Nota: Esta monografia será dividida em capítulos,
mais curtos, para uma melhor leitura.
Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro
EM BUSCA DAS ORIGENS - II
Buscando
chegar a São Francisco, entendo ser necessário um comentário, ainda que
sucinto, sobre as raízes da brasilidade. Vejamos. Na primeira questão imposta à Coroa
portuguesa, a respeito da descoberta do Brasil, acentua João Ribeiro: “O reinado de D. Manuel escoou-se
inutilmente para a terra; mas já nos últimos anos, atenta a pirataria dos
traficantes de pau-brasil, malgrado o
monopólio português impunha-se uma das duas alternativas: ou colonizar a terra
ou perdê-la” (História do Brasil). Decidiu-se pela colonização implantando-se
as capitanias e a exploração econômica –
cultura da cana para a produção de açúcar, importante moeda de troca no mercado
internacional, e o tabaco. No segundo momento da colonização divisamos um longo
caminho, marcado pela ignomínia da escravidão de nativos e de negros da África
para o duro trabalho nos eitos de cana e outros serviços (em capítulos
posteriores abordaremos o papel dos negros e dos índios no processo sob a ótica de expressivos pesquisadores). Dessa
tragédia foi sendo formada a etnia brasileira. O negro, segundo A. Souto Maior:
“os portugueses já usavam o negro como
escravo antes da colonização do Brasil. (...) É provável ser costume árabe de
escravizar negros e vendê-los; (...) a própria organização social dos negros facilitava aos seus captores o nefando
comércio; a escravidão era a penalidade imposta pelos juízes da tribo para os
mais diversos delitos.(...) Comprava-se por miçangas de vidro, panos baratos,
facões, fumo e cachaça. (...).Tomado em conjunto, porém, o negro agiu na
formação étnica social e econômica do Brasil como agente de transformação poderoso (...)com influência na cultura
brasileira: na música; no samba e o
maracatu; formação do folclore, a contadora e criadora de histórias infantis.
Na culinária: o uso do azeite-de-dendê e do leite de coco, vatapá, caruru,
acarajé, mugunzá, tudo de origem africana” (História do Brasil).
Os índios tiveram
melhor sorte. Não estavam acostumados ao trabalho agrícola estável, sedentários
que eram; além disso, contava com os esforços dos jesuítas em favor da manutenção
de sua liberdade, conseguindo junto à Coroa a proibição de sua captura.
Contudo, vítimas da perseguição dos senhores de engenhos e de tropas de
bandeirantes, eles se dispersaram. Os caiapós deixaram o Maranhão, transpuseram
o rio Carinhanha estabelecendo-se na zona do Japoré; outra horda da mesma
geração, procedente do Alto Tocantins, se estabeleceu na zona entre os rios
Paracatu e Urucuia. Dois ramos da mesma família constituíram um variado ligame
de aldeias no vale do São Francisco, a Tapiraçaba e a Guaíba – essas aldeias
têm ligações germinais com a história de
São Francisco. Observa Souto Maior, que “o
índio, na língua, deixou-nos quase
toda nossa toponímia e uma infinidade de
termos designativos de alimentos, árvores e animais. Tendo influído
poderosamente em nossa etnia” (História do Brasil).
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