sábado, 5 de outubro de 2024

O CERRADO – I

 


  O ferro e o trigo civilizaram o homem e arruinaram a raça humana - Rousseau

 

            Chegando-se a 2024, acentua-se, de forma abrangente, a ameaça de extinção do cerrado brasileiro, de forma mais direta, o mineiro. O drama atual é terrível, mas historicamente ele tem origem no século XVIII, duzentos anos depois da descoberta de Pindorama, um imenso território virgem.

Na virada do século XV para o século XVI, pronunciou-se a imperativa necessidade expansionista de Portugal e da Espanha com o objetivo imediato de produção de alimentos e,  concomitantemente, de exploração mineral, para sustentar o lucro financeiro.

            Principiou a ameaça. Espanha e Portugal se aventuraram nas viagens marítimas com atenção voltada para  a busca do ouro para fazer frente ao comércio das especiarias do Oriente que alcançavam altos preços, além do seu emprego nas transações comerciais internacionais. Na busca de encontrar um caminho mais curto para a Índia, os espanhóis em 1492 descobriram a América e, 8 aos depois,  os portugueses a terra que viria ser o Brasil.

            Na prospecção imediata dos portugueses a terra descoberta não oferecia perspectivas econômicas. Contudo, minas de metais preciosos foram abertas e exploradas pelos espanhóis em toda a extensão da América do Sul. Brilhou o ouro nos anos finais de 1500, A exploração aguçou o interesse dos portugueses.  Paulistas deixavam o vale do Piratininga avançando por trilhas pelo interior da colônia com o objetivo de capturar índios para o trabalho, descobrir ouro e pedras preciosas, seguidos por diversos grupos de avetureiro, inclusive portugues. 

            Ao mesmo tempo, deixando as zonas açucareiras, o gado foi ganhando as margens do rio São Francisco, ocupando o seu território pelo Sul e pelo Norte com objetivos diferentes, mas que, com o tempo, além de servir como processo de desenvolvimento, viria a ser um processo de degradação.   Em 1674 o bandeirante Fernão Dias avança pelo território que seria Minas Gerais. Em 1693 Antônio Rodrigues Arzão descobre ribeirões auríferos. Aventureiros paulistas, mineiros e até portugueses,  como um enxame de abelhas,  assentam-se na região do Tripui (Ouro Preto) e Ribeirão do Carmo (Mariana). Surpreendente explosão populacional.  Ouro Preto, naquela época,  suplantou a população de Nova Iorque. Em pouco tempo o que se via era montes foram lavrados com o cascalho assoreando  ribeirões. A terra começava a pagar tributo por sua riqueza natural e o homem mostrando a sua ambição desenfreada em busca do lucro, sem medir consequências quanto aos efeitos deletérios causados à natureza.

Com o esgotamento da lavra do ouro, foi dado o passo em direção à ameaça contra o cerrado.

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