Em tempos pretéritos, não muito distantes, o diretor do jornal O Barranqueiro, atualmente desativado por vários fatores, entre eles falta de apoio, lançou um importante e muito interessante projeto em São Francisco, que pretendia estender aos municípios vizinhos: o Parlamento Jovem. A idéia foi debatida com mestres locais e levada à Câmara Municipal, onde teve acolhida. Antes, o diretor fizera contato com uma aluna da EE Dr. Tarcísio Generoso, que chegou a ocupar a tribuna da Câmara dos Deputados, como parlamentar jovem.
Tudo se conduzia por um bom caminho, uma estrada estava sendo aberta e com animadoras perspectivas de um futuro melhor para São Francisco, pois a iniciativa tinha como objetivo principal acender o interesse dos jovens e, assim, viria de baixo, da juventude, que estava voltando o olhar para o futuro. A força vetora, como animava o educador Manoel Almeida em suas falas aos estudantes caiomartinianos – o empurrão que vinha de trás.
Mas, como tudo, ou quase tudo, acontece em São Francisco, o projeto ficou pelo meio do caminho, esvaiu-se o sonho do amanhã. O diretor e a Câmara Municipal não mais tratam do assunto. Uma pena, que se traduz numa comprometedora palavra: estagnação.
Enquanto isso, uma pequena escola (pequena no aspecto físico e pela localização), no distrito do Acari, município de Pintópolis, uma região das mais esquecidas no cenário mineiro, como de resto grande parte das pequenas cidades do Norte e Noroeste de Minas anuncia que hasteou a bandeira e colocou em marcha o Parlamento Jovem. Não ficou na promessa, no sonho; não criou uma expectativa junto à comunidade. Os jovens da EE Primavera, orientados pelo professor de História Renan, lançaram um ambicioso projeto: a revitalização do quase extinto rio Acari, um dos maiores patrimônios da região, sob todos aspectos. Estabeleceram as diretrizes do projeto e foram à luta. Reuniram-se com lideranças políticas de Pintópolis e Chapada Gaúcha, e produtores rurais da bacia do Acari, e lançaram as primeiras diretrizes para dar vida ao projeto. Foram a campo, visitaram comunidades, conversaram com produtores rurais, conheceram a realidade hídrica da bacia, constatando uma triste realidade, mais de 90% dos tributários do Acari estão extintos ou em vias de extinção. Depararam com situações críticas de ataque ao meio ambiente – queimadas, desmatamento, práticas agropecuárias inadequadas e por aí afora. Em resumo: já têm um esboço da radiografia ambiental da bacia.
Por último convidaram o CBHSF9 e o Codema de São Francisco para se inteirarem do projeto e assessorá-los na sua execução.
O enganjamento tão responsável dessa meninada, o seu olhar para o futuro de sua comunidade e de sua gente, é um raio de esperança que leva a acreditar que é possível dar novo rumo ao País. O futuro a eles pertence. São poucos, um quase nada no universo de problemas ambientais, sociais e outros (sobretudo de moralidade pública) que atormentam a nação, mas é um grande exemplo de cidadania, que parte de baixo, onde os problemas são sentidos e refletem com toda agudeza.
O Brasil tem jeito, se os políticos e empresários corruptos não atrapalharem.
Foto: Alda Maria
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