sábado, 26 de outubro de 2024

CHUVA, QUE CHUVA!

 

 O milagre da chuva se vê estampado no esplendor da natureza. Explode o verde, abrem-se viçosas e perfumadas as flores. Vê-se nas pessoas que se mostram mais soltas, alegres e disponíveis. E vem a expectativa de ter o São Francisco mais farto de água, ainda que cobrindo a tão saudável praia, afugentando-se o espantalho do veio então seco. Chegam as notícias do campo onde a vida se transforma com a visão dos tanques que recebem as precipitações como uma salvação para o agricultor – água para o rebanho, o consumo, criatório de peixes, para garantir o lençol freático e, como consequência, a manutenção dos poços tubulares de extrema importância no meio rural onde já não se conta mais com cursos d´água superficial ou perene.

Muito há para falar e festejar sobre a chuva, uma dádiva do céu. Contudo, nesta mini-crônica,   faço uma referência à sabedoria popular, ao conhecimento empírico ou, para ir mais além, ao patrimônio cultural imaterial para ficar mais chique. Nada excepcional, mas revela uma faceta da riqueza do conhecimento do homem simples do nosso meio, que é preciso dar valor à sabedoria que ele transmite, pois muitas vezes, sem quaisquer conhecimentos científicos ou instrumentos apropriados, ele nos passa muitas lições. Não estendendo, só como exemplo: como explicar a localização de lençol d´água para abertura de cisternas ou poços tubulares apenas com o emprego de uma forquilha de madeira? Temos o registro de muito sucesso nos dois casos.

O que trago, nesta página, é mais uma lição do experimentado homem do campo diante de uma realidade, do trivial em face da natureza. Aconteceu comigo. Num período de seca, com toda persistência e cuidado, irrigava as fruteiras do meu quintal. Passavam os dias e elas não correspondiam ao trato, com aspectos, a cada dia, mais tristes, ou quase secas, tão secas de fazer dó. Não exibiam vigor. Expus a situação a um amigo do meio rural, vivido agricultor.   A resposta foi simples: “o senhor molha a raiz e o sol queima a copa”. Tinha esquecido desta lição, dias atrás, molhando com profusão meus pés de acerola e eles, a cada dia, mais tristes, folhas desbotadas, secando, com prenúncio da morte. Até adubo foliar apliquei neles e nada. O processo de extinção evoluía-se, embora não fossem eles caducifólias.  Viajei para Belo Horizonte na quinta-feira 17 e recomendei à nossa secretária que não se descuidasse de nossas plantas.  Na minha ausência, do céu caiu  bendita chuva, que se repetiu, com intermitência,  até o dia 20. Assim que retornei ao meu lar corri ao quintal, quis ver o efeito que ela causara às minhas fruteiras. Meus Deus! Senti-me em um jardim encantado, esplendoroso, verde, tão verde, e o pé de acerola que se mostrava às vias de secar, carregado de flores com o espetáculo do balé de abelhas libando o seu néctar. Em apenas 3 dias, o que é isso? Claro, é o milagre da chuva, irrigação mais pródiga que a minha no dia a dia. A  força das minhas fruteiras estava retida apenas aguardando a chuva para explodir com vigor.  

Estava certo, tão certo, o meu amigo rurícola com o seu conhecimento empírico. É como se vê em um ditado popular “morrendo e aprendendo!”.

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