QUE o Brasil vem à deriva, sabem os brasileiros desde a consciência tomada seguindo os rumos da história. Uns se preocupam, outras deixam para lá; uns batalham honestamente, outros politicamente tirando vantagens. De tranco em tranco a nação vai sendo empurrada, às vezes conduzida por bons timoneiros, noutras desviada por aventureiros. Uns percebem isso, outros tiram proveito. Uns não gostam, outros aplaudem. E o país vai claudicando, distanciando-se do sonho da “país do futuro”, que sempre está em ladeira abaixo rumo ao começo bagunçado, voltando a 1808.
Tempos modernos, costumes antigos. Eis que o país, de novo, vive o tempo do Império com realce para a corte. Ah! A corte que, de mesuras a mesuras e bajulações transmudadas conforme o tempo, colocava o rei em eterno pedestal, a primeira figura na Terra abaixo de Deus. A corte que caíra, assim como o Império com o advento da República, não morreu; continua viva, vivíssima, e, do mesmo modo, nomeada pelo rei.
Há registro dessa trama diabólica para fazer do pior para o país para se manter nas regalias. Tempos atrás, os brasileiros acompanharam capítulos da novela “Que Rei Sou Eu”, um retrato, então, da situação vivida no país. Pensava-se que com tal crítica alguma coisa mudaria. Uma rainha maluca, pavoneada, sem princípios, egoísta, déspota, achincalhadora,tinha sua corte de bajuladores e, deles e do povo rindo, zombando. Vem agora, dias atuais, outra novela retrato de um país desgovernado em todos os níveis – Viva o Rei. Um paspalho manda, desmanda, faz e desfaz de um reino, goza com a cara do povo e de autoridades constituídas, abusa o quanto pode, e a fiel corte aplaude, suspira embevecida, pois tem as benesses do palácio, do poder.
O povo, em parte, não gosta, não aplaude, não engole e sofre com isso. O povo, noutra parte, ri feliz, mesmo não tendo nada, nem perspectivas, sem pensar o amanhã, enquanto possa viver das sobras do poder. Estar seguro com o rei é importante, mesmo que seja ele um tirano.
Ah! Brasil! Triste destino lhe é reservado, contrariando todos os sonhos de brasileiros honestos, trabalhadores e descompromissados com a “onda de direitos”, gente que quer e vive do trabalho sem depender de migalhas do poder.
Ah! Brasil. Pobre Brasil com a sociedade se dividindo cada dia mais entre os politicamente corretos, dentro de sua imensa bacia de benesses, e os que na outra banda são os relegados, os maus – porém as que sustentam a farra. Uns são os puros, fazendo-se de vítimas para massacrar os outros que, de repente, passam a ser bandidos. Uns são herdeiros de todos os direitos, que reivindicam com mais legítimos e as sobras deixadas aos outros.
Pobre Brasil que ainda tem uma corte a serviço do rei que se quer fazer eterno. Um minoria vive dos privilégios, não de direito, nem constitucionais, mas engendrados e legitimados pela Corte do Rei. O rei não viveria sem a Corte, por isso ela se mantém cada vez mais forte,isso até que a história e exemplo da Queda da Bastilha não sejam tirados do esquecimento.
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