jesus: Em Roma foi encontrado uma carta de Públio Lentulus, legado na Galileia do imperador romano Tibério 
César, que descreve com riqueza de detalhes a beleza e a potência existente na imortal imagem do Filho de Deus.

Semana Santa. Voltamos à Jerusalém na quadra que transformou a história da humanidade. Então, quedo-me diante da carta que o senador Públio Lentulus enviou ao imperador Tibério César descrevendo o retrato de Jesus: “Um homem de grande virtude chamado Jesus, pelo povo inculcado de profeta da verdade e pelos seus discípulos de filho de Deus. É um homem de justa estatura, muito belo no aspecto; e há tanta majestade no seu rosto, obrigando os que o vêem a amá-lo ou temê-lo. Tem o cabelo cor de amêndoa madura, são distendidos até as orelhas; e das orelhas até as espáduas; são da cor da terra, porém reluzentes. Ao meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos. Seu rosto é cheio; de aspecto muito sereno; nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face. O nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, semelhante aos cabelos, não muito longa e separada pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, resplandecendo no seu rosto como raios do sol; porém, ninguém pode olhar fixo o seu semblante, pois se resplandece, subjuga; e quanto ameniza comove até às lágrimas. Faz-se amar e é alegre, porém, com gravidade. Nunca alguém o viu rir, mas, antes, chorar.”

Intentaram matá-lo engendrando um falso julgamento que investia contra as próprias leis vigentes; um julgamento à sorrelfa para ludibriar a opinião pública. Mataram-no? Ledo engano, plantaram sim a semente do amor no coração dos homens, pois Jesus era o próprio amor. Imaginemos, hoje, que Jesus quis ser apenas um cordeiro e, contudo, ele se projetou na esteira dos séculos. Quis ser apenas um servo, mas luziu com toda majestade e permanece no nos corações dos homens. Mais de dois mil anos passados e Ele continua vivo posto que, ainda em nossos dias, é luz que nos conduz, que amaina nossos espíritos em tempos tão conturbados, pois somente o seu amor e o seu Evangelho podem amainar as paixões humanas e harmonizar os seres numa convivência pacífica e jubilosa.

Jesus era filho da Galileia, uma terra de homens ignorantes. Por que se fez tão grande se tão pequeno se mostrou? Por que meio a homens rudes Ele luziu, ainda que apenas quis ser um servo? Por que Ele se projetou na esteira dos séculos: quando apenas quis ser um cordeiro? Que exemplo para os poderosos hodiernos (ou de todos os tempos) que querem a majestade se impondo pela força ou por meios espúrios.

Uma semana de reflexão para que rememoremos a mensagem que Jesus nos trouxe do Pai celestial e, em seu amor, vivamos a esperança da graça misericordiosa. É o melhor que pode nos acontecer....

EXPOSIÇÃO ARTESANAL

 


Tarde/noite da quinta-feira 10, em um ambiente muito acolhedor na biblioteca pública Dr. Geraldo Ribas,  a Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio Histórico apresentou o projeto Noite Mineira de Museus e Bibliotecas - 10ª Edição | 10 de abril de 2025. O objetivo deste projeto é objetivo estimular a ampliação do horário de funcionamento dos espaços culturais uma vez a cada dois meses, oferecendo ao público, no período noturno, uma programação cultural gratuita, que pode incluir exposições, saraus literários, oficinas de arte, exibições de vídeos, instalações culturais, shows, apresentações de dança, espetáculos teatrais, entre outras atividades e serviços.

São Francisco foi um dos 81 municípios mineiros que participaram deste projeto com a  exposição de telas. A exposição apresentou os resultados do projeto realizado em 2024, que retratando os bens patrimoniais do município por meio do ponto cruz – um artesanato típico da região. A noite foi mediada por Jussara do Nascimento Pereira Madureira (professora e bibliotecária) e Gesilda Rodrigues Paraizo (historiadora do Departamento de Patrimônio Cultural).

O evento contou com as presenças do vice-prefeito Raul Pereira, do secretário de Cultura João Hebber, representantes da Ong Preservar e de muitas pessoas da comunidade.





Comentando


Surpreendente o trabalhado das artesãs que expuseram suas telas  pelo Projeto Pontos Cruzados – uma técnica de bordado que consiste em fazer pontos em forma de "X" no tecido. É uma técnica simples e versátil que permite criar desenhos variados. Mais do que uma técnica, o ponto cruz é também uma forma de expressão criativa e de relaxamento. Com a agulha, a linha e uma tela, é possível criar verdadeiras obras de arte, que carregam significado e carinho em cada ponto. E foi o que se viu nas diversas telas expostas retratando aspectos que representam facetas da história, cultura e belezas de São Francisco tais como: a igreja matriz, o cruzeirinho, igrejinha São Félix, o coreto (cuja imagem suscitou muitas recordações por parte das pessoas que conheceram esse histórico monumento que, estranhamente, foi tombado, não no sentido legal de conservação), a casa da família Coutinho, a imagem de São Félix, os peixes surubim de cabelo e o dourado e, como não poderia faltar, o pescador tendo como cenário o pôr do sol.

Brilharam as bordadeiras demonstrando quão rico é o artesanato são-franciscano o que justifica muito a criação da Casa da Cultura e espaço para exposição do artesanato do município, uma ideia do Preservar já acolhida pelo prefeito Miguel Paulo.



sábado, 5 de abril de 2025

DIA MUNICIPAL DO RIO SÃO FRANCISCO




  Circunstancialmente tomamos conhecimento da criação do “Dia Comemorativo em Defesa do Rio São Francisco”, Lei nº 3535 de 1º de abril de 2024, projeto da vereadora Géssica Braga. Por que circunstancialmente? Uma entidade do município teve a notícia da criação deste “dia”, o que suscitou a pesquisa a respeito, confirmando-se a existência desta lei. Como nada foi feito a respeito, até então, consultando a data da homologação do projeto de lei, viu-se que era de primeiro de abril. Veio a dúvida – seria verdade?

Verdade sim e muito importante, pois o maior patrimônio de São Francisco é o rio São Francisco (material e imaterial em face do seu pôr do sol de fama além fronteiras, de suas lendas e mitos). O escritor são-franciscano Geraldo Ribas gravou uma frase antológica: “o são-franciscano tem o umbigo preso ao rio São Francisco”. Indubitável.

Muito bem, diz o artigo 2º da referida lei: “Todos os anos, durante o dia 3 de junho, o Poder Público Municipal promoverá eventos com caráter educativo, promovendo concursos de redação, poesias, músicas, performances artísticas, seminários e outras atividades com o fim de atender ao disposto estabelecido pelo caput desta lei, alusivos às águas, e também apresentará projetos de gerenciamento e despoluição dos recursos hídricos em todo território são-franciscano”.

Vai além no art. 3º - “As secretarias municipais de Educação e Meio Ambiente juntas, formando programas de conscientização quanto ao uso da água, e inserindo no processo educativo a questão da poluição e do uso inconsequente e indiscriminado dos recursos hídricos”.

Sem dúvida, é uma iniciativa salvífica deitando o olhar sobre a situação dramática do São Francisco. Em todos os sentidos da proposta é preciso ação e, uma imediata diz respeito à poluição. É uma vergonha a ação de indivíduos sem escrúpulos, sem educação ou qualquer noção de civilidade, transformando as barrancas do São Francisco é descarte de lixo de toda natureza. É inacreditável que um indivíduo saia de sua casa com sacola de lixo para atirá-la no rio se existe um sistema de coleta de lixo eficiente na cidade. É pura maldade, insanidade. O professor Roberto e universitários da Unimontes, campus de São Francisco, têm trabalhando neste sentido, o que leva a recorrer à história da beija-flor querendo apagar um incêndio. Eles fazem a sua parte e dão exemplo. 

Então, que esta lei seja tomada ao pé da letra e que haja uma preparação especial para implementá-la com programas bem definidos no próximo  dia 3 de junho, quando ela completa o seu primeiro aniversário.

ALAVANCANDO O TURISMO

 


Merece um olhar especial da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo a ação que vem desenvolvendo a associação Identidade Barranqueira com a atenção voltada para o turismo focado no rio São Francisco. Uma de suas atividades, e muito interessante, é  o passeio em um trecho do rio, geralmente ao pôr do sol, com duas etapas especiais: o passeio para apreciação das belezas do rio ao tempo em que vão sendo contadas histórias e lendas da região, especialmente do rio – caboclo d´água, surubim de cabelo, entre outras, e apreciação do pôr do sol, um espetáculo divino de rara beleza e própria para  a meditação, Outro momento é a concentração dos participantes do passeio no restaurante Peixe-vivo com uma fantástica visão do rio na chegada da noite, para degustar comida típica da região e para manifestações sobre o passeio e falas poéticas.

Equipe à frente do roteiro: Carla Duarte (presidente), Adriana (historiadora narrando as lendas) e Priscila (declamando poemas).

No domingo passado, o passeio contou com a participação do procurador Jarbas Soares e sua mãe, dona Rosinha, que contou histórias sobre a construção da igreja Matriz tendo seu pai, Oscar Caetano Gomes, como presidente da comissão encarregada da construção. E mais: duas crianças que cedo estão sendo entronizadas nas belezas e importância do rio: Maria (Allan e Rachel) e João Pedro (Michel Spina e Priscila) que em  duas oportunidades manifestou o seu respeito e amor pelo rio.  

Os passeios ecológicos e turísticos que a Identidade Barranqueira promove, por sua conta, já esteve em discussão no Conselho Municipal de Turismo de São Francisco, com um roteiro da mesma natureza, com dois trajetos definidos: um até a Barreira dos Índios e outro a Ilha do Lajedo, os dois com registros históricos e culturais muito interessantes.

Destaque-se, para o sucesso do roteiro, o trabalho de Dirceu com sua chalana (Deuza do São Francisco – com Z mesmo) com todos os requisitos determinados pela Marinha do Brasil.

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo - Membro da Comissão Mineira de Folclore


Sétima parte


DANÇAS DO SÃO FRANCISCO

CARNEIRO

Domingos Diniz registrou na revista da Comissão Mineira de Folclore que o Carneiro é uma variação da umbigada. Mário de Andrade, em seu Dicionário Musical Brasileiro registra o verbete “carneirada” como provável dança das margens do São Francisco. As Danças sofreram muitas mutações durante os séculos, fruto de miscigenação, influência de costumes locais, aculturamento e até mesmo por um fato comum: migração - alguém, ao deixar suas paragens leva as notícias de sua vida e a sua arte, que noutra localidade, por simbiose, é imitada ganhando outro apelido como disse Câmara Cascudo, pois o homem simples gosta de dar nome a tudo e sempre o faz a seu modo, criando palavras por não ter entendido bem a original.

Na formação das famílias são-franciscanas destaca-se a origem nordestina e, assim é possível deduzir que o Carneiro possa ser originado das danças da umbigada, como aceita Diniz, ou Baiano e o Batuque, entre outras, por causa da coreografia, nordestina.

A dança: as caixas rasgam o ar com batidas fortes, frenéticas, incitando à dança alucinante. Um caboclo salta para dentro da roda, girando e forçando o peso do corpo numa perna enquanto faz a marcação ritmada acompanhando as caixas – olê, lê carneiro dê; olá, lá, carneiro dá. Uma mulher o rodeia dengosamente. Encontram-se no meio do terreiro, rodopiam; o homem ergue uma perna, empina o corpo para frente, arma um golpe e, no bater forte da caixa, desfere a terrível marrada, batendo nas costas da mulher. Não chegam a se tocar. A simulação, com a batida forte do pé no terreiro, o repique da caixa e a cadência dos versos, dá a impressão que estouram os ossos numa arremetida violenta que lembra a cabeçada de dois carneiros em ferrenha luta.

Tendo-o como uma variação da umbigada, conta-se que o Carneiro foi criado para fugir às restrições impostas pela Igreja e pela sociedade escandalizadas, que reprovavam as umbigadas entre homem e mulher.

É importante salientar alguns aspectos interessantes no Carneiro: tanto na dança, como na música. O onomatopaico: no final dos versos, correspondendo à batida dos pés destaca-se, na música, a sílaba final: olê, lê, carneiro dê! Olá, lá, carneiro, dá!. O o lúdico: na refrega, o caboclo exercita o corpo, uma recreação depois de uma jornada de trabalho, ele encontra no prazer da dança, no contato corporal, com o chão e no sapateado o relaxamento espiritual. O telúrico: ele abre a alma à brincadeira, à glosa, às coisas que o prende à terra: bichos, plantas, histórias e paixões.

sábado, 29 de março de 2025

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo - Membro da Comissão Mineira de Folclore


DANÇAS DO SÃO FRANCISCO


Sétima parte


O QUATRO


É uma dança divertida, que exige muita destreza e atenção dos dançadores, pois, ao mesmo tempo, eles cantam e tocam seus instrumentos - violão, viola, rabeca, caixa – podem alternar com pandeiro, reco-reco e balainho. Comumente, como indica o nome, são quatro dançadores que formam uma pequena roda e, ao som do batuque e do canto, iniciam interessante coreografia, trocando de lugares numa evolução dinâmica com muita graça. Às vezes, conforme o número de dançarinos, executam a dança com oito elementos, o que é mais complexo, exigindo-se redobrada atenção e destreza, pois o cruzar de parceiros, tocando seus instrumentos, faz com que muitos têm que se desvencilhar dos braços dos violões e violas e do arco da rabeca, que rodopiam no ar, sem perder o passo que é muito dinâmico e sempre rotativo.

Câmara Cascudo registra a dança com o nome de Quatragem - dança popular do interior de Minas Gerais. Bernardo Guimarães a registrou em seu romance o Seminarista (1872): “A quatragem é a dança pitoresca dos nossos camponeses, dança favorito do roceiro em seus dias de festa, e as delícias do tropeiro, nos serões do rancho, após as fadigas da jornada. Dança vistosa e variegada, entremeada de cantares e tangeres, cantiga maviosa, já freneticamente sapateada ao ruído de palmas, adufes e tambores. Sem ter o desgarre e desenvoltura do batuque brutal, não é arrastada e enfadonha como a quadrilha de salão; ora salta e brinca estrepitosa e alegre, se requebra em mórbidas e compassadas evoluções. Como o próprio nome indica, forma-se um grupo de quatro pessoas. A música é desempenhada pelos dançantes, que, além de uma garganta bem limpa e afinada, devem ter nas mãos ao menos uma viola e um adufe. Há uma quantidade incalculável de coplas para acompanhar esta dança, e a musa popular cada dia engendra novas. São pela maior parte toscas e mesmo burlescas e extravagantes; todavia algumas há impregnadas dessa maviosa e singeleza poesia que só a natureza inspira”.

Em São Francisco  o quatro ou quatragem não fugiu das origens. É a animação das festas, principalmente no solstício de verão, quando os foliões saem na sua jornada para adorar o Menino Jesus. Não há Folia de Reis sem o Quatro, que é a preferida de todos. A dança, por si, enche os olhos. As letras sempre lembram os animais da preferência do folião, ligadas à uma paixão, ou contam histórias passadas na comunidade – o pesquim, como dizem.

Uma das quadras divertidas do folião Locha:

Vô mimbora/Vô mimbora, não/Xô, meu canarinho/Oê, minha sabiá/ Canarinho nas primeiras águas/Subiu na roseira pegou a cantá/Canarinho é meu amô/Sabiá o meu pena/ Na lua vai quem qué/La num tem prefeito e fiscal/Nem Veríssimo, nem Badé/Lá os cachorro veve a cuma qué.

sábado, 22 de março de 2025

CONSELHO MUNICIPAL DE SEGURANÇA PÚBLICA EM PAUTA

 


O comandante 13ª Cia Independente da PMMG de São Francisco, Ten-cel Wilson Fabiano, convidou representantes de alguns setores da comunidade são-franciscana para debater a instituição do Conselho Municipal de Segurança Pública – CONSEP – em São Francisco que, anteriormente, chegou a funcionar no município estando, contudo desativado.

A convite do comandante Wilson, o tenente Eliseu, do Pelotão das PMMG de Brasília de Minas fez uma ampla exposição sobre a instituição e funcionamento do CONSEP tendo, como modelo o conselho similar existente em Brasília de Minas, que vem operando com muito sucesso. Ressaltou-se a importância do conselho, sua finalidade e o que pode representar para a comunidade. Após a explanação do tenente Eliseu foram  formuladas várias perguntas e dadas sugestões a respeito. Decidiu-se, como primeira medida, a instituição de uma diretoria provisória para elaborar o estatuto e o regimento do conselho, preparar a realização de uma assembleia para a sua criação e eleição da primeira diretoria. 

Foi eleita a diretoria provisória, assim constituída: presidente,  José Passos, vice-presidente, Rita de Cássia Mendes; secretário, João Naves de Melo, tesoureira Eliane Ribeiro.   

Por fim, determinou-se realizar a assembleia para apresentação do estatuto e eleição da diretoria, no dia 27 deste mês, às 15h na Câmara Municipal.


O QUE É O CONSEP


O Conselho Comunitário de Segurança Pública (CONSEP), que já está instalado em diversas regiões, firmou-se como tendência a partir dos anos 90 e vem aprimorando a relação entre a PMMG e a sociedade. É um espaço de exercício da cidadania consciente, onde todos participam e contribuem para uma vida comunitária sem atropelo e insegurança. 

POLUIÇÃO SONORA NA BERLINDA

 

Importante encontro aconteceu na sala de reuniões da 13ª Cia Independente da PMMG de São Francisco, no dia 20, quinta-feira. O assunto em pauta: regulamentação da poluição sonora em eventos festivos, propaganda volante e bares. Presentes à reunião o prefeito Miguel Paulo, o comandante da 13ª Cia da PMMG, Ten-Cel. Wilson Fabiano e sua equipe imediata; promotor de Justiça Daniel Polignamo Godoy; secretário municipal de Meio Ambiente, Conceir Damião; presidente do Codema, Diovane Rene Costa; Leandro  Amaral Barbosa, representante da Secretaria Municipal de Infraestrutura; representantes da Polícia Civil, Manoel e Walison; representante da Loja Maçônica Acácia Sanfranciscana, João Naves e Alda Maria, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

O comandante Tem-cel Wilson Fabiano abrindo a reunião discorreu sobre a importância do assunto a ser tratado manifestando o apoio da PMMG. O prefeito Miguel Paulo manifestou o interesse da administração municipal pela regulamentação da poluição sonora que é uma preocupação de grande parte da população são-franciscana, na cidade e no meio rural.


ASSUNTOS EM PAUTA


As licenças ambientais quanto aos eventos festivos a se realizarem:  no  Parque de Exposições Zezé Botelho e no Parque dos Produtores Rurais;  religiosos;  rurais;  especiais – Réveillon, Carnaval, Festa de São João; utilização de som em estabelecimentos urbanos (bares); propaganda ambulantes; veículos equipados com aparelhos sonoros para deleite, sem fins comerciais.

Levantado os casos e a premente necessidade de implementar o disposto no Código Ambiental do Município, em leis Estadual e Federal concernente ao assunto, decidiu-se distribuir a todas as entidades envolvidas, cópias da Normativa nº 01/2017 e da ata de reunião conjunta, da mesma data, versando sobre o assunto com a finalidade de colher sugestões para a atualização da Norma Deliberativa e tomar outras providências pertinentes. Participaram da reunião conjunta: Prefeito Municipal, Secretário Municipal de Meio Ambiente Secretário Municipal de Obras, Transporte e Urbanismo,  Codema,  Ministério Público do Meio Ambiente,  Polícia Ambiental, Polícia Civil e representante da Câmara Municipal.

Deliberou-se realizar um segundo encontro para debater apreciar as sugestões que forem apresentadas e, consequentemente, editar nova Norma Deliberativa sobre a regularização da poluição sonora no município.

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo - Membro da Comissão Mineira de Folclore


Sexta parte


O LUNDU


O lundu é uma dança extremamente sensual com muita volúpia, engodos, leveza e trejeitos.  Ela é origem africana, trazida pelos escravos bantos. Ganhou os salões da nobreza e depois foi se descaracterizando, dando lugar a outras danças locais, perdendo o nome como registra Câmara Cascudo: “Vive como uma modalidade faceciosa de canção, porque a coreografia evoluiu para o samba, solto, individual, sacudido, enfim a batucada, onde cada bailarino é um competidor da execução anterior”. São Francisco guarda os princípios da evolução: homens e mulheres forma uma grande roda, cercando os tocadores assentados em bancos. Batendo palmas acompanham os puxadores das modas e, no final de cada canto, um homem se desloca para o centro da roda vai sapateando, batendo palmas e rodopiando até chegar defronte a uma mulher escolhida, que chama, batendo palmas bem perto do seu rosto. Ela entra na dança com toda leveza, rodopiando, com as mãos prendendo a saia, sapateando graciosamente, sem muito vigor. O dançador se desdobra em graças, fazendo-lhe volteios, sapateando, trocando passos no ar e no chão, com muitas negaças e volúpia juntar-se à ela, que o desdenha. O ritual vai se repetindo com outros pares, varando a noite com toda alegria.

Com o tempo surgiram algumas novidades, reflexo da criatividade dos dançarinos. Adão Barbeiro criou as danças do facão e da garrafa. A primeira uma modalidade exige muita destreza e cuidado, pois o ritmo que tradicionalmente era marcado com as palmas, se faz com o brandir de dois facões, sobre a cabeça e entre as pernas enquanto os pés, no mesmo ritmo fazem as evoluções da dança, com o sapateado. A da garrafa, mais simples, só exige equilíbrio, pois toda a evolução da dança, com os sapateados e palmas, é feita com uma garrafa de água na cabeça.

Muito apreciada no lundu é a harmonia do instrumental, que flui com naturalidade de uma orquestra ensaiada e afinada. A melodia guarda tantas recordações telúricas recordações como sopro da alma.  As caixas são afinadas com a corda lá do violão. São tocadas com suavidade tal, que mal se percebe o seu gemido dando sustentação às violas, rabecas e violões. Os violões fazem a marcação do ritmo e as violas serpenteiam no floreado frenético de dedos ágeis e no fundo, os gemidos fechando os acordes, como um lamento, a rabeca. Entra-se em horas a fio, com os cantos e sapateados, as palmas fortes bem marcadas e uma alegria singela, pura, de quem vive a vida na sua forma mais natural e simples, sem pressa, sem preocupações, sem o dia do amanhã, só em estado de graça.

sábado, 15 de março de 2025

ESTUDANTES EM FESTA

 Mens sana in corpore sano – Juvenal


Na terça-feira 13 foi realizada a solenidade de abertura dos Jogos Estudantis de São Francisco, na Praça de Esportes. Foi composta a mesa de honra pelo prefeito Miguel Paulo, secretários João Hebber, da Cultura e Esportes, Francine Nobre da Educação; de Governo César Botelho, da Administração e finanças Ronaldo, José Botelho Neto, da Agricultura e Andressa Vieira Rodrigues, da Saúde.  vereadores Ramiro da Colônia, Geraldo Quilombola; Révio Humberto e Stefane Gangana – presidente e vice-presidente da subseção da OAB de São Francisco; e representantes do Colégio Plano e Escola Cívico Militar José D´Ávila Pinto – compondo a Mesa.

Falaram, na ocasião o prefeito Paulo Miguel e o secretário de Cultura e Esportes saudando os diretores e diretoras das escolas, professores e em especial aos atletas, e destacando a importância daquele evento e o apoio da administração municipal com todo empenho.

A cada ano sem realizados os Jogos Estudantis a nível municipal, estadual e nacional em que, em diversas versões, destacaram-se atletas mirins de São Francisco. Uma semana de efervescência na Praças de Esportes e nas quadras esportivas das escolas onde são realizados os jogos com diversa modalidade: Handebol masculino/feminino, Futsal masculino/feminino 

Vôlei feminino/masculino, Basquete masculino - módulos l e ll.

Na semana que se encerra a cidade foi tomada pelo alarido e intensa movimentação de estudantes, uma verdadeira festa que vai além pois a realização dos jogos pelos jovens possibilitam a identificação de talentos esportivos nas escolas; contribuir para o desenvolvimento integral do aluno como ser social, autônomo, democrático e participante, estimulando o pleno exercício da cidadania; promove alegria e ensinamento aos estudantes

Sem dúvida uma grande festa que mereceu toda a atenção da Secretaria Municipal de Cultura e Esportes.

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo -  Membro da Comissão Mineira de Folclore


ARTESANTO


É muito rica e interessante a atividade dos artesãos no município. Destaque para o artesanato do barro e da madeira.

No artesanato de barro destaca-se a comunidade de Buriti-do-Meio famosa na fabricação de potes, moringas, e outras peças ornamentais.

Na madeira destaque para os fabricantes de instrumentos musicais – viola, rabeca, violão e caixas. São famosos muito além de São Francisco: Minervino Gonçalves Guimarães (vende instrumentos para Paraná, São Paulo, Brasília e Nordeste) e Nego de Venança e Joaquim Goiabeira, todos focalizados em publicações especializadas.

Trabalho de madeira, ainda digno de menção, é da fabricação de carranca e miniaturas: Zinho, Luz Neto, Mendes com excelentes trabalhos.

Existem ainda, como expressão significativa, o trabalho das bordadeiras – famoso foi o bilro da comunidade Barreira dos Índios.


ALIMENTAÇÃO


A fundação de São Francisco e sua povoação, em princípio, ocorreu em razão das correntes migratórias de nordestinos. Ocorreu uma grande a influência no município  de famílias oriundas da Bahia, Pernambuco,  Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba. O grande caminho foi o rio São Francisco, pela navegação ou pela estrada baianeira, por onde passavam os viajores ou retirantes em busca do Sul (São Paulo) muitos ficando e plantando raízes em São Francisco. Outro caminho veio da região do vale do Gorutuba desbravado por Antônio Figueiras, companheiro de campanhas de Matias Cardoso (fundou a fazenda Formigas, hoje Montes Claros) aí os costume nordestinos prevalecerem no município e, entre eles a alimentação. Outro fator, naturalmente, foi o de ser a cidade intimamente ligado ao rio São Francisco e sua população, ter como alimentação especial os pratos do peixe. 

Observa-se, também, que em razão das condições locais, a alimentação é mais rica em carboi-hidratos, proteínas e pobre em vegetais (verduras).

Comidas típicas do município: Peixes:  cozidos, fritos, assados; com abóbora; muqueca, etc. Carne: de-sol, seca, cozida, assada, frita, farofa, com mandioca frita; picadinha, misturada no arroz ou feijão (dos tropeiros). Mandioca: cozida, frita, assada, misturada com carne. Seus derivados: tapioca, croeira e puba (beiju, bolo, mingau). Milho:  mungunzá, cuscuz. Abóbora: diversos pratos. Feijoada

Do cerrado ou mata de transição uma variedade muito grande de frutas, destacando: pequi, cabeça-de-nego, umbu e baru.



AINDA SOBRE O DIA DA MULHER

 Não sou um pássaro, e não fui presa em uma armadilha

Sou um ser humano livre com minha vontade independente – Charlotte Brontë



Em plena Era Vitoriana (1837/1901) quando a situação era severamente aflitiva para as mulheres, uma voz se destacou a favor delas, ainda que usando a bandeira dos homens. Foi a voz de Charlotte Brontë, que para publicar seus livros viu-se na contingência de adotar um nome masculino, Currer Bell. A respeito dessa imposição, da época, ela escreveu: “Tem-se a crença que as mulheres, em geral, são bastantes calmas, mas as mulheres sentem as mesmas coisas que os homens. Precisam exercitar suas faculdades e ter um campo para expandi-las, como seus irmãos costumam fazer. Elas sofrem uma restrição tão rígida, e de uma estagnação tão absoluta, como os homens sofreriam se vivesse na mesma situação. É um pensamento estreito dos seres mais privilegiados do sexo masculino dizer que as mulheres precisam ficar isoladas no mundo para fazer pudim e cerzir meias, tocar piano e bordar bolsas. É fora de propósito condená-las, ou rir delas, se elas desejam fazer mais ou aprender mais do que o costume determinava que fosse necessário para pessoa de seu sexo”.

As conquistas das mulheres para ocupar equivalente papel na sociedade têm sido uma epopeia. Um marco expressivo aconteceu no dia 8 de março de 1917 numa sublevação de operárias russas, que deu origem ao Dia Internacional da Mulher. Cento e oito anos depois ainda há um clamor buscando dar à mulher o seu verdadeiro papel na história da humanidade. Há, ainda, muitos preconceitos, discriminação e atos de subjugação enraizados em costumes e sistemas sociais radicais que colocam as mulheres em segundo plano. É de se estranhar que a maior discriminação ocorra em países cujas bandeiras ideológicas são defendidas em nossa Pátria. 

O que se tem como realidade é que as mulheres têm demonstrado seu valor em todas os campos da atividade humana. No caso, no desempenho de várias funções, muitas arrostam enormes e pesados sacrifícios para, ao mesmo tempo, exercer a mais sagrada missão que a ela coube por circunstâncias naturais e abençoadas por Deus: ser mãe. E mais é o seu papel como mestra, figura indelével por parte de todos que passaram por bancos escolares nos anos primeiros. Mulheres que morando em cidade grande arrostam enormes sacrifícios, saindo de casa ainda de madrugada, às vezes tomando dois transportes (ônibus), para lecionar em bairros afastados e ainda se mantendo como pilar de uma família. 

Lutas e conquistas à parte há uma verdade insofismável: a humanidade só existe porque existe a mulher. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

PONTE: MAIS UM PASSO

 


O reinício da construção da ponte sobre o São Francisco, na cidade, dependia de uma homologação de licença ambiental concedida pelo CODANORTE pelo CODEMA de São Francisco. Uma licença fora dada, anteriormente, porém ela caducou-se em vista do descredenciamento da empresa licenciada e de possíveis alterações no canteiro de obras. O empecilho foi resolvido em reunião realizada pela assembleia do CODEMA na segunda-feira passada. Não há mais nenhum impedimento para que sejam retomadas as obras da construção.

O presidente do Codema, Diovani Renê Costa afirmou ter recebido do vice-governador de Minas, através do vice-prefeito Raul Pereira, uma solicitação para homologar a decisão do CODANORTE, consequentemente, a emissão da licença ambiental. Diante disto, convocou uma reunião extraordinária do conselho do Codema para apreciar aquela decisão, que foi acolhida e aprovada.

Assim, mais um passo foi dado no sentido de concretizar o sonho dos são-franciscanos e populações de municípios da região que serão beneficiados pela grande obra.


CODEMA E O CARNAVAL



Diretores do Codema, acompanhados pelos secretários Conceir Damião (Meio Ambiente), Júnior Marruaz (Infraestrutura) e João Herbert (Cultura), servidor da Secretaria de Infraestrutura, Ricardo 7R e Breno Pertinati, do bar Macarius patrocinador do evento, reuniram-se com o comandante da 13ª Cia da PMMG de São Francisco Ten-Cel, Wilson, Capitão Cliver e Tenente Dener com o objetivo de estudar uma estratégia operacional para a realização do Carnaval na Orla do São Francisco promovido pelo Bar Macarius. Cuidadosamente foram examinados todas as questões voltadas para a segurança e orientação dos carnavalescas e pessoas que transitarem pela orla durante o festejo.

A preocupação do corpo da PM e do pessoal do governo municipal foi garantir a realização do evento com toda segurança respeitando-se os dispositivos legais e, em especial, o Código Ambiental do Município. 

  O evento será realizado do dia 1º a 4 de março, das 16 às 19h (intervalo) e de 20h às 2h. A interdição da área e do circuito será feita no início do dia.

A IMPORTÂNCIA E NECESSIDADE DA CASA DA CULTURA

 


O prefeito Miguel Paulo acolheu uma proposta da Ong Preservar no sentido de criar a Casa da Cultura/Museu em São Francisco, projeto casado com implantação de uma área fixa para exposição do artesanato são-franciscano.

Falando-se, hoje, sobre o artesanato. Muito se tem dito a respeito dele no município. Sabe-se que é de uma expressiva riqueza e, também, sabe-se que os artesãos estão dispersos, não têm um espaço para expor seu produto – um espaço acessível ao público, principalmente os visitantes à cidade. Com isso, quase nada vendem ou sequer são conhecidos, e são tantos.

Um exemplo, entre tantos, do que se perde na exposição do trabalho dos nossos artesãos.  Em sua passagem por São Francisco, a sobrinha-neta de Pascoal Carlos Magno,  inspirador da Barca da Cultura, Luciana Frazão, lamentou não estar levando nenhuma lembrança de São Francisco, o que encontrou em Pirapora (as famosas carrancas) e São Romão (rendas). Depois, chegando-se a Januária, ela postou estar encantada com a riqueza do artesanato daquela cidade, encontrando-o exposto, em profusão.

É o bastante para dizer, afirmar e reafirmar, o quanto São Francisco perde não promovendo a sua cultura, o seu rico artesanato. Tomara que o projeto da Ong Preservar, abraçado pelo prefeito Miguel Paulo, se concretize.

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo - Membro da Comissão Mineira de Folclore


Quarta parte


OUTRAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS



CRENDICES (abusão): As manifestações são diversas e, ainda nos dias atuais, muito marcantes na vida do povo: 


LENDÁRIO: Caboclo d'água, romãozinho e famaliá, são as mais famosas. A primeira é relacionada ao pescador – entidade que atrapalha ou ajuda a pesca, conforme os agrados que receber – cachaça e fumo. A segunda diz respeito a um menino amaldiçoado pela mãe que não pode morrer e vive atormentando as pessoas, principalmente no meio rural, misturando estrume na comida, jogando pedra no telhado das casas, misturando bezerros apartados com as vacas. A terceira diz de um capetinha, nascido de um ovo de galo que, preso numa garrafa, faz a fortuna do seu dono que, em troca, vende-lhe a alma.


SABEDORIA POPULAR: a medicina caseira tendo como fonte principal raízes, flores, folhas, cascas e frutos de essências do cerrado e das matas. Vale-se também, de animais. Há remédios para todos os males e são famosos os curadores, raizeiros e benzedores: Catarino (Luislândia), Olímpio (São Francisco), entre eles.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

OBJETIVO DA BARCA DA CULTURA

 


A Barca da Cultura foi um projeto de cunho cultural, social e político. Cultural, pois interligava culturas diferentes e promovia o valor das culturas ribeirinhas que eram até então invisíveis para as metrópoles; social, pela sua importância como fator educativo; e político, pela possível denúncia da situação precária que a maioria dessas cidades vivia, fornecendo a hipótese de que seu pioneirismo serviu de exemplo para outros projetos culturais já realizados e a certeza de que essa intrépida empreitada merece figurar dentre os acontecimentos relevantes na memória histórica, artística e cultural de nosso país.

Certamente, com a criação da Casa da Cultura em São Francisco, a Barca da Cultura fará parte, muito rica, do seu acervo.  Sem dúvida, recorrendo-se à pesquisa de Luciana que tem como objetivo central resgatar um trajeto da memória deste empreendimento de Paschoal Carlos Magno inserido no âmbito da história sócio-política e cultural do país, como relevante e pioneiro projeto de vanguarda artístico, com rico material de estudo envolvendo artes plásticas, teatro, dança, música, canto, poesia e seus desdobramentos para as artes no Brasil. 

A CARTA AO EMBAIXADOR

 


“Meu caro Embaixador, reporto-me à sua passagem, com a inesquecível “Barca da Cultura” por São Francisco e nossos entendimentos, então. Estamos firmes no propósito da construção da Casa da Cultura, um centro   sociocultural para a mocidade despertada e para o espírito e a inteligência de todos, velhos e moços.(Descreve-se o projeto). O ilustre amigo, com sua cultura e vivência, poderá reexaminá-lo, reformulá-lo, podá-lo ou ampliá-lo dentro do contexto que se segue: a cidade tem 8.000 habitantes, (apenas a metade participa economicamente), 2.800 escolas, está em expansão (7.000 em 1970), o meio é pobre,  o município tem 8.141 km2, 62.000 habitantes. A mão de obra disponível é barata, porém inferior, o material grosso é barato, mas o de acabamento é difícil e importado.

Desnecessário dizer sobre o êxito da “BARCA DA CULTURA”. Você viu? Foram momentos de encantamento e o meu povo estava à altura. Lembra-se? Será um fenômeno fisiológico (?): o povo não entendia aquela música divina de Villa Lobos e nem o balet maravilhoso que lhe ofereceu Décio Otero, mas naquela arte por ser intrinsicamente bela e autenticamente boa penetrava na alma e no corpo de cada assistente e ele podia sentir e deleitar-se.

Neste desconhecido, pobre e distante município, nada, até então, merecera unanimidade. O povo é, por natureza e contingência histórica, desconfiado, polêmico e conflitante. A BARCA DA CULTURA venceu todas as barreiras: econômicas, políticas, históricas, sociais, étnicas e conquistou todo mundo e desmoralizou o axioma muito respeitado por aqui: o que é de graça, não presta. Foi de graça (e engraçado também, em certos momentos) e foi JOIA, como amanheceram dizendo as crianças no dia após”.


DETALHE HISTÓRICO: Lendo a carta do prefeito OCJ, em determinados aspectos, é possível estabelecer uma comparação do município de São Francisco de 1974 com o atual. Os índices são outros: população, crescimento e melhoramento urbano, saúde, etc. etc., mas na cultura ainda engatinha-se, conquanto tenha um imenso potencial, uma mina a ser explorada. 

O SONHO NÃO MORREU

 


Em fevereiro de 1974, uma barca com mais de 100 passageiros entre estudantes, técnicos, produtores, assistentes, jornalistas e artistas de várias partes do Brasil, em viagem de Pirapora até Petrolina, aportou-se em São Francisco. Uma excursão cultural inspirada por Carlos Pascoal Magno (diplomata, ator, poeta, teatrólogo) que deixou marcas profundas na população são-franciscana. Foram dias memoráveis de muita arte – arte de primeiro mundo apresentada, pela primeira vez, aos são-franciscanos: orquestra sinfônica dirigida pelo mastro Carlos Eduardo Prates, balé, oficinas de arte para estudantes; recitais na Barca e na Igreja Matriz encantando o público. 

Pela passagem da Barca o então prefeito, Oscar Caetano Júnior endereçou correspondência ao embaixador Carlos Pascoal Magno, agradecendo em nome do povo são-franciscano e anunciando o propósito de criar a Casa da Cultura em São Francisco. Esta carta, histórica, está inserida neste artigo, na página seguinte.

Nesta semana, Luciana Frazão (historiadora da arte e mestranda em Culturas e Identidades Brasileiras no IEB – USP) sobrinha-neta do embaixador Pascoal Carlos Magno esteve em São Francisco, conversando com pessoas e visitando pontos de referência – cais e igreja Matriz, rememorando a passagem da Barca da Cultura. Estava acompanhada do esposo Damian Kraus, argentina, doutor em psicologia, tradutor e revisor da Revista e Agência FAPESP. A viagem de Lucina teve início em Pirapora, passando por São Romão, terminando em Maria da Cruz com objetivo de entrevistar testemunhas da passagem da Barca da Cultura de Paschoal Carlos Magno, tema de sua dissertação de mestrado.

Parte da entrevista dela foi focada na carta do prefeito Oscar Caetano Júnior ao embaixador manifestando o sonho de construir a casa da Cultura em São Francisco. Não conseguiu realizá-lo durante o seu mandato, mas certamente plantou uma semente deixada pela Barca. Alguma coisa, depois, foi feita no trato da ideia. Entre elas a criação da Ong Preservar reunindo um grupo de professores e escritores, que tem participação valiosa na preservação e divulgação da cultura são-franciscana. Ainda assim a semente não germinava, aguardava em solo tépido. Recentemente, um vislumbre de sua germinação se vê na comunidade como tem demonstrado o Portal Veredas apresentando o trabalho de muitos artistas locais, tanto na área artesanal quanto na música e edição de documentários históricos. Há um movimento, a terra está sendo adubado e molhada. Dois sinais que podem representar a realização sonho do prefeito Oscar Caetano Júnior é o surgimento da Empresa Cine Canoas constituída por um grupo de jovens. Ela empreendeu a reforma do prédio do Cine Canoas e noticia que, nele, serão retomados os programas culturais, de entretenimento e sociais. Oura providência que leva à realização do sonho é a criação da Casa da Cultura abraçada pelo prefeito Miguel Paulo

  Cinquenta e um anos decorridos e podemos vislumbrar que o sonho não morreu.

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo - Membro da Comissão Mineira de Folclore




Terceira parte


Têm destaque na cultura são-franciscana os autos, folguedos e atos devocionais que marcaram época e são revividos em tempos atuais.


REI-DOS-TEIMEROSOS OU REIS DOS CACETES – um grupo de homens, geralmente em número de 12, podendo ser mais, vestidos de marinheiros, dançam no salão ou terreiro, portando cacetes (bastões de madeira com um metro de cumprimento) que são batidos no chão ou uns contra os outros, no ritmo da música, enquanto cantam. O folguedo remete-se à luta de cristão contra mouros nas praias nordestina. Os cacetes sugerem o uso das espadas. Foi introduzido em São Francisco pelo folião Adão Barbeiro. O seu grupo, após sua morte, ainda se mantém atuante. O desenvolvimento do folguedo se dá em quatro partes: o canto de entrada; segundo canto uma glosa divertida; o terceiro canto de roda e o quarto canto de saída. Um verso do canto de entrada:  “Nós, pastores/ Boas novas viemos dar/ Que Jesus recém-nascido; Que Jesus recém-nascido/ Veio ao mundo nos salvar”.


SÃO GONÇALO – terno que pode ser apresentado em qualquer época, geralmente pagando promessas. Dança-se em terreiros em frente a um pequeno altar onde é colocada a imagem de São Gonçalo. São duas alas formadas só de mulheres, vestidas de branco, tendo à frente três homens: dois guias e o mestre. As mulheres, todas de branca empunham arcos enfeitados, de duas a duas com os quais fazem belíssimas coreografias. Famoso foi o grupo de João Pomba Triste e Badé. A festa de São Gonçalo veio para o Brasil, vindo de Portugal através dos fiéis do santo de Amarante.


CARNEIRO – é uma vibrante dança de terreiro, originada do batuque. O ritmo da dança é marcado por caixas. No terreiro dançam homens e mulheres, que, rodopiando, tocam costas contra costas imitando a pancada do carneiro quando briga. Tempos atrás a dança era conhecida como umbigada, que foi proibida por padres considerando-a sensual: os pares, no ritmo das caixas, encontravam-se na roda dando umbigadas, isto é, batendo barriga contra barriga. Então, os dançadores, no lugar da umbigada, passaram dar o toque, homem na mulher, com as costas.


FOLIA DE REIS  –  um folguedo de cunho devocional da maior importância. De dia 1º a 6 de janeiro, um grupo de homens (foliões) empunhando violas, violões, rabecas, caixas, reco-reco, balainho e outros instrumentos, saem, durante à noite, visitando casa por casa saudando o Deus-Menino no presépio. Depois da saudação, para agradecer as dádivas (esmola ou comida) dançam o quatro e lundu.

Os ternos ainda homenageiam São Sebastião, São João, Bom Jesus da Lapa, Senhora da Aparecida. Em São Francisco existem mais de cem ternos de foliões. Destaca-se a memória de Adão Barbeiro, que foi reconhecido além, fronteiras constando de diversas pesquisas folclóricas – televisão, jornais e livros.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

BIODIVERSIDADE

 

No dia 12 deste mês, o promotor de justiça Daniel Polignamo recebeu em seu gabinete o presidente do Codema, Diovanni Renê Costa; a vice-presidente do CBH-SF9, Alda Maria e o biólogo Rubens, do IBAMA, ocasião em que foi  apresentado a ele um projeto de pesquisa do IBAMA, conduzido no Médio São Francisco nos últimos 14 anos relativo à aquacultura. O projeto visa o monitoramento da biodiversidade por meio da ciência cidadã, onde os próprios ribeirinhos são responsáveis por coletar dados e gerar informações que subsidiam os órgãos públicos na gestão ambiental.

Objetivo da apresentação foi o de aproximar os órgãos que  buscam, em conjunto, recursos para dar continuidade ao projeto que teve início em 2014 com a participação de 14 pescadores, parceiros, que fazem a captura de peixes de todas as espécies, principalmente as ameaçadas de extinção, que são remetidos a laboratórios para exames e catalogação. Estende-se, ainda, ao combate de espécies de predadores que causavam imenso prejuízo à população de peixes do rio. A coleta é feita no São Francisco  entre o trecho da foz do rio Urucuia à altura da Vila Travessão de Minas.

O promotor Daniel Polignamo mostrou-se acessível ao projeto no sentido  de fazer a captação de recursos financeiros para o seu andamento até a liberação de recursos já agendados com a Plataforma Semente do Ministério Público.

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo – Membro da Comissão Mineira de Folclore



Segunda Parte

Destacam-se muito na cultura são-franciscana, os autos e as danças ligados, quase sempre, à religiosidade, o que caracterizava muito a população de tempos passados.

Danças:

Três danças muito apreciadas pela população fazem arte das apresentações dos ternos de folia no ciclo natalino e em outras festas devocionais. Destacam-se:

QUATRO – variação do Cateretê, sem o sapateado. Quatragem. Oriunda do Sul, certamente vinda de Portugal. Dança somente de homens, geralmente quatro, como indica o nome, mais pode ser dançada com 8 ou 12 figuras. O acompanhamento é feito com violão, viola, rabeca, caixa, pandeiro, reco-reco e balainho. As letras das músicas,  geralmente, evocam motivos da natureza, especialmente animais, e fatos do cotidiano narrando histórias vividas na comunidade. 
LUNDU – dança muito sensual, envolvendo homens e mulheres. A letra, geralmente, é uma glosa, pasquim, contando histórias locais. O instrumental usado é o mesmo. O homem começa a dança, sapateando e batendo palmas no meio do salão, chama um companheiro, batendo palmas – o homem sapatea e rodeando uma mulher, como se fosse tomá-la nos braços, mas ela, dançando, o refuga. Vão se alternando os pares até ao final da música ou enquanto está animado o grupo.
CATIRA – uma variação do cateretê ou do quatro, com dezesseis elementos, inclusive com a participação da mulher. Dança-se em rodas, diferente da dança do Alto Paranaiba, que tem a formação de duas alas; o destaque da dança é o sapateado. Não é muito comum em São Francisco ultimamente.

Folguedo

BOI-DE-REIS – variação do Bumba-meu-boi, é a maior atração cultural de São Francisco no período natalino, muito apreciado, sobretudo, pelas crianças, que acompanham o cortejo pelas ruas da cidade com grande animação. É um folguedo muito bonito e alegre tendo como figuras o boi, a mulinha de ouro, o bicho tamanduá, a onça, vaqueiros, catirinas, feiticeiro. A festa se encerra no dia 6 de janeiro com a morte do boi. Assim diz a tradição, mas como a animação é muito grande, em São Francisco, é comum a dança durar mais de um mês especialmente com o “Boizinho das Crianças ruflando latas, à guisa de caixas e cantando pelas ruas da cidade. Segundo Câmara Cascudo este folguedo teve origem no ciclo econômico do gado, sendo produto de tríplice miscigenação, com influência do indígena, do negro e do português. O enredo do folguedo conta uma história muito interessante e rica de ilustrações. Os figurantes do cortejo do boi chamam atenção pela forma pitoresca, dinâmica e alegre na atuação.


REUNIÃO DO COMEIAS

 

Realizou-se em São Francisco, no dia 12 deste mês, no salão de eventos da PRESERVAR, reunião com os conselheiros do Comeias Coletivo Local do Meio Ambiente/ Promanciais/ COPASA, sob a direção do coordenador Raul Pereira. Assuntos tratados:  Apresentação do Coordenador Geral de Ações Ambientais da COPASA,  Sandoval de Almeida Murta. Apresentação dos Levantamentos para melhoramento nos Trechos Priorizados das Estradas Vicinais/Ações Ambientais na região do Retiro. Discussões e Propostas para escolhas de novos coordenadores do Colmeia-SF. Outros assuntos de interesse da Entidade Mantenedora do Promanciais/COPASA. 

Na reunião foi noticiado que o  Comeias tem programado para o município de São Francisco a construção de barraginhas e bolsões de contenção pluvial nas estradas vicinais. Dois importantes projetos em defesa do meio ambiente e da recuperação de recursos hídricos. 

Colmeias um pilar fundamental para o desenvolvimento do Programa Pró-Mananciais é a mobilização social, estimulando a pró atividade, a responsabilidade compartilhada, a solidariedade, a criatividade e o protagonismo, a partir da formação de Coletivos Locais de Meio Ambiente - Colmeia – grupo formado nos municípios onde o Programa atua, imprescindível em todas as etapas do seu desenvolvimento – diagnóstico da bacia hidrográfica, planejamento, execução e monitoramento das ações.

A Copasa conta com equipes socioambientais regionalizadas, responsáveis pela condução do processo de formação dos Colmeias e acompanhamento do desenvolvimento do Programa nos municípios, assumindo o secretariado nos Colmeias. Além da equipe da Copasa, os Colmeias contam com representantes da prefeitura, da Emater e outras instituições/atores interessados em contribuir na recuperação e preservação das bacias hidrográficas de captação e recarga dos mananciais.

O Colmeia elabora o Plano de Ação, baseado nas necessidades ambientais do município e na lista de ações do Programa, a qual é aprovada pela Arsae (Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais)

 Até o momento são 249 Colmeias formados, totalizando quase 4.000 membros participantes.