sábado, 30 de junho de 2018

CANTINHO DA POESIA

URUCUIA

Manoel Almeida, não foi do seu saber
que você me deu uma vida: Urucuia!
Vida transfigurada do então vivido,
que brota e rebrota nos dias presentes
assim que o pensamento voa
e me vejo navegando campos abertos,
deitado na relva de uma vereda,
ouvindo do fru-fru das palmas do buriti,
agitadas pela brisa dos gerais,
ou inebriado pela canção de águas
brotadas de esconsos profundos,
nas locas cristalinas dos buritis,
Sonhando o mundo.
E me vejo cortando os campos,
de um sertão ermo, esquecido,
vasto campo de árvores tortas
ou mergulhado em matas escuras,
nos vãos ou boqueirões sisudos.
E me sinto no lombo de um burro,
em trote macio e malemolente,
por trilhas brancas, tortuosas,
campo aberto forrado de capim amarelo,
vento soprando e beijando
a cara esfogueada pelo sol aberto.
Sempre escoteiro. Tão livre.
Medo de onça e de gente no mundão
não tive nem de pensar,
viajei Urucuia!
Céu azul. Nuvens brancas,
E no chegar da chuva,
água rasteira lambendo pedras
brilhantes como diamantes
ou de ferros avermelhadas,
água fresca bebida na concha das mãos.
Mata alta de barranco. Verdura.
Árvores nanicas e tornas, marrons,
Buriti. Buritizais – veredas!
Ganhei uma vida: Urucuia.
João Naves de Melo – 2015
FotosDirceu Lelis

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