sábado, 26 de abril de 2025

TIRANDO O CHAPÉU

 João Naves de Melo


Um episódio, com duas fases, aconteceu comigo dias atrás, exasperando-me, levando-me a um exercício de paciência. Gentilmente fui avisado por uma agente de saúde que já se encontrava disponível, no posto de vacinação onde sou cadastrado, a vacina contra a influenza. Bastaria comparecer ao posto sem hora marcada. Em uma manhã, eu e a minha esposa Vilma  fomos ao posto situado na avenida Olegário Maciel (rua da Mangueira), lá chegando às 9h. Incauto, cometi um erro: marquei um compromisso na mesma manhã, sobrando-me escassos 30 minutos para a vacinar. Passaram-se eles. A sala de vacinação ocupada e na fila, antes de nós, duas pessoas. E os minutos escorriam, escorriam e nada. Aflito, de olho no relógio, acabei manifestando meu desagrado. Por fim, abriu a porta e por ela, saíram 4 pessoas – tratava-se da vacinação em grupo, ou seja, de uma só família. Foi a primeira explicação da demora. Mais dois foram na nossa frente, mas logo fomos chamados. Foi aí que tomei conhecimento da demora e me penitenciei: a burocracia. Não era, contudo de se tomá-la como um empecilho, uma procrastinação, pois o que vi foi um sistema implantado que tem o registro de acompanhamento de todas as vacinas que tomei e, se fosse o caso, as que deixei de tomar, tudo muito bem organizado e processado. Novo cartão com diversas informações sobre a saúde do paciente, isto é, o acompanhamento de sua vida sanitária. Arre! Fiquei estupefato e amolado por minha impaciência, o que é sempre muito negativo   no caso de convivência social, pois sempre vemos apenas o nosso lado. Refleti e me penitenciei. Nunca mais. Horários não devem ser acumulados.

Fica, por fim, um registro: o posto é muito bem instalado, oferecendo conforto aos usuários e funcionários, com instalação muito asseada, com ar condicionado e, o que a tudo supera: a amabilidade e a solicitude das atendentes. Com cortesia desconsideraram nossa impaciência e até justificaram com urbanidade a razão da demora no atendimento. Nem precisava, aprendi antes. 

Nosso reconhecimento a toda a equipe do posto.

UMA GRANDE CONQUISTA


A jovem Marcela Almeida Fraga, filha de Charles Fraga Nascimento e Dione Ribeiro Neves chegou à realização de uma jornada com êxito: concluiu o curso de medicina. A colação de grau acontecerá no dia 27 de junho, em Montes Claros. Contudo, Marcela, ao lado de sua família já vive emocionada esta grande conquista, que será a abertura de uma nova etapa de sua vida, um novo norte.

Qual foi a sua emoção? Ela mesma diz: “Não existem palavras que possam descrever a felicidade de uma conquista que almejei desde a minha infância. Esta realização demandou horas de estudo, renúncias e ausências. A Ele, toda honra e glória! Meu Deus, agradeço por me capacitar e por permitir que eu realize meu sonho, por guiar meus passos e ser minha força, esperança e proteção divina. Celebro esta vitória, ciente de que, por trás de alguém que alcança grandes conquistas, existe uma rede de apoio motivadora. Sem dúvida, ao longo desses seis anos, contei com as melhores pessoas ao meu lado. Hoje, pai e mãe, congratulo-me por formar a sua última filha; os dias difíceis e a angústia financeira chegaram ao fim. Seus esforços e sacrifícios para que este momento se concretizasse valeram a pena. Nós vencemos! Expresso minha gratidão a vocês, meus pais, Charles e Dione, por acreditaram em mim e sempre investir em meus sonhos. Vocês são a razão da minha vida. Às minhas irmãs, Larissa e Ana Paula, agradeço por serem uma fonte de amor puro e felicidade em meus dias. Aos meus familiares e avós, em especial à minha avó Cleusa, agradeço pelas orações sinceras! A Lucas, sou grata por estar ao meu lado em cada desafio e celebração. Às minhas amigas de longa data e àquelas que a faculdade me proporcionou, obrigada por tomar a jornada mais leve. Aos meus professores, agradeço pelos ensinamentos compartilhados. A cada paciente que cruzou meu caminho e confiou em mim suas dores e anseios, expresso meus eternos agradecimentos. Com humildade e determinação, embarco nesta nova etapa, pronta para exercer uma medicina baseada em evidências, pautada pela ética e pelo amor: 'curando quando possível, aliviando quando necessário e consolando sempre'”.

REGULAMENTAÇÃO DA POLUIÇÃO SONORA

 


Na quinta-feira, 24, no quartel da  13ª Cia da PMMG de São Francisco,  realizou-se uma reunião para concluir os estudos sobre a regulamentação de procedimentos relativos à poluição sonora no município. Presentes ao encontro o promotor de Justiça Daniel Polignano Godoy, o comandante da Cia PMMG, Ten Cel Wilson Fabiano Gonçalves da Silva, Cap PM Clyver, Conceir Damião Vieira, secretário de Meio Ambiente; o presidente do Codema Giovanni Rene Costa; o procurador jurídico do município Carlos Pereira de Carvalho Júnior, secretário municipal de Infraestrutura, Ranulfo Ribeiro Santos Júnior, Jaila Bastos Carvalho, representante da Polícia Civil; Maria de Lourdes Ferreira e Adele Ribeiro Queiroz, representantes do Conselho Tutelar, Alda Maria  Silva de Souza, conselheira do Codema e promotores de eventos.

A reunião teve como objetivo de implementar o que dispõe o Código Ambiental do Município em face dos limites estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABTN – e resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Ao final de mais de duas horas de exposições e debates, ouvidos especialmente as partes diretamente ligadas ao assunto, em particular os promotores de eventos, com ponderações do Ministério Público, da Polícia Militar e Procuradoria do Jurídica do Município, foi elaborada uma minuta da norma deliberativa do Codema, que será dada ao conhecimento, e discutida com o público, em audiência pública na Câmara Municipal em data a ser definida. 


DESPEDIDA


No encerramento da reunião, o promotor Daniel noticiou aos presentes que estava deixando a Comarca de São Francisco, promovido para outra Comarca. Manifestou que se tratava de um imperativo, o que é comum à carreira dos promotores, mas que o fazia com muito pesar, pois teve uma boa acolhida em São Francisco, cidade e povo que muito admira. Recebeu muitos cumprimentos e votos de muito êxito em seu trabalho futuro.

sábado, 19 de abril de 2025

TIRADENTES UM EXEMPLO VIVO

  “Se todos quisermos poderíamos fazer do Brasil uma grande nação”. Augusto de Lima Júnior.



21 de abril uma data que até pouco tempo era reverenciada pelos brasileiros com fervor cívico, especialmente nas escolas. Dias atuais pouco se dá a ela e muito menos sabe-se sobre Tiradentes. O fato leva a estabelecer um paralelo com o que escreveu Vicente Licínio Cardoso: “Rio São Francisco um rio sem história”. No andar da carruagem não vai longe o tempo em que o Brasil será um país sem história. É muito grave, pois refletindo sobre a vida, o pensamento, as ações de Tiradentes e o comportamento do poder à época, chega-se à atual situação, onde se vê que uma nova derrama está a fervilhar diante de um setor da população que está supitando.

21 de abril de 1792 guarda a marca da tirania no cerceamento à liberdade do cidadão. Tiradentes foi levado à forca, mas há de se pensar que enforcados foram seus algozes no panteão da história. Ora, “Tiradentes não morreu, a ideia vive. Tiradentes é a encarnação do pensamento d´um povo, e os povos são imortais”, escreveu Jorge Lasmar membro da Academia Mineira Maçônica de Letras. 

Atendo-se a Tiradentes, o personagem, tem-se que “nenhum país ostenta, nos alicerces da sua liberdade, troféu mais digno e mais trágico que ostenta o Brasil: o corpo, a honra e o sangue de um filho que morreu para que sua Pátria fosse livre” em citação de José Álvares Maciel. Tiradentes foi preso e condenado a morrer na forca por abraçar um ideal defendido pelos iluministas que entendiam que a revolução não era crime exatamente porque se propunham a restaurar as liberdades primitivas que se haviam retirado ao homem pela deturpação progressista do seu estado natural.

A história de cada povo tem seus heróis. Estes homens singulares não alcançam o qualificativo por acaso ou pelo esforço de terceiros, muito menos através de propaganda oficial. Com Tiradentes de certa forma, aconteceu o contrário. A história oficial tentou denegri-lo, diminui-lo, ao mínimo da classificação, louco e insensato, como impingiu o historiador mineiro, da época, Joaquim Noberto da Silva prestando um serviço que é tão atual na quadra que vive atualmente o país com setores da imprensa nacional distorcida e distorcida na propagação das notícias políticas.

A AURORA DO BRASIL


  Metade de um milênio, o que parece ser quase nada em relação à história de países da Europa e da Ásia, é o tempo da história do Brasil: 525 anos do descobrimento. Então não há como comparar o desenvolvimento do nosso país, sobre todos aspectos, com o de muitos países daqueles continentes, mas há de se comparar com o que acontece com os EE.UU,  na descoberta contemporâneo ao Brasil. É um caso a pensar sobre os disparates entre o desenvolvimento das duas nações o que, obrigatoriamente, leva-se a refletir sobre as causas do atraso brasileiro em relação aos americanos. 

Lamentação à parte, não é o caso. Há de se ter orgulho pela pátria brasileira e não são poucos os motivos, como também, há imensa tristeza, por outro lado, diante da desfaçatez de governantes do país, que não acertam o prumo e a coluna está sempre caindo. Tantas riquezas encontram-se na natureza, em grande parte sem um aproveitamento real, especialmente no campo geológico, para não se deter na pujança da agricultura, que alimenta boa parte da humanidade. Um exemplo, entre tantos: o Brasil é o país com a maior concentração de nióbio no mundo, sendo responsável por mais de 90% do volume comercializado. Agora, vem o caso: o Canadá possui apenas 2% das reservas de nióbio do mundo e com ela garante saúde e educação gratuitas para sua população. Só existe um sistema de saúde no Canadá, um sistema público de saúde de altíssima qualidade, financiado pelos recursos do nióbio. O Brasil possui 90% das reservas e o nosso sistema de saúde e educação deixa tanto a desejar. Só?

Fica-se apenas neste exemplo para não ter que desfiar uma linhada de lamentações, decepções, descrenças e problemas. Orgulhosamente e como consolo, fiquemos com a comemoração da data do que deu causa ao surgimento do Brasil. Há muito que se comentar sobre este acontecimento, por que e como se deu, mas não cabe tal reflexão no momento, tantas são as controversas.

Há de ressaltar um fato marcante na história da nação brasileira, o fundamento do cristianismo. No primeiro domingo após a páscoa, dia 26 de abril,  o comandante Cabral ordenou a seus tripulantes que montassem um altar no ilheu da Coroa Vermelha onde foi celebrada, por frei Coimbra, a primeira missa na terra descoberta. No primeiro dia de maio do mesmo ano, uma sexta-feira, os marinheiros ergueram uma grande cruz com cerca de sete metros e cravaram-na no meio de um banco de areia, Por isso a nova terra recebeu, como primeiro nome Ilha de Vera Cruz (cruz verdadeira). Foi, sem dúvida, o que de melhor trouxe Portugal para o Brasil porque sedimentado no espírito da nação.

Registro: o dia 22 de abril não é feriado nacional e muito menos é comemorado pela população. Patriotismo à larga....

BRASÍLIA: 65 ANOS

 


Vaticinou com o seu otimismo Juscelino Kubitschek. “Deste planalto central desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”. Juscelino sonhou e realizou, mesmo debaixo de muita crítica e descrença, a construção da nova capital do país em aproximadamente 3 anos, de 1956 a 1960, no transcurso do mandato dele como presidente do Brasil.

21 de abril de 1960 a inauguração, concretizando um projeto que existia desde o século XIX (Dom Bosco teve um sonho profético em 1883 que muitos interpretam como uma predição da construção de Brasília. Neste sonho, ele teria visto uma "terra prometida" entre os paralelos 15 e 20, com um lago e riquezas escondidas, características que coincidem com a localização e características de Brasília). 

Juscelino realizou a profecia, com isso incentivou a interiorização do Brasil com o poder federal, em todas as instâncias, deixando o litoral para se fixar no Planalto Central e, com isso, inaugurando um novo Brasil.

Desnecessário falar sobre a importância, a beleza e a projeção de Brasília no campo da arquitetura e urbanismo em todo mundo, posto que ela está consolidada, e muito bem, como a capital de uma grande nação.

Um comentário mordaz: vem de quantos anos o sonho da construção da ponte sobre o rio São Francisco, em São Francisco, e há quantos anos está sendo levada a sua construção?

A RESSURREIÇÃO DE JESUS

 Por que buscais entre os mortos ao que ainda vive? – Lucas 24:10


Neste domingo, domingo da Páscoa, comemora-se a Ressurreição de Jesus, dogma central do cristianismo, que afirma que Ele ressuscitou três dias após ser crucificado. O que aconteceu? Jesus foi crucificado na sexta-feira, Seu corpo foi sepultado antes do pôr do sol, no domingo de manhã, Maria Madalena, Joana e Maria encontraram o túmulo vazio, um anjo do Senhor lhes disse que Jesus havia ressuscitado, Ele vive. A ressurreição de Jesus é a prova de sua vitória sobre a morte, ela o confirma como Filho de Deus, ela inaugura uma nova vida, a vida do mundo futuro, e a tornou disponível aos homens, ela é a base fundamental da fé cristã, ela traz esperança, dizendo que Deus amou o mundo a tal ponto que Jesus morreu e ressuscitou. O que se pode acrescentar quanto à realização do Plano de Deus na sua infinita misericórdia, oferecendo aos homens o Seu próprio Filho para redimir seus pecados e restabelecer a aliança. 

A alegria de Madalena, Joana e Maria é revivida sempre em nossos corações com a certeza de que Jesus ressuscitou conforme Ele mesmo anunciara. Então somos levados a olhar para o Oriente do nosso coração, que deixa a esteira da liberdade, que é a esperança dormindo até hoje na outra margem. Em Jesus, aquele que veio, a presença do Verbo, fez-se semente de trigo enterrada; germinando depois a esperança, nova vida na margem prometida entregada, o Oriente da jornada. 

A presença de Jesus está em nossa vida, em todos momentos, contudo, há um especial e visível como nos passaram os discípulos de Emaús que reconheceram Jesus ao partir o pão. Assim, O temos vivo presencial na Eucaristia: “Tomais e comei, este é o meu corpo. Tomai e bebei, este é o meu sangue”.

Jesus ressuscitado está entre nós, cabe-nos reconhecê-Lo, acolhê-Lo.

FELIZ PASCOA!


sábado, 12 de abril de 2025

PORQUE ELE NÃO MORREU....

 

O retrato de Jesus: Em Roma foi encontrado uma carta de Públio Lentulus, legado na Galileia do imperador romano Tibério 
César, que descreve com riqueza de detalhes a beleza e a potência existente na imortal imagem do Filho de Deus.

Semana Santa. Voltamos à Jerusalém na quadra que transformou a história da humanidade. Então, quedo-me diante da carta que o senador Públio Lentulus enviou ao imperador Tibério César descrevendo o retrato de Jesus: “Um homem de grande virtude chamado Jesus, pelo povo inculcado de profeta da verdade e pelos seus discípulos de filho de Deus. É um homem de justa estatura, muito belo no aspecto; e há tanta majestade no seu rosto, obrigando os que o vêem a amá-lo ou temê-lo. Tem o cabelo cor de amêndoa madura, são distendidos até as orelhas; e das orelhas até as espáduas; são da cor da terra, porém reluzentes. Ao meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos. Seu rosto é cheio; de aspecto muito sereno; nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face. O nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, semelhante aos cabelos, não muito longa e separada pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, resplandecendo no seu rosto como raios do sol; porém, ninguém pode olhar fixo o seu semblante, pois se resplandece, subjuga; e quanto ameniza comove até às lágrimas. Faz-se amar e é alegre, porém, com gravidade. Nunca alguém o viu rir, mas, antes, chorar.”

Intentaram matá-lo engendrando um falso julgamento que investia contra as próprias leis vigentes; um julgamento à sorrelfa para ludibriar a opinião pública. Mataram-no? Ledo engano, plantaram sim a semente do amor no coração dos homens, pois Jesus era o próprio amor. Imaginemos, hoje, que Jesus quis ser apenas um cordeiro e, contudo, ele se projetou na esteira dos séculos. Quis ser apenas um servo, mas luziu com toda majestade e permanece no nos corações dos homens. Mais de dois mil anos passados e Ele continua vivo posto que, ainda em nossos dias, é luz que nos conduz, que amaina nossos espíritos em tempos tão conturbados, pois somente o seu amor e o seu Evangelho podem amainar as paixões humanas e harmonizar os seres numa convivência pacífica e jubilosa.

Jesus era filho da Galileia, uma terra de homens ignorantes. Por que se fez tão grande se tão pequeno se mostrou? Por que meio a homens rudes Ele luziu, ainda que apenas quis ser um servo? Por que Ele se projetou na esteira dos séculos: quando apenas quis ser um cordeiro? Que exemplo para os poderosos hodiernos (ou de todos os tempos) que querem a majestade se impondo pela força ou por meios espúrios.

Uma semana de reflexão para que rememoremos a mensagem que Jesus nos trouxe do Pai celestial e, em seu amor, vivamos a esperança da graça misericordiosa. É o melhor que pode nos acontecer....

EXPOSIÇÃO ARTESANAL

 


Tarde/noite da quinta-feira 10, em um ambiente muito acolhedor na biblioteca pública Dr. Geraldo Ribas,  a Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio Histórico apresentou o projeto Noite Mineira de Museus e Bibliotecas - 10ª Edição | 10 de abril de 2025. O objetivo deste projeto é objetivo estimular a ampliação do horário de funcionamento dos espaços culturais uma vez a cada dois meses, oferecendo ao público, no período noturno, uma programação cultural gratuita, que pode incluir exposições, saraus literários, oficinas de arte, exibições de vídeos, instalações culturais, shows, apresentações de dança, espetáculos teatrais, entre outras atividades e serviços.

São Francisco foi um dos 81 municípios mineiros que participaram deste projeto com a  exposição de telas. A exposição apresentou os resultados do projeto realizado em 2024, que retratando os bens patrimoniais do município por meio do ponto cruz – um artesanato típico da região. A noite foi mediada por Jussara do Nascimento Pereira Madureira (professora e bibliotecária) e Gesilda Rodrigues Paraizo (historiadora do Departamento de Patrimônio Cultural).

O evento contou com as presenças do vice-prefeito Raul Pereira, do secretário de Cultura João Hebber, representantes da Ong Preservar e de muitas pessoas da comunidade.





Comentando


Surpreendente o trabalhado das artesãs que expuseram suas telas  pelo Projeto Pontos Cruzados – uma técnica de bordado que consiste em fazer pontos em forma de "X" no tecido. É uma técnica simples e versátil que permite criar desenhos variados. Mais do que uma técnica, o ponto cruz é também uma forma de expressão criativa e de relaxamento. Com a agulha, a linha e uma tela, é possível criar verdadeiras obras de arte, que carregam significado e carinho em cada ponto. E foi o que se viu nas diversas telas expostas retratando aspectos que representam facetas da história, cultura e belezas de São Francisco tais como: a igreja matriz, o cruzeirinho, igrejinha São Félix, o coreto (cuja imagem suscitou muitas recordações por parte das pessoas que conheceram esse histórico monumento que, estranhamente, foi tombado, não no sentido legal de conservação), a casa da família Coutinho, a imagem de São Félix, os peixes surubim de cabelo e o dourado e, como não poderia faltar, o pescador tendo como cenário o pôr do sol.

Brilharam as bordadeiras demonstrando quão rico é o artesanato são-franciscano o que justifica muito a criação da Casa da Cultura e espaço para exposição do artesanato do município, uma ideia do Preservar já acolhida pelo prefeito Miguel Paulo.



sábado, 5 de abril de 2025

DIA MUNICIPAL DO RIO SÃO FRANCISCO




  Circunstancialmente tomamos conhecimento da criação do “Dia Comemorativo em Defesa do Rio São Francisco”, Lei nº 3535 de 1º de abril de 2024, projeto da vereadora Géssica Braga. Por que circunstancialmente? Uma entidade do município teve a notícia da criação deste “dia”, o que suscitou a pesquisa a respeito, confirmando-se a existência desta lei. Como nada foi feito a respeito, até então, consultando a data da homologação do projeto de lei, viu-se que era de primeiro de abril. Veio a dúvida – seria verdade?

Verdade sim e muito importante, pois o maior patrimônio de São Francisco é o rio São Francisco (material e imaterial em face do seu pôr do sol de fama além fronteiras, de suas lendas e mitos). O escritor são-franciscano Geraldo Ribas gravou uma frase antológica: “o são-franciscano tem o umbigo preso ao rio São Francisco”. Indubitável.

Muito bem, diz o artigo 2º da referida lei: “Todos os anos, durante o dia 3 de junho, o Poder Público Municipal promoverá eventos com caráter educativo, promovendo concursos de redação, poesias, músicas, performances artísticas, seminários e outras atividades com o fim de atender ao disposto estabelecido pelo caput desta lei, alusivos às águas, e também apresentará projetos de gerenciamento e despoluição dos recursos hídricos em todo território são-franciscano”.

Vai além no art. 3º - “As secretarias municipais de Educação e Meio Ambiente juntas, formando programas de conscientização quanto ao uso da água, e inserindo no processo educativo a questão da poluição e do uso inconsequente e indiscriminado dos recursos hídricos”.

Sem dúvida, é uma iniciativa salvífica deitando o olhar sobre a situação dramática do São Francisco. Em todos os sentidos da proposta é preciso ação e, uma imediata diz respeito à poluição. É uma vergonha a ação de indivíduos sem escrúpulos, sem educação ou qualquer noção de civilidade, transformando as barrancas do São Francisco é descarte de lixo de toda natureza. É inacreditável que um indivíduo saia de sua casa com sacola de lixo para atirá-la no rio se existe um sistema de coleta de lixo eficiente na cidade. É pura maldade, insanidade. O professor Roberto e universitários da Unimontes, campus de São Francisco, têm trabalhando neste sentido, o que leva a recorrer à história da beija-flor querendo apagar um incêndio. Eles fazem a sua parte e dão exemplo. 

Então, que esta lei seja tomada ao pé da letra e que haja uma preparação especial para implementá-la com programas bem definidos no próximo  dia 3 de junho, quando ela completa o seu primeiro aniversário.

ALAVANCANDO O TURISMO

 


Merece um olhar especial da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo a ação que vem desenvolvendo a associação Identidade Barranqueira com a atenção voltada para o turismo focado no rio São Francisco. Uma de suas atividades, e muito interessante, é  o passeio em um trecho do rio, geralmente ao pôr do sol, com duas etapas especiais: o passeio para apreciação das belezas do rio ao tempo em que vão sendo contadas histórias e lendas da região, especialmente do rio – caboclo d´água, surubim de cabelo, entre outras, e apreciação do pôr do sol, um espetáculo divino de rara beleza e própria para  a meditação, Outro momento é a concentração dos participantes do passeio no restaurante Peixe-vivo com uma fantástica visão do rio na chegada da noite, para degustar comida típica da região e para manifestações sobre o passeio e falas poéticas.

Equipe à frente do roteiro: Carla Duarte (presidente), Adriana (historiadora narrando as lendas) e Priscila (declamando poemas).

No domingo passado, o passeio contou com a participação do procurador Jarbas Soares e sua mãe, dona Rosinha, que contou histórias sobre a construção da igreja Matriz tendo seu pai, Oscar Caetano Gomes, como presidente da comissão encarregada da construção. E mais: duas crianças que cedo estão sendo entronizadas nas belezas e importância do rio: Maria (Allan e Rachel) e João Pedro (Michel Spina e Priscila) que em  duas oportunidades manifestou o seu respeito e amor pelo rio.  

Os passeios ecológicos e turísticos que a Identidade Barranqueira promove, por sua conta, já esteve em discussão no Conselho Municipal de Turismo de São Francisco, com um roteiro da mesma natureza, com dois trajetos definidos: um até a Barreira dos Índios e outro a Ilha do Lajedo, os dois com registros históricos e culturais muito interessantes.

Destaque-se, para o sucesso do roteiro, o trabalho de Dirceu com sua chalana (Deuza do São Francisco – com Z mesmo) com todos os requisitos determinados pela Marinha do Brasil.

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo - Membro da Comissão Mineira de Folclore


Sétima parte


DANÇAS DO SÃO FRANCISCO

CARNEIRO

Domingos Diniz registrou na revista da Comissão Mineira de Folclore que o Carneiro é uma variação da umbigada. Mário de Andrade, em seu Dicionário Musical Brasileiro registra o verbete “carneirada” como provável dança das margens do São Francisco. As Danças sofreram muitas mutações durante os séculos, fruto de miscigenação, influência de costumes locais, aculturamento e até mesmo por um fato comum: migração - alguém, ao deixar suas paragens leva as notícias de sua vida e a sua arte, que noutra localidade, por simbiose, é imitada ganhando outro apelido como disse Câmara Cascudo, pois o homem simples gosta de dar nome a tudo e sempre o faz a seu modo, criando palavras por não ter entendido bem a original.

Na formação das famílias são-franciscanas destaca-se a origem nordestina e, assim é possível deduzir que o Carneiro possa ser originado das danças da umbigada, como aceita Diniz, ou Baiano e o Batuque, entre outras, por causa da coreografia, nordestina.

A dança: as caixas rasgam o ar com batidas fortes, frenéticas, incitando à dança alucinante. Um caboclo salta para dentro da roda, girando e forçando o peso do corpo numa perna enquanto faz a marcação ritmada acompanhando as caixas – olê, lê carneiro dê; olá, lá, carneiro dá. Uma mulher o rodeia dengosamente. Encontram-se no meio do terreiro, rodopiam; o homem ergue uma perna, empina o corpo para frente, arma um golpe e, no bater forte da caixa, desfere a terrível marrada, batendo nas costas da mulher. Não chegam a se tocar. A simulação, com a batida forte do pé no terreiro, o repique da caixa e a cadência dos versos, dá a impressão que estouram os ossos numa arremetida violenta que lembra a cabeçada de dois carneiros em ferrenha luta.

Tendo-o como uma variação da umbigada, conta-se que o Carneiro foi criado para fugir às restrições impostas pela Igreja e pela sociedade escandalizadas, que reprovavam as umbigadas entre homem e mulher.

É importante salientar alguns aspectos interessantes no Carneiro: tanto na dança, como na música. O onomatopaico: no final dos versos, correspondendo à batida dos pés destaca-se, na música, a sílaba final: olê, lê, carneiro dê! Olá, lá, carneiro, dá!. O o lúdico: na refrega, o caboclo exercita o corpo, uma recreação depois de uma jornada de trabalho, ele encontra no prazer da dança, no contato corporal, com o chão e no sapateado o relaxamento espiritual. O telúrico: ele abre a alma à brincadeira, à glosa, às coisas que o prende à terra: bichos, plantas, histórias e paixões.