quarta-feira, 6 de setembro de 2017

CAIO MARTINS, RETRATO DE UM BRASIL DE HOJE

VI - parte

Primeira turma do CNR na frente República
No ano de 1953, apenas quatro anos após da sua fundação, dois anos depois do lançamento do Núcleo de Buritizeiro e no mesmo ano do lançamento do Núcleo Colonial do Carinhanha, coronel Almeida, com um olhar no futuro, especialmente sobre a região do Norte e Noroeste de Minas, até então apenas um nome no mapa de Minas, instala na Escola sede (Esmeraldas) o Curso Normal Regional. Nada igual, no gênero, pois o sistema de ensino já antecipava muitos projetos que viriam anos e anos depois, inclusive a atual reforma do ensino médio.  E como funcionava?

O sistema era misto acolhendo alunos e alunas em regime de internato, oriundos de diversas regiões do Norte e Noroeste de Minas e alunos do meio rural do município de Esmeraldas. Os primeiros anos foram difíceis. As aulas teóricas eram ministradas em um salão que receberam o nome de Rádio, onde no final de semana eram exibidas sessões cinematográficas e, aos domingos, ensaiava o Coro Orfeônico Catulo da Paixão sob a batuta de dona Márcia, esposa do Coronel. No primeiro ano, além das aulas teóricas, eram ministradas aulas práticas: oficinas (alfaiataria, marcenaria, mecânica, bombeiro, eletricista e outras) e horticultura. O quadro de professores era de primeiro nível, muitos deles colaboradores da obra e amigos do fundador: o dentista/arquiteto Ilo Miranda (desenho), médico Maciel (ciências), padre Cícero (Português), Afrânio Bastos (História e Geografia), major Zoyr (educação física), dona Maria Célia (religião), Vanda (matemática), dona Márcia (música).
Visita do Governador Juscelino – 1º ano do CNR


Os alunos internos foram acomodados em uma República, ao lado da casa da diretora do curso, dona Maria Célia dos Santos e tinha a preparar-lhe as refeições dona Raimunda. No segundo ano, chegando nova leva de alunos, muitos do Norte de Minas o alunos foram acomodados num prédio que seria destinado às atividades artesanais e, por isso, guardou o nome – Artesanato. As salas de aula se espalharam para lugares com nomes típicos de acordo com a utilidade anterior: Paiol (o primeiro lar da escola) e sede dos Escoteiros. No terceiro ano, com nova turma, também quase toda do Norte de Minas e Noroeste, as aulas passaram a ser ministradas em prédio próprio – a Escola Normal.

Novos professores: Gláucia (bibliotecária), Onir (português), Manoel Agrícola (práticas agrícolas), dona Maria (Psicologia e Pedagogia).

1ª diretora do CNR
dona Maria Célia e Elcinho

O ensino era integrado – teoria à prática, especialmente nas disciplinas de desenho e construções rurais, com o exigente dr. Ilo; e pedagogia levando os jovens estudantes às salas de aulas do curso primário para ensaio de suas primeiras aulas. O trabalho era alegre, produtivo, aprendia-se muito, de maneira especial no campo: agricultura e cultivo da terra com o uso de máquinas – tudo como preparação de um projeto futuro. Era o que só chamar de Escola-Viva.


Aos domingos, a Santa Missa com o alegre Capelão José Augusto que gostava de se fartar do frango com quiabo e angu na casa da saudosa dona Targina, doce criatura. Depois o ensaio do coral na Rádio reunindo os jovens estudantes com fazendeiros da região e suas famílias – como dizia o coronel – uma verdadeira síntese social. No fim da tarde o futebol sob  a orientação do sargento Xisto (esposo de dona Targina) um grande amigo e incentivador. Ali, todos eram educadores.

Caio Martins começava preparar cidadãos para o futuro do país.

Um registro especial, que não poderia faltar nestas reminiscências: a figura da primeira diretora do Curso Normal (na foto com o filho Élcio, tendo ao fundo o Artesanato): mais que uma professora, muito mais que um diretora, foi, para todos alunos uma verdadeira e doce MÃE.


Fotos e Texto: João Naves de Melo

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