sábado, 7 de abril de 2018

VOZES DOS CIDADÃOS

João Naves de Melo
JOSÉ AGUIAR JÚNIOR – IV
A saúde de Zé Aguiar se complicou, o diagnóstico médico chegou à conclusão que era por causa da poeira. Por isso, ele vendeu o comércio e tudo que tinha no povoado e se mudou para São Francisco.  Mexe daqui e dali até que fez um curso de fotógrafo. Sem nenhuma prática abriu o seu pequeno estúdio e recebeu os primeiros clientes. Na época São Francisco recebia uma banca examinadora de motorista. Os candidatos precisavam de fotografias e o seu estúdio foi, então, a salvação. O primeiro cliente que apareceu foi o dr. Oscar. Zé não pensou duas vezes, clicou a autoridade. Vieram outros e mais outros. Clicar era a parte mais fácil, mas na hora de revelar era uma coisa horrorosa, Zé Aguiar viu como era distante a teoria da prática. Revelou a foto do dr. Oscar uma, duas, três e tantas vezes e nada. Saia a silhueta dele, um tição. Os óculos refletiam como a luz do olho de gato no escuro. Zé entrou em pânico. Chegava a hora de entregar a foto. Chegou dr. Oscar e Zé teve que revelar o desastre. Foi franco obastante e devolveu o dinheiro. Dr. Oscar não aceitou e, para completar levou, assim mesmo o esboço de fotografia. O mesmo aconteceu com os outros clientes, pois precisavam das fotografias, de qualquer jeito.
Assim ele começou a sua carreira de fotógrafo profissional. Com o tempo foi se aperfeiçoando, adquirindo novas máquinas e laboratórios. A primeira máquina foi de marca Start – B, polonesa, uma reflex. que tem guardado até hoje. Depois vieram outras mais conhecidas e famosas. Tem um arquivo com uma verdadeira coleção: Rolleflex, Pratika e outras modernas.
Assim, José Aguiar Júnior inaugurou nova vida e se constituiu no primeiro fotógrafo profissional de São Francisco, mantendo um estúdio até hoje. Antes, porém, deu uma parada. Num período de mais ou menos três anos atendeu aos instintos de boiadeiro, e voltou a lidar com o gado, a fazenda. Depois, deu outro salto, montou um comércio de material de construção e, por fim, rendeu-se ao chamamento do fotógrafo, sossegou-se em seu estúdio na avenida Presidente Juscelino. Graças à persistência, o ofício de fotógrafo, num belo dia, o colocou frente a frente ao grande presidente que deu nome à avenida.
Assim foi que Zé Aguiar pode, na década de 60, ter clicado a miss, num carro alegórico, desfilando pela bonita e recém inaugurada avenida Presidente Juscelino e, depois, num momento de inspiração ter oferecido a foto ao ex-presidente, recebendo dele, uma carta de agradecimento.
Fica, dessarte feito o registro de um fato curioso e importante na história de São Francisco – a referência do contato com o inesquecível presidente Juscelino e, depois, como complemento, não menos importante, detalhes do surgimento do povoado de Jibóia, hoje importante Vila Santana de São Francisco, uma área totalmente urbanizada e, por fim, como surgiu o fotógrafo, o primeiro fotógrafo profissional de São Francisco.
Zé Aguiar casou-se em 1968 com Maria Senhora Mendes Aguiar com quem teve as filhas Márcia, casada com SadyMaynart, (deles tendo os netos Sady, Marcel e Paloma), Renato e Marília.
Entrevista publicada no jornal O Barranqueiro no ano de 2004.

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