XXXIII – Parte
FUTEBOL
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| Panorâmica do estádio da escola onde brilhou o técnico Tiago |
O que o seu Chico foi para o Santa Tereza, time amador da Escola, Tiago Teodoro Duarte – o seu Tiago – foi para as categorias de base – juvenil e infantil. Com que dedicação, amor e carinho – sem falar na autoridade – ele comandava a meninada! Sem descanso, toda semana lá estava ele no meio do campo instruindo, cobrando e aconselhando a meninada. Seu Tiago formou grandes equipes. Seu juvenil era imbatível jogando em seu campo, e vinham times de todo lado: de Esmeraldas, Betim, Belo Horizonte, Itaúna. Era difícil passar pelo time do seu Tiago.
Na era dos cursos Técnico em Agropecuária e Magistério, o juvenil da Escola recebeu um reforço formidável de jogadores oriundos de São Francisco, Januária, Montalvânia, São Romão e até de Belo Horizonte. Aí, seu Tiago podia colocar em campo um timaço que tinha no gol Agabinho, uma muralha; na zaga Sérgio Tucano, Celcinho, Renan, e Cilibrim, no meio campo os craques Zezim, Boca e João Gualberto; no ataque Beto, Almir e Eider. Beto, de São Francisco, um ponta-direita arrasador, imarcável. Como centro-avante o Almir cabeceador sem igual, impetuoso, estiloso, goleador. Beto corria pela linha lateral do campo, passando como uma flecha pelos marcadores, alcançava a linha de fundo e cruzava. E aí, já se sabia, a torcida gritava gol, pois suas bolas invariavelmente alcançavam a cabeça de Almir.
Fora do campo, Tiago era chefe-de-lar, o Lar nº 1 que, por seu prazer, ficava na beira do campo. Ele e dona Geraldina cuidava da meninada como verdadeiros pais, ganhando deles todo respeito e carinho.
Para ajudar nas despesas da casa, ele montou um pequeno bar, do lado de baixo do campo, acima das quadras de esporte e ao lado de um pequeno bosque. Era o ponto de encontros domingueiros. A moçada do segundo grau ali se reunia aos domingos, depois da missa; às vezes levavam violões – cantavam e namoravam com respeito meio a professores e funcionários. Lembro-me que a direção superior da Escola não via com bons olhos aqueles momentos, recriminando o namoro. Eu mostrava então que estavam namorando à nossa vista, nada escondido, com respeito. Se os proibíssemos de a namorar ali, de público, o fariam às escondidas, sem dúvida. E quem iria vigiá-los? Nunca tivemos problemas, nunca faltaram com respeito e desses encontros, anos mais tarde, quando deixaram a Escola, formados, muitos casais foram ao altar constituindo belas famílias. Reclamavam, também do uso de short pelas meninas. Eu justificava dizendo que a escola não era um convento. Insistiam dizendo que era um perigo, uma tentação. Eu justificava que não seria por mostrar as pernas que as meninas iriam se corromper e que os meninos iriam perder a cabeça. Como viviam ou conviviam era a melhor forma de educá-los, orientá-los. Nunca tivemos um problema sequer. Nenhum.
No barzinho do Tiago era vendido cerveja para os funcionários que se reuniam na República que ficava no fundo do Bar – a Maloca – depois das partidas de futebol de salão. Bebia-se no recinto fechado, no interior da República, sem nenhum escândalo. De uma feita, quando foi mudada a direção superior da escola, o barzinho foi fechado e a venda de cerveja abominada, era um terrível pecado que iria corromper e dar mau exemplo para os alunos. Eu já não era mais diretor da Escola, mas quando o caso foi levantado pela primeira vez, eu lembrei, então, que conhecia quase todos os alunos do segundo grau em suas casa, no Norte de Minas e cansei de vê-los tomando cerveja com seus pais e amigos e que não seria proibindo a venda de cerveja que ensinaríamos a eles como se comportar socialmente. A situação era controlada, ou seja, não era vendida cerveja para os alunos e eles tinham compreensão disso. Foi tanta proibição que deu no que deu. Ou seja, vejam a Escola de hoje, cadê aquela alegria, aquela festa, aquele alarido. Cadê os alunos.
Ficamos com a lembrança do seu Tiago Teodoro Duarte.
João Naves de Melo

















Eta terrinha a nossa tão cheia de “espírito de porco”. Vandalismo, que praga! Os vândalos de plantão não perdoam nada, nada, nem que seja apenas pelo gosto de destruir. Gostam do mal feito, da sujeira, de uma cidade feia – arrebentar lixeiras públicas, bancos de jardim, placas de trânsito, é manobra comum, à sorrelfa, é claro, pois que são filhos das sombras.



Um episódio perdido no tempo, quando circulava o “SF – O Jornal de São Francisco” 2004, com a redação na Escola Caio Martins, movimentou o companheiro e advogado Elmiro Ribeiro Júnior, para que, juntos, fôssemos garimpar um pouco da história de São Francisco. Estava ele ligado a uma carta do presidente Juscelino, endereçada a um cidadão são-franciscano e que ele me entregara para ser publicada no “SF”. Eu não me lembro do fato, de jeito nenhum,mas a narrativa de como e quando ele se deu deixou-me convencido que ele acontecera e que, de certa forma, eu acabara responsável por dois fatos, ambos ruins: a não publicação da carta e o desaparecimento da mesma. Disse o destinatário que, depois de repetidas promessas de que a carta seria publicada eu, enfim, revelara que ela havia se perdido na redação. É possível.