Nota: Esta monografia será dividida em capítulos,
mais curtos, para uma melhor leitura.
Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro
EM BUSCA DAS ORIGENS – V
Estamos nos aproximando de São
Francisco, mas ainda carecemos de informações para saber um pouco mais sobre a
etnia do são-franciscano, quais foram as influências que sofreu na formação de sua
cultura em sentido amplo, um estudo que
não desperta muita atenção, mormente nas escolas. Na sociedade, perde-se em estéril fisiologismo estigmatizando grupos,
distinguindo-os somente pela cor, em
prejuízo da sua grandeza no contexto da formação da sociedade brasileira, que
não tem raça distinta; na homogeneidade está sua beleza, nossa riqueza, incomum
no concerto das nações considerando que na propriedade hipotética do Universo, o
cosmo, considerado como um todo, se apresenta semelhante para todos os
observadores, independentemente do lugar que ocupa.
Em dois capítulos vamos nos ater um
pouco sobre o papel do índio, que originariamente era ele o senhor da terra
descoberta pelos portugueses. Em princípio, nações deles se espalhavam por
terras virginais tendo como notícia primeira a carta do padre João Aspilcueta
Navarro, membro da expedição de Francisco Espinosa, que deixou Porto Seguro no
ano de 1555 para explorar o interior da Colônia no afã de satisfazer a cobiça
da coroa portuguesa pelo ouro e para converter os gentios à fé cristã.
Esta notícia antecede em quase duzentos
anos à dispersão dos tapuias do Ceará e Amazonas, conforme anotado por Diogo de
Vasconcelos e Jean Batiste Debret. A carta foi reportado por João Capistrano de
Abreu in Capítulos de História Colonial (1500-1800). Nela o padre Aspilcueta
narra ter deparado com “uns Índios que
chamam Tapuyas, que é uma geração de índios bestial e feroz; porque andam pelos
bosques, como manada de veados, nus, com os cabelos compridos como mulheres; a
sua fala é bárbara e eles mui carniceiros”. Um detalhe que nos interessa
mais, na carta: “Daqui fomos dar com uma
nação de gentios que se chama Cathiguçu. Dahi partimos e fomos até um rio mui
caudal, por nome Pará, que segundo os índios nos informaram é o rio de S.
Francisco e é mui largo. Da parte donde estávamos são os índios que deixei; da
outra chamara Tamoyos, inimigos deles e por todas as outras partes Tapuyas”.
Então, em território original de
São Francisco, às margens do rio Mangai, existia uma aldeia dos índios tratados
pelo Padre Aspilcueta como Cathiguçu e, ainda na região, aldeias de índios
Tapuias. Não há outros registros (pelo menos aos que tive acesso) que noticiam
a existência de outras aldeias em nosso território, contudo, não há dúvida que
por nossas terras ele viveram. Brasiliano Braz em seu livro São Francisco nos
caminhos da história, também não fez nenhum registro sobre a presença de índios
no território são-franciscano. A única referência encontrada em seu livro, além
da notícia sobre a expedição de Espinosa, foi a lenda indígena que fala sobre
uma velha quixabeira e e o palácio encantado de uma sereia tendo como palco um
palácio encantado incrustado no penedo do cais onde foi erguida a igreja Matriz
de São José.
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