Na segunda-feira, 23, foi lançado o projeto de barragens subterrâneas, desenvolvido pelo Instituto de Ciências Agrárias da UFMG na comunidade de Buritizinho, distrito de Vila do Morro. Presentes no lançamento o ex-procurador-geral do Estado de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Conceir Damião Vieira, o presidente do Codema e Preservar, Geovane Renê Costa, o representante da Loja Maçônica Acácia Sanfranciscana, João Naves de Melo, Isac, extensionista da Emater, servidores da Secretaria Municipal de Agricultura e moradores da região.
O professor Flávio Pimenta, coordenador do projeto fez uma sucinta exposição sobre a origem, a importância e o processo da construção de uma barragem subterrânea. Informou sobre o sucesso da implantação do projeto em uma vereda no Peruaçu, Januária, destruída por um incêndio, que foi plenamente recuperada. Foi o projeto pioneiro, que demonstrou a sua eficácia na recuperação de veredas degradadas, que são muitas no Norte de Minas. Em vista do sucesso do empreendimento, o professor Flávio Pimenta propôs ao conselho de veneráveis do Norte de Minas entidade, que coordena a Maçonaria no Norte de Minas, uma articulação para expandir esta tecnologia para outras veredas degradadas e, daí, um projeto foi encaminhado ao MPMG, solicitando R$ 5 milhões para construção de 100 barragens subterrâneas através da Plataforma Semente. Inicialmente foram liberados R$ 1.080 milhão para construção de 22 barragens, com base em laudo elaborado pela UFMG, com a concordância do IEF e IGAM, e o apoio do dr. Jarbas Soares Júnior. A barragem do Buritizinho é a primeira a ser construída. O projeto se estende aos municípios de Januária e São Romão.
O professor Flávio Pimenta salienta a relevância deste projeto, pois recentemente foi mostrado o drama de várias veredas em processo avançado de degradação no Norte de Minas. Ele lembra que estas veredas foram destacadas na obra imortal de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, salientando que se não ocorrer uma rápida reação essas veredas correm o risco de extinção. É fato que o sinal já foi dado, basta fazer um passeio pelo distrito de Santa Izabel de Minas para constatar o processo de extinção de dezenas de formosas veredas, entre elas as da Prata e dos Caldeirões. Explicou o professor Flávio que a tecnologia de barragem subterrânea consiste em elevar o lençol freático das veredas regenerando-as. O mais interessante é o baixo custo desta tecnologia, que é em parceria com a Prefeitura Municipal e moderadores das áreas atendidas.
Com a chegadas de maiores precipitações pluviométricas, reabastecendo o lençol freático, o nível da barragem será monitorado com o que será comprovada a sua eficácia.
Ao tempo em que se comemora a implantação de tão valioso projeto, recuperando veredas e, consequentemente, muitos cursos d´água que alimentam o rio São Francisco, é preciso refletir sobre o papel do poder público e da sociedade no total descuido quanto aos recursos hídricos no município. Que esta retomada, vinda de fora, sirva de estímulo para que, num movimento comum, olhe-se com maior atenção para o meio ambiente no município.
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