Nota: Esta monografia será dividida em capítulos,
mais curtos, para uma melhor leitura.
Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro
EM BUSCA DAS ORIGENS - IV
Razões óbvias*,
como veremos em posteriores capítulos, levaram-me a dedicar mais espaço ao
desenvolvimento da pecuária na região do São Francisco. Além do trabalho no
engenho e outras finalidades, a criação de gado era, também, atrelada à
exportação de tabaco, como registrou André João Antonil, em 1711: “Para
que se faça justo conceito das boiadas que se tiram cada ano dos currais do
Brasil basta advertir que todos os
rolos de tabaco que se embarcam para a qualquer parte vão encourados e sendo
cada um de oito arrobas, e da Bahia a cada ano pelo menos vinte e cinco mil, e dos
das lagoas de Pernambuco dous mil
e quinhentos, bem se vê quantas reses são necessárias para encourar vinte e
sete mil e quinhentos rolos.” (Cultura e opulência do Brasil). E mais:
boiadas eram retiradas para as cidades,
vilas e recôncavos do Brasil, para o açougue, fábricas e fornecimento de leite.
Antonil, em
seu estudo destaca a pujança do setor, como valor econômico e sua influência na
expansão da Colônia: “A casa da Torre (da família de Antônio
Guedes de Brito) tem duzentas e sessenta léguas pelo rio São Francisco, acima à
mão direita, indo para o sul, e indo do dito rio para o norte chega a oitenta
léguas (...) do Morro do Chapéu (Bahia) até a nascença do Rio das Velhas, cento e sessenta léguas. E
nestas terras, parte os donos delas têm currais próprios, e parte são dos que
arrendam sítios delas (...) E, assim, como há currais no território da Bahia e
de Pernambuco, e de outras capitanias, de duzentas, trezentas, quatrocentas,
quinhentas, oitocentas e mil cabeças, assim há fazendas a quem pertencem tantos
currais que chegam a ter seis mil, oito mil, dez mil, quinze mil e mais de
vinte mil cabeças de gado, donde tiram cada ano muitas boiadas, conforme os tempos são mais ou
menos favoráveis à parição e multiplicação do mesmo gado e aos pastos assim nos
sítios como também nos caminhos.”
A pujança da
atividade pastoril na região do São Francisco
em era mais recente, tem o
registro da fazenda da lendária Joaquina de Pompéu, denominado um
“Principado” pelo barão Georg Wilhlem
Freyreiss, no final do século XVI. Era um assombro a extensão da fazenda, uma
área representada, atualmente, pelos municípios de Pompeu, Abaeté, Dores do
Indaiá, Paracatu, Pitangui, Papagaios, Maravilhas e Martinho Campos. Com sua
morte, em 1824, ela deixou para seus herdeiros um milhão de alqueires de terra,
53.932 reses de cria, 9 mil éguas, 2.411 juntas de bois.
Joaquina de Pompéu e tantos outros criadores de gado
escreveram parte da história do Brasil, demonstrando o que representou a
atividade rural e a criação do gado.
·
O município de
São Francisco, em tempos mais recentes tinha o quarto rebanho bovino do Estado
de Minas Gerais.
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