sábado, 24 de agosto de 2024

TRÊS REZADEIRAS – III

 

Não que o fervor tenham se arrefecido em São Francisco, onde a participação dos fiéis ainda é muito intensa nos templos católicos e evangélicos. Contudo, algumas manifestações de devoção já não são as mesmas, os fiéis estão mais acomodados com as facilidades de transmissão de missas e cultos pela televisão com intensa penetração como a emissora católica Canção Nova. Não muito longe, porém perdendo-se nas brumas do tempo, eram comuns as rezas nas casas: o terço, o ofício de Nossa Senhora, Ladainha (em latim) e as “incelências” nos velórios. E ainda o cumprimento de promessas com apresentações do auto São Gonçalo e ternos de folias de Reis. Tempo ido.

Sugerido e acompanhado por José dos Passos e Adalgisa, do Conselho Municipal de Cultura e do Preservar, nesta edição vamos falar da Dona GERALDA CARDOSO GONÇALVES

 

 


 

Numa manhã agradável, ponta do frio ensaiado neste mês, chegamos à casa de Dona Geralda, eu, José dos Passos e Adalgiza Botelho de Mendonça, que sugeriram as entrevistas com as três rezadeiras.  Dona Geralda nos recebeu numa arejada sala de sua casa com muita simpatia contando-nos passagens de sua vida. Com orgulho ela disse que dr. Manoel Ferreira fez o seu registro para casar com Pedro Gonçalves, falecido. Ela está com 78 anos bem vividos com boas passagens em sua vida. Morou na Boca do Mato – Novo Horizonte, onde  trabalhava no campo plantando lavoura: milho, feijão  e mandioca. Trabalhou no forno torrando farinha de mandioca. Foi servente de pedreiro e chegou a levantar paredes. É devota de Santa Luzia (santa protetora dos olhos, festejada no dia 13 de dezembro) para que rezam a novena, pois graças a ela curou-se de um grave problema nos olhos, ficando cega: rezou, pediu e foi atendida. Na parede de sua sala encontra-se estampando um quadro da santa. O marido dela era guia de folião, que fazia jornadas adorando  presépios e ela, sempre que podia, o acompanhava. Ela gostava muito da suça, mas não aprendeu a dança, mas participava do grupo da Dança de São Gonçalo. Ela era de um grupo de rezadeiras que cantava o Ofício de Nossa Senhora em latim. Atendendo pedido de José dos Passos, ela cantou uns versos com a voz muito segura e afinada. Uma novidade que ela nos passou: o irmão dela era irmão de Tião Carreira, cantor sertanejo.

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