sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

PEQUENA CRÔNICA

PAÍS DO INACREDITÁVEL
Por mais que se tenha boa vontade, por mais que se insista em manter a esperança, por mais que possa imaginar que se vive um pesadelo e que, de repente, vá acordar, não tem jeito, o Brasil está mesmo precipício abaixo. Não é só pelos políticos. A sociedade, no geral, também tem sua parcela de culpa, pois é ela que confere poderes aos mandatários, é ela que cria ídolos, principalmente na esfera cultural (e o país está numa fase de arrepiar e tanta gente batendo palmas para verdadeiros lixos).
Quando a gente imagina que já tinha acontecido tudo de ruim com Mensalão, Lava Jato e outras tantas operações, surgem novos fatos, todos de nos fazer coral de indignação por não compreender a razão que leva à falta de razão.  Como pode o presidente da República nomear Ministra do Trabalho uma pessoa que foi processada pela Justiça do Trabalho e sequer saldou sua obrigação com o trabalhador? Como pode ser nomeado diretor do Detran (MG) uma pessoa que tem 120 pontos anotados em sua carteira de habilitação e que para chegar ao posto teve que se valer do Uber? Parece fantasia, não pode ser, estão brincando com a gente, indo ao limite da tolerância.
A política já está fervilhando com ataques e contra-ataques entre defensores de Bolsonaro e Lula. Não precisava, se o Brasil fosse um país sério. Não tem como defender a candidatura de um político que está atolado até à raiz do cabelo em escândalos, culminado com o estrago, recente, da Petrobras no estrangeiro (e tem cronista que defende aqueles que afundaram a grande empresa dizendo que o governo americano é que está por trás dos desmando; gente esclarecida (?) como músicos, atores, literatos e por aí afora que garantem que tudo não passa de perseguição, mesmo pagando quase R$ 5  pelo litro de gasolina e mais der R$ 60 pelo botijão de gás.  Os fatos não metem, mas procuram distorcê-los para garantir o status quo (vai mamar assim lá adiante).
Sim, um verdadeiro absurdo o que se lê nos noticiários: investigados (por corrupção), da base do governo tentando pousar debaixo do guarda-chuva de Lula para conseguir apoio à candidatura dos seus filhos. Aqueles que eram acusados de ter “dado o golpe” na presidente Dilma buscam o ninho como se nada tivesse acontecido. Tudo isso sem o menor pejo e o povo que se dane, que se exploda, conforme o bordão de Chico Anísio.
Muita água ainda vai rolar sob a ponte (espera-se pois até água tem sido um bem um tanto escasso, trocando-a, então, pelo sofrimento do povo) e pode ser que as coisas mudem. Aí vem o pessimista (ou realista) e crava a verdade: não muda nada, isso é Brasil, país do inacreditável, porém previsível.

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