sábado, 26 de maio de 2018

MÁRIO TORRES


Paulo Gonçalves Pereira
Em 31/julho/2015, faleceu, em São Romão, MÁRIO TORRES, um de seus filhos mais queridos e ilustres.  Só tenho boas lembranças dele.
Para mim, MÁRIO TORRES não foi apenas o dedicado regente da banda de música Sete de Setembro, à qual ele se entregava com amor. Ele foi, antes de tudo, um genuíno são-romanense, totalmente identificado com a cidade, suas praças e ruas, seu povo, sua cultura, costumes e tradições.
Em 1976, eu me encontrava em Imperatriz, Maranhão, chefiando uma equipe de técnicos canadenses em pesquisas geofísicas visando a descoberta de minerais radioativos na região. Foi ali que me encontrei com MÁRIO, que há muito tempo não via. No saguão do Hotel Anápolis, ele escutou alguém, cuja voz lhe pareceu familiar, falando em inglês com uns gringos. Por curiosidade, aproximou-se… e me viu.
Naquele casual encontro, ele me relatou que estava trabalhando como representante comercial de uma loja de sapatos, que as vendas estavam muito fracas e que havia decidido voltar para junto da família, só não o tendo ainda feito porque estava devendo à pensão onde estava hospedado. Também, não tinha dinheiro para as passagens de volta para São Romão. Naquele momento, vi-me diante de um MÁRIO batalhador, buscando ganhar dinheiro, longe de sua terra. Em vista da amizade de nossas famílias e da nossa própria, sugeri-lhe receber de mim uma quantia em dinheiro, com a qual pudesse liquidar seu débito na pensão, bem como adquirir as passagens de ônibus até São Romão. Disse-lhe ainda que não se preocupasse em me devolver aquele dinheiro.
No ano seguinte, antes de eu viajar para o Canadá, onde faria um curso de especialização em geofísica, fui passar uns dias em São Romão. Tão logo soube que eu estava na cidade, MÁRIO foi me procurar, portando um talão de cheques no bolso da camisa.
O meu aniversário de 60 anos, resolvi comemorá-lo em São Romão. Perguntei ao MÁRIO se ele e sua banda podiam fazer uma alvorada para mim. Ele me disse que teria dificuldades em reunir toda a banda, pois meu pedido não estava incluído em sua programação oficial. No entanto, prometeu-me juntar uns dez músicos. Combinamos que a alvorada teria início, às cinco horas da madrugada, com saída do pátio da igreja de N. S. d’Abadia, seguindo pela rua onde nasci e vivi minha infância, passagem pelo Hotel São Geraldo, onde estavam hospedados alguns de meus convidados, e término no asilo da cidade, na época dirigido por dona Cleusa. Na padaria defronte à estação rodoviária, haveria uma parada técnica para descanso, comes e bebes e mais foguetório. Anteriormente, eu havia combinado com dona Arlete para servir aos músicos e meus convidados, o que eles pedissem: sanduíches, café e quaisquer outras bebidas. Ao final da alvorada, dei uma quantia em dinheiro para MÁRIO, dizendo-lhe ser aquilo uma gratificação para ele e os músicos. Ele recusou sua gratificação e disse-me que aquela quantia seria toda dividida entre os rapazes da banda.
Recentemente, sempre que eu ia a São Romão, costumava ver MÁRIO pedalando ou empurrando sua inseparável bicicleta. Então, eu me dirigia a ele, e ficávamos conversando.
Um dia, alguém escreverá a biografia dos filhos ilustres de São Romão, e colocará a de MÁRIO em destaque na galeria da Biblioteca Pública Municipal e na página da Internet da Secretaria de Turismo e Cultura da cidade de São Romão.
Na História de São Romão, o nome de MÁRIO TORRES já está gravado na galeria de seus filhos ilustres, ao lado dos nomes de Frei Pedro Caxito, o são-romanense que mais fez história fora das fronteiras da cidade, João Torres e Orgalinda, pais de MÁRIO, Ataene César e Maria José, Antônio Balbino, DIOMEDES, Henrique Meireles, Américo Bezerra, Souzinha, Manoel Simões e Mariquinha, Manoel Salgado, Raul Caetano, Zezé Pereira e Misu, Edmundo Torres e Esthercina, e QUINCAS CAXITO, dentre outros.
MÁRIO TORRES foi um homem bom, por isto, quando nos deixou, há uma semana, certamente ouviu Jesus chamá-lo de “bendito do meu Pai” e convidá-lo para “tomar posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo”.
Rio de Janeiro, 07 de agosto de 2015.”

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