VI - parte
Primeira turma do CNR na frente República |
No ano de 1953,
apenas quatro anos após da sua fundação, dois anos depois do lançamento do
Núcleo de Buritizeiro e no mesmo ano do lançamento do Núcleo Colonial do
Carinhanha, coronel Almeida, com um olhar no futuro, especialmente sobre a
região do Norte e Noroeste de Minas, até então apenas um nome no mapa de Minas,
instala na Escola sede (Esmeraldas) o Curso Normal Regional. Nada igual, no
gênero, pois o sistema de ensino já antecipava muitos projetos que viriam anos
e anos depois, inclusive a atual reforma do ensino médio. E como funcionava?
O sistema era misto
acolhendo alunos e alunas em regime de internato, oriundos de diversas regiões
do Norte e Noroeste de Minas e alunos do meio rural do município de Esmeraldas.
Os primeiros anos foram difíceis. As aulas teóricas eram ministradas em um
salão que receberam o nome de Rádio, onde no final de semana eram exibidas
sessões cinematográficas e, aos domingos, ensaiava o Coro Orfeônico Catulo da
Paixão sob a batuta de dona Márcia, esposa do Coronel. No primeiro ano, além
das aulas teóricas, eram ministradas aulas práticas: oficinas (alfaiataria,
marcenaria, mecânica, bombeiro, eletricista e outras) e horticultura. O quadro
de professores era de primeiro nível, muitos deles colaboradores da obra e
amigos do fundador: o dentista/arquiteto Ilo Miranda (desenho), médico Maciel
(ciências), padre Cícero (Português), Afrânio Bastos (História e Geografia),
major Zoyr (educação física), dona Maria Célia (religião), Vanda (matemática),
dona Márcia (música).
Visita do Governador Juscelino – 1º ano do CNR |
Os alunos internos
foram acomodados em uma República, ao lado da casa da diretora do curso, dona
Maria Célia dos Santos e tinha a preparar-lhe as refeições dona Raimunda. No
segundo ano, chegando nova leva de alunos, muitos do Norte de Minas o alunos
foram acomodados num prédio que seria destinado às atividades artesanais e, por
isso, guardou o nome – Artesanato. As salas de aula se espalharam para lugares
com nomes típicos de acordo com a utilidade anterior: Paiol (o primeiro lar da
escola) e sede dos Escoteiros. No terceiro ano, com nova turma, também quase
toda do Norte de Minas e Noroeste, as aulas passaram a ser ministradas em
prédio próprio – a Escola Normal.
Novos professores: Gláucia
(bibliotecária), Onir (português), Manoel Agrícola (práticas agrícolas), dona
Maria (Psicologia e Pedagogia).
1ª diretora do CNR dona Maria Célia e Elcinho |
O ensino era integrado – teoria à
prática, especialmente nas disciplinas de desenho e construções rurais, com o
exigente dr. Ilo; e pedagogia levando os jovens estudantes às salas de aulas do
curso primário para ensaio de suas primeiras aulas. O trabalho era alegre,
produtivo, aprendia-se muito, de maneira especial no campo: agricultura e
cultivo da terra com o uso de máquinas – tudo como preparação de um projeto
futuro. Era o que só chamar de Escola-Viva.
Aos domingos, a Santa Missa com o alegre
Capelão José Augusto que gostava de se fartar do frango com quiabo e angu na
casa da saudosa dona Targina, doce criatura. Depois o ensaio do coral na Rádio
reunindo os jovens estudantes com fazendeiros da região e suas famílias – como
dizia o coronel – uma verdadeira síntese social. No fim da tarde o futebol
sob a orientação do sargento Xisto
(esposo de dona Targina) um grande amigo e incentivador. Ali, todos eram educadores.
Caio Martins começava preparar cidadãos para o futuro do país.
Um registro especial, que não poderia faltar nestas reminiscências: a figura da primeira diretora do Curso Normal (na foto com o filho Élcio, tendo ao fundo o Artesanato): mais que uma professora, muito mais que um diretora, foi, para todos alunos uma verdadeira e doce MÃE.
Caio Martins começava preparar cidadãos para o futuro do país.
Um registro especial, que não poderia faltar nestas reminiscências: a figura da primeira diretora do Curso Normal (na foto com o filho Élcio, tendo ao fundo o Artesanato): mais que uma professora, muito mais que um diretora, foi, para todos alunos uma verdadeira e doce MÃE.
Fotos e Texto: João Naves de Melo
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