sábado, 12 de outubro de 2024

O CERRADO – III

 

 

Os são-franciscanos em geral, especialmente das autoridades, precisam voltar a atenção para importância do cerrado quanto ao meio ambiente (conjunto de elementos e processos físicos, químicos e biológicos que possibilitam a vida na Terra:  solo, água, ar; salinidade, pH,  flora e fauna) e, especialmente o HOMEM. Na relação meio ambiente – homem, temos o que fornece e os que destroem. Por isso, urge cuidar do cerrado em vista das  incomensuráveis beleza e  riqueza dele cerrado, que por sua natureza física não desperta quase nenhuma atenção. No entanto, para não ir longe, é importante se ater à questão hídrica, onde ele é soberano, como escreveu Ivo das Chagas –  “O cerrado é o pai das águas”. Ora, a água é elemento essencial à vida. Disso sabe e depende o homem. Então por que destrói a sua fonte?
Vejamos, numa visão geral. O bioma cerrado ocupa 60% do Estado de Minas Gerais (Triângulo Mineiro, Noroeste e Médio São Francisco) com maior predominância em regiões de estação seca, assim definida pela duração de longa estiagem – neste o período, até os meados deste mês, é de seis meses. Trata-se de um bioma com uma flora altamente rica, no qual há predominância de espécies lenhosas de várias famílias como o pequi, o murici, o jatobá as sucupiras. Salienta-se  que não se trata de uma cobertura vegetal uniforme pois, no sentido geral, o cerrado é um complexo vegetacional, onde podem ser encontrados desde formações campestres, até as formações florestais, passando gradualmente ou bruscamente, de uma para outra, dentro desse complexo encontram-se campo limpo, campo sujo, campo cerrado, cerrado propriamente dito e cerradão (floresta mesófila esclerófila), além de inclusões de mata ciliar ou de galeria, mata seca (mesófila estacional) veredas e campos rupestres (pedregosos de altitude).
Oque oferece a flora:  pimenta-de-macacos,  pindaíba;  embaúba, As árvores (com mil utilidades): araticum, gonçalo, sucupira-preta, murici, canjerana, pequi, buriti, lixeira (sambaíba), caviúna-do-cerrado,  barbatimão, baru, cagaitera, mangaba, jatobá-do-cerrado, pau-santo, jacarandá-do-cerrado, bacupari, sucupira-branca, pau-terra, ipê-do-cerrado
A medicina caseira encontra no cerrado um verdadeiro laboratório, utilizado  pelo conhecimento empírico passado de gerações a gerações, suprindo a presença do médico e de fármacos. Vastos receituários no uso de raízes, sementes, folhas e cascas na cura de doenças ou males: problemas de garganta, inflação dos olhos, inflamações uterinas, picada de escorpião, enxaqueca, dores de dente,  cicatrizante, dores do estômago e rins, gripe, febre e resfriados, prisão de ventre, antirreumático, diurético, vermífugo, calmante, expectorante,  má digestão, picada de cobra, rouquidão, problema do fígado, estimulante do apetite, dor na coluna, inchaço, banho para recém-nascido que apresenta atraso no desenvolvimento, asma, bronquite,  regulador menstrual, úlcera e gastrite, afrodisíaco masculino e feminino e inseticida. Muitos alimentos são encontrados no cerrado:   abacaxi-do-cerrado, araticum, baru, buriti, pequi, araticum, cagaita, jatobá, mangaba, murici,  mama-cadela, caju-do-mato, murta, grão-de-galo, saputá, umbu d´anta, pimenta-de-macaco (tempero), coco-indaiá.
É uma pequena amostra da riqueza – e tão desconhecida – do cerrado. Mais ainda veremos nos próximos capítulos.

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