sábado, 6 de dezembro de 2025

PARA NÃO PASSAR ESQUECIDO

 Oh, Minas Gerais! / Oh, Minas Gerais! / Quem te 

conhece não esquece jamais/ Oh, Minas Gerais!



Minas Gerais foi criada oficialmente como uma capitania separada em 2 de dezembro de 1720, quando a Coroa Portuguesa desmembrou a antiga Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, estabelecendo a Capitania de Minas Gerais, com Vila Rica (atual Ouro Preto) como capital. Essa data marca o surgimento de Minas Gerais como uma unidade política distinta no mapa colonial brasileiro.

Nos seus 305 anos de história, Minas Gerais se distinguiu das demais regiões que compuseram a América Portuguesa em vários aspectos relacionados à economia, sociedade e política. Com a descoberta de ouro e pedras preciosas, no final do século XVII, houve rápida ocupação do território que hoje corresponde a Minas Gerais, tornando-a a região mais populosa do Brasil até os anos 1940. Centrada na mineração de ouro e depois de diamantes, a diversificação da vida econômica de Minas foi incrementada nos séculos seguintes, mantida a importância das atividades mineradoras. Minas se transformou em importante centro de produção metalúrgica, principalmente ligado à siderurgia.

A mineração, especialmente do ouro e do diamante, transformou na causa maior para a criação de Minas Gerais deflagrada com a guerra dos Emboabas. Não precisava da revolta, segundo João Camillo de Oliveira Torres in História de Minas Gerais: “Os Emboabas acabariam vencendo por si mesmo, que não houvesse luta de mão armada. O fato de conhecerem os ofícios mecânicos, os seus hábitos de vida comercial e agrícola levariam vantagem sobre o nomandismo dos paulistas”.

A disputa pela primazia da exploração do ouro entre os paulistas descobridores da região e os forasteiros chamados de “emboabas” desencadeou a guerra. Então, como causa principal, estava o ouro, o dinheiro, a busca da fortuna. O interesse de se fixar na terra ensejou a criação de Minas Gerais, assim como aconteceu com a povoação da região do São Francisco, sem guerra, mas com a ocupação pacífica. Nem tão pacífica se nos determos nas disputas políticas.

Vá lá, Deus salve Minas Gerais, nosso torrão tão querido e tão importante na história do Brasil, em diversos campos: político, literatura, arte, invenção, história, educação, saúde, espiritualidade e esporte: Presidente Juscelino, Tancredo Neves, João Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Aleijadinho, Milton Nascimento, Santos Dumont, Manuel Almeida, Carlos Chagas, Chico Xavier, Pelé e uma fila enorme. Salve todos!

MEDALHA DESEMBARGADOR HÉLIO COSTA

 



Em sessão realizada no salão do Júri do Fórum desta Comarca, na quarta-feira 3, a desembargadora Kárin de Lima Emmerich e Mendonça foi agraciada com a Medalha Desembargador Hélio Costa, instituída em homenagem ao meritório trabalho dele  durante sua brilhante carreira de magistrado. Concedida bienalmente ela destina-se a agraciar pessoas que venham prestando ou tenham prestado relevantes serviços ao Poder Judiciário desta Comarca.

A solenidade foi presidida pelo juiz diretor do foro, Bruno Motta Couto anotando-se as presenças do desembargador Luiz Carlos Gomes da Mata, representando o presidente do tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais; prefeito municipal de São Francisco, Miguel Paulo Souza Filho; presidente da Câmara Municipal, vereador Daniel Fonseca Rocha; juiz de direito da Comarca de Brasília de Minas  Iago Abreu Barbosa dos Santos; promotor de justiça Tiago de Morais Nogueira; presidente da subseção da OAB de São Francisco Révio Umberto Figueiredo Ribeiro; comandante da 13ª Cia da PMMG de São Francisco, Ten-Cel. Wilson Fabiano Gonçalves; presidente da sub comissão da ABMCJ-MG, Gracyelle Almeida Rodrigues Bicalho; defensoras pública da Comarca, Letícia Cardoso Ferreira e Lívia Martins Nunes Braga, advogados, servidores da justiça, familiares da agraciada e convidados.

O juiz diretor do Foro, Bruno Motta Couto abriu a solenidade, em seguida  saudou a agraciada ressaltando o seu trabalho em prol da Comarca como juíza e discorreu sobre a importância da comenda. Passou-se, a seguir, à entrega da medalha e do diploma, convidados o desembargador Luiz Carlos e Alexandre Mendonça, esposo da agraciada para fazê-la. O desembargador Luiz Carlos Gomes da Mata saudou a agraciada evocando o trabalho dela na Comarca e no judiciário mineiro  em tom coloquial carregado de emoção.

Em seu discurso a agraciada fez um histórico sobre a sua vinda para São Francisco, como se fosse traçado pelo destino, pois aqui ganhou o respeito e amizade da comunidade, casou-se e apaixonou-se pelo rio São Francisco e pela cidade.

Cantores são-franciscanos, de primeira linha – Sérgio Alves, Sérgio Ricardo e Wendel Brito, e o músico Jefferson Felizardo, apresentaram um repertório com canções de Tom Andrade, relacionadas ao Rio São Francisco, o que teve a aclamação dos presentes, em especial da agraciada que discorrera tanto sobre o rio em sua fala.

Após a solenidade, a agraciada recebeu os convidados no salão social da sede da Subseção da OAB, ocasião em que recebeu os cumprimentos pela honraria recebida, manifestação de muito carinho de todos, ressaltando-se, não apenas o trabalho que ela desempenhou na Comarca como juíza, mas sobretudo, agora, com diligência muito significativa, com a OAB e Prefeitura, no sentido de construir o novo fórum da Comarca. 

A comissão presidida pelo juiz diretor do foro, formada para a escolha da agraciada, foi constituída pelos seguintes membros: representantes da OAB-MG Révio Humberto Figueiredo Ribeiro; do Prefeito Municipal, Carlos Pereira de Carvalho Júnior e do presidente da Câmara Municipal, André Saraiva de Queiroz.


AGRACIADOS PELA MEDALHA NA COMARCA DE SÃO FRANCISCO



A Medalha Desembargador Hélio Costa, concedida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, foi instituída no ano de 1995 e a primeira entrega ocorreu no ano de 1996. Na comarca de São Francisco foram, cronologicamente, agraciados os seguintes:

João Naves de Melo, 1996; Oscar Caetano Júnior, 2000, Aristomil Gonçalves de Mendonça, 2003; Irene Veloso Gangana, 2005; João Botelho Neto, 2007; José Euclides Vieira, 2009; Epifânio Rodrigues Cordeiro,2011; Luiz Carlos Gomes da Mata, 2013; Jarbas Soares Júnior, 2015; Maria Mendes Ramos, 2017; Petrônio Braz, 2019; Élcio Gangana Ferraz, 2013 e Kárin Liliane Emmerich e Mendonça, 2025.

DETALHE: a indicação de agraciado para receber a medalha é constituída por uma comissão presidida pelo juiz diretor do foro, com os seguintes membros: representantes da OAB-MG Révio Humberto Figueiredo Ribeiro; do Prefeito Municipal, Carlos Pereira de Carvalho Júnior e do presidente da Câmara Municipal, André Saraiva de Queiroz.

Até este ano, em São Francisco, aforam agraciados com a medalha.


GRUPO DO BONDE E A AMIZADE

 


Um grupo de casais mantém, na cidade, um salutar encontro ocasional. Sugestivo o nome dado a ele: Grupo do Bonde. Poderia referir-se ao veículo, o que conduz pessoas, no entanto tem outra conotação popular: um grupo de amigos, uma turma, uma galera. Indo um pouco mais além, lembra-se da antiga expressão “andar de bonde”, ou seja, lado a lado, caminhar juntos, remetendo-se ao antigo footing em torno de uma praça. Em todos os casos implica em estar junto. Bem o disse Cícero, filósofo e orador romano,   sobre a importância da amizade: “Pois aquele que olha um verdadeiro amigo, olha um como outro, exemplar de si mesmo. Graças à amizade, os ausentes são presentes, os pobres são cumulados, os fracos são fortes, e, o que é difícil de se dizer, os mortos vivem: vivem na honra, na memória, na dor amigos”. Então, assim foi que nos idos de 2020, mais precisamente no dia 8 de março, um grupo de casais resolveu estreitar mais ainda seus laços de amizade promovendo encontros rotativos em suas residências. A iniciativa vingou-se, tornou-se rotineiro o encontrar para contar casos, rir, cantar, dançar e, porque não, saborear algumas iguarias. O grupo hoje é constituído pelos casais Tarcísio Generoso e Socorro Neves, Sérgio e Zane, André e Beatriz, Airton Veloso e Fatinha, Charlim e Dione, Evilton (in memoriam) e Letícia.

Neste mês o Grupo reuniu-se na bela residência do casal Tarcísio e Socorro, com uma ornamentação natalino foi muito especial, com alegria espontânea, muitos abraços, sorrisos, fotos e música, muita música levada por Umbelino e Dudu, e intervenções de Socorro,  Luizão, Renata e Luciana.

Nesta quadra de tantas preocupações em nosso País abrir um espaço para o refrigério da alma é reconfortante, renovam-se as energias, dá asas à alma para que ganhe a plenitude da paz, do amor, tudo o que enseja a amizade. Recorrendo, ainda ao Cícero: “Tudo o que existe e se move na natureza é criado pela amizade e dissolvido pela discórdia”.  

Assim, alimentar o sentimento de amizade é um pressuposto de viver feliz superando as ansiedades.

sábado, 29 de novembro de 2025

OS OITENTA ANOS DO LUIZ DA ACAR


  É uma grande realização quando possível ter reunida a família e muitos amigos para festejar mais um ano de vida e mais ainda quando se comemora 80 anos. O que significa comemorar oitenta anos de vida? É como um marco de sabedoria, experiência e uma jornada cheia de histórias e realizações. É uma ocasião para celebrar a longevidade, a sabedoria acumulada, os laços de amor e família, e para reunir gerações. As celebrações geralmente envolvem reconhecer o legado da pessoa, aprofundar as conexões familiares e reforçar os votos de saúde e felicidade para os anos que virão. Destarte, o lar de Luiz e Belinha, recebeu no domingo 23 amigos para a comemoração, ao lado de seus filhos e parentes. Foi um encontro aprazível, acolhedor, que teve a participação dos Mensageiros da Emoção para contar um pouco de sua história. 

Luiz Gandra Bittencourt Filho nascido em Viçosa cedo foi morar na fazenda São Geraldo onde iniciou o curso primário fazendo o primeiro contato com o campo que se atrelava à sua vida futura. Foi além cursando Agronomia na universidade de Viçosa. Ingressou na ACAR (hoje EMATER) vindo, em 1971, servir em São Francisco, onde criou profundas raízes e tanto se dedicou a esta terra. O seu trabalho foi reconhecido pela Câmara Municipal concedendo-lhe o Título de Cidadão Honorário de São Francisco.

Casando-se com Belinha ele plantou raízes firmes no município, unindo as famílias Gandra Bittencourt e Souza Pinto, tradicional família são-franciscana, constituindo uma bela família: os rebentos Luiz Neto, Danilo, Renata e Adriana; a noras  e neta.  

Luiz despontou assistindo o homem do campo como extensionista. Colaborou na formação de alunos do Centro de Treinamento de Jovens Líderes Rurais da Escola Caio Martins, que tinha como objetivo formar líderes rurais. 

Uma faceta interessante na vida do Luizão: o craque. O esporte são-franciscano teve em Luizão e Valfrido uma das maiores zagas do nosso futebol atuando pelo Estrela, que levava uma grande torcida ao estádio cantando hinos de amor.

Luiz se integrou de corpo e alma à equipe do Codema na realização de programas direcionados à recuperação da bacia hidrográfica do rio são Francisco e preservação do meio ambiente. Em reconhecimento de sua ação ele recebeu a Comenda do Buriti conferido por ambientalistas do município. 

Luiz como cidadão consciente de seus deveres para com a sociedade e a Pátria dedicou-se ao trabalho em prol da comunidade são-franciscana e de municípios da região: elaboração de projetos agropecuários, implantação da feira livre de animais, participação na fundação do Sindicato dos Produtores Rurais, implantação de projetos agrícolas no PADSA (hoje Chapada Gaúcha); na implantação de vaquejadas na região e, no âmbito de ação social, foi presidente da APACOM. 

CULTURA SÃO-FRANCISCANA

 


José dos Passos, membro do Conselho Municipal de Cultura do município de São Francisco fez uma interessante abordagem sobre a cultura são-franciscana em que destaca algumas manifestações que já se perdiam no tempo e que têm uma beleza muito especial. Assim ele escreveu:

Hoje gostaria de compartilhar um pouco sobre a rica cultura local, com ênfase nas manifestações tradicionais, especialmente aquelas ligadas aos grupos de batuques. Essas manifestações possuem diferentes nomes na nossa região: algumas chamadas de batuque, outras de Carneiro ou lambe-ro. Independente do nome, essas práticas representam a identidade cultural das nossas comunidades tradicionais, especialmente as  quilombolas e ribeirinhas, que preservam suas histórias e saberes de geração em geração. Além dos batuques, nossa região possui diversas danças tradicionais que fazem parte da memória coletiva. Entre elas, destaco o Lundu, frequentemente utilizada durante as folias, dança com forte presença histórica, que nos chegou através das tradições populares. Dentro do Lundu, encontramos variações conhecidas como 4, 4 de 8 e 4 de 12, cada uma com seu ritmo, sua cadência e seu papel social, refletindo a diversidade de expressões culturais do município.

Outro aspecto importante são as cantigas de roda e a prática da ciranda, que ainda hoje se mantém viva na comunidade de Santa Helena, sob a liderança da mestra Dona Anitta. Essa prática é um elo entre as crianças e os mais velhos, promovendo a transmissão de valores, histórias e afetos através da música e da dança. Também temos a Curraleira, uma dança que envolve muitas pessoas e que, embora tenha suas origens mais fortes na região norte de Minas Gerais e no estado de Goiás, ainda se faz presente em comunidades como Pau D´Óleo, Rio Pardo, São Martim e Catarina. Nessas localidades, a Curraleira ainda faz parte das folias, mantendo viva uma tradição que conecta pessoas, espaços e histórias locais. Outro exemplo da diversidade cultural do município é a dança do Muzuá, pressentes, ainda, em algumas comunidades. Nessa prática, os participantes colocam uma trouxa de roupa na cabeça e dançam em roda, convidando outras pessoas a se juntarem. Essa dança é um reflexo da coletividade, da criatividade popular e da preservação de práticas que carregam significados profundos sobre identidade e memória cultural. Além dessas, temos também a dança do Mergulhão, que ainda faz parte da história cultural de algumas comunidades. Eu acompanhava muito essa dança na região do Lajedo, mas ela também é encontrada em outras comunidades da margem esquerda do Rio São Francisco. O Mergulhão representa mais uma manifestação viva das tradições locais, mantendo-se como parte essencial da nossa herança cultural.

O que vemos em nosso município é uma cultura viva, que se manifesta em cada canto das nossas comunidades. Cada dança, cada batuque, cada cantiga e cada folia carrega a história, a memória e os valores das pessoas que aqui vivem. Preservar essas tradições não é apenas manter danças e músicas, é fortalecer a identidade de nosso povo, reconhecer a importância das comunidades tradicionais e garantir que essas práticas continuem a ser transmitidas para as futuras gerações.

SÃO FRANCISCO CANTA TOM ANDRADE

 



São Francisco, através da Secretaria Municipal de Cultura, Patrimônio Cultural, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude prestou uma merecida e muito bonita homenagem ao grande poeta e músico Tom Andrade. O programa inserido na 14ª Noite Mineira de Museus e Biblioteca foi realizado na frente da Biblioteca Dr. Geraldo Ribas na quinta-feira, 27. Muito eficiente, e brilhante, a condução do programa pela historiadora da Secretaria de Cultura,  Gesilda Paraízo,  que, depois de saudar o público presente, falou sobre o homenageado, TOM, GRANDE POETA.

Tom Andrade tem lugar especial meio aos grandes músicos e compositores de São Francisco. Desde jovem já revelava seus pendores como intérprete de músicas com sua voz suave, muito afinada. Com o tempo, na vivência musical, foi-lhe despertado o pendor poético e, então, começou a compor suas próprias canções com uma poesia muito apreciada. A sua sensibilidade chama atenção. Ele deu às suas canções um conteúdo histórico e regionalista, como vemos em muitas de suas canções e, em especial, no hino a São Francisco, que ele nos brindou. Vem-nos  à lembrança a sua trajetória manifestada ainda quando muito jovem cantando em rodadas de amigos e  participando das reuniões do grêmio da Escola Caio Martins e das apresentações do jogral. Por fim, como era de se esperar, ele deu um salto formidável, foi para Montes Claros e lá encontrou outras artistas como ele participando do excelente Grupo Agreste – Gútia, Pedro Boi, Zé Chorró, Sérgio, Manoelito e Braúna, cantores e compositores que se consagraram, assim como o Tom. Um destaque muito especial quando Tom nos presenteou, em parceria com o  poeta Fernando Rubinger, a música Andança. Depois, Saudade Teimosa e uma adaptação do Bumba meu boi com Manuelito. No segundo LP do Grupo Agreste, “Chegança”  Tom, participou com duas parcerias com Manoelito: Quebra de Milho e Lamento Agreste.   O terceiro LP, em 1988, o LP “O Caminho se faz no caminhar...” Tom Andrade tinha uma relação muito afetiva com os jovens caiomartinianos e isto o levou, na década de 1980, a gravar um belo LP com um coral formado por alunos da Escola Caio Martins de Esmeraldas gravado em Belo Horizonte. São muitas canções e gravações, solo ou com bandas famosas; várias de suas músicas foram gravas por cantores famosos. Um belíssimo trabalho foi o CD Eternos Girassóis, com canções admiravelmente interpretadas por sua talentosa filha Lívia Andrade. Tom foi sempre muito generoso dando força a novos cantores.

A trajetória do Tom não foi só na música. Ele prestou serviço na Funai como técnico. Preocupado na formação de lideranças indígenas, ele encaminhou um grupo de indígenas para estudar no Centro de Treinamento da Escola Caio Martins de Esmeraldas, o que rendeu frutos sendo o principal Sonia Guajajara ministra do assuntos indígenas.

Atualmente Tom reside em Penedo, numa cidade que o remete diariamente à sua terra natal, pois ela fica às margens do rio São Francisco. 

Nesta noite congratulamo-nos, em nome de todos os são-franciscanos, com nosso tão ilustre conterrâneo e amigo. Sabemos do tanto que ele ama sua terra, assim como ele por ela é amado. Tom, receba nosso carinho e nossas homenagens.


UM SHOW DE GRANDES CANTORES


A participação de cantores da terra foi sensacional. Todos muito emocionados pela oportunidade de cantar para o amigo Tom enviando-lhe emocionadas mensagens, que ele acompanhou através de transmissão ao vivo por Fernando Luiz Fernando Araújo. Cantores e canções interpretadas, todas de autoria do Tom Andrade:  João Herbber: Saudade teimosa; Janine: Meu Olhar; Sérgio Ricardo e Umbelino: Voz da gente; Sérgio Ricardo: Zabumba; Guilherme Barbosa: Desventura do coração; Serjão: As meninas e  Meu Rio; Wendel: Carrancas; Adilson Canhoto: O caminho se faz no caminhar; Kaká Sposi: Quebra de milho (com coro do público); Adilson Chacrinha e Dedé: Saudade Severina; Edna Maria: Chuva no sertão; Dedé, Urucuiana, Agnaldo Roberto e Pepino – Zumbi. A belíssima canção Na minha terra passa um rio teve o solo de flauta de Jefferson Felizardo e a lindíssima declamação de Damaris com perfeita performance.

Apoio musical: Christian - contra – baixo, Tiago Moura - teclado e auxiliar de transmissão. Participação especial: coral de crianças da EE Coelho Neto, cantando o Hino da Escola composto pelo Tom Andrade. 


NOITE FANTÁSTICA


As pessoas que tiveram o privilégio de assistir a este belo espetáculo constaram como São Francisco tem enorme potencial artístico, são tantos e excelentes cantores que deram, com muita cainho e arte um “tom” muito especial às canções do Tom. Foi maravilhoso e a moçada tão talentosa mostrou o seu valor.

De parabéns, também e muito especialmente está o secretário João Hebber e sua equipe – da biblioteca e da Secretaria, que num esforço comum e com muita dedicação, ofereceram ao são-franciscano um espetáculo de rara beleza e muita arte. Melhor, ainda, foi ouvir a mensagem do Tom, lá da distante Penedos, quase à beira do mar, agradecendo, comovido a homenagem do seus conterrâneos e amigos.


 UM DETALHE


Do céu veio um abençoado presente para a festa: a dadivosa chuva. O público resistiu ao vento e ao aguaceiro, agradecendo a chuva e o espetáculo de tanta arte.

sábado, 22 de novembro de 2025

DOIS GRANDES RIOS – DUAS TRAGÉDIAS

 


O rio São Francisco, maior rio totalmente brasileiro, considerado o “fator precípuo da existência do Brasil”, o rio da “Integração Nacional”, tem uma pungente história da sua navegação.

Rio Volga principal via fluvial da Rússia, fundamental para o transporte, economia, cultura e ecossistema

Os dois importantes rios têm, em comum, o registro de uma pungente história: os barqueiros.

No rio São Francisco as barcas faziam o transporte de cargas e passageiros  no percurso entre Pirapora e Juazeiro num percurso de 2.300 km em viagens que duravam  quinze ou mais dias. Segundo  Zanoni Neves (Os remeiros do Rio São Francisco)  “as varas que os remeiros utilizavam para empurrar as embarcações rio acima eram instrumentos de trabalho contundentes, isto é, produziam ferimentos ... O contato do instrumento de trabalho com a pele do “reculta” (recruta), ou seja, o remeiro que que se iniciava na profissão, provocava o surgimento de pequenas bolhas no peito, conhecidas entre eles como cabeça de prego. Na verdade iniciava-se desta forma um processo inflamatório. Até consumar-se a cura, o principiante passava por uma longa e dolorosa iniciação, podia culminar com a utilização de toucinho quente, fervendo (ou sebo quente) aplicado ao ferimento – considerado pelos veteranos muito útil para a formação do calo. Às vezes era preciso segurar o recruta pelos pés e pelas mãos, pois a terapia não era propriamente indolor. O toucinho quente servia para cauterizar a ferida, formando-se então o calo”. Diz Zanoni que mesmo doente, o remeiro às vezes submetia-se ao trabalho para não sofrer agressões de seus pares. A alimentação dos remeiros, comum, era a jacuba feita de farinha de mandioca, rapadura e água.

A história dos barqueiros do Volga   e do São Francisco reflete a dureza e a resignação dos trabalhadores ribeirinhos. Ela evoca a imagem de pessoas simples, que enfrentam o sofrimento, a exaustão e o peso de sua sina com determinação e resistência, simbolizada pelo repetido comando "Firme, puxa!". Há uma comparação entre a grandiosidade indiferente do rio e a dura realidade dos barqueiros, que, apesar do sacrifício, continuam em sua jornada. Há uma reflexão sobre o destino e o ciclo da vida, inspirada em conceitos como o de semeadura e colheita, sugerindo que tudo tem seu tempo determinado, conforme ensinado pelo O Caibalion. O texto busca consolar e homenagear esses "pobres inocentes", reconhecendo a dureza de sua existência e desejando-lhes um descanso ou recompensa divina.

Triste trabalho e sina dos barqueiros, uma vida difícil e sofrida dos barqueiros, trabalhadores que puxam ou empurram barcos ao longo dos rios. Ele mostra a luta e a dor que enfrentam diariamente, carregando cargas pesadas e sentindo o cansaço e o sacrifício físico. Apesar de toda essa dificuldade, eles continuavam firmes em seu trabalho.

O que se deduz: a mensagem espiritual que, apesar das dificuldades, há um tempo certo para tudo. Ele traz a ideia de que existe um equilíbrio na vida, onde o sofrimento faz parte de um ciclo maior. Segundo a espiritualidade, tudo está conectado e nada acontece sem um propósito. Os barqueiros, com toda a sua dor e esforço, também têm um lugar e um momento de descanso no plano divino.