sábado, 9 de dezembro de 2023

NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS

 Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, 

mais curtos, para uma melhor leitura.


Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro


EM BUSCA DAS ORIGENS - II


Buscando chegar a São Francisco, entendo ser necessário um comentário, ainda que sucinto, sobre as raízes da brasilidade. Vejamos.  Na primeira questão imposta à Coroa portuguesa, a respeito da descoberta do Brasil, acentua João Ribeiro: “O reinado de D. Manuel escoou-se inutilmente para a terra; mas já nos últimos anos, atenta a pirataria dos traficantes  de pau-brasil, malgrado o monopólio português impunha-se uma das duas alternativas: ou colonizar a terra ou perdê-la” (História do Brasil). Decidiu-se pela colonização implantando-se  as capitanias e a exploração econômica – cultura da cana para a produção de açúcar, importante moeda de troca no mercado internacional, e o tabaco. No segundo momento da colonização divisamos um longo caminho, marcado pela ignomínia da escravidão de nativos e de negros da África para o duro trabalho nos eitos de cana e outros serviços (em capítulos posteriores abordaremos o papel dos negros e dos índios no processo sob a  ótica de expressivos pesquisadores). Dessa tragédia foi sendo formada a etnia brasileira. O negro, segundo A. Souto Maior: “os portugueses já usavam o negro como escravo antes da colonização do Brasil. (...) É provável ser costume árabe de escravizar negros e vendê-los; (...) a própria organização social dos  negros facilitava aos seus captores o nefando comércio; a escravidão era a penalidade imposta pelos juízes da tribo para os mais diversos delitos.(...) Comprava-se por miçangas de vidro, panos baratos, facões, fumo e cachaça. (...).Tomado em conjunto, porém, o negro agiu na formação étnica social e econômica do Brasil como agente de transformação  poderoso (...)com influência na cultura brasileira:  na música; no samba e o maracatu; formação do folclore, a contadora e criadora de histórias infantis. Na culinária: o uso do azeite-de-dendê e do leite de coco, vatapá, caruru, acarajé, mugunzá, tudo de origem africana” (História do Brasil).

Os índios tiveram melhor sorte. Não estavam acostumados ao trabalho agrícola estável, sedentários que eram; além disso, contava com os esforços dos jesuítas em favor da manutenção de sua liberdade, conseguindo junto à Coroa a proibição de sua captura. Contudo, vítimas da perseguição dos senhores de engenhos e de tropas de bandeirantes, eles se dispersaram. Os caiapós deixaram o Maranhão, transpuseram o rio Carinhanha estabelecendo-se na zona do Japoré; outra horda da mesma geração, procedente do Alto Tocantins, se estabeleceu na zona entre os rios Paracatu e Urucuia. Dois ramos da mesma família constituíram um variado ligame de aldeias no vale do São Francisco, a Tapiraçaba e a Guaíba – essas aldeias têm ligações germinais  com a história de São Francisco. Observa Souto Maior, que “o índio, na língua, deixou-nos  quase toda  nossa toponímia e uma infinidade de termos designativos de alimentos, árvores e animais. Tendo influído poderosamente em nossa etnia” (História do Brasil).


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