XL – Parte
A DESCONSTITUIÇÃO DE UMA OBRA
Coronel Almeida jamais poderia imaginar que sua redentora obra em prol das crianças e do homem rural de Minas Gerais que ele legou ao País pudesse ser colocada à margem por governantes, sofrer fortes impactos do Estatuto da Criança e do Adolescente e pela incúria de diretores da instituição.
Quem visita unidades atuais das Escolas Caio Martins sofre forte impacto. Sendo ex-alunos,  sente forte abalo emocional comparando as imagens que guardou do seu tempo de aluno com o quadro atual.
Comecemos pela  Escola de Esmeraldas, que se transformou em Centro Integrado de Educação da Fundação Educacional Caio Martins. Essa escola mais parecia um paraíso, plantado em um vale esverdeando se estendendo das fraldas da Serra Negra em direção do rio Paraopeba, cortado por um curso d´água que alimentava uma bela lagoa; enfeitada por bosques formados por essências diversificadas; com belas alamedas e  praças ajardinadas. Aí, vem docemente à memória, sacudindo saudades,  o alarido de centenas de crianças levadas pelas mãos de alunas do curso de magistério em atividades educacionais, de saúde e de lazer; a azáfama de jovens no desenvolvimento de projetos agropecuários com vivo entusiasmo; funcionários em diversos campos movimentando o Centro. Surge a lembrança das Olimpíadas, quando o Centro se transformava em um caldeirão, efervescência pura, durante uma semana de disputas de várias modalidades esportivas envolvendo todos os cursos. Repousa a lembrança nas salas de aulas do prédio do 2º grau, erguido próximo ao sopé da serra Negra, cercado de mata rala; no prédio do 1º grau, bela fachada para o vale agricultável. Num topo o imponente Artesanato transformado em República das meninas, para onde os rapazes sempre voltavam os olhos e o pensamento, incrustado na borda de um belo bosque. As duas quadras de esporte sempre ocupadas por alunos e funcionários em animadas peladas de futebol de salão, seguidas de animadas conversas. O campo de futebol gramado, tão pequeno e charmoso, onde, todos os domingos, no dia todo, eram disputados jogos de equipes internas e com time de outras cidades, com intensa vibração dos torcedores – da escola e da região.
Não mais o contingente humano. Cadê os guris, almas tão cheias de esperança porque cercadas de amor e carinho? Vieram não se sabe de onde, mas iriam, certamente, para um lugar bem melhor – isso a vida da Escola comprovou. E os rapazes e moças que vindo do Norte e Noroeste do estado encheram aqueles campos de tanta vida enquanto se preparavam para o futuro, que esperavam ser promissor – e o quanto foi para tantos.
Nada, nada disso restou. Os lares estão sem vida, sem almas palpitantes, sem gritaria, sem problemas e alegrias. Não há gente. Que fizeram das nossas crianças, dos nossos jovens? As portas lhes foram fechadas. Por quê?
Aconteceram tantas coisas que fica até difícil resumir e apontar culpados – que existem.
Da Secretaria da Educação, as Escolas passaram à Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social e, com isso, teve um presidente especialista no cuidar de drogados (aventou-se em construir uma penitenciária em uma de suas fazendas, na Vista Alegre: de crianças a encarcerados). Mas não foi só isso. Vamos tentar vasculhar nossos caminhos e encontrar algumas respostas. Respostas para o que aconteceu em Esmeraldas e em todas as unidades das Escolas transformadas em fundação.