O fotógrafo Flávio Souza Cruz conhecendo o sertão de Guimarães Rosa na sua passagem por São Francisco e Januária, tomou tento da história de Antônio Dó, que partindo de São Francisco agitou o Norte, o Noroeste e municípios de Goiás e Bahia nos princípios do século XX. Durante muitos anos ele combateu e foi combatido por forças milicianas; tinha a guarida de grandes fazendeiros e outros ele assombrava com seu bando. Na tentativa de extinguir o seu bando o governo do Estado formou dezenas de forças de milicianos levando-se a entreveros e mais entreveros com mortes de parte a parte e nunca Antônio Dó foi vencido. Velho, sucumbiu-se a golpes de mão de pilão perpetrado, à traição por um de seus capangas.
Saul Martins, Manoel Ambrósio, Brasiliano Braz e Petrônio Braz escreveram sobre a saga do bandoleiro, retratando a sua triste e terrível trajetória. Recentemente foi noticiada a filmagem sobre ele baseada no livro de Petrônio Braz, Serrano de Pilão Arcado. Ficou nisso.
A saga de Antônio Dó aproxima-se à de Lampião, mas não a repercussão, observou o fotógrafo Flávio Souza Cruz, que aventou destacar a figura de Antônio Dó como um vulto da história de São Francisco e região, especialmente Januária e Chapada Gaúcha, que teria reflexos no turismo desses municípios.
Não se levaria em primeiro plano a pecha de um bandido, mas a uma reflexão sobre o que fez dele um contra a lei, concluindo-se que, em tais circunstâncias muito ocorreu e ocorre no mundo, inclusive no Brasil. Diz Saul Martins no seu livro Antônio Dó: “Antônio Dó era um revoltado contra o mandonismo coronelesco do sertão e perigoso adversário da política dominante, na época, em São Francisco e Januária. Dizem que ele era honrado e bom e virou mau e ficou desonesto, transformado pela funesta administração da justiça, precisamente a parte que tinha o dever de realiza-la”, Brasiliano Braz escreveu (Nos caminhos da História de São Francisco): “A questão de Antônio Dó era uma bomba de retardamento que viria (...)A situação era de extrema gravidade, eis que agora sobejavam razões para a revolta do destemido sertanejo. O roubo de todo o seu rebanho e o assassinato de seu irmão foram crimes que sensibilizaram a opinião pública. Ficaram impunes e o cálice da amargura transbordou. Eram frequentes as notícias de aliciamento de jagunços”.
A história de Antônio Dó se traduz numa antítese no sertão: ele era amado e odiado.
O assunto merece a atenção da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
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