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DONA TEREZINHA – EXEMPLO DE MULHER
Carregando em uma mão uma sacola com litros e pacotinhos de baru torrado e limões; na outra, caldeirão com ovos caipiras, vem chegando dona Terezinha a São Francisco. São três viagens por mês, vinda de seu pequeno sítio na fazenda Cabeceira da Vargem, município de Icaraí de Minas. Viaja de taxi, pagando R$ 28 por corrida – e sendo de taxi pode, ainda, trazer galinhas caipiras para engrossar a venda. Na volta vai de taxi até o entrocamento de Tião Rocha e de lá, para frente segue de carona (mas paga, às vezes).
A galinha, ovos e limão são produção do pequeno sítio, no que conta com a ajuda do marido Claudemiro Alves Pereira e um filho. O barú dá mais trabalho – tem que colher na região ou comprar de terceiros. Quando a colheita é boa ela consegue até 5 sacos ( 25kg cada). Neste ano a produção está muito baixa, efeito da seca. Pior, segundo dona Terezinha, é a qualidade do fruto cuja castanha é menor e não solta com facilidade.
O processo para apurar a castanha é trabalhoso, sem instrumento próprio, tem que cortar o fruto com facão para apurar a castanha, que nem sempre sai inteira. Só a castanha inteira é torrada e embalada em garrafas pet que vende na cidade ao preço de R$ 50 reais cada. As castanhas partidas, ela torra e transforma em farinha que é vendida em pacotinhos de R$ 5 e R$ 10.
Teresinha Rosa Pereira nasceu no dia 28 de agosto de 1954 na fazenda Cumbucas, município de São Francisco. Frequentou a escola até o 3º ano do antigo ensino primário e disse que na roça a escola parava por aí. Casou-se, teve dez filhos e sempre se dedicou ao trabalho duro da roça. Aos sessenta e três anos, dona Terezinha já poderia sossegar, não se entregar a tão fatigante trabalho. Para ela não é assim. Ela diz que não tem temperamento para ficar sem trabalhar e que, enquanto tiver forças, vai permanecer na ativa, trazendo baru, limões, ovos e galinhas para vender na cidade.
Impressionante é ver como dona Terezinha visita seus clientes. Está sempre alegre, sorriso aberto, uma boa prosa, muito despachada e, com seu jeito cativante, sempre vende todos seus produtos e ainda atendendo encomendas.
Vendo uma mulher como dona Terezinha, que não pede, nem reclama, não se faz de coitada e não espera pelas benesses do governo, é de se imaginar que o Brasil seria outro com mulheres e homens como ela, que não ficassem na dependência dos “favores” de governos com seus programas demagogos, sempre oferecendo para colher muito mais.
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