domingo, 11 de março de 2018

MEIO AMBIENTE

Discute-se muito a respeito da grave situação hídrica que afeta quase todo território brasileiro e, de uma maneira muito especial, a nossa região que vem experimentando uma prolongada seca. Aqui, a cada ano, acompanhamos a extinção de veredas e diversas cursos d´água, fontes que alimentavam o rio São Francisco.
Atribui-se como causa, em primeiro plano, a falta de chuvas como consequência do fenômeno elNiño. Contudo isso não é tudo, nem o fator mais importante e determinante. Autoridades e Ongs ligadas ao meio ambiente em nosso município têm analisado a situação, oferecendo alternativas e trabalhado, incessantemente, para minorar os efeitos da estiagem, da falta de chuvas. Não se trata de um trabalho a curto prazo, mas de paciência, pensando o futuro. É triste constatar que, paralelamente, autoridades governamentais não fazem, a respeito, nem mesmo o mínimo. Aqui e na região, pelo menos, não observamos qualquer ação de destaque, senão medidas aleatórias e de cunho político.
Sabemos, graças a fartas pesquisas e informações, que o estrangulamento hídrico tem causas definidas, que não é preciso buscar mais e sim atacar o problema. E aí é que vem o desalento: o governo nada faz, ou melhor, e pior: assiste a destruição de importantes biomas brasileiros que, a duras penas subsistem: o Cerrado e a Amazônia.  Os dois biomas, tão caros à vida, animal e humana, estão sendo destruídos gradativamente sob o olhar contemplativo – e favorecedor – dos governos estadual e federal. Vejamos alguns comentários de estudiosos preocupados com a situação e de analistas de certos procedimentos governamentais.
CERRADO
Altair Sales Barbosa, em entrevista concedida à IHU On-Line, preleciona: “Somente na abrangência do Cerrado encontram-se três grandes aquíferos responsáveis pela formação e alimentação dos grandes rios continentais. Um deles, e o mais conhecido, é o aquífero Guarani. Ele é responsável pelas águas que alimentam a bacia hidrográfica do Paraná, além de alguns formadores que vertem para a bacia Amazônica. Os outros dois grandes aquíferos são o Bambuí e o Urucuia, responsáveis pela alimentação dos rios que integram a bacia do São Francisco e as sub-bacias hidrográficas do Tocantins e Araguaia, além de outras situadas na abrangência do cerrado”. E conclui: “Isso significa que, representada por uma complexa teia, as águas que brotam do cerrado são as mais responsáveis pela alimentação e configuração das grandes bacias hidrográficas da América do Sul”.
O RISCO
Sales Barbosa adverte que o “Cerrado é uma das matrizes ambientais mais antigas e já chegou ao seu clímax evolutivo, ou seja, uma vez degradado, não se recupera jamais na plenitude de sua biodiversidade. A devastação do Cerrado tem reflexo altamente danosa aos recursos hídricos, pois a vegetação nativa do bioma é responsável pela alimentação dos lençóis profundos. O que se vê é que a introdução da agricultura no Cerrado, parte de sua vegetação já foi extinta e impacta diretamente no funcionamento de corpos hídricos”.
Pode-se constatar o fato em nosso município. Já nem se fala em relação ao sistema hídrico da região na margem direita do rio, onde já não existem mais mananciais perenes. Fiquemos na margem esquerda, no Cerrado, o “Pai das Águas”. Com a devastação do bioma, em quase toda sua extensão para se transformar em carvão, os efeitos foram dramáticos – centenas de veredas foram afetadas, muitas morreram, outras estão em processo de extinção e, com isso, vários mananciais se transformaram em cursos intermitentes e outros a caminho do mesmo processo como o Lajes, Acari, Pardo e Bom Jardim.









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