sábado, 28 de outubro de 2017

PEQUENA CRÔNICA

PRODUÇÃO DE OVOS
Nem tudo que reluz é ouro, diz o ditado. Nem tudo que parece ser muito bom, é bom. Vou lembrar uma pequena história que parece ser uma ficção, coisa inventada. Pode até ser, mas tem, no fundo, uma triste realidade. É o que vive e sofre nossos produtores rurais.
Sempre aparecem novas idéias e promessas de projetos de produção lucrativa para o homem do campo. São Francisco, nos últimos anos, acompanhou a história da mamona, do cogumelo, do amendoim, quando o chamariz, como uma pepita de ouro, levou de roldão muitos produtores a novos investimentos, quase todos mal sucedidos.
Assim, surgiu um novo empreendimento para ganhar muito dinheiro: a vez era da produção de ovos. Anunciada a novidade, um produtor foi ao banco fez o financiamento e lá foi criar galinhas poedeiras, sem esquecer das vacas leiteiras que era o básico  – da sua atividade (também financiadas).
O projeto dos ovos estava indo de mal a pior. Nada de retorno e a situação foi se complicando. Numa certa manhã ele começou a ouvir (ou pensava a estar ouvindo) a voz de alerta dos animais. A cocá (galinha de Angola) que antes passeava pelos terreiros gritando “tô fraca, tô fraca”, certamente pedindo alguns grãos de milho, passaram, de uma hora para a outra a cantar: “protesto… protesto… protesto”.
O produtor tomou um baita susto e lembrou da sua dívida com o banco, que já chegava a hora de quitar e dinheiro nada.
Nisso, vem passando uma mimosa vaquinha, seu xodó, berrando com certa tristeza “sô do banco…. sô do banco”.
O produtor entrou em parafuso, desesperado. Mas eis que acorda muito suado e percebeu que era um pesadelo. Um pesadelo que não está muito longe da realidade diante da situação que ele enfrenta ano após ano com a demorada seca, com os problemas hídricos (tanques, poços tubulares e córregos secando) e ele num beco sem saída.
Outras alternativas ou pequenos projetos que ele tentara viabilizar, como agricultor familiar, também enfrentaram barreiras quase intransponíveis e, assim, parou de produzir rapadura, farinha, queijo e outros produtos de fabricação caseira. Ele não tem como cumprir as exigências da Vigilância Sanitária quanto às instalações que exigem projetos com rígidos padrões. E, aí, tome farinha do Paraná, rapadura de outras fontes e queijo vendido a granel, de porta em porta, porque em escala maior é preciso cumprir as exigências. Não é que esteja errada a política da saúde, é uma proteção do consumidor. O que pega, no caso, é como dotar o produtor de condições para cumprir tais exigências.  Tenho certeza, isso é possível, se as políticas públicas também se cumprissem com caráter de honestidade, retidão e menos demagogia. Nem se fale em falta de dinheiro. é preciso apontar onde ele está ou para aonde está indo?
O país vem se arrastando nos últimos anos, com os políticos se dividindo em acusações e defesas. Puro cinismo, pois quase todos partidos e políticos têm culpa registrada no cartório e perante a sociedade. E o povo sofrendo, pagando.
Não tem jeito. O caso é apelar para Deus, mais uma vez e sempre, o refúgio, e cantar o refrão da música de uma canção do padre Alessandro Campos:” O que é que eu sou sem Jesus?”

EXEMPLO QUE VEM DE BAIXO

Em tempos pretéritos, não muito distantes, o diretor do jornal O Barranqueiro, atualmente desativado por vários fatores, entre eles falta de apoio, lançou um importante e muito interessante projeto em São Francisco, que pretendia estender aos municípios vizinhos: o Parlamento Jovem. A idéia foi debatida com mestres locais e levada à Câmara Municipal, onde teve acolhida. Antes, o diretor fizera contato com uma aluna da EE Dr. Tarcísio Generoso, que chegou a ocupar a tribuna da Câmara dos Deputados, como parlamentar jovem.
Tudo se conduzia por um bom caminho, uma estrada estava sendo aberta e com animadoras perspectivas de um futuro melhor para São Francisco, pois a iniciativa tinha como objetivo principal acender o interesse dos jovens e, assim, viria de baixo, da juventude, que estava voltando o olhar para o futuro. A força vetora, como animava o educador Manoel Almeida em suas falas aos estudantes caiomartinianos – o empurrão que vinha de trás.
Mas, como tudo, ou quase tudo, acontece em São Francisco, o projeto ficou pelo meio do caminho, esvaiu-se o sonho do amanhã. O diretor e a Câmara Municipal não mais tratam do assunto. Uma pena, que se traduz numa comprometedora palavra: estagnação.
Enquanto isso,  uma pequena escola (pequena no aspecto físico e pela localização), no distrito do Acari, município de Pintópolis, uma região das mais esquecidas no cenário mineiro, como de resto grande parte das pequenas cidades do Norte e Noroeste de Minas anuncia que hasteou a bandeira e colocou em marcha o Parlamento Jovem. Não ficou na promessa, no sonho; não criou uma expectativa junto à comunidade. Os jovens da EE Primavera, orientados pelo professor de História Renan, lançaram um ambicioso projeto: a revitalização do quase extinto rio Acari, um dos maiores patrimônios da região, sob todos aspectos. Estabeleceram as diretrizes do projeto e foram à luta. Reuniram-se com lideranças políticas de Pintópolis e Chapada Gaúcha, e produtores rurais da bacia do Acari, e lançaram as primeiras diretrizes para dar vida ao projeto. Foram a campo, visitaram comunidades, conversaram com produtores rurais, conheceram a realidade hídrica da bacia, constatando uma triste realidade, mais de 90% dos tributários do Acari estão extintos ou em vias de extinção. Depararam com situações críticas de ataque ao meio ambiente – queimadas, desmatamento, práticas agropecuárias inadequadas e por aí afora. Em resumo: já têm um esboço da radiografia ambiental da bacia.
Por último convidaram o CBHSF9 e o Codema de São Francisco para se inteirarem do projeto e assessorá-los na sua execução.
O enganjamento tão responsável dessa meninada, o seu olhar para o futuro de sua comunidade e de sua gente, é um raio de esperança que leva a acreditar que é possível dar novo rumo ao País. O futuro a eles pertence. São poucos, um quase nada no universo de problemas ambientais, sociais e outros (sobretudo de moralidade pública) que atormentam a nação, mas é um grande exemplo de cidadania, que parte de baixo, onde os problemas são sentidos e refletem com toda agudeza.
O Brasil tem jeito, se os políticos e empresários corruptos não atrapalharem.
Foto: Alda Maria

TRAGÉDIA TRIPLA

Três fotos que gostaríamos de não reproduzir no portalVEREDAS.
Foto: Alda Maria
A primeira mostra as ilhas de aguapé forrando as águas do rio São Francisco. Mas isso não é tudo. O pior é que a água do rio está totalmente verde, anúncio da chegada da cianobactéria. O nosso São Francisco é um rio que morre e o governo não abre os olhos. Sua atenção está voltada, sem dúvida, para questões ligadas à política própria e não as do interesse público.
Foto: PortalVEREDAS
A outra mostra a gradual morte do rio Acari, o mesmo que os jovens da EE Primavera do distrito de Acari, município de Pintópolis, estão lutando para recuperar.
De cadeira, governos acompanham a morte de nossos rios e nada fazem. Não, isso é injustiça: mandam canos e caixa d´água.
A última mostra o que restou do Vieira que pode servir como alerta pelo que pode acontecer com o Acari e, mais tarde, com o São Francisco. Dúvida?
Foto: Alda Maria

CAIO MARTINS, RETRATO DE UM BRASIL DE HOJE

                                                                                                           XIII - Parte

ESCOLA DE BURITIZEIRO

Depois de implantada a escola Caio Martins no município de Esmeraldas, Manoel Almeida voltou os olhos para o sofrido vale do São Francisco que ele, como barranqueiro, tão bem conhecia suas necessidades principalmente no campo social e, neste enfoco, a educação.
Em 1952 a Caio Martins chegava à cidade de Pirapora instalando-se em terreno localizado à margem do rio São Francisco, bem próximo da corredeira, que muitos chamavam de cachoeira de Pirapora, numa antiga vila de pescadores – Buritizeiro. Mais uma emocionante página na história das escolas Caio Martins, que nasceram predestinadas a servir à Pátria. Assim foi em todas as ocasiões em que foram chamadas pelos governos para socorrê-los em situações embaraçosas, livrando-os de problemas políticos complicados, com reflexos na mídia. Com Buritizeiro não foi diferente. Em tempos mais distantes lá funcionava, em um belo prédio, com dois pavimentos cuja estrutura despertava atenção à distância, lá do outro lado do rio, em Pirapora, por sua imponência, uma escola de Aprendiz de Marinha. Desativado o curso da Marinha, passou ao governo do estado que ali instalou um curso de agricultura, que também foi desativado, por falta de recursos e outras condições, no governo de Milton Campos. A crítica pelo fechamento de uma escola foi grande, principalmente no meio político e na imprensa. O governador, então, valeu-se de Manoel Almeida e sua experiência na escola Caio Martins de Esmeraldas, que ainda engatinhava. Manoel Almeida não fugiu ao chamado, como bom patriota e, viu uma oportunidade de estender os ideais caiomartinianos a outras plagas. Assim, escolheu oito jovens entre os 18 do Paiol (primeiros alunos de Esmeraldas) e, compôs a Bandeira de Pirapora, e lá foram eles para mais uma grande aventura. Cada um dos jovens levava uma profissão e foi o que lhes valeu para reformar o velho casarão, que lhes serviria de lar e para implantar as primeiras oficinas e prestar os primeiros socorros no campo da saúde para moradores da vila. Começava a Escola Caio Martins a “caminhar com as próprias pernas”, lembrando seu patrono.
Em pouco tempo a escola ganhou vida, as oficinas começaram a funcionar e logo vieram as atividades sociais e artísticas envolvendo moradores da vila. Pescadores iam à escola para ver seus filhos cantando em festas da escola. Repetia-se a “síntese social”, urdida por Manoel Almeida em Esmeraldas – escolas e comunidade, um só corpo, um só caminho.
Para estender suas atividades ao campo, sobretudo para preparar seus jovens nas atividades agropecuárias, o governo adquiriu quatro fazendas – Varginha, Santa Edwiges, Coatis e São Félix e, nelas, casais abnegados se instalaram como chefes de lares recebendo as primeiras levas de alunos. Dessas fazendas saiam madeira para alimentar a grande serraria e marcenaria da Escola, uma das maiores da região naquele tempo. E mais: cereais e frutas para alimentação dos alunos.
Realizava-se na emergente escola, o que pregava Manoel Almeida, como um dos pressupostos da obra:  implantar programas “adequados às necessidades de nossas crianças e do meio que atuam”.
No próximo capítulo vou registrar como participei, num certo período, da vida do Buritizeiro e lembrar dos grandes amigos que ali encontrei.
 João Naves de Melo

sábado, 21 de outubro de 2017

PROTEÇÃO DA BARRAGEM DA JIBOIA

A patrulha Mecanizada do Meio Ambiente realizou uma importante obra ambiental na área da represa da Jiboia, vila Santana de São Francisco – construção de terraceamento e de um barragem para captação de água da chuva.
Com o terraceamento ocorrerá a proteção da represa impedindo o processo de assoreamento que vem sendo observado e que é muito grave. A barragem, por sua vez, captando as águas carreadas pelo terraceamento servirá para a incrementação de projetos agrícolas – olerícolas, pomares e plantio de feijão.
As obras foram realizadas na propriedade de João Laércio que, com sua iniciativa, contribui com a proteção e conservação da importante barragem para a vila e região.




GERCINA BOTELHO DE MENDONÇA

17.12.34 – 12.10.17

 Gercina Botelho Mendonça, uma dama além do seu tempo, um exemplo de comprometimento social e de sentimento humanitário, nos deixou, encantando-se. Não tomemos seu passamento como uma grande perda ou que nos tenha deixando um imenso vazio. A morte não significa um fim para quem semeou o bem, amor, a solidariedade, pois os frutos de sua ação serão perenes, nunca passam.
Gercina foi uma dessas criaturas, das que semearam o bem. Sua vida foi pródiga em ações e mais ainda no cultivo de grandes amizades, apresentou-se para ser querida.
Filha do casal José Botelho (Zezé Botelho) e  dona Emília; ele fazendeiro que fez história  no ramo da agropecuária, transformando a fazenda Pajeú em um ponto de referência no município, tendo sido reconhecido como lembrança com seu nome dado ao Parque Municipal de Exposições. Irmã de João Botelho Neto, uma figura admirada, respeitada e muita querida no município por seus relevantes serviços prestados à nossa cultura e ao meio ambiente – foi fundador da Ong Preservar que tantos benefícios tem proporcionado aos estudantes e pesquisadores. Irmã de Anésio Botelho, Adilson Botelho pai do sindicalista Zezito, figura importante e de destaque no Sindicato dos Produtores Rurais. Mais três irmãos que têm o respeito e admiração dos são-franciscanos: Júlia, José David e Adenilson. Teve ainda como irmã a saudosa Ernestina. Por si e com a contribuição de sua família, Botelho, tem gravado seu nome em nossa história.
Mas foi além. No dia 5 de maio de 1956 ela casou-se com a Aristomil Gonçalves Mendonça – uniu a família Botelho à família Gonçalves Mendonça tão bem conceituada e importante em São Francisco – no campo da política (dois prefeitos municipais: o sogro Francisco e o marido Aristomil, no ramo do comércio e serviço público). Como inseparável companheira de Aristomil (Tomi) ela fez sua própria marca no período em que ele ocupou o paço municipal. Primeira dama ativa, visionária,desprendida e cativante. Foi responsável pelas movimentadas e elegantes festas organizadas no transcurso do aniversário da cidade para homenagear o “São-franciscano ausente”, um reconhecimento às figuras que contribuíram com o desenvolvimento do município, que cativaram e foram cativadas pela população (tão lamentável que os prefeitos subsequentes a Tomi não tenham apoiado a realização de tão significativo e importante evento). No mesmo período (aniversário da cidade), Gercina incentivou a realização da bonita procissão de Nossa Senhora dos Navegantes – um belíssimo espetáculo de fé e um quadro com imagem pictórica, com uma multidão de fiéis espremida na balautrada do cais acompanhando o cortejo carregando a imagem da santa no rio São Francisco – um batelão enfeitado com o acompanhamento de canoeiros (pena, também, que depois do período Gercina – Tomi tão belo evento tenha sido colocado de lado e a bela imagem de N. Senhora  dos Navegantes, colocada em um nicho do lado de fora da matriz)
Muito religiosa e devota de Nossa Senhora, ela idealizou e construiu uma gruta no paredão de pedras (cais), abaixo do cruzeirinho, e lá entronizou Nossa Senhora de Lourdes e Santa Bernadete. Todas as tardes fiéis acorriam ao local para orar, o que durou até a construção do paredão, quando a gruta foi demolida.
Outra iniciativa do casal foi a realização de desfile alegóricos das escolas da cidade por ocasião do aniversário da cidade. A sociedade vibrava com os desfiles, tomava conta da avenida para acompanhar o brilho e o entusiasmo dos alunos, e a beleza dos carros temáticos.Belos tempos. Hoje, nem sonho
Formada em curso técnico de Economia Doméstica ela teve um papel relevante na Sociedade Beneficente Feminina, especialmente na distribuição de conjuntos bordados para recém-nascidos (cobertor, manta, roupinhas, fraldas) e roupas para crianças, que as próprias sócias costuravam. Um detalhe importante: para as mães receberem o enxoval tinham que fazer o pré-natal no hospital e apresentar comprovante.
À frente da SBF ela construiu o prédio onde funcionou a creche, algumas salas do Jacinto Magalhães e hoje funciona o CAPS. O objetivo inicial era abrigar tuberculosos, que existiam em grande número do meio rural. No entanto nunca foi possível concretizar esse objetivo.
Adquiriu prédio da rua Silva Jardim para funcionar a sede da Sociedade Beneficente Feminina, onde organizavam o Natal dos mais necessitados. Lá também funcionava uma pequena farmácia para a doação de medicamentos.
Gercina, por sua conta, confeccionava mortalhas completas para doar para à população em geral, os parentes chegavam a qualquer hora do dia ou da noite e recebiam o pacote com a roupa e o cordão cuidadosamente dobrados.
Gercina também teve um papel marcante na paróquia de São José, foi uma das fundadoras da Legião de Maria e sempre se fez presente em todos eventos religiosos e participando das ações que dizia respeito à matriz. Gercina teve participação decisiva quanto à iniciativa do vigário da paróquia de isolar o átrio da igreja cercando-o com uma parede para impedir encontros amorosos no espaço. Gercina e algumas amigas foram contra a ideia e sugeriram (e construíram) a grade que, até hoje, cerca o átrio.
Gercina, assim que Tomi fundou uma loja maçônica em São Francisco, assumiu a presidência da Fraternidade Feminina, uma associação formada pelas esposas dos maçons, dedicada a beneficência e, nessa função, ela foi ímpar.
Mesmo depois de deixar a presidência da entidade, ela foi presença constante em todas as iniciativa e eventos promovidos por ela e muito especial nos eventos sociais, quando era comum brindar a todos os presentes com a declamação de belos e emocionantes poemas – era seu forte. O estandarte da Loja foi bordado por ela.
Ainda no período do Tomi como prefeito, Gercina participou da iniciativa, junto com o Lions Clube, de assumir a assistência dos idosos, o que era feito em rudimentar casinha. A primeira providência foi reformar e reorganizar a casa.
O casal pensando na extensão do lar, ampliando sua capacidade de assistência aos idosos, doou um terreno com 5 mil metros quadrados, no bairro São Lucas, para construção de um novo lar para abrigar os idosos.
Recentemente, preocupado com o conforto dos idosos, o casal doou uma cobertura para o salão social/capela, onde são realizados os momentos de oração (santo terço) aos domingos, com os Cenáculos e Legionários de Maria, celebrada a santa missa uma vez por mês e realizados os eventos festivos.
Do momento primeiro, até seu encantamento, a presença de Gercina no lar foi constante – sempre aguardada e festejada.
A FAMÍLIA DE GERCINA E TOMI
Filhos: Adalgisa Botelho de Mendonça, Maria Emília de Mendonça Pinto (casada com Antônio Ricardo),
Alexandre Botelho de Mendonça (casado com Kárin Liliane Emerich), Marta Botelho de Mendonça (casada com Pedro Américo).
NETOS: Maria Emília (Sabrina, Gabriela e Luana); Alexandre ( Hannah Klara, Alexandre Emmerich), Marta (Ana Laura, Pedro  Henrique e Gabriel).
BISNETOS: Sabrina (Eduardo e Carolina).    Luana(Alice e João Ricardo)
Nas páginas da história de São Francisco e em nossos corações estará gravada, de forma indelével, a grande dama Gercina Botelho Mendonça.

CAIO MARTINS, RETRATO DE UM BRASIL DE HOJE

                                                                                                           XII - Parte  

CARINHANHA
Núcleo Colonial do Vale do Carinhanha, fundado em 1953, ganhou novo nome em 1996 – Juvenília, a cidade dos jovens, batizada por Antônio Montalvão, um visionário, espírito empreendedor, fundador da bela cidade de Montalvânia cujas ruas ele batizou com nomes de filósofos. Eu tive uma pequena participação na história do Núcleo trabalhando, dois meses depois de sua fundação, como jovem estagiário, com 14 anos e no primeiro ano do Curso Normal Regional – de cedo a Caio Martins trabalhava na formação de cidadãos, homens para a lida. A minha função (eu e Raimundinho não tinha nada a ver com o currículo (teoria) do nosso curso, mas claro, levado ao trabalho tinha na formação do caráter – fomos destacados para trabalhar na olaria,  batendo tijolos. Orgulho-me disso, pois foram os primeiros tijolos que foram empregados no
levantamento das casas do núcleo.
O NCVU, nos primeiros anos, teve como diretor Antônio Ortiga, carinhosamente chamado de Tio Ortiga (era  pai de dr. Heráclito e dr. João Ortiga, figuras de destaque no cenário são-franciscano), sargento
Edson do Vale, Raimundo Melo, sargento (no período da Polícia Militar). O ensino no Núcleo ganhou muitos reforços de professores formados em Esmeraldas, entre eles, Walter de Oliveira, que marcou época.

Eu, Raimundo e Holms batendo tijolos
Voltei ao Núcleo, muitos anos depois do estágio, como diretor de Centros e Núcleos e de Setor de Produção da Fucam, funções que me levavam a visitar todos os núcleos da Fundação, de dois em dois meses. Nesse retorno encontrei como diretor Geraldo Ribeiro, o Nenen, filho de Geraldo Ribeiro (Barraco) ex-chefe de lar na Escola de Esmeraldas. Ele formava um formidável casal com Iolanda (Landinha), cuja família morava na outra margem do rio Carinhanha,  Bahia. As visitas àquele núcleo eram especiais e por vários motivos. Primeiro pela atenção e carinho do casal e, depois, pelo trabalho dinâmico e altamente proveitoso do Geraldo, que transformava aquela unidade em um centro fervilhante e em franco desenvolvimento. Iolanda era imbatível na cozinha, tinha prazer de tratar bem seus comensais – inigualável a sua macarronada.  Eu aproveitava a oportunidade de suas refeições para registrar o que produzia o Núcleo para municiar a sua cozinha e a do lar dos alunos – era o que produzia o Núcleo. Em uma das minhas visitas anotei que o arroz, o feijão, a abóbora, a verdura, a mandioca, a farinha, o tempero, tudo fruto dos alunos do Núcleo, da fazenda Cantinho e da horta nas margens do rio Cochá, afluente do rio Carinhanha.


Barracas: nossa pousada no núcleo
A fazenda Cantinho é muito especial, localizada numa faixa de terra que lembra uma península, pois é cercada pelo rio Carinhanha em três lados, ficando apenas um lado de escape. Terra fertilíssima, pois é, anualmente, banhada pelas águas do rio que deixam nela o rico húmus. Ali, naquela época, a produção de arroz era fantástica, no período da chuva e, igualmente de feijão, na seca. Na fazenda foi construído um lar, que abrigava um número de alunos, que ali estudavam e trabalhavam no campo.   Acesso à fazenda por terra, à época, era muito difícil, pois a estrada, com muitos bancos de areia, era quase intransponível por veículos automotores. Mais comum era o uso do carro de bois. Indo de carro, embora não fosse muito longe da sede, a viagem tomava horas, na maior parte empurrando e desatolando os carros presos na areia. O melhor acesso era feito pelo rio, de barco. A viagem não era muito demorada (descendo), mas compensava pela beleza da paisagem nas barrancas dos dois lados – Minas e Bahia, e os intermináveis meandros do rio que deslizava rumo ao São Francisco, coleando como imensa cobra.
Ali, na região lindeira de Minas com a Bahia, o último vestígio de civilização do Norte de Minas, alteavam-se as vozes juvenis com toda alegria. Aquela região esquecida, antes coberta de densas matas, passou a ser um ponto de apoio para moradores da região que, antes não tinham como proporcionar o estudo para os filhos, como recorrer em caso de doença e, sobretudo, para um contato com o mundo.
As fotos abaixo mostram a Juvenília atual, a realização da profecia de Waldemar Malburgues de Oliveira, diretor da revista Minas Magazine em discurso no jantgar de despedida da Bandeira do Carinhanha: “Vós, os moços, podereis suportar tamanhas provações? Se resistirdes a tudo e, amanhã, transformarde aquelas quase selvas num aglomerado humano e, que sabe, mesmo numa cidade diferente…”






 João Naves de Melo

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

CAIO MARTINS, RETRATO DE UM BRASIL DE HOJE

                                                                                                           XI - Parte  

As escolas Caio Martins, transformadas em Fundação, passaram por uma profunda mudança sem perder, contudo, sua filosofia, sua essência educacional e pragmatismo fundamentado no pensamento de Manoel Almeida em seu comprometimento com a cidadania e formação de homens cônscios de seus deveres para com a Pátria. Uma grande inovação veio com o "livro verde" (o programa), uma nova sistemática no projeto educacional que tinha, no Centro Integrado de Educação de Esmeraldas, o seu principal pilar. Foi uma revolução, sem dúvida. Um projeto educacional que englobava todos os segmentos do CI – alunos (da infância à juventude), professores, funcionários, médicos e segmentos da população vizinha – era uma só comunidade voltada para um projeto de formação dos alunos.
Eu  terei oportunidade para falar sobre o trabalho realizado no Centro Integrado de Esmeraldas que, em sentido estrito, poder-se-ia ser considerada uma universidade que abrigava alunos da grande BH, de vários municípios do Norte e Noroeste de Minas, uma diversidade social que influenciava no trabalho cotidiano até mesmo orientando a metodologia empregada.
Em primeiro plano, deixo o CI para avançar noutra direção, a rede intrínseca de planejamentos, trabalho, e operação que possibilitava a ação comum de todas as unidades da FUCAM. Da diretoria executiva e do CI emanavam as diretrizes que serviam como liames entre todas as unidades, eram todas, como um só corpo. Não apenas de trabalho operacional, mas também de propostas educacionais e de idealismo. Eram um universo.
Lembro de passagens interessantes, neste contexto, proporcionada por um importante setor criado no novo organograma: a diretoria de Centros e Núcleos e o Setor de Produção. Foi quando aconteceu uma mudança em minha vida. O coronel Almeida alçou-me do Centro de Treinamento de São Francisco para assumir os cargos de diretor do Centros e Núcleos e Setor de Produção da FUCAM. Uma grande responsabilidade, sobretudo pela recomendação do então presidente da entidade, desembargador Antônio Braga: “você será os meus olhos nas distantes unidades da Fucam”. Assim, em cada visita que eu fazia, mensalmente, em cada unidade, eu procurava trabalhar com cada diretor, servidor, funcionários e alunos, procurando fazer presente a entidade com toda sua expressão. Depois, eu levava ao presidente, um relatório circunstanciado do que era realizado em cada unidade. O que eu via sempre me enchia de prazer, de alegria e me leva à certeza que a Fucam estava no caminho certo na formação de cidadão “cônscios de seus deveres para com a pátria” como preconizava Manoel Almeida.
Era admirável como os diretores das unidades se dedicavam ao seu trabalho, a identificação  com os ideais da Fucam e o amor que dispensavam aos alunos, como trabalhavam para responder às necessidades de cada localidade.
Buritizeiro, Conceição (Urucuia), São Francisco, Januária, Juvenília (Carinhanha) – cada unidade com sua característica e sua história, todas, no entanto, tão importantes e transformadoras do meio, conforme sua atuação. No resumo, a pujança das Escolas Caio Martins (Fucam) .

É o que veremos a seguir.













Texto: João Naves de Melo

HISTÓRIA EM FORMA DE CRÔNICA

                                                                                                        JNM   

DONA TEREZINHA – EXEMPLO DE MULHER

Carregando em uma mão uma sacola com litros e pacotinhos de baru torrado e limões; na outra, caldeirão com ovos caipiras, vem chegando dona Terezinha a São Francisco. São três viagens por mês, vinda de seu pequeno sítio na fazenda Cabeceira da Vargem, município de Icaraí de Minas. Viaja de taxi, pagando R$ 28 por corrida – e sendo de taxi pode, ainda, trazer galinhas caipiras para engrossar a venda. Na volta vai de taxi até o entrocamento de Tião Rocha e de lá, para frente segue de carona (mas paga, às vezes).
A galinha, ovos e limão são produção do pequeno sítio, no que conta com a ajuda do marido Claudemiro Alves Pereira e um filho. O barú dá mais trabalho – tem que colher na região ou comprar de terceiros. Quando a colheita é boa ela consegue até 5 sacos ( 25kg cada). Neste ano a produção está muito baixa, efeito da seca. Pior, segundo dona Terezinha, é a qualidade do fruto cuja castanha é menor e não solta com facilidade.
O processo para apurar a castanha é trabalhoso, sem instrumento próprio, tem que cortar o fruto com facão para apurar a castanha, que nem sempre sai inteira. Só a castanha inteira é torrada e embalada em garrafas pet que vende na cidade ao preço de R$ 50 reais cada. As castanhas partidas, ela torra e transforma em farinha que é vendida em pacotinhos de R$ 5 e R$ 10.
Teresinha Rosa Pereira nasceu no dia 28 de agosto de 1954 na fazenda Cumbucas, município de São Francisco. Frequentou a escola até o 3º ano do antigo ensino primário e disse que na roça a escola parava por aí. Casou-se, teve dez filhos e sempre se dedicou ao trabalho duro da roça.  Aos sessenta e três anos, dona Terezinha já poderia sossegar, não se entregar a tão fatigante trabalho. Para ela não é assim. Ela diz que não tem temperamento para ficar sem trabalhar e que, enquanto tiver forças, vai permanecer na ativa, trazendo baru, limões, ovos e galinhas para vender na cidade.
Impressionante é ver como dona Terezinha visita seus clientes. Está sempre alegre, sorriso aberto, uma boa prosa, muito despachada e, com seu jeito cativante, sempre vende todos seus produtos e ainda atendendo encomendas.
Vendo uma mulher como dona Terezinha, que não pede, nem reclama, não se faz de coitada e não espera pelas benesses do governo, é de se imaginar que o Brasil seria outro com mulheres e homens como ela, que não ficassem na dependência dos “favores” de governos com seus programas demagogos, sempre oferecendo para colher muito mais.

HISTÓRIA EM FORMA DE CRÔNICA

                                                                                                        JNM   

JOAQUINA DE POMPEU - II

Casarão velho de Joaquina do Pompeu

A descendência de d. Joaquina do Pompeu é fantástica, um rol com nomes de ilustres brasileiros. Eis o que encontrei pesquisando:  Benedito Valadares (governador de Minas Gerais) Afonso Arinos de Mello Franco (ministro, embaixador e político), Gustavo Capanema (ministro e governador de Minas) José Magalhães Pinto (governador de Minas Gerais) Francisco Campos (ministro e jurista), Dom Carlos Carmelo Vasconcellos Mota (Cardeal arcebispo de São Paulo e Aparecida.
Joaquina do Pompeu foi grande até no nome de batismo: Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco Souto Maior de Oliveira Campos. Ela nasceu em Mariana no ano da graça do Senhor de 1752, falecida em sua fazenda no Pompeu Velho em 1824.
Passando pela história de Joaquina de Pompeu vamos ver que o  tráfico de influências e o poder do dinheiro  já grassavam nos tempos primeiros do Brasil. Era tão grande a influência de d. Joaquina que ela obteve do rei carta branca e isso lhe dava total liberdade de ação, sendo imune a censura, processo e penas. Daí ela se transformou em Rainha do Sertão, a Sinhá Braba.  De caráter autoritário era polícia e justiça em seu território. Prendia, julgava, castigava ou perdoava os criminosos que caiam em suas mãos. Dona Joaquina tinha grande influência junto à família real, chegando a trocar presentes caríssimos com o  Dom João VI e com o imperador Dom Pedro I.
A fama de Joaquina de Pompeu se estendeu às lonjuras urucuianas, talvez passando por Paracatu, onde alcançavam suas terras e por aquelas trilhas muitos pompeanos foram explorar terras nos vales do Urucuia e Conceição. Daí fácil foi confundir Joaquina do Urucuia com a poderosa Joaquina de Pompeu, porque contemporâneas.
CURIOSIDADES HISTÓRICAS
Segundo Agripa Vasconcelos Pompéu foi o primeiro núcleo organizado da civilização agrária das Gerais” de onde partiam tropas carregando gêneros alimentícios para diversas localidades de Minas. Principalmente em Vila Rica d’Ouro Preto, onde mandava boiada para vender carne barata durante a fome que atingiu a Capital da Capitania em 1786.
O Portal Minas registra: “O fato que, sem dúvida, marcou a vida de Dona Joaquina foi a Transferência da corte portuguesa para o Brasil. Na ocasião da chegada da família real, o Rio de Janeiro encontrava-se despreparado para receber mais de 15.000 pessoas vindas de Portugal. Em 20 dias esgotaram-se todas as reservas alimentícias. O Vice Rei então pediu auxílio ao Governador de Minas que, sem dinheiro e receoso de que os mineiros desconfiados não mandassem mercadoria a crédito, se lembrou de Dona Joaquina. A fazendeira atendeu o pedido, mandando carne, farinha, rapadura, milho e feijão. Assim D. Joaquina obteve fama. Durante anos a fazendeira sustentou a nova capital do Reino do Brasil. Qualquer pedido que ela fizesse ao Regente era atendida imediatamente.”
De acordo com Agripa Vasconcelos, tamanha era a sua influência que ela obteve do rei Carta Branca. O que dava a ela total liberdade de ação, sendo imune a censura, processo e penas.
Quando morreu deixou em seu testamento 11 fazendas, 40 mil cabeças de gado e centenas de escravos, além de baixelas de prata, bandejas e barras de ouro, entre outros tesouros. Além de uma imensa área territorial descrita por Vasconcelos como sendo maior do que a Bélgica, Suíça e Holanda, Dinamarca e El Salvador.

HISTÓRIA EM FORMA DE CRÔNICA

                                                                                                        JNM   

JOAQUINA DE POMPEU

Joaquina de Pompeu, assim era conhecida a Joaquina do Urucuia, Joaquina do major Rafael, confusão que só foi esclarecida através de um artigo escrito pelo caro amigo folclorista Saul Martins. Segundo ele anotou,  Joaquina do Pompeu era outra. Como fiquei entre as duas Joaquinas, procurei maiores informações sobre a Joaquina de Pompeu, tomando conhecimento  da existência de uma figura legendária – e pouco conhecida, uma mulher fantástica, poderosa, muito rica e a mais famosa matriarca de Minas Gerais. Era dona de um verdadeiro império. Suas propriedades chegavam a um milhão de alqueires – bem mais do que os 12 a 15 mil alqueires de Joaquina do Urucuia que era considerada muito rica e poderosa. Em um levantamento atualizado, as suas terras compreendem, atualmente, os municípios de Pompeu, Pitangui, Abaeté, Dores do Indaiá, Paracatu, Pequi, Papagaios, Maravilhas e Martinho Campos.  Gado ela tinha milhares de cabeças; escravos, mais de mil.     Outro registro histórico interessante: ela desempenhou papel importante de suporte à família real, quando Dom João VI veio para o Brasil e contou com sua ajuda para alimentar a corte. Noutra ocasião, ela ajudou Dom Pedro I, na época da Independência, fornecendo alimentos para suas tropas e, ainda, escravos e animais para as fileiras do futuro imperador.

Agripa Vasconcelos (Sinhá Brava – D. Joaquina do Pompéu) escreveu sobre a origem dessa poderosa matriarca: filha do advogado português Jorge de Abreu Castelo Branco e dona Jacinta Teresa da Silva. Casou-se com o capitão-mor Inácio de Oliveira Campos. Estabeleceu-se em Pompéu que se transformou no primeiro núcleo organizado da civilização agrária de Minas Gerais de onde partiam tropas carregando gêneros alimentícios para diversas localidades de Minas, principalmente em Vila Rica d´Ouro Preto, onde mandava boiada para vender carne barata durante a fome que atingiu a Capital da Capitania em 1786.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

516 ANOS DO RIO SÃO FRANCISCO

A Ong Preservar promoveu um evento, na quarta-feira 4,  para comemorar o 516º aniversário do Rio São Francisco com uma variada programação.
Às 17h o público já se concentrava na Praça dos Pescadores, bairro do Quebra. Chegaram, ao mesmo tempo, os corredores para a disputa da mini maratona divididos em três categorias: masculino, feminino e veterano.
No palanque armado no começo da Orla, com Guilherme Pereira Barbosa, conduzindo a cerimônia, foi aberta a programação que constou do seguinte: palavra do presidente da ONG Preservar, Roberto Mendes; mensagens enviadas  pelo deputado Arlen Santiago, Loja Maçônica Acácia Sanfranciscana e Codema, todas abordando o tema: salvar o Rio São Francisco. Poema magistralmente declamado por Damaris; participação de José Luiz contando “causos”, entre eles a adaptação que fez sobre a saga de Antônio Dó. A parte musical esteve a cargo da dupla Guilherme e João Herbber apresentando canções regionais e ligadas ao rio São Francisco; e Kaká Espósito e seu teclado.
O vereador Professor Rubens colaborou com o evento – primeiro buscando contribuição de seus pares na Câmara Municipal para aquisição de camisetas para os atletas e, depois, coordenando a mini maratona e o passeio de bicicletas.
A mini maratona teve um percurso de 5 km, passando pela orla e centro da cidade. Foi muito bem organizada e os atletas demonstraram esportivo e muita alegria em participar o evento. O passeio ciclístico teve o mesmo roteiro e a mesma alegria.
A Polícia Militar colaborou  com o evento com um veículo batedor acompanhando os atletas. Também colaborou, puxando dos ciclistas, o Amauri com o Galo Móvel.
Participação especial: Prefeitura Municipal de Icaraí de Minas com a presença do coordenador de Meio Ambiente daquele município, Valdercir, que trouxe uma faixa alusiva ao evento e uma considerável quantidade de sementes arbóreas para  produção de mudas destinadas  ao replantio de nascentes e áreas degradadas.

MENSAGENS

Deputado Estadual Arlen Santiago
 Parabéns, Rio São Francisco!
É com grande satisfação que parabenizo um dos principais rios da América do Sul e do Brasil. O Rio São Francisco é um patrimônio cultural e natural do nosso país que necessita de cuidados especiais. A revitalização e a preservação desta riqueza brasileira precisa da conscientização de autoridades, empresários e sociedade em geral. O Velho Chico é protagonista no país e merece ser homenageado todos os dias!
Nesta data especial, meus sinceros cumprimentos a todos que possuem história com este rio!
 LOJA MAÇÔNICA ACÁCIA SANFRANCISCANA
A Loja Maçônica Acácia Sanfranciscana traz seus cumprimentos à ONG Preservar e a todos os participantes do evento em comemoração aos 516 anos de descobrimento do nosso rio São Francisco.
É, sem dúvida, uma iniciativa que demonstra o amor que os são-franciscanos têm por seu maior bem que é o rio São Francisco, a razão da nossa existência.
É também uma iniciativa que busca marcar nossa preocupação com o estado tão lamentável em que o rio se encontra, grande parte pela nefasta ação do homem. Assim, é uma oportunidade para que se dê um grito de alerta, chamando a atenção dos governantes e do povo em geral: ou cuidamos do nosso rio ou, em pouco tempo, poderemos estar amargando sérias consequências.
Lembramos que estudos locais mostram que a situação hídrica do município é crítica, assustadora. Centenas de veredas estão secas, mananciais importantes estão à morte e quase nada tem sido feito pelos governos federal e estadual para evitar um desastre maior.
Não estamos sendo pessimistas e nenhuma Cassandra. O que falamos é a realidade. Basta ver a situação da cidade de Montes Claros, com severo racionamento de água, para ter uma ideia do que pode nos acontecer no futuro se nada fizermos para salvar e proteger o nosso maior patrimônio, o rio São Francisco.
Hipotecamos total apoio a todas as iniciativas que venham em defesa do nosso rio.
Salve o Rio São Francisco.
CODEMA DE SÃO FRANCISCO
A visão que temos do nosso rio São Francisco é aterrorizadora. Fina lâmina d´água cobrem bancos de areia que vão crescendo e crescendo de forma a dominar quase todo seu leito.
Dizem alguns que tal estado é ciclo, mas não é. Basta estender os olhos ao cerrado e verá o desastre ambiental – a morte de veredas, córregos e o fim de importantes rios como Acari e Pardo. É um sinal nunca visto antes.
Nos primórdios não era assim. Viajando no tempo vamos encontrar o relato de pesquisadores que singraram suas águas no século XIX – o botânico Richard Burton e o engenheiro Teodoro Sampaio, descrevendo o mundo quase selvagem, maravilhoso e com uma fantástica quantidade e variedades de peixes, e uma nação pujante que nascia cheia de promessas.
Mais recentemente, no século vinte, encontramos os escritos de Geraldo Rocha que tão bem definiu o rio como “São Francisco – fator precípuo da existência do Brasil”. Sim, o rio da unidade nacional. Não fosse o São Francisco o Brasil não seria este gigantesco e quase continental país, poderia estar esfacelado como as províncias espanholas na América do Sul, que se transformaram em vários países.
Um alerta, contudo, já vem sendo dado, mostrando os problemas que o São Francisco poderia enfrentar pela falta de ações dos governantes. Isso no começo do século XX, como escreveu Vicente Licínio Cardoso, anotando, com tristeza, que o rio São Francisco era um rio sem história.
Carlos Lacerda, ainda jovem jornalista, fez uma excursão pelo vale do São Francisco, quando descreveu suas riquezas, mazelas e problemas, por sua vez, ferindo na mesma tecla – a ausência de políticas públicas – um rio e um povo esquecidos.
São registros importantes que, infelizmente, não sensibilizam os governantes, a não ser para se promoverem, como no caso da famigerada transposição. Ora, como pode levar água às distantes terras, ainda que necessário, se deixam o rio morrer dia a dia e condenam os ribeirinhos a uma vida de desespero – vendo o  minguar de suas águas, a todos os anos, serem tomadas pela cianobactéria. Vendo que os governantes não fizeram e nada fazem; quando o cerrado, pai das águas foi dizimado para produzir carvão alimentando usinas distantes, e, agora dar espaço para o plantio de eucalipto e pastagens. Veredas vão se extinguindo, uma a uma.
O problema do São Francisco é o grave problema do ribeirinho e do morador do cerrado – todos estão comprometidos e, se continuar o tal estado de devastação, em poucos anos estaremos diante de uma violenta catástrofe – desertificação do cerrado e esgotamento do São Francisco que já conta, atualmente, com pouca recarga de seus antigos tributários.
Se nada for feito para salvar o cerrado e sua gente, é factível de alguém diante da calha do rio, de um topo qualquer, venha dizer com saudade a um jovem: meu filho, esse imenso trilho de areia que suas vistas  hoje contemplam, outrora foi o majestoso rio, o mais importante do Brasil, o então falado rio da nacional.
Não há nisso exagero se lembrarmos que, tão recentemente, na década de 60, singravam em suas águas iluminados vapores, transportando viajantes e mercadorias; imensos  batelões e belas lanchas. E hoje, muito mal singram suas águas pequenos barcos ou rabetas.
Assim, como vemos nosso rio, sentimos uma profunda tristeza, cobrindo-nos de preocupação pensando nas gerações de um futuro próximo. O cenário é tétrico, desanimador, preocupante. Muito mais preocupante por três motivos: a seca que assola a região, onde se vê que são mínimas as ações que visam evitar o desastre. A Prefeitura Municipal, através da secretaria municipal de Meio Ambiente e Codema e de entidades não governamentais, como Grufinch e Preservar, têm feito sua parte, mas é muito pouco diante da gravidade do problema. Outro motivo: a ganância. A acelerada produção de carvão vegetal tendo como matéria prima o cerrado, provocou um formidável desequilíbrio ambiental na região, produzindo efeitos danosos na flora e fauna, tudo refletindo na produção de água. Empresários lucraram e, hoje, o povo do município paga a conta.
Outro motivo, muito grave, é o da desgovernança. O governo nada faz para salvar o rio. Pelo contrário, tudo faz para agravar a situação, agindo com liberalidade quanto ao desmatamento do cerrado e com a fragilidade de seus órgãos fiscalizadores.
É um conjunto perverso de motivos agindo contra o Rio São Francisco que, como ser descarnado, mostra seus ossos arrancando lágrimas de nossos olhos e causando profunda dor em nosso coração.

POEMA

O RIO SE VAI
A espuma borbulhante
Que brota do leito verde
É o sangue da água ferida
Sinal de morte do rio
O cheiro asqueroso da morte
Flui malévolo tomando a brisa
Que perfuma as ruas da cidade
Como a doçura da primavera da vida
E lá no ninho aconchegado
O homem do rio estremece
As entranhas se contraem repugnando
E o refluxo de fel enche-lhe a boca
Ardem os olhos querendo a lágrima
Da saudade do rio que já passou
São águas idas tão puras e frescas
Conto e reconto da vida barranqueira
Os viventes outros do secular caminho
Peregrinam exilados sem rumo
Deixam o ninho onde tinham a vida
Para desviverem na saudade que vem.
O grosso lodo avoluma e escorrega
Sem despertar alegrias, sonhos e fantasias
O rio passou antes e não voltou
Homens, o que fizeram com o sagrado rio?
João Naves de Melo – 15.12.2007

ATLETAS CAMPEÕES

FEMININO:
1° Lugar – Rosângela Xavier Vieira (Bairro Moradeiras – Januária)
2° Lugar  – Daiane Rodrigues de Souza (Bairro Quebra – São Francisco)
3° Lugar – Olga Reis de Miranda Meira (Bairro Boa Esperança – Januária)
MASCULINO:
1° Lugar – Alexsandro Oliveira de Souza (Fazenda Corredor – São Francisco)
2° Lugar – Juliano Gonçalves de Jesus – (Bairro Jussara – Januária)
3° Lugar – Vinícius Gonzaga Ferreira (Paraterra I – Pintópolis)
VETERANO:
1° Lugar – Lourenço Rodrigues Ferreira (Bairro Centro – São Francisco)
2° Lugar – Altamiro Ramos de Almeida (Bairro Luzia – São Francisco)
3° Lugar – Antônio Domingos (Bairro Santo Antônio – São Francisco)

APELO DA ONG PRESERVAR

Em sua fala, na abertura do evento comemorativo do aniversário do Rio São Francisco, presidente da ONG Preservar, Roberto Mendes, discorreu, primeiramente, sobre a situação do rio fazendo um alerta no sentido de que toda a população são-franciscana ficasse atenta com o que está acontecendo com o rio, que se mobilize, interesse e trabalhe em benefício de sua revitalização e proteção. Afirmou que não bastam as palavras, as preocupações, mas que fossem elas acompanhadas de atitudes.
O presidente fez um rápido histórico da Ong Preservar, como foi criada e quais eram seus objetivos – cultural, histórico e ambiental- com seu trabalho integralmente voltada para o crescimento de São Francisco e proteção de seus valores. Lamentou, contudo, que é imensa a messe, mas poucos os operários e, menos ainda, os recursos. Conclamou que mais pessoas aderissem ao trabalho da Ong que é para o bem do município.
Roberto enalteceu a participação dos atletas corredores e ciclistas, dizendo que sua atividade significava um busca sadia e preservação da saúde e um bem para a mente. Estavam todos de parabéns pelo que praticam e por sua participação de um evento que tem o um significado muito grande para toda a população ribeirinha.
Agradeceu, ainda o trabalho da equipe da Ong, universitários, artistas e públicos, acentuando que todos foram partes significativas no evento.