sábado, 28 de outubro de 2017

PEQUENA CRÔNICA

PRODUÇÃO DE OVOS
Nem tudo que reluz é ouro, diz o ditado. Nem tudo que parece ser muito bom, é bom. Vou lembrar uma pequena história que parece ser uma ficção, coisa inventada. Pode até ser, mas tem, no fundo, uma triste realidade. É o que vive e sofre nossos produtores rurais.
Sempre aparecem novas idéias e promessas de projetos de produção lucrativa para o homem do campo. São Francisco, nos últimos anos, acompanhou a história da mamona, do cogumelo, do amendoim, quando o chamariz, como uma pepita de ouro, levou de roldão muitos produtores a novos investimentos, quase todos mal sucedidos.
Assim, surgiu um novo empreendimento para ganhar muito dinheiro: a vez era da produção de ovos. Anunciada a novidade, um produtor foi ao banco fez o financiamento e lá foi criar galinhas poedeiras, sem esquecer das vacas leiteiras que era o básico  – da sua atividade (também financiadas).
O projeto dos ovos estava indo de mal a pior. Nada de retorno e a situação foi se complicando. Numa certa manhã ele começou a ouvir (ou pensava a estar ouvindo) a voz de alerta dos animais. A cocá (galinha de Angola) que antes passeava pelos terreiros gritando “tô fraca, tô fraca”, certamente pedindo alguns grãos de milho, passaram, de uma hora para a outra a cantar: “protesto… protesto… protesto”.
O produtor tomou um baita susto e lembrou da sua dívida com o banco, que já chegava a hora de quitar e dinheiro nada.
Nisso, vem passando uma mimosa vaquinha, seu xodó, berrando com certa tristeza “sô do banco…. sô do banco”.
O produtor entrou em parafuso, desesperado. Mas eis que acorda muito suado e percebeu que era um pesadelo. Um pesadelo que não está muito longe da realidade diante da situação que ele enfrenta ano após ano com a demorada seca, com os problemas hídricos (tanques, poços tubulares e córregos secando) e ele num beco sem saída.
Outras alternativas ou pequenos projetos que ele tentara viabilizar, como agricultor familiar, também enfrentaram barreiras quase intransponíveis e, assim, parou de produzir rapadura, farinha, queijo e outros produtos de fabricação caseira. Ele não tem como cumprir as exigências da Vigilância Sanitária quanto às instalações que exigem projetos com rígidos padrões. E, aí, tome farinha do Paraná, rapadura de outras fontes e queijo vendido a granel, de porta em porta, porque em escala maior é preciso cumprir as exigências. Não é que esteja errada a política da saúde, é uma proteção do consumidor. O que pega, no caso, é como dotar o produtor de condições para cumprir tais exigências.  Tenho certeza, isso é possível, se as políticas públicas também se cumprissem com caráter de honestidade, retidão e menos demagogia. Nem se fale em falta de dinheiro. é preciso apontar onde ele está ou para aonde está indo?
O país vem se arrastando nos últimos anos, com os políticos se dividindo em acusações e defesas. Puro cinismo, pois quase todos partidos e políticos têm culpa registrada no cartório e perante a sociedade. E o povo sofrendo, pagando.
Não tem jeito. O caso é apelar para Deus, mais uma vez e sempre, o refúgio, e cantar o refrão da música de uma canção do padre Alessandro Campos:” O que é que eu sou sem Jesus?”

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