sábado, 10 de fevereiro de 2018

CAIO MARTINS, RETRATO DE UM BRASIL DE HOJE

XXVIII – parte
ADEUS VALDOMIRO
João Naves
A família caiomartiniana perdeu, nesta semana (dia 6), um querido membro: Valdomiro José de Oliveira, aos 71 anos. De diversas localidades de Minas e de outros estados chegaram mensagens para a família e amigos lamentando o encantamento de uma pessoa tão querida que, ao longo de sua vida, tanto serviu à comunidade e ao país.
Valdomiro nasceu na zona rural do município de São Francisco,no dia 13 de setembro de 1946, muito cedo, menino, ainda, entrou para o Centro de Treinamento para Jovens Líderes Rurais, onde se destacou como brilhante aluno, participando ativamente de atividades esportivas e artísticas, como é destacado a seguir:
NA ARTE

Valdomiro, ainda como aluno, tomou gosto pelo canto e dança e, assim, integrou-se ao coral da Escola (canto e dança), participando de vários eventos em São Francisco e noutras cidades como uma excursão de vários dias na comemoração do aniversário de Pirapora. Dançava com maestria o Carneiro e o Quatro e, no coral, se destacava como solista da bela canção (marca registrada do coral) Greenfields.
NO ESPORTE

PROFISSIONAL
Valdomiro iniciou sua profissão de tipógrafo na gráfica da Associação dos Amigos de São Francisco, que imprimia o “SF” – O Jornal de São Francisco. Quando a gráfica foi transferida para a Escola Caio Martins, mantendo as edições do jornal, Valdomiro foi elevado a chefe e, pouco depois, quando a gráfica abriu as portas para a Escola, transformou-se professor. Formou muitos jovens que, mais tarde, deixando a Escola, seguiram carreira na profissão: Caramuru (Binha) e seu irmão Kau – hoje trabalhando na Gráfica Santo Antônio como excelentes e responsáveis profissionais: Jarzinho Barbosa, trabalhou em Brasília de Minas e, depois, em São Paulo, e tantos outros.
EDUCADOR
Casando-se com a professora e também ex-aluna da Escola Caio Martins, Elane Sinhara, assumiu a chefia de um lar de moças internas da Escola, continuando como chefe da gráfica.
Por muito tempo, ainda, continuou participando do coral da Escola, fazendo parte do grupo que empreendeu uma inesquecível jornada a Belo Horizonte, a convite do coronel José Ortiga, então comandante geral da Polícia Militar, apresentando-se no gabinete do governador Israel Pinheiro, em canais de televisão, Rádio Inconfidência, consulado dos EEUU, entre outros locais.
COMUNIDADE
Valdomiro e Elane formaram um laço de amizade muito grande na comunidade são-franciscana, angariando um sem número de amigos. Na sua casa (já não era mais chefe de lar) eles recebiam os amigos para rodadas de muita música. Primeiro foi a turma do Pé no Chão (quantas saudades, tinha até camisa estilizada). Depois veio o “Pregão”, com o mesmo sentido: cerveja e muita música, estreitamento de laços afetivos. Fins de semana no Pregão eram como festas, tudo num clima de muita paz, muito familiar.
Um dia, baixaram-se as nuvens negras, e o casal viu-se na contingência de deixar a Escola. Ato incompreensível que cortou o cordão umbilical da escola com a comunidade… Deu no que deu!.
Felizmente, na cidade, Valdomiro manteve o Pregão. Não guardava o mesmo calor, o mesmo sentido familiar caiomartiniano, pois foi aberto à sociedade em geral. Contudo, não perdeu a essência da alegria e do congraçamento.
OS FILHOS
Do casamento com Elane, Valdomiro teve os filhos Jonas (doutor em Ciências Químicas, lotado no departamento de Química da Universidade Federal de Lavras) Synara (pedagoga, coordenadora pedagógica do Colégio Pentágono de São Francisco) e Jivago (empresário). Os netos: Gabriel, Rafael, Maria Eduarda, João Marcos, Maria Rita e Niniver. Um grande e bela família.
O ENCANTAMENTO
De repente, mais do que de repente, sem tempo sequer para despedidas, um papo final, um adeus, Valdomiro encantou-se. Foi rápido, tão rápido, menos de 24 horas ele já nos deixava. Foi um choque, pois amigos ele cultivou aos borbotões, e isso se viu no seu velório no Memorial Bom Pastor – centenas de amigos, num estreito e carinhoso abraço levado à família enlutada.
DESPEDIDA
Valdomiro, ou Valdó; Pequi ou Zé Pequi (apelido que nem ele mesmo sabia como foi adquirido, nem mesmo o professor Silvano, quando professor e depois diretor da Escola Caio Martins, que tinha por hábito colocar apelidos nos alunos novatos, soube explicar. tinha mais: Babiro e Tio Babiro – assim chamado por sobrinhos. E foi assim, de palavra em palavra, abraço a abraço, lágrima a lágrimas, que os amigos se despediram dele.
“Se quereis verdadeiramente conhecer o espírito da morte, abri o vosso coração até ao corpo da vida. Pois vida e morte são um só, tal como o são o rio e o mar” (Gibran)
A minha passagem pela vida só me trouxe alegria e prazer. Fui como o agricultor que ocupou a seara com amor no trato da terra: semeei e colhi. Um lar abençoado tive ao lado de uma amada esposa e queridos rebentos; amigos espalhei e recolhi tantos ao longo de minha jornada.
Se me fiz feliz, não morri, pois estarei sempre presente na minha grande seara, no coração de todos vocês meus entes queridos e amigos.
VALDÓ E OS POEMAS
VOCÊ
Elane Sinhara
Num mundo escondido
Encantado, enfeitado
em meio à beleza
Encontrei você.
Você que escondia
Toda ternura
Toda riqueza
Do meu viver.
O mundo sorriu,
Você sorriu,
Sorrimos felizes
O amor apareceu.
Hoje, de mãos dadas
Seguimos, sem nada
Ao mundo esconder
Tudo encantado
Tudo enfeitado
O mundo me trouxe Você.
10;10.73
PREGÃO
Por que passam tão ligeiros
Os momentos felizes?
Seria para gente aos poucos
Viver apenas de saudades?
Pregão, onde você ficou?
Saia das brumas do tempo
Venha onde você me deixou
E resgate o meu coração.
Se você não vier logo, Pregão,
Como ficarei no tempo perdido?
Será que a mim será destinado
Viver tão-somente de saudade?
Elane e Valdo,
Para recordarmos dos bons tempos do Pregão.
Como éramos tão felizes.
Éramos e sabíamos. Graças a Deus
João Naves

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