sábado, 21 de outubro de 2017

GERCINA BOTELHO DE MENDONÇA

17.12.34 – 12.10.17

 Gercina Botelho Mendonça, uma dama além do seu tempo, um exemplo de comprometimento social e de sentimento humanitário, nos deixou, encantando-se. Não tomemos seu passamento como uma grande perda ou que nos tenha deixando um imenso vazio. A morte não significa um fim para quem semeou o bem, amor, a solidariedade, pois os frutos de sua ação serão perenes, nunca passam.
Gercina foi uma dessas criaturas, das que semearam o bem. Sua vida foi pródiga em ações e mais ainda no cultivo de grandes amizades, apresentou-se para ser querida.
Filha do casal José Botelho (Zezé Botelho) e  dona Emília; ele fazendeiro que fez história  no ramo da agropecuária, transformando a fazenda Pajeú em um ponto de referência no município, tendo sido reconhecido como lembrança com seu nome dado ao Parque Municipal de Exposições. Irmã de João Botelho Neto, uma figura admirada, respeitada e muita querida no município por seus relevantes serviços prestados à nossa cultura e ao meio ambiente – foi fundador da Ong Preservar que tantos benefícios tem proporcionado aos estudantes e pesquisadores. Irmã de Anésio Botelho, Adilson Botelho pai do sindicalista Zezito, figura importante e de destaque no Sindicato dos Produtores Rurais. Mais três irmãos que têm o respeito e admiração dos são-franciscanos: Júlia, José David e Adenilson. Teve ainda como irmã a saudosa Ernestina. Por si e com a contribuição de sua família, Botelho, tem gravado seu nome em nossa história.
Mas foi além. No dia 5 de maio de 1956 ela casou-se com a Aristomil Gonçalves Mendonça – uniu a família Botelho à família Gonçalves Mendonça tão bem conceituada e importante em São Francisco – no campo da política (dois prefeitos municipais: o sogro Francisco e o marido Aristomil, no ramo do comércio e serviço público). Como inseparável companheira de Aristomil (Tomi) ela fez sua própria marca no período em que ele ocupou o paço municipal. Primeira dama ativa, visionária,desprendida e cativante. Foi responsável pelas movimentadas e elegantes festas organizadas no transcurso do aniversário da cidade para homenagear o “São-franciscano ausente”, um reconhecimento às figuras que contribuíram com o desenvolvimento do município, que cativaram e foram cativadas pela população (tão lamentável que os prefeitos subsequentes a Tomi não tenham apoiado a realização de tão significativo e importante evento). No mesmo período (aniversário da cidade), Gercina incentivou a realização da bonita procissão de Nossa Senhora dos Navegantes – um belíssimo espetáculo de fé e um quadro com imagem pictórica, com uma multidão de fiéis espremida na balautrada do cais acompanhando o cortejo carregando a imagem da santa no rio São Francisco – um batelão enfeitado com o acompanhamento de canoeiros (pena, também, que depois do período Gercina – Tomi tão belo evento tenha sido colocado de lado e a bela imagem de N. Senhora  dos Navegantes, colocada em um nicho do lado de fora da matriz)
Muito religiosa e devota de Nossa Senhora, ela idealizou e construiu uma gruta no paredão de pedras (cais), abaixo do cruzeirinho, e lá entronizou Nossa Senhora de Lourdes e Santa Bernadete. Todas as tardes fiéis acorriam ao local para orar, o que durou até a construção do paredão, quando a gruta foi demolida.
Outra iniciativa do casal foi a realização de desfile alegóricos das escolas da cidade por ocasião do aniversário da cidade. A sociedade vibrava com os desfiles, tomava conta da avenida para acompanhar o brilho e o entusiasmo dos alunos, e a beleza dos carros temáticos.Belos tempos. Hoje, nem sonho
Formada em curso técnico de Economia Doméstica ela teve um papel relevante na Sociedade Beneficente Feminina, especialmente na distribuição de conjuntos bordados para recém-nascidos (cobertor, manta, roupinhas, fraldas) e roupas para crianças, que as próprias sócias costuravam. Um detalhe importante: para as mães receberem o enxoval tinham que fazer o pré-natal no hospital e apresentar comprovante.
À frente da SBF ela construiu o prédio onde funcionou a creche, algumas salas do Jacinto Magalhães e hoje funciona o CAPS. O objetivo inicial era abrigar tuberculosos, que existiam em grande número do meio rural. No entanto nunca foi possível concretizar esse objetivo.
Adquiriu prédio da rua Silva Jardim para funcionar a sede da Sociedade Beneficente Feminina, onde organizavam o Natal dos mais necessitados. Lá também funcionava uma pequena farmácia para a doação de medicamentos.
Gercina, por sua conta, confeccionava mortalhas completas para doar para à população em geral, os parentes chegavam a qualquer hora do dia ou da noite e recebiam o pacote com a roupa e o cordão cuidadosamente dobrados.
Gercina também teve um papel marcante na paróquia de São José, foi uma das fundadoras da Legião de Maria e sempre se fez presente em todos eventos religiosos e participando das ações que dizia respeito à matriz. Gercina teve participação decisiva quanto à iniciativa do vigário da paróquia de isolar o átrio da igreja cercando-o com uma parede para impedir encontros amorosos no espaço. Gercina e algumas amigas foram contra a ideia e sugeriram (e construíram) a grade que, até hoje, cerca o átrio.
Gercina, assim que Tomi fundou uma loja maçônica em São Francisco, assumiu a presidência da Fraternidade Feminina, uma associação formada pelas esposas dos maçons, dedicada a beneficência e, nessa função, ela foi ímpar.
Mesmo depois de deixar a presidência da entidade, ela foi presença constante em todas as iniciativa e eventos promovidos por ela e muito especial nos eventos sociais, quando era comum brindar a todos os presentes com a declamação de belos e emocionantes poemas – era seu forte. O estandarte da Loja foi bordado por ela.
Ainda no período do Tomi como prefeito, Gercina participou da iniciativa, junto com o Lions Clube, de assumir a assistência dos idosos, o que era feito em rudimentar casinha. A primeira providência foi reformar e reorganizar a casa.
O casal pensando na extensão do lar, ampliando sua capacidade de assistência aos idosos, doou um terreno com 5 mil metros quadrados, no bairro São Lucas, para construção de um novo lar para abrigar os idosos.
Recentemente, preocupado com o conforto dos idosos, o casal doou uma cobertura para o salão social/capela, onde são realizados os momentos de oração (santo terço) aos domingos, com os Cenáculos e Legionários de Maria, celebrada a santa missa uma vez por mês e realizados os eventos festivos.
Do momento primeiro, até seu encantamento, a presença de Gercina no lar foi constante – sempre aguardada e festejada.
A FAMÍLIA DE GERCINA E TOMI
Filhos: Adalgisa Botelho de Mendonça, Maria Emília de Mendonça Pinto (casada com Antônio Ricardo),
Alexandre Botelho de Mendonça (casado com Kárin Liliane Emerich), Marta Botelho de Mendonça (casada com Pedro Américo).
NETOS: Maria Emília (Sabrina, Gabriela e Luana); Alexandre ( Hannah Klara, Alexandre Emmerich), Marta (Ana Laura, Pedro  Henrique e Gabriel).
BISNETOS: Sabrina (Eduardo e Carolina).    Luana(Alice e João Ricardo)
Nas páginas da história de São Francisco e em nossos corações estará gravada, de forma indelével, a grande dama Gercina Botelho Mendonça.

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